terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Boas Festas

Neste momento, não importa o quanto 2020 tenha sido difícil. É inconteste. Importa, sim, entender que o Natal está chegando e é chegada a hora de renovar nossa crença de que o Menino Deus vai renascer entre nós, enquanto pessoas confiantes e de fé. É, pois, tempo de buscar a paz e de reavivar o sempre benvindo clima de esperança. Peçamos que Jesus nos proteja e fortaleça a fé e as esperanças de que o amanhã será outro dia e que nos trará luzes de amor e bonança. Do mesmo modo que Menino de Nazaré renasce nas nossas mentes, a cada 25 de Dezembro, é hora de festejarmos este Advento, ainda que com as limitações impostas pelo vírus assustador, lamentando as perdas humanas que sofremos e louvando havermos ultrapassado o inesperado obstáculo. Elevemos nossos pensamentos e façamos renascer o ameno clima de paz, amor e solidariedade. Iluminados por esta fé estendamos nossas mãos aos próximos em agradecimento pelas atenções recebidas, pelo cultivo da amizade e da solidariedade, renovando os laços de relacionamento e prometendo preservá-los.
Aproveitando o clima de Natal agradeço a todos e todas – no Brasil e no exterior – que me acompanharam durante este ano que finda, através deste espaço do Blog do GB, desejando Feliz Natal e um Ano Novo de 2021 pleno de muita paz e saúde para a humanidade. Com este post o Blog do GB entra em recesso de verão e voltará a circular em Fevereiro, salvo numa ocasião extraordinária.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Finda sem deixar saudades

Dentro de poucos dias o tumultuado ano de 2020 finda e, quero crer, dificilmente deixará saudades. A gente costuma ter saudades de coisas prazerosas. A pandemia da Covid-19 desmontou todos os esquemas de administração do planeta, desde os mais altos até o mais simples nível de organização – famílias, por exemplo – acarretando inéditos momentos de estresse coletivo e resultando em imensos prejuízos materiais e pessoais, com dolorosas perdas humanas e empobrecimento geral da humanidade. Este ano vai encerrar deixando a todos perplexos pelos aflitivos momentos vivenciados e desejosos de virar uma página que inesperadamente foi lida. Aprendi nesses meses de reclusão que sentimentos antes experimentados esporadicamente adquiriram dimensões muito mais elásticas e com efeitos muito mais desgastantes. Falo por exemplos de tédio, solidão e medo. Viver retido, por maior que seja o espaço privado, impõe sensação de prisão e isolamento que escorregam pela sempre apressada esteira do tedio aliado ao medo de contrair a moléstia que e alastra. Muitos não se equilibraram e caíram nas malhas da depressão. Ano difícil este que finda. Contudo, como sempre fiz – referencial de vida – procurei tirar lições dessas nefastas experiências tentando fazer algo tal como uma limonada com o ácido limão disponível. Lembro que fiz um post no inicio da pandemia intitulado de “Todo Mal traz um Bem” (http://gbrazileiro.blogspot.com/2020/04/todo-mal-traz-um-bem.html) talvez antecipando o que hoje confiro. Assim, não obstante os sofrimentos, perdas irreparáveis e inúmeros momentos de tristeza, a pandemia apontou-me para aspectos invisíveis do tradicional modus-vivendi nunca antes valorizados e sequer apreciados. Durante este prolongado recolhimento descobri que a minha casa é o lugar mais seguro do mundo; que certos recantos desta mesma casa nunca haviam sido por mim apreciados com olhos mais apurados; que cada obra de arte que coleciono deixou de ser um simples exemplar e passou a “dialogar” comigo contado, cada qual, uma história diferente; que a correta e rigorosa higienização dos objetos, alimentos e ambiente em geral (que eram feitas, claro) resultam numa melhor e mais segura qualidade de vida; que a vida e a energia que me sustenta de pé é mais frágil do que imaginei até agora; que a perda de um amigo ou familiar ceifado pela Covid-19 dói mais doída que qualquer outra dor e, por fim, que a salvação da humanidade reside nas forças que venham ser impulsionadas pela compaixão e pela solidariedade dos povos. Este pode ser o tal novo normal.
Concluo lembrando que vacinas, politicagem barata, disputa do poder, progresso da ciência e da tecnologia, inteligência artificial, entre outros modernismos podem ser importantes e oferecer confortos, mas, nunca substituirão os verdadeiros sentidos da alma do ser humano. Adeus ano velho. Valeu a experiência. Não sentirei saudades. Mas, não te esquecerei. NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Duas Topadas

Dois temas me deixaram dividido na escolha da conversa semanal. Como um não pode esperar pelo outro lá vão os dois duma só vez. Dois em Um poderia ser o título do post. Ocupo o espaço da semana fazendo sínteses de duas topadas sócio-políticas neste conturbado mundinho de Pindorama. A primeira topada ocorreu no Recife, fruto do baixíssimo nível de civilidade e moral dos nativos da Cidade Maurícia, reforçado pela incúria das autoridades municipais de plantão que não se dão aos cuidados de zelar pelo patrimônio cultural da cidade. Desse modo, mercê do abandono, vândalos insanos detonaram, na semana passada (04.12.20), o Parque das Esculturas do Marco Zero da cidade, roubando peças importantes dos monumentos que marcam a passagem do século na capital pernambucana. Eram magnificas peças de arte, produzidas em bronze, destinadas a legar, historicamente, às gerações vindouras, um testemunho do nível cultural que dominava a entrada do Recife no terceiro milênio. Dois expoentes da arte moderna do estado autores das obras que compõem aquele diferenciado logradouro: Francisco Brennand (1927-2019) e Cicero Dias (1907-2003) resultam sendo desrespeitados pelos seus concidadãos e pelas autoridades ineptas. Vide imagens a seguir com a escultura roubada e o espaço vazio. O mais provável é que tenha sido derretida e vendida por quilo.
Eis aí um oportuno momento para voltar ao recorrente tema, aqui no Blog, da falta de formação educacional de base para nossa gente. E não falo das elementares lições do b+a = ba, nem de 2+2=4. Falo sim de formação do indivíduo no seu todo, preparando-o para o viver em sociedade. Falo de educação moral e cívica. Desgraçadamente são disciplinas postas à margem de nossa comum grade pedagógica da escola primária. Segundo a sabedoria popular “é do pequeno que se faz o grande” e neste pobre Brasil não se faz desse modo. Educar para a vida e para ser um cidadão ou cidadã de bem capazes de contribuir com a ordem e o progresso tão propalado no nosso símbolo da Pátria. Educar para que não passemos por momentos tão lastimáveis nos quais administradores permitem apagar História deixando ao abandono nossos patrimônios históricos ou simplesmente destruir propositalmente os símbolos que marcam uma época e um povo. A segunda topada ocorreu em Brasília: causou-me profunda surpresa e inquietação ao saber que o STF - Supremo Tribunal de Federal tenha levado solenemente ao plenário uma inoportuna discussão sobre a recondução ou não, dos mandatos dos presidentes da Câmara (Rodrigo Maia) e do Senado (Davi Alcolumbre), quando a Constituição é clara e proíbe essa manobra vergonhosa. Por felicidade o placar foi contrario a recondução nos dois casos. 6 x 5 contra Alcolumbre e 7 x 4 contra Maia. Alivio por um lado, mas, tristeza por outro ao concluir que cinco dos supremos magistrados – que se autoproclamam guardiões da Constituição – tenham tentado “quebrar os ovos e empurrar goela abaixo dos brasileiros um indigesto omelete” inconstitucional. Esta questão na verdade devia ter sido rejeitada pelo STF. Isso sim, teria sido mais digno por parte do Poder Judiciário.
Resumo da Ópera: triste do país que tudo e qualquer irrelevante questão – inclusive as reconhecidamente constitucionais – sejam levadas ao julgamento do seu Supremo Poder Constituído, no qual seus integrantes são chegados a dar torpes topadas. Sem poder fazer qualquer coisa, resta-me renovar meus pedidos ao Divino Supremo para que aplaine nossos caminhos e nos livre de terrenas, ingremes e estúpidas supremas topadas. NOTA: As imagens ilustrativas forma obtidas no Google Imagens

