quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Cores da Democracia

Curioso como o processo eleitoral norte-americano da semana passada empolgou os brasileiros. Acredito que como nunca. A overdose de cobertura televisiva proporcionou um verdadeiro clima de fla-flu. Houve momentos, nos quatro dias de apuração dos votos, em que pairava no ar uma sensação de que o pleito havia sido no próprio Brasil. Bom, sem duvidas que por culpa de Bolsonaro que resolveu montar uma “torcida organizada” pró-Trump. No domingo, contudo, teve que enrolar a bandeira no pau. Por ironia uma bandeira vermelha. E agora, Capitão? Torcidas à parte, organizada ou não, o que ficou de registro na opinião popular do brasileiro é que o processo lá em Tio Sam é estranho e complexo. Apesar disso e enquanto pernambucano, deliciei-me com a competição no melhor estilo Pastoril: a disputa entre o azul e o encarnado. Trump era a Mestra do cordão encarnado e Biden a Contra-Mestra do azul. Mas, voltando à questão da opinião popular brasileira, poucos entenderam, em 2016, como Trump havia perdido no voto popular e ganho no Colégio Eleitoral. Ôxente... que escolha mais estranha. Claro! Falar de Colégio Eleitoral traz péssimas recordações aos cidadãos e cidadãs de Pindorama. Mas, passou. Ganhou, estava ganho. O cara assumiu, mandou e desmandou deixando o mundo inteiro arrepiado com a maioria dos passos por ele dados. Deu no que deu, na semana passada. Custa crer que cada Estado norte-americano tem sua própria legislação eleitoral e faz ao “bel prazer”. Não há um padrão! Também não existe um Tribunal Superior Eleitoral que bote ordem na aparente zona e proclame o nome do eleito. O voto não é obrigatório. Mas, desconfio até que, com a elasticidade de prazos e com as formas de sufragar um voto, pode ocorrer que algum cidadão vote mais de uma vez. Basta se registrar em dois estados distintos. Claro que deve haver um meio de controle. Contudo, não fica muito claro para um espectador aqui abaixo da linha do Equador. Por esses e outros pormenores um candidato derrotado questiona o resultado e não para de espernear, como Trump anda fazendo. Naturalmente que a essa altura aplaudo o sistema brasileiro que resolve tudo num dia só. Nisso, pelo menos, somos competentes. A propósito, estamos nós às portas de um novo processo eleitoral. Domingo (15.11.2020) que vem os eleitores brasileiros se apresentam às sessões eleitorais pra elegerem seus representantes na esfera municipal. Prefeitos e vereadores serão escolhidos para o próximo quadriênio. Conversando recentemente com um amigo, eleitor em Brasília, onde não tem eleições municipais, fizemos uma reflexão acerca do voto tupiniquim e facilmente concluímos que o nosso eleitor de modo geral não sabe votar. Não existe, a rigor, um voto consciente. E voto consciente para meu interlocutor – que concordo – “é um voto desapegado” entendendo ser isto aquele voto sem objetivar vantagens pessoais efêmeras, de ser amigo, ou alguém com qualquer ligação familiar com um político tradicional, cuja família ocupa um posto político desde priscas eras. O voto consciente deve, sim, ter como referencia as carências da coletividade que o rodeia.
Outra coisa que lembramos no nosso “papo cabeça” foi sobre o chamado VOTO ÚTIL. É curioso como muitos optam por votar naquele candidato que ocupa liderança nas pesquisas, ou porque conhece aquele nome, mesmo tendo ouvido algo sobre seu passado inescrupuloso. Esse voto é o VOTO INÚTIL. Por conta dele é que persistem os estados de miséria, fome, desnutrição, analfabetismo e insegurança nos mais diversos rincões do país. No próximo domingo, então, vote sem medo, de forma consciente e não dê um voto inútil. A Democracia é colorida, mas saiba contribuir harmoniosamente com a paleta das cores. NOTA: Foto ilustração obtida no Google Imagens

6 comentários:

Patricia Correia disse...

🤔eu estava aqui sem querer ir votar Não apenas sem ter candidatos ou sem crer nesta corja chamada políticos..e tbm...ir encontrar humanos desumanos possivelmente coronados em possíveis aglomerações ...porem agora eu vou pensar se VOU. Desculpe minha forma de pensar, mas agora mais que nunca não estou acreditando em nada.

Abraão Rodrigues de Lira disse...

Muit0 Bom!

José Paulo Cavalcanti disse...

Mais um belo texto, amigo. Só faltou dizer que os turnos são diferentes. No primeiro, a gente vota a favor. No Segundo, contra.

Vanja Nunes disse...


Adorei a comparação com o pastoril, rsrsrs
Muito bom👏👏👏👏👏

Gerardo Vellis disse...

Excelente 👍🏽

Unknown disse...

Zé Paulinho.

Ando muito triste por não continuar o seu mantra, “votar a favor no primeiro turno e contra no segundo”, por falta de candidato que de motivação a me expor a peste chinesa.

Vamos continuar o ano sabático compulsório ditado pelos chinos. E viva a direita de raiz.

Haja Cravos

Neste recente 25 de abril lembrei-me demais das minhas andanças em Portugal. Recordo da minha primeira visita, no longínquo verão de 1969, ...