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Fim de Jogo

Passado o período eleitoral sinto-me aliviado e, como sempre, alimentando esperanças de que nesses próximos dois anos que nos separam de um próximo pleito o Brasil preserve dignamente o clima de democracia como objetivo de todo(a) cidadão ou cidadã de bom senso. Confesso que no recente pleito, diante da minha ótica pessoal como sendo o basilar por alimentar o jogo politico da célula-mater – município – da Republica, mantive-me afastado de debates e considerações a respeito desse ou daquele candidato ou partido, preferindo me acomodar numa zona de conforto que a idade já permite e, sendo franco, diante dos contornos pouco dignos que foram traçados no município do Recife, em particular. Impossível, porém, permanecer no aludido conforto e sem dar um pitaco que seja a respeito do processo encerrado no domingo (29.11.20) passado. A primeira consideração que faço é que, no geral, foi um processo limpo e respeitado por todos, sobretudo pelos derrotados nas urnas. Ressalto que comparando com o recente processo norte-americano, sem discutir, temos motivos de sobra para manifestar orgulho, aplaudir e festejar o que foi realizado em Pindorama. Como muitos acreditavam não foi a crise sanitária ou a postergação do pleito que reduziu o entusiasmo das campanhas dadas a sede de poder dos aspirantes, sobretudo, aos cargos majoritários. Por outro lado, no entanto, analisando o desenrolar das votações, uma coisa ficou muito clara: o voto obrigatório perde cada vez mais seu real efeito. Uma abstenção que chegou ou ultrapassou a casa dos 30% é algo a ser tomado com um forte recado do eleitorado às autoridades que decidem sobre a Lei Eleitoral. O caso de São Paulo – o maior colégio eleitoral do país – foi emblemático: a soma dos votos brancos e nulos junto com as abstenções - 3,65 Milhões - foi maior do que o total de votos dados ao prefeito eleito, Bruno Covas, que obteve 3,17 Milhões de votos. Claro que isto chama atenção. Aqui no Recife, a candidata do PT, Marília Arraes, com 347.029 votos, também perdeu para o somatório de brancos, nulos e abstenções que, neste caso, somaram 363.029. O Prefeito eleito, João Campos, obteve 445.992 votos, com apenas 82.637 votos a mais do que a soma dos brancos, nulos e abstenção. Interpreto isto como sendo um forte recado do eleitorado brasileiro, que, em grande parte, preferiu aproveitar o dia da votação para curtir uma praia ensolarada, um fim-de-semana na casa de campo ou, ficar em casa bebericando e assistindo um bom filme na TV, sujeito, apenas, pagar uma multa simbólica de R$ 3,50 para justificar a ausência na sessão eleitoral. Aliás, contando com a comodidade do meio eletrônico hoje adotado. Ora, manter a obrigatoriedade de votar pode ser um aspecto importante a ser repensado no Brasil.
Outro pitaco que arrisco é o de considerar que, no domingo passado, o quadro politico do país foi indiscutivelmente redesenhado. Ficou claro que o eleitorado brasileiro lacrou o desejo coletivo de mostrar que a tendência prioritária é do posicionamento de centro-direita. Sem contudo, querer sublinhar o fisiologismo do chamado Centrão. Na verdade, os extremos radicais perderam força e dificilmente vão se recuperar. Observo que os recentes vetores inflexíveis propulsores da polarização esquerda-direita caíram às margens do campo de disputas no fim do jogo. Não foi Bolsonaro, nem Lula e seus Lulopetistas que influenciaram no resultado final da “partida”. Pelo contrário, foram infelizes ao manifestarem apoio por esse ou aquele candidato e receberam pesados trocos. O PT de Lula foi o mais castigado. Não fazer nenhum prefeito nas capitais estaduais deve ter sido duro golpe. Pior foi haver perdido, também, 133 municípios, caindo de 257 para 124. Se o município for de fato como considero a célula-mater do jogo político do país, o PT deixa de contar com essa poderosa máquina. Falando friamente virou um partido em decadência. E os seus partidos aderentes pouco pesam na balança. Tomei conhecimento esses dias que, segundo estimativas publicadas, o outrora brilhante Partido dos Trabalhadores governa apenas 3,64% dos brasileiros. Vamos e venhamos é um percentual irrisório. Sendo tudo isto verdade, temos que abrir os olhos para que os partidos das velhas raposas não roubem nossas preciosas uvas. Que nossas uvas sejam sempre vistas verdes, como na fábula de Esopo, por essas sedentas velhas raposas. Como democrata encerro o papo de hoje lembrando que, para vigiar as velhas raposas, é preciso que haja uma oposição séria, comprometida e atenta. Que não trabalhem com vistas ao poder e com garras a la Al Capone. Opositores são sempre necessários num regime democrático. Que corrijam as desarrumações que assistimos recentemente. O PT, por exemplo, se esfacelou e para se salvar, inclusive, arrebanhou valores sem seu DNA, como a candidata a prefeita do Recife, Marilia Arraes, que ajudou a detonar o Partido no âmbito local. Passos mal planejados e erros elementares. O desespero leva sempre a imprevistos finais de jogo. Nota: A foto-ilustração foi obtida no Google Imagens.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Consciência Negra

Nos dias recentes foram muitos os temas que caíram na pauta do Blog. Tudo muito do domínio publico através da mídia aberta e que por isso mesmo fugindo do escopo que procuro manter nesse papo semanal. As eleições e seus resultados quase sem surpresas, a apuração entremeada de obstáculos técnicos do Superior Tribunal Eleitoral, as campanhas despudoradas de segundos turnos e, como se tudo isso fosse pouco, o avanço do fantasma de uma segunda onda da Covid-19. Contudo, o que mais chamou a atenção do país, e com forte repercussão internacional, foi o recrudescimento da questão do preconceito racial que corrói a sociedade brasileira devido ao cruel assassinato do cidadão negro, João Alberto (Beto) Freitas, numa loja do supermercado Carrefour, de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, aos modos do assassinato de George Floyd, Minnesota USA, (25/05), por motivos ate agora pouco claros. Seguranças brancos e mal capacitados magoaram de graça uma ferida aberta no seio da vida social brasileira e levantaram a revolta nacional, sempre pendente, das hostes que lutam pela igualdade racial em Pindorama. História velha e de profundas raízes plantadas nos tempos coloniais e imposta pelos brancos europeus. É, indiscutivelmente, um traço cultural que sempre requer muitas mudanças no pensamento coletivo das gerações porvir, tanto entre os brancos, como nos meios dos negros. O prestigio dos negros vem sendo historicamente relegado ao segundo plano no Brasil e são casos relativamente reduzidos àqueles que, de fato, brilharam socialmente. Imagine que tamanho era o desprezo e desprestigio político-social no passado que, segundo alguns pesquisadores, fotografias de antigos presidentes da Republica eram retocadas para branquear suas peles escuras. Nilo Peçanha, Campos Sales, Rodrigues Alves e Washington Luís foram quatro presidentes brasileiros que fizeram questão de esconder seus ancestrais africanos. Depois disso, imagine o que paira sobre o domínio popular. Com minha experiência de vida, percebo que, em princípio, os próprios negros alimentam o preconceito renitente quando negam, com frequência, a própria cor. Tenho dois casos bem comuns: duas empregadas domésticas na minha casa. Dois tipos de legítimas negras, tipo angolanas, negando a própria raça ao insistirem que eram morenas. Uma delas saiu arrumada e perfumada, num sábado de carnaval, para assistir ao desfile do Galo da Madrugada. Na volta perguntei se havia arranjado um namorado e, como resposta, ouvi algo surpreendente: “só me apareceu um negão arrastando asa pra cima d´eu. Eu lá gosto de nego.” Falava com desembaraço a la Marilyn Monroe.
O caso do assassinato de Beto, em Porto Alegre, coincidiu, por ironia, na véspera das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de Novembro (instituído no Brasil desde 2003) com vistas ao combate do preconceito racial no país. Essa chaga social tem se rebatido no ambiente coletivo de modo exacerbado e institutos de pesquisas apontam as disparidades estatísticas entre brancos e negros nos domínios do trabalho, da educação e das paginas de ocorrências policiais. Segundo o IBGE, em 2018, 55,8% da população se declarou preta ou parda (a soma das duas raças resulta nos negros). Por outro lado e no mesmo ano, no estrato dos 10% com maior rendimento per capita, os brancos representavam 70,6%, enquanto os negros eram 27,7%. Entre os 10% de menor rendimento, isso se inverte: 75,2% são negros, e 23,7%, brancos. Além disso, na classe de rendimento mais elevado, apenas 11,9% das pessoas ocupadas em cargos gerenciais eram pretas ou pardas. Entre os brancos esse percentual era de 85,9%. Não sei se será nos meus tempos, mas vivo a espera de uma sociedade tolerante, justa e solidária entre seus cidadãos, independente da cor da pele. Desde criança tenho apreço às pessoas de cor negra que devo ao fato de haver tido uma excelente professora negra a quem devo minha visão antirracista. NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Cores da Democracia

Curioso como o processo eleitoral norte-americano da semana passada empolgou os brasileiros. Acredito que como nunca. A overdose de cobertura televisiva proporcionou um verdadeiro clima de fla-flu. Houve momentos, nos quatro dias de apuração dos votos, em que pairava no ar uma sensação de que o pleito havia sido no próprio Brasil. Bom, sem duvidas que por culpa de Bolsonaro que resolveu montar uma “torcida organizada” pró-Trump. No domingo, contudo, teve que enrolar a bandeira no pau. Por ironia uma bandeira vermelha. E agora, Capitão? Torcidas à parte, organizada ou não, o que ficou de registro na opinião popular do brasileiro é que o processo lá em Tio Sam é estranho e complexo. Apesar disso e enquanto pernambucano, deliciei-me com a competição no melhor estilo Pastoril: a disputa entre o azul e o encarnado. Trump era a Mestra do cordão encarnado e Biden a Contra-Mestra do azul. Mas, voltando à questão da opinião popular brasileira, poucos entenderam, em 2016, como Trump havia perdido no voto popular e ganho no Colégio Eleitoral. Ôxente... que escolha mais estranha. Claro! Falar de Colégio Eleitoral traz péssimas recordações aos cidadãos e cidadãs de Pindorama. Mas, passou. Ganhou, estava ganho. O cara assumiu, mandou e desmandou deixando o mundo inteiro arrepiado com a maioria dos passos por ele dados. Deu no que deu, na semana passada. Custa crer que cada Estado norte-americano tem sua própria legislação eleitoral e faz ao “bel prazer”. Não há um padrão! Também não existe um Tribunal Superior Eleitoral que bote ordem na aparente zona e proclame o nome do eleito. O voto não é obrigatório. Mas, desconfio até que, com a elasticidade de prazos e com as formas de sufragar um voto, pode ocorrer que algum cidadão vote mais de uma vez. Basta se registrar em dois estados distintos. Claro que deve haver um meio de controle. Contudo, não fica muito claro para um espectador aqui abaixo da linha do Equador. Por esses e outros pormenores um candidato derrotado questiona o resultado e não para de espernear, como Trump anda fazendo. Naturalmente que a essa altura aplaudo o sistema brasileiro que resolve tudo num dia só. Nisso, pelo menos, somos competentes. A propósito, estamos nós às portas de um novo processo eleitoral. Domingo (15.11.2020) que vem os eleitores brasileiros se apresentam às sessões eleitorais pra elegerem seus representantes na esfera municipal. Prefeitos e vereadores serão escolhidos para o próximo quadriênio. Conversando recentemente com um amigo, eleitor em Brasília, onde não tem eleições municipais, fizemos uma reflexão acerca do voto tupiniquim e facilmente concluímos que o nosso eleitor de modo geral não sabe votar. Não existe, a rigor, um voto consciente. E voto consciente para meu interlocutor – que concordo – “é um voto desapegado” entendendo ser isto aquele voto sem objetivar vantagens pessoais efêmeras, de ser amigo, ou alguém com qualquer ligação familiar com um político tradicional, cuja família ocupa um posto político desde priscas eras. O voto consciente deve, sim, ter como referencia as carências da coletividade que o rodeia.
Outra coisa que lembramos no nosso “papo cabeça” foi sobre o chamado VOTO ÚTIL. É curioso como muitos optam por votar naquele candidato que ocupa liderança nas pesquisas, ou porque conhece aquele nome, mesmo tendo ouvido algo sobre seu passado inescrupuloso. Esse voto é o VOTO INÚTIL. Por conta dele é que persistem os estados de miséria, fome, desnutrição, analfabetismo e insegurança nos mais diversos rincões do país. No próximo domingo, então, vote sem medo, de forma consciente e não dê um voto inútil. A Democracia é colorida, mas saiba contribuir harmoniosamente com a paleta das cores. NOTA: Foto ilustração obtida no Google Imagens

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Vida Segue

O tempo vai passando e a vida segue independente das agruras humanas entregues à pandemia da Covid-19. Ainda bem que o ser humano tem suas particularidades: muitos se conformam, outros se revoltam, muitos se rebelam. Sem que se fale dos que fenecem. Pior, tudo junto e misturado. Tempos difíceis. Por volta de março, no inicio da crise, o pânico assaltou a todos e, diante do caos instalado, viveu-se um clima de perplexidade e guarda geral. As noticias eram sempre calamitosas. Como a vida segue, acomodações foram ocorrendo, o inimigo mesmo invisível ficou melhor conhecido e, inclusive, mais vulnerável aos choques que lhe aplicaram proporcionando ao mundo uma convivência relativamente pacifica com o assaltante assassino. Curva sobe. Curva se achata. Curva desce e a vida seguindo. Graças à inteligência dos assaltados aos poucos foram surgindo formas de proteção e maneiras alternativas de viver, enquanto um novo normal se anunciava a toda hora. E a vida seguindo na costumeira velocidade, com uma lua cheia a cada trinta dias e o sol dando as caras cada manhã a distribuir Vitamina D a todos os penitentes. Nem tudo estava perdido para quem se salvou da sanha do assaltante. Por sorte, a mesma inteligência pondo mãos à obra misturam, hoje, elementos libertadores da peste capazes de decretar o tal novo normal. Bem vindas sejam, então, as vacinas salvadoras. Antes que a salvação chegue e com o passar do tempo, no entanto, prejuízos são contabilizados das mais diferentes naturezas e em todas as dimensões. Sem que se fale dos indiscutíveis prejuízos econômicos, foquem-se os de fatores emocionais. Os assaltados já não suportam mais as novas alternativas de vida postas em prática a favor do distanciamento social. Daí a busca incontrolável por colocar o pé fora de casa e, na verdade, voltar ao antigo normal. E o novo normal... Existirá mesmo?
Os professores já não toleram a falta de interação física com os alunos, estes se acomodam numa zona de conforto pouco salutar, as crianças da pré-escola já não têm o mesmo desembaraço social de antes, os balconistas do comércio perdem a capacidade de convencer o cliente assustado e sem saber onde colocar as mãos, os idosos se acabrunham num retiro indesejado (foto acima), justo numa fase em que mais desejam liberdade. Adeus parques, adeus lojas movimentadas e florescentes, adeus salas de aula, adeus jardim da infância. Vida segue, dificil, mas segue. NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Prepare seu Bolso

Embora que não haja, ainda, uma vacina salvadora e já se anuncie uma segunda onda, a Covid-19 continua mostrando ao mundo que não vai deixar barata a sua passagem entre nós. Os altos e baixos pelos quais estamos passando sequer apontam para um horizonte plácido. Além do ilimitado sofrimento humano e da perda de milhões de vidas, o que a essa altura dos acontecimentos se constata é um complexo desmantelo sócio-politico-econômico na maioria das nações. Principalmente nas mais pobres. Indiscutivelmente, um inesperado e inédito desafio para um moderno e relaxado mundo, construído por players inescrupulosos, sem referenciais de solidariedade e sempre ávidos interessados pelas riquezas dos terceiros com seus fatores básicos de produção. Isto sem falar na disputa pela hegemonia politica internacional. Aqui no Brasil, onde a pandemia atacou sem pena, respira-se hoje um duvidoso clima de alívio da praga e setores de produção começam a se arregimentar para uma retomada de atividades. Depois de uma parada inesperada e sem perspectivas de voltar ao normal a grande maioria das indústrias cerraram as portas, entraram em quarentena, ficaram aguardando ordens de cima e não pararam de contabilizar seus prejuízos. Tempo difícil. Para que não se diga que tudo parou registre-se a exceção, embora que em menor escala, das indústrias alimentícias. Estas, aliás, tendo os suportes de dois decisivos pilares: o Agronegócio que garantiu abastecimento e, na verdade, sustentou a Economia e a demanda gerada pelo Auxilio Emergencial do Governo que deu suporte à população mais carente ameaçada de padecer de fome e, sobretudo de Covid. Nesse clima duvidoso de reabertura algumas coisas saltam aos olhos do produtor industrial, com severas repercussões no lado do consumidor, ao se noticiar a escassez de matérias-primas para que as máquinas botem pra moer. Reclama-se a falta de insumos para as indústrias de material plástico e de papelão que são dois segmentos dinâmicos e que perpassam a maioria dos demais da indústria de transformação. Ora, se tudo exige embalagem como vão se virar os demandantes dessas matérias-primas e desses produtos. Outra falta gritante é a do aço, nas suas diversas apresentações. Imagine faltar aços planos na indústria automobilística, ou na da chamada linha branca. Podem faltar geladeiras, fogões e máquinas em geral. As usinas siderúrgicas apagaram seus altos-fornos e colocá-los de volta toma tempo e alto custo. Vai ser questão de paciência e animação para entender a duvidosa reabertura. E, por cima disso tudo, fazer vista grossa para a propalada segunda onda. A importação de insumos poderia resolver o abastecimento dessas matérias, mas, o dólar nas alturas inibe esse tipo de operação. Na foto a seguir Usiminas (MG)
Aqui em Pernambuco a situação tem eclodido em alguns lados e destacam-se dois ramos industriais que estão às voltas com sérias dificuldades de retomar suas atividades: têxtil/confecções e cimento e seus derivados. No primeiro, cujo Polo formado pelo triangulo Caruaru-Toritama-Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste do estado, os produtores esbarram no desafio de aturar a oferta inelástica das matérias-primas – malhas, tecidos e aviamentos – versus a demanda crescente diante das perspectivas de vendas de fim de ano. A maioria desses materiais é produzida no sul-sudeste e tomam bom tempo, além de custo alto, para chegar ao consumidor intermediário da produção. Já a questão da escassez do cimento no mercado, uma explicação dada é o fato de que as cimenteiras, devido à pandemia, deligaram seus fornos e reaquece-los vem requerendo tempo e alto custo para voltar aos níveis pré-pandemia. Vi recentemente na imprensa de que um saco de cimento vem sendo disputado na tapa. Provavelmente muitos outros ramos industriais sofrem de semelhantes dificuldades revelando que essa retomada não será fácil.
Mas, tudo isso descrito para esboçar um horizonte preocupante para quem estiver na ponta do consumo: nada disso sairá barato. Analistas preveem uma subida da inflação. E faz sentido pensar assim. Quem comprar algum artigo que envolva plástico, papelão, chapa de aço, tecido, botão, linha de coser, cimento, entre outros, vai ter que arcar com o possível alto custo da sua produção e, como é sabido, tudo é sempre repassado ao consumidor final. Desse modo, prepare seu bolso. NOTA: Fotos ilustrativas obtidas no Google Imagens.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Escolha Certo

Estamos outra vez diante de um pleito eleitoral, como só acontece, a cada dois anos, neste pobre Brasil. Rolam fortunas e discursos inúteis. Agridem as consciências individual e coletiva. Coisa das democracias. Nos tempo de hoje, a campanha do mundo digital ataca até mesmo aqueles ou aquelas que pouco se ligam aos temas da politica partidária. Ou da politica de qualquer outra natureza. Precisamos estar conscientes de que estas próximas eleições, por serem as locais (municipais) exigem ser encaradas como as mais importantes para o cidadão ou cidadã consciente. Entendo que uma eleição municipal é a fundamentadora da participação democrática de uma nação organizada em termos de liberdade e escolha dos seus dirigentes. Uma escolha popular bem pensada resulta num espaço sólido e com mais resistência para sustentar a sociedade. O brasileiro comum precisa ter em mente que o município é a célula da Federação e é nela que reside a base da cidadania. Não compreendo uma sociedade sã sem um ambiente adequado ao bem-estar, segurança e tranquilidade na sua base espacial. Numa eleição municipal elegem-se, supostamente, chefes de executivo e representantes encarregados de cuidar, de perto, do cidadão e das famílias. Isso me parece ser fundamental. Portanto, uma má escolha – que não raramente ocorre neste país – resulta numa sociedade defeituosa desde sua raiz e incapaz de participar de modo adequado e justo nas escolhas superiores que, em tese, se encarregam de construir um País com ordem e progresso e, por fim, uma Nação forte e consolidada.
Do alto da minha experiência de vida, vejo, outra vez, que corremos o risco de ver saindo vencedores desqualificados e sem maturidade politica – muitos desses conquistando votos por meios desonestos – e, por isso mesmo, desabilitado para liderar ou representar de modo ideal seu povo. Diante do quadro descrito, caro(a) (e)leitor ou e(leitora) seja exigente na hora da sua escolha. Não se encante com os belos olhos de um(a) candidato(a), com os discursos demagógicos ou com o padrinho que o(a) empurra. Ao invés disso dê um voto seguro, consciente e racional. Tenha em mente a sustentabilidade do coletivo sofrido que habita sua cidade. E nunca esqueça que o Brasil precisa de uma base politica municipal mais digna e disposta a defender com dignidade o porvir nacional. NOTA: Foto ilustrativa obtida no Google Imagnes

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Caminho sem Volta

Um assunto muito comentado na semana que findou, e vem ganhando elástico espaço de debates entre os habitantes do mundo virtual, gira em torno do documentário norte-americano exibido pelo Netflix denominado de “O Dilema das Redes” (The Social Dilemma). Assisti e confesso haver ficado deveras impressionado, apesar da ideia que tinha, ainda que elementar, do que estamos sujeitos nesse mundo “novo” e conectado por milhares de formas e controles. A chamada inteligência artificial (IA) vai muito mais longe do que nós, pobres mortais, somos capazes de imaginar. Conclui que integrando uma rede do tipo Facebook, por exemplo, posso ser identificado, através de um numeral atrelado a um complexo algoritmo, numa central mundial que acumula meus dados pessoais, minhas preferencias gastronômicas, culturais, sexuais, estilo de vida, entre outras muitas é algo assustador. O que serei num futuro próximo? Temo não passar de um ser cativo a uma ditadura que mesmo virtual é acachapante? Ouvi falar que muitas pessoas já deletaram, ou pretendem assim, seus perfis e páginas do Facebook, Messenger, Instagran e semelhantes, assustados com o que podem estar sujeitos. A propósito disto, recordei-me do livro de Yuval Harrari, historiador israelense, “21 Lições para o Século 21” no qual ele descreve um mundo futuro, de forma fria e objetiva, no qual seremos comandados e guiados por robôs – Inteligência Artificial – num sociedade globalizada e sempre à busca de avanços tecnológicos, muitos dos quais inimagináveis. Num trecho do livro ele disco;rre sobre o fascínio e ambição do homem por tomar o lugar de Deus, de quem ele tem uma visão bem própria. E é verdade. Imagine que existem cientistas biólogos e médicos que garantem haver descoberto técnicas que ressuscitam mortos (segredosdomundo.r7.com). “muito mais fácil do que uma simples massagem cardíaca, usada para a reanimação cardiorrespiratória, pesquisadores da Universidade de Maryland, USA, desde 1960, Peter Rhee e Samuel Tisherman, alegam ter descoberto uma técnica capaz de ressuscitar os mortos. O mais curioso é que o procedimento já foi testado com sucesso em animais de laboratórios.” Esta informação volta às pautas, vez por outra, envolvendo, além dos aspectos científicos, os da ética, os religiosos e os culturais. Pense nessa revolução entre os humanos. Pense, também, nos interesses econômicos que podem gerar.
Apesar dos pesares que o documentário da Netflix expõe, entendo que o mundo trilha um caminho sem volta. A questão começa por interrogações bem simples: como seria esse tempo de distanciamento social (quarentena) da Covid-19 se não houvesse ferramentas tão úteis e tão utilizadas no plano das comunicações entre as quais a telefonia fixa, o celular, a internet e as populares redes sociais? O que seria da humanidade se não houvesse o progresso da ciência médica que hoje existe? A História nos mostra que durante a Peste Negra foi a pandemia mais devastadora da humanidade entre os anos 1347 e 1351, matando perto de 200 milhões (numero incerto dado a precariedade dos dados) de pessoas entre a Europa e Ásia. Àquela época a pobreza da medicina, os hábitos sanitários e os costumes culturais levaram a que a população recorresse, tão somente, às crenças religiosas, acreditando se tratar de um castigo divino e somente ao Divino havia de se reportar. Até hoje comunidades europeias pagam promessas por haver escapado da mortandade. Coisa muito comum e cultural no Velho Mundo. Outra pandemia assustadora foi a da Gripe Espanhola, entre 1918 e 1920. Mas, há um século o mundo já era outro e as iniciativas tomadas pelos países já foram bem mais plausíveis. Ainda assim 500 milhões de pessoas foram infectadas e 50 milhões pereceram. Minha conclusão: é doloroso conferir que, no mundo inteiro, 35 Milhões de pessoas foram infectadas pela Covid-19, dos quais 1 Milhão pereceu. A diferença entre estes dois numeros mostra quantos foram curados. São numeros arredondados. Mas, ainda podemos registrar relativo "conforto" dado ao progresso da Ciência e da Tecnologia que hoje se dispõe. Simbora porque este caminho não tem volta. NOTA: A imagem que ilustra o post foi colhido no Googles Imagens.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Novo Normal?

Há meses, desde quando a pandemia foi declarada, sentida e combatida no mundo inteiro, uma coisa tomou conta no pensar da humanidade: após a crise sanitária vamos experimentar um novo mundo, com maneiras de vida e convivência diferentes e desse modo vamos viver um novo normal. Mas, como será de fato esse tal novo normal? Será novo mesmo? Que novidades virão? Nas minhas tímidas andanças, ao sair da toca onde há meses – seis precisamente – resguardo-me da peste invisível, cato, ali ou acolá, sinais desse novo e não enxergo com clareza. Salvo as precauções imediatas de lavar as mãos, usar máscaras e evitar achegamentos com os próximos não vi, ainda, nada que diga ser novo realmente. Isto, até que a vacina garanta a segurança almejada. Mesmo o badalado home-office, as lives, o e-Commerce e similares não podem ser concretas novidades. Vamos e venhamos, são coisas já conhecidas e que se tornaram mais populares empurradas pela Covid-19. Sendo assim, aquilo que eu mesmo previ e meti-me a recomendar atenção pode, no final das contas, ser uma perda de tempo. A proposito do assunto, percebe-se que muita gente vem trilhando este mesmo trajeto de busca. Coincidentemente recebi uma mensagem de grande amigo – Teólogo e exímio Filósofo – Padre Sergio Absalão tratando de desmitificar essa coisa do “novo normal” ao qual ele atribuiu a qualidade de mantra. No seu texto Absalão teve o cuidado de explicar que “A palavra “mantra” vem do sânscrito, uma língua clássica e básica das vinte e três línguas faladas na Índia. A sílaba “man” significa “mente” e o “tra” se refere a “proteção”, “controle”. Traduzindo de forma livre, “mantra” é o instrumento para controlar ou proteger a mente.” Teria sido isto então, que se espalhou, no meio do mundo, a ideia do “novo normal”? Proteger as mentes? Na mesma mensagem Absalão lembrou sábio trecho de uma das homilias de Santo Agostinho, na qual aconselha que “Não fiques nunca satisfeito [...] onde te consideraste satisfeito, lá mesmo ficaste parado. Se disseres ‘já basta’, morreste. Cresce sempre, progride sempre, avança sempre” (Santo Agostinho. Homiliӕ 169,18). Ou seja, o ser humano deve sempre buscar o progresso. Nada melhor.
Noutro trecho do ensaio Absalão foi bem pragmático ao lembrar que ”hoje, por exemplo, em qualquer local, tem-se à disposição as “maquininhas” de cartão de crédito ou mesmo o celular. Passa-se o cartão, aponta-se o celular no QR Code e o pagamento é feito automaticamente. Uma maravilha! Num passado não muito distante, ia-se à famosa mercearia, do seu fulano de tal, comprava-se os suprimentos necessários e se pedia para pôr “no pendura”. O dono da mercearia tirava um toco de lápis Faber-Castell, preso por detrás da orelha, passava a língua na ponta e anotava numa caderneta que somente ele entendia onde começava e terminava. Foto acima. A mudança foi tão só na forma. A velha caderneta do “pendura” virou uma “maquininha” e o toco de lápis, agora, é o cartão de crédito ou o celular. Mudou a forma, mas o hábito permaneceu o mesmo. Outro exemplo pode ser aqui exposto. Guardadas as devidas proporções, que diferença há entre o Mercado de São José, o da Encruzilhada ou o de Casa Amarela com o Shopping Center Recife, Tacaruna ou o Rio Mar? (foto a seguir) Sem levar em conta uma hipotética qualidade, tanto nesses antigos Mercados, como nos modernos Shoppings, vê-se que a estrutura não é tão diferente quanto parece. Se por “novo” se entende essas transformações, próprias de cada período da história, então não há o que se dizer, senão o que está registrado na Sagrada Escritura: “Nada há de novo debaixo do sol” (Ecl 1,9). Por mais que se negue, não há nada de genuinamente novo e, por isso mesmo, o “mantra” “novo normal”, repetido cotidianamente, não passa de uma grande bobagem.”
Para sacolejar mais a mente do penitente aqui, Absalão acrescentou que “desse modo, quando se tem em mente o “normal”, se subentende certa continuidade de permanente procura e conquista que possibilita proteção e segurança para poder seguir em frente. É legítimo, por isso, se falar em “normal”, por se tratar de um dado instintivo do ser humano. No entanto, o que vem sendo anunciado e se tornado senso comum diz respeito a um normal “novo”, um “novo normal”, dando a entender que no pós-pandemia, como foi dito, teremos um novo modo de organização social, político, econômico, cultural, etc.” Antes fosse! Esse poder a Covid-19 não teve e nem terá. Nota: os mercados de São José, Encruzilhada e Casa Amarela, bem como os Shoppings Center Recife, Tacaruna e Riomar são centros de comércio da cidade do Recife, Brasil. Nota 2: As fotos ilustrativas foram colhidas no Google Imagens.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Virando o Jogo

A notícia que já corre solta é que o agronegócio brasileiro acelerou a virada do jogo econômico nacional e já desbanca o setor industrial, que perde espaço de modos expressivos na composição do PIB. A crise do Coronavírus servia para reforçar o “contra-ataque” e pelo visto o Brasil mergulha fundo num novo ciclo e redesenha de vez seu novo perfil econômico. Bom, a Indústria nacional já vem perdendo, gradativamente, sua posição e seus encantos urbanísticos. Com a virada do jogo a vida agitada dos grandes centros urbanos começa a ceder lugar ao viver no hinterland do país que vem atraindo fortes contingentes populacionais buscando, além de efetivas soluções de existência, uma vida tranquila, ar puro e melhor qualidade de vida. Certamente que depois da Covid-19 o chamado “novo normal” vai ditar padrões distintos dos que foram construídos nos últimos 80 ou 100 anos. O processo de industrialização brasileiro deflagrado na Era Vargas, seguido com mais intensidade por JK e pelos governos que se seguiram, conhecido como Modelo de Substituição de Importações, cometeu um pecado ao, equivocadamente, abandonar à margem do desenvolvimento os negócios do setor agrário que teve de se virar para sobreviver à duras penas. Somente gradativamente foi que medidas de fomento foram surgindo, atendendo demandas clamorosas de investidores, que garantiram deslocamento das fronteiras agrícolas e desenvolvimento tecnológico que conferem ao Brasil de hoje uma posição privilegiada de celeiro do mundo. A Indústria, numa trajetória inversa, perdeu o bom rumo do progresso ao se revelar pouco competitiva em preço e qualidade, no próprio mercado interno e sem espaço no mercado globalizado. Já não é mais São Paulo ou outro qualquer polo industrial que dá as cartas. A riqueza nacional está sendo gerada num espaço mais amplo e fértil do interior. Terras do Centro-Oeste e o Matopiba estão aí para provar a realidade. Vide o mapa a seguir e entenda o que vem ser esta última região citada.
A atividade do Agronegócio, finalmente, vem sendo a salvação da barca brasileira. Estimativas de diversos institutos de estatísticas e pesquisas dão conta de que uma fatia de 40% do PIB é tocada pelo segmento e seus agregados, isto é, produção, colheita, armazenamento, comercialização doméstica e internacional, logística de distribuição, negociações bancárias, entre outros menores. Conheço pessoas que vão mudar de CEP, no novo normal, movidas pelas descobertas que fizeram neste tempo de pandemia. Falo de pessoas que já decidiram fugir, por exemplo, da conturbada Metrópole Paulista ou do Recife Confuso e que, inclusive, já relocaram – com constatados alívios – seus escritórios de comando no Zoom, no Meet-Google ou similares. Adeus poluição sonora e do ar, adeus engarrafamentos e todos os inconvenientes das grandes cidades. E, tem mais: quando a briga do 5G acabar a coisa será bem mais tangível. A tacada pode ser ainda mais forte. Com este novo formato nascerá também uma nova sociedade. Poderá ocorrer uma corrente migratória inversa a dos anos 50. Falo daquela onda que formou um cinturão de pobreza e o levantamento de imensas favelas nas franjas dos grandes centros industriais. O interior poderá ser mais atrativo daqui pra frente. Num país continental como o nosso será bem fácil. Em recente artigo, Stephen Kanitz (09.06.20) foi enfático ao dizer “com o Covid, haverá uma fuga das cidades para o campo, dos apartamentos para casas, dos escritórios para o Zoom”. Imagino, desde já, a crise que se viverá no setor imobiliário dos grandes centros urbanos, bem como a especulação imobiliária que será praticada nos centros de pequeno e médio portes com um mínimo de condições de vida confortável. Aqui em Pernambuco, já ouvi corretor de imóveis anunciando que em locais próximos à Capital (Gravatá, Sairé e adjacências) tiveram uma repentina disparada de valor. Em São Paulo essa oferta será certamente bem elástica dadas a infraestrutura e as condições socio-economicas disponiveis. É ou não é uma autentica virada de jogo? NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens

sábado, 12 de setembro de 2020

SEIS LUAS

Já contei, pela minha janela, a Lua Cheia passando por seis vezes enquanto estou “dendicasa”. Estou dando uma de índio que contava o tempo pela passagem da lua cheia. Fico sem acreditar. Aquilo que esperei durasse, quando muito, um mês já me pôs em prova por muito mais tempo do que calculei. Que tempo é esse meu Deus? 

A minha lua de verão. Toda apressada
sem esperar o sol se recolher

Na realidade comum, sempre fui amante do luar. Toda vez que ela se enche e se exibe toda formosa, algo de prazer invade minha alma e provoca louvores à natureza e à vida. Admiro esse nosso satélite em qualquer época do ano: no verão quando se mostra desnudo e brilhante lembrando que seu gerador de luz e energia está no auge da sua inflamação e descarregando tudo que pode sobre ele ou no inverno quando aparece envolvido num diáfano véu de stratos e cumulus  fugindo, aparentemente, dos sólidos cirrus. Não sou especialista no tema, mas arrisquei. Pronto. Fotografei todas as seis luas daqui dendicasa.

Lua de inverno, envolta em diáfanos véus de nuvens  

Esperando o tão desejado novo normal reservo-me ao mundo doméstico apreciando a mudança de estação e a passagem de um ano que mal chegou a começar. Contudo, contando vitória porque para muitos o ano pode ter começado e a vida findada. Tempos difíceis.

Vi a passagem da Páscoa de longe, não soltei rojões e nem acendi fogueira no mês de junho. Fiquei um ano mais velho em agosto, hasteei a bandeira brasileira no 7 de setembro  e ando procurando o que fazer a  toda hora. Quando não tenho mais com o que me ocupar – ler, escrever, dormir, assistir um filme, cozinhar, entre outras atividades – me divirto, inclusive, correndo atrás de um robôzinho de limpezas doméstica. Brinquedo de gente velha. A casa fica limpa e o tempo parece não passar. Em alguns momentos me sinto pateta. Para minha surpresa e apurar o tempo,  já tem gente falando no Natal. Faz sentido porque sempre ouvi dizer que “quando entram os bros o ano está findando”. Já estamos no primeiro bro: setembro.

Nem um jornal tem mais graça. Tenho que escolher entre assistir ao noticiário na TV, cada noite, ou ler o jornal do dia seguinte. O que salvam, quando muito, são os artigos de opinião ou as analises dos especialistas em politica e economia. Tudo nas versões eletrônicas porque o físico pode estar contaminado de Covid. Vidinha chata está sendo esta.

Mas, lendo os jornais no meu celular ou iPad, observo que a fuxicada republicana (pouco republicana!) continua viva e perturbante. O poder continua fascinando meio mundo. Mundo despreparado para o mister. E no resto do planeta as coisas continuam com as costumeiras cachorradas. E eu catando os sinais de identificar de onde vem o novo normal.

Muitos pedem calma porque o prometido novo normal vai chegar quando descobrirem uma vacina milagrosa! Contudo, ando meio ressabiado com essa história. Chinesa, britânica, russa, norte-americana e não sei mais de onde. É outra face da corrida pelo Poder.  

Como não me resta outra coisa, a não ser acalmar, vou esperar a próxima lua cheia. Que jeito?

NOTA: As fotos são da autoria do Blogueiro

  

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Infância Abandonada

Era um dia bem quente do verão de Teresina, capital do estado do Piaui (BR). Os termômetros marcavam algo próximo aos 40 graus. Desejando um lugar agradável e fresco fui, a convite de um amigo companheiro de trabalho, almoçar uma peixada de tucunaré, num restaurante típico à beira do rio Poti. Decorriam os anos de 90 do século passada. Como comum naquelas bandas, apareceu-me uma garota com imensa barriga pedindo um auxilio para comer. Fiquei muito impressionada com o perfil da menina. Dei uma ajuda e comentei com o garçon que aquela criança devia sofrer de hidropisia dado o tamanho da barriga. “Nada doutor, isso é barriga de menino! E a criança está pra nascer com um pouco mais”. Parei de beber e comer diante daquela cruel verdade. Incrédulo, mandei chamar a garota de volta com quem levei um diálogo doloroso. Quantos anos você tem? “Tenho dez anos.” Respondeu com um sorriso largo. E o que é isso na sua barriga tão grande? “Vou ganhar um neném”. Fiquei chocado. “Tomara que seja um menino feme, pra brincar mais eu”. Uma criança de dez anos sem seios ou pelos pubianos! Perdi o apetite e fiquei, por dias, com aquela imagem dantesca e diálogo na cabeça.

Infância abandonada e grávida
Semana passada, com o episódio da garotinha capixaba de dez anos trazida ao Recife para fazer um aborto autorizado pela Justiça do seu estado, minha memoria trouxe de volta as imagens daquela experiência que vivi em Teresina. Igualmente doloroso é claro. Acompanhei o noticiário e fiquei provocado a escrever este artigo aqui no Blog. Contudo, em se tratando de um tema delicadíssimo, envolvendo ética profissional e princípios religiosos ortodoxos, confesso que tive sérias precauções. Sou católico e me considero praticante da religião e tenho muito respeito aos princípios éticos que são, também, esteios dos meus princípios religiosos. Por estas razões não tenho coragem de tecer considerações mais profundas. Acredito que seja uma questão para todo e qualquer cidadão ou cidadã amadurecer no seu íntimo.
Foi imensamente chocante tomar conhecimento da declaração do obstetra que assistiu e executou o aborto, ao afirmar que “começou por injetar uma droga que paralisasse o coração do feto” e a após algum tempo proceder uma curetagem. Deu-me náuseas. Por onde andou a cabeça desse profissional? Aos manifestantes religiosos e populares que empreenderam um protesto contrário ao procedimento, diante do Centro de Obstetrícia, minha revolta ao classificarem essa criança violentada e estuprada, por um familiar e desde seus seis de vida como sendo uma assassina. Coisa inominável. Decisão cruel. Lembrei-me da Escolha de Sofia, no romance de William Styron. Se essa garotinha, no desabrochar da vida, for uma assassina, o que dizer do delinquente tio que se aproveitou da pobre coitada e inocente, por tantos anos?

O tio estuprador
Paralelo aos fatos reais, as conversas que tive com meus botões encorajam-me a fazer algumas considerações a respeito dessa cruel sociedade brasileira, sempre alheia às misérias que campeiam nas franjas remotas das nossas cidades e grotões escondidos.
Infelizmente, para espante da nossa alienada sociedade e desprezo dos irresponsáveis governantes de plantão, o caso da capixaba é bem mais comum do se imagina. Em Teresina, em São Mateus (ES), no Recife e qualquer outra cidade brasileira a coisa se repete, aos olhos alienados da Nação. Observemos as crianças pedintes nos semáforos das nossas grandes cidades e facilmente veremos muitas crianças portando bebês, próprios filhos gerados e paridos nas ruas da vida “severina” que levam.
A falta de politicas governamentais, dos diferentes níveis, vem formando ao longo dos tempos uma população à margem – não marginal! – do processo de educação e segurança. Na prática e infelizmente, estão sendo reproduzidos animais com formato humano com comportamentos de primatas selvagens com instintos animalescos sem respeito aos seus semelhantes, sobretudo crianças indefesas. Esse tio animalesco, lá no estado do Espirito Santo, é exemplo vivo.
O que merece destaque e lembrando que "todo mal traz um bem", a esperança é que esse exemplo recente – exposto de forma cruel e dolorosa na mídia nacional e estrangeira – sirva de referencial para que sejam adotadas medidas de politicas educacionais e assistenciais secundadas por legislação punitiva rigorosa aplicável a essas bestas humanas.

NOTA: Essas fotos foram obtidas no Google Imagens

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Antiguidade é Posto

Interessante noticia vem circulando, esses dias, nas redes sociais revelando uma seleção dos restaurantes mais antigos do mundo e, para surpresa dos recifenses, o Restaurante Leite localizado no centro da capital pernambucana é apontado como o mais antigo do Brasil, aberto desde 1882. Na verdade era comum ouvirmos dizer que se tratava de um dos mais antigos do país. Com esta recente seleção ficou então definido como o mais antigo. Querendo saber mais sobre a seleção clique em: https://matadornetwork.com/read/oldest-restaurants-world-mapped/ Esta “certificação” do Leite é naturalmente motivo de satisfação para os pernambucanos que já se orgulham de ter a Rua do Bom Jesus como a terceira mais bonita do mundo, em recente escolha publicada nos Estados Unidos e, além disso, de ter o jornal Diário de Pernambuco como o mais antigo em circulação na América Latina e em língua portuguesa. Se “antiguidade é posto” temos vários motivos para respirar orgulho.

Restaurante Leite (Recife - Brasil)
O mais antigo do país.
Bom, como o assunto é restaurante antigo tive a curiosidade de examinar a lista envolvendo outros países e continentes e conferir se conhecia algum deles, como conheço o magnifico Leite, do Recife, no qual se saboreia a mais honesta culinária luso-brasileira que se encontra no país. Naturalmente que muitos outros restaurantes espalhados pelo Brasil oferecem excelentes cardápios, seja no Recife ou outros grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo. Mas nenhum tem a tradição e a história do nosso Restaurante Leite. (Foto acima)
Interessante que, há poucos anos, estive em Madrid e fui ao restaurante Sobrino de Botin, aberto em 1725, próximo a Plaza Mayor e tido como o mais antigo do mundo. (Fotos a seguir) 

No Sobrino de Botin (Madrid - Espanha)
O prazer que se sente naquele ambiente histórico é sinceramente inenarrável. O cardápio é variado mas, o forte se concentra nos assados e grelhados de porco, ovelha e carnes bovinas com cortes especiais. Contudo, diante desta recente publicação tive a surpresa de descobrir que há um restaurante em Salzburg, na Austria, o St. Peter Stiffs Kulinarium, funcionando desde o ano 803. Haja antiguidade... É o mais antigo do mundo em pleno funcionamento. É famoso por uma ceia de Natal, denominada de Mozart Dinner Concert. (Foto a seguir). Deve ser algo deslumbrante. Coloquei na minha agenda. Sei lá... vai que a pandemia acaba e permite essa extravagância.


Noite de Natal no Mozart Concert do St. Peter
(Salzburg - Austria) Aberto no ano 803!
Correndo a lista em tela, descobri que existem inúmeros outros restaurantes abertos antes do Botin espanhol, 1725, que julguei ser o mais antigo, até hoje. Nada demais, claro. O prazer continua registrado. Valeu aquela visita e aquela mesa servida. As fatias de Pata Negra de antepasto são inesquecíveis.
Outra coisa curiosa que me vem à memoria é que existem estabelecimentos, como tabernas e bares, antiquíssimos espalhados pelo Velho Mundo. Recordo que nas minhas andanças já explorei alguns em Portugal, Inglaterra, Espanha, França e Itália. Em Bolonha (Itália), por exemplo, tive o prazer de visitar várias vezes, no Centro Histórico, um botequim que é mais antigo do que o Brasil, datando da segunda metade dos anos 1400.  
Mas, voltando à lista publicada descobri que jantei, ano passado, a convite de Dom Júlio Silva Torres, no mais antigo do Chile, o Restaurante e Confiteria Torres, aberto desde 1879. (Foto em seguida). Belo restaurante e oferecendo um cardápio tipicamente chileno, claro, à base de pescados. Lembro que saboreei um bom filé de Côngrio. Detalhe: somente agora tomei conhecimento ser esse o mais antigo do país. Já agradeci ao Dom Julio.

Posando para posteridade no Bar do Torres.
Com Dom Julio Torres e sua esposa.
Independente do posto de antiguidade, o tema provoca lembrar-me de vários outros restaurantes do mundo afora e que marcaram meu curioso paladar de viajante. Confesso que considero o provar da culinária de cada local como um dos melhores programas de viagem. E não me furto desse prazer.
Sendo assim, como esquecer as delícias servidas pelos restaurantes Gambrinus (1936), de Lisboa, ou do Guarany (.........), da Cidade do Porto, ambos em Portugal. Locais onde o preparo do bacalhau tangencia a perfeição. A cataplana mista do Gambrinus é inesquecível enquanto a francesinha, no fim da noite, é a pedida ideal do Guarany.
Em Vigo (Galícia), na Espanha, a melhor pedida é jantar no El Mosquito, aberto desde 1933, servindo o que de melhor em termos de pescados, incluindo o raro e sofisticado Pecebe. (vide foto a seguir). Bicho feio, lembra a unha de jacaré, mas saboroso. Já estive no Mosquito por duas vezes e sai em estado de graça gastronômico. Já em Valencia a Paella é o forte para qualquer ocasião. Delicio-me. São passagens que marcam o mais exigente paladar. Conselho: se estiver em regime alimentar não vá à Espanha.

Três momentos no El Mosquito (Vigo - Espanha
Nos detalhes:os antepastos de pecebes e polvo à galega

Em Milão, na Itália, outro restaurante que marcou meu roteiro de restauração alimentar e prazer à mesa foi o Al Conte Ugulino. A 300 metros do Duomo. Misto de cozinha mediterrânea e lombarda, especialmente com os pescados.

Vou parar por aqui. Em regime de quarentena e sem condições de uma boa aventura gastronômica não dá para remexer mais  na memoria. Antes porém, salve o Restaurante Leite do Recife!            

 Nota: Fotos obtidas nos sites oficiais dos restaurantes ou de arquivo pessoal do Blogueiro. 

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Um Lobo Guará na Carteira

Na semana que passou o Banco Central do Brasil anunciou a emissão de uma nova cédula de Real, no valor de R$200,00, ainda neste mês de Agosto entrante. Surpresa para muitos e compreensível para quem lida com Moedas e Bancos. Os comentários gerados no meio específico foram, tanto de cunho técnico, quanto jocosos. A primeira interpretação de um colega de profissão foi arrematada com um sonoro “é o Real descendo a ladeira”. Outro deu explicação fazendo a comparação com o valor que representa a atual cédula de R$ 100,00 em face do valor por ocasião da adoção do Plano Real, em 1994. Pelos cálculos do técnico, a azulzinha – com a imagem do peixe Garoupa – hoje circulando não passa do surpreendente valor real girando ao redor de R$16,00. Acho que isto explica bem, sem precisar desenhar. A nova cédula vem com a imagem de um Lobo Guará, que pode ser uma garantia. Não é toda hora que se tem um lobo de sentinela. Outra coisa lembrada, daquele ano de 1994, foi que US$ 1,00 era comprado pela incrível taxa de R$ 0,85. A nova Nota que vem por aí reflete a desvalorização da nossa moeda, face à inflação que nunca cedeu a contento.

Não faz muito tempo que o atual Governo, numa ideia extrema , levantou a hipótese de modificar todas as cédulas circulantes conferindo tamanhos diferentes, conforme o respectivo valor, além de adotar novas feições gráficas com o objetivo politico claro de, num tempo limitado de troca, obrigar a que muitos corruptos acumuladores de fortunas em espécie, em locais secretos, desovarem o fruto da roubalheira desbragada que se registrou no país, no passado recente. É emblemático e inesquecível o caso do politico baiano, Geddel Vieira, que manteve R$ 51,0 milhões em estoque no apartamento de um amigo, em Salvador da Bahia. Para esses “poupadores” a oportunidade, agora, de necessitar de menor espaço para suas acumulações! Se serão pegos é outra questão.

O curioso, por outro lado, é que o florescente uso do dinheiro de plástico (cartões de crédito) e as transações eletrônicas, nestes tempos de Pandemia, tiveram a oportunidade de se popularizar de modo irreversível. Poucos se aventuravam em manusear as corriqueiras cédulas monetárias temendo a contaminação do vírus da Covid 19. Graças ao vírus, aliás, duas coisas estão sacramentadas: vendas on-line e home-office. Clientes e lojistas estão entusiasmados com essas vendas por via eletrônica, assim como grandes corporações e entes governamentais já estão convencidos de que essa nova “onda” veio pra ficar. Segundo dados publicados na imprensa, estima-se que as vendas on-line cresceram entre janeiro e maio deste ano a expressiva taxa de 137,35% se comparado com o mesmo período do ano passado. Antes eram produtos de menor importância no dia-a-dia, que hoje são substituídos por produtos eletrônicos, roupas, sapatos e remédios. Surpreendentemente, produtos alimentares e de limpeza – demandados normalmente nos supermercados – passaram a ser comercializados pela internet e entregues em domicílios. É, de fato, um novo tempo.  

Dias recentes, andei lendo, num jornal espanhol (20 Minutos de 30.07.20), uma matéria intitulada: O Virus Acelera o Ocaso do Dinheiro em Efetivo. O repórter Pablo Segarra assegura que ”o Coronavirus está provocando [na zona do Euro] uma redução do uso de dinheiro em espécie, que já estava minguando antes da Covid-19 em favor dos Cartões de Crédito, os pagamentos [por aproximação] com telefones celulares e, em menores casos, pelo reconhecimento facial”. Consequência imediata foi que, na Espanha, a retirada de dinheiro “cash” em Caixa Eletrônicos caiu em 70%. Provavelmente o mesmo no restante da Zona do Euro. Verdade que o afastamento social obrigava a reclusão em casa, porém, todos tiveram que abastecer suas despensas, usar produtos de higiene e limpeza e medicamentos. A solução foi o uso das transações eletrônicas. O Banco Central Europeu, porém, descarta o desaparecimento dos efetivos em Euros.

A verdade é que as transações eletrônicas estão em uso cada vez maior, tanto nas negociações dos grandes bancos e corporações, quanto no circulo do cidadão comum. No dia-a-dia. A propósito, já parece claro e sintomático que a Reforma Tributária que o Governo pretende emplacar traz o anúncio da criação de um imposto sobre transações eletrônicas. Coisa do tipo 0,02% sobre cada operação, provando que a coisa vai pegar e Brasilia está antenada. Bom, será uma CPMF renomeada. Olho nisso!

Aqui no Brasil, muitos são aqueles que habitualmente não portam dinheiro em espécie e usam para qualquer transação (combustível, estacionamento, alimentos, restaurantes, cinemas, entre muitos outros itens) do dinheiro de plástico ou por aproximação do aparelho celular. Breve vem pelo reconhecimento facial. Difícil, obviamente, será acabar com a grande circulação do efetivo em Real, haja vistas para a população periférica desprovida, no geral, dos recursos da modernidade digital.

Que venha, pois, a cédula de R$ 200,00 com seu Lobo Guará. Acho que vou manter uma dessas cédulas  na minha carteira para que o Lobo espante os batedores de carteiras.    

NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens. 

 


domingo, 26 de julho de 2020

Boatos Modernos


Ando indisposto para tecer comentários sobre o panorama politico nacional. Na verdade decepcionado com tudo que vem acontecendo. Vejo, a passos largos, a redução dos chamados direitos legais do cidadão comum que, além de ser preocupante, aponta para um esgarçamento do tecido democrático já tão pressionado nos últimos tempos. De todo modo, é a proposito desse assunto, desse pandemônio politico, que trato considerando os recentes episódios de cassação de espaços pessoais ou coletivos nas redes sociais. A primeira indagação é: e a liberdade de expressão onde fica? 
Naturalmente que acredito na proliferação de muitas mentiras e boatos cometidos nesses modernos meios de comunicação, o que considero inteiramente condenável. Interpreto como sendo sinais evidentes de uma sociedade que ainda não sabe diferenciar conceitos básicos de convivência social sadia, como, por exemplo, os da liberdade versus libertinagem, escondidos pelo “biombo” da liberdade de expressão. Faltam duas coisas fundamentais nessa gente: respeito e ética, resultante de uma falha formação cívica e de princípios educacionais.
Desde que me entendo de gente ouço falar de boatos. Parece ser coisa da natureza humana. O hábito de fabular maldades é congênito e o brasileiro é mestre nessa “arte”. E quando se trata de atingir a moral de um terceiro ou tirar o sossego de uma coletividade é verdadeiro fascínio para o agente boateiro(a). Recordo, a propósito, de um caso emblemático: todo pernambucano que viveu a trágica enchente que atingiu o Recife, em 1975, deve lembrar que quando a cidade já se recuperava e tentava voltar à normalidade, um boato foi espalhado na cidade dando conta de que a Barragem de Tapacurá (grande represa situada na área metropolitana da cidade) havia rompido e a capital pernambucana seria destruída por uma gigantesca inundação. Foi um verdadeiro dia de Juízo Final para a população. Dizem que morreu gente ao tomar conhecimento do boato. Passadas algumas horas de verdadeiro “fim-de-mundo” veio a noticia oficial de que se tratava um boato, invenção da mente doentia de um boateiro-master de plantão. A boataria boca-a-boca sempre foi hábito comum e para algumas pessoas é verdadeira compulsão. É sabido que nas pequenas comunidades sempre existe uma ou várias velhotas fofoqueiras fabricantes de boatos, que "animam" a vida pacata de cada local. Há casos fantásticos transcritos em obras literárias de sucesso.
Quem acompanha os avanços tecnológicos da comunicação deve lembrar que “passar trote” por telefone foi, durante muito tempo, passatempo divertido e em muitos casos para espalhar boatos. Ainda existe, certamente, quem se dedique a esse lúdico divertimento transferido agora para o popular WhatsApp.  
É preciso entender que o que ocorre na atualidade é sinal do progresso. Dispondo de recursos ágeis e fáceis, como são as redes sociais da Internet, a prática da boataria se tornou galopante e ganhou a importada denominação de fakenews, rapidamente assimilada pelos colonizados brasileiros sob a desculpa de ter-se que falar a língua oficial da Rede Mundial, o inglês. Em poucos segundos um ardil boato, quer dizer, uma fakenews pode atingir milhares ou milhões de pessoas espalhadas mundo afora e causar um imenso estrago. Tem coisa mais fácil? Por enquanto, não. A consagrada denominação é tamanha que ganha espaço tranquilo inclusive na linguagem do dia-a-dia do Parlamento Nacional, ao aprovarem a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito como é o caso da CPI das Fakenews. Os argumentos que justificam a tal Comissão são os mais discutíveis possíveis e, para que seja justa e correta, trazem um evidente viés politico provocando embates acalorados. No meu ver, estão gastando tempo, dinheiro e energia com um tema que dispõe de uma bateria jurídico-legal que pode dissolver dúvidas e pendengas politicas deixando à margem da legislatura discussões por medidas corretivas aos setores da Saúde, Educação e Segurança públicas que clamam por atenção.
Nossos poderes constituídos, que se manifestam prejudicados e temerosos - contra ou a favor da CPI - com a moderna boataria, precisam se ajustar aos novos tempos e saberem administrar boatos (fakenews) que sempre fizeram parte da vida.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Um tipo inesquecível


Transcorria o mês de maio de 1963, quando recém-saído das bancas do ensino médio fui conduzido por um “padrinho” ao 19º. andar do Edifício JK, no centro do Recife, onde fui apresentado a um Senhor sisudo e circunspecto, titular da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, com vistas à oportunidade do meu primeiro emprego. Foi assim que conheci o cidadão Celso Monteiro Furtado (1920-2004). Meu “padrinho”, Luís Bastos e Silva, era economista de vanguarda e coronel reformado do exercito, de linha progressista, envolvido nos debates da época, liderados pelo tal Senhor sisudo e circunspecto. Bastos e Silva integrou a equipe do Conselho de Desenvolvimento do Nordeste – CODENO, órgão governamental precursor da SUDENE, e formulador do famoso Relatório/Diagnóstico Regional do Nordeste Brasileiro, plasmado pelo GTDN – Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste e bases para a criação da Superintendência Regional. Na minha jovem cabeça, sem que houvesse mesmo uma exata consciência do contexto, estava dando um passo decisivo para o futuro profissional que terminei construindo. Naquela época era minha intenção seguir a carreira de Arquiteto, razão pela qual fui encaminhado para estagiar, como Desenhista, numa Divisão de Cartografia da Casa. Conforme regimento interno, ninguém era admitido sem passar por um treinamento especifico e comprovar habilidade num posterior concurso interno. Encurtando a história fui aprovado e no mês de dezembro do mesmo ano fui contratado.
Celso Furtado (Foto de Fábio Motta-Ag. Estadão)
Viver o clima interno daquela SUDENE original era algo contagiante. Quadro de profissionais jovens e idealistas que só falavam em progresso e desenvolvimento. Jovem desenhista e prestes a passar por um vestibular à Universidade fui com facilidade inoculada pelo vírus que grassava naquele prédio de considerar a carreira de Economista como a pegada do futuro. Dito e feito: passei no vestibular e quatro anos após fui graduado e integrante da coincidentemente denominada de Turma Celso Furtado, da Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Submetido a um novo concurso interno, o desenhista deixou de desenhar e passou a contribuir na formulação de politicas de desenvolvimento regional. Foram 33 anos de Casa.
Sem desmerecer meu “padrinho”, Bastos e Silva, a quem sou grato até hoje, foi Celso Furtado que de forma quase direta me levou ao destino profissional que tomei. Aquele homem sisudo – ele era de fato – com seus pensamentos e obras publicadas moldou uma classe de profissionais que até hoje pontificam nos grandes debates e decisões nacionais. Um verdadeiro tipo inesquecível. Foi Furtado quem instalou o duradouro debate da problemática questão regional no Brasil e na América Latina. Deu importante contribuição atuando na CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina, entidade ligada às Nações Unidas, criada no ano de 1949, em Santiago do Chile e se tornando na única escola de pensamento econômico do chamado Terceiro Mundo. Além de criador e primeiro superintendente da SUDENE, destaco dois importantes postos da vida publica desse homem: primeiro Ministro do Planejamento do Brasil (Governo João Goulard) e Professor de Desenvolvimento Econômico da Universidade de Paris. Quer saber mais clique em: http://www.sudene.gov.br/quem-foi-celso-furtado
Se vivo fosse, o paraibano Celso Furtado estaria completando 100 anos de vida no próximo dia 26 de julho corrente. Este centenário vem suscitando inúmeras homenagens póstumas, inclusive esta do Blog do GB, num preito de gratidão pela monumental obra que legou e estimulador da formação de uma diferenciada classe de pensadores econômicos.
Tive duas oportunidades de me ver próximo ao homem sisudo depois que me tornei Economista: uma primeira ocasião, não consigo precisar a data (meados dos 70), foi em Paris, quando ele ditou uma conferencia na Universidade de Paris (Sorbonne). Vi de longe, tamanha era a assistência. O homem atraia multidões para ouvi-lo. Mal pude entrar no auditório. Na segunda vez, porém, tive mais sorte: convidado para as comemorações dos 50 anos da SUDENE ele esteve presente, falou e autografou livro. Impossível não lembrá-lo. É de fato um tipo inesquecível.       

NOTA: A foto ilustrativa é de Fabio Motta, AE, Obtida no Google Imagens)
      


domingo, 12 de julho de 2020

Patrimônio Histórico

Rua do Bom Jesus, uma das mais bonitas do Mundo
Os pernambucanos festejaram com entusiasmo, nos dias recentes, o fato de haver sido a Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, eleita a terceira rua mais bonita do mundo, entre 31 listadas, segundo a última edição da norte-americana Architectural Digest. Clique em:  (http://www.architeturaldigest.com/gallery/most-beautiful-streets-in-the-world). Mais do que isto: foi a única rua brasileira incluída nesse rol. Naturalmente que se trata de uma escolha respeitável, resultante de um trabalho de equipe composta por profissionais abalizados e do ramo ligado às artes, patrimônio histórico e arquitetura. Não tenho dúvidas de que foi uma escolha acertada. Nossa rua, restaurada inteligentemente pelo Prefeito Jarbas Vasconcelos (década de 90) além de contar a história do Recife é um primor de preservação. Outras ruas brasileiras tão bonitas quanto a nossa Bom Jesus estão espalhadas pelo país. Mas, em tempos que grassam mentes atendando contra os patrimônios históricos temos, então, um motivo oportuno de comemoração. Entendo, por outro lado, que outras ruas brasileiras e estrangeiras estão habilitadas à inclusão numa lista desse gênero, mas, como a nossa foi notada, festejemos pois.
A propósito do tema, confesso que sinto pontadas de revolta quando vejo iniciativas de demolição, reformas e “modernização” de prédios seculares pelo Brasil afora. Raros são casos de restauração que é sempre desejado. E é bem mais comum do que se pensa. Aqui em Pernambuco acontece frequentemente. Ali mesmo, próximo a rua do Bom Jesus, no Marco Zero da cidade, existe um prédio, pertencente a um grande Grupo Empresarial, que foi “modernizado” e descaracterizado de modo estúpido quebrando a harmonia neoclássica da grande Praça. Era de beleza pouco comum e se transformou num monstrengo envidraçado que choca o cenário histórico. Aliás, a própria Praça do Marco Zero foi “modernizada” na passagem do século passado que, a meu ver, foi outro erro imperdoável. No mesmo bairro, outro prédio foi “enjaulado” numa barreira de cobogós na cor brick no intuito de esconder as linhas arquitetônicas originais. Seus proprietários quiseram dar o toque de modernidade. Resultou noutro monstrengo. Esse porém foi corrigido pelo Instituto do Patrimônio Histórico do Estado, que numa sábia decisão determinou a retirada dos cobogós e o prédio ressurgiu com sua antiga beleza. Lamentavelmente, no interior do Brasil loucas ideias surgem, também, com frequência. Casas e sobrados seculares são muitas vezes “remodeladas” e ressurgem com fachadas horrendas, quase sempre em azulejos ou peças de cerâmica de gostos duvidosos, em substituição aos traçados originais sempre mais elaborados. Os proprietários ignaros se enchem de orgulho com esses feitos, quase sempre à revelia dos administradores públicos e profissionais competentes.
Prédio modernizado, a esquerda da foto, destoando do cenário do Marco Zero do Recife.
Curioso é que, infelizmente, não se trata de um desvio de visão histórica reservada aos brasileiros. É uma coisa que se reproduz no mundo inteiro. Mesmo na Europa, onde há um especial cuidado com o patrimônio histórico, registram-se casos dessa infeliz natureza. Um exemplo recentíssimo de desprezo à preservação do patrimônio histórico foi o que tomei conhecimento lendo matéria assinada por Jon Henley, correspondente do Jornal The Guardian (Londres) na edição de Sexta-Feira passada (10.07.20). Refiro-me a  uma discussão acirrada que tomou conta das autoridades e sociedade francesas quanto à restauração da torre e do teto da Catedral de Notre Dame, consumida por um brutal incêndio, no dia 15 de Abril do ano passado. Imaginem que o próprio Presidente francês, Emmanuel Macrón, teve a infeliz coragem de sugerir uma mudança radical no formato da torre e do teto do templo. Com traços modernosos! 
Esboço da infeliz ideia de Macrón para a Notre Dame.
A ideia era construir uma torre, em vidro, incluindo um jardim suspenso. E acrescentou: “vamos reconstruir a Notre Dame mais bela que antes”. Ora, meu Deus, trata-se de uma construção icônica, símbolo de Paris, construída no Século 12! Interpretei como sendo um surto de vaidade e ignorância. Penso que desejou entrar na História como um modernizador. Com todo respeito, como qualificar tamanha burrice?
Outra imagem do sonho de Macrón
Obviamente que gerou um duro debate envolvendo historiadores, arquitetos e especialistas, à frente Philippe Villeneuve, chefe da Comissão de Arquitetura e Patrimônio Nacional Francês. Caíram em cima do vaidoso presidente e derrubaram a monstruosa ideia. Para alivio dos que preservam o patrimônio histórico, o traçado original será mantido. Bom saber que existe verba – pública e de doações – para tocar o projeto que deve ser entregue em 2024, quando dos Jogos Olímpicos de Paris.
 Encerro lembrando que quem não preserva sua História vive sem identidade.. 

Notas: As fotos do Recife foram obtidas no Google Imagens e as fotos da Notre Dame de Paris são reproduções das que ilustraram a reportagem do The Guardian (Edição Eletrônica) de 10/07/2020.         

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...