domingo, 26 de setembro de 2010

CARGA PESADA

Eu havia feito o propósito de não falar de eleições, políticos e candidatos, por sentir um desgaste muito grande ocupando meu tempo com essa palhaçada que, mais uma vez, se espalhou no país. Mas, é impossível ficar mudo diante de tantas barbaridades. Pelo menos para mim, que sou, no final das contas, um animal racional e com fortes sentimentos políticos. Seria negar minha natureza. Violentar-me-ia.
Meu voto será consciente em três de outubro e estou seguro disso. O mesmo não penso sobre a maioria dos brasileiros. Dá pena de ver a alienação da pobre gente do meu país. Tiro pela secretária doméstica que tenho na minha casa. Esta manhã ela confessou que está achando muito difícil para votar neste ano. “Tem que marcar cinco números, Doutor. É isso mesmo? Não botaram número demais, dessa vez? E o Senhor já viu que tem um que é bem grandão...” Isto para uma pobre coitada, analfabeta, que vive aqui na minha casa, escutando tudo que se fala e vendo o guia eleitoral gratuito. No dia da eleição ela vai à seção eleitoral, desenha o nome dela e entra na cabine eleitoral indevassável. Lá dentro, muito ancha, marca qualquer coisa e no final diz orgulhosa que votou em Lula. Coitada nem sabe que ele não é candidato. Pode ser um voto perdido. Imagino, também, os tristes (ou felizes, quem sabe?) que são eleitores nas brenhas do sertão nordestino ou perdidos na Amazônia. Voltam para casa dizendo que votou em Getúlio Vargas. Acredite que tem. Não é piada e quem me falou isto foi um conhecido amazonense. Claro que tem alguém digitando um voto ao seu bel prazer e interesse, no lugar do alienado portador de uma titulo eleitoral, se aproveitando da ignorância do eleitor. É muita patifaria. Ou melhor, um processo eleitoral inadequado ao país.
Outra coisa me deixa profundamente irritado, neste cenário, é ouvir as promessas desses cínicos candidatos, repetindo as mesmas promessas dos candidatos das eleições passadas. Aliás, pensando bem, acho que, à luz das promessas atuais, seja qual for o eleito, o Brasil vai cair em boas mãos. As promessas são parecidí-i-i-i-i-íssimas. Já notaram? Até Marina, mesmo com a verdura que vende, não deixa de bater nas teclas comuns. Quero ver cumpri-las. É tudo conversa mole, minha gente. Tolo é quem vai atrás dessas baboseiras eleitorais.
As mais “divertidas” são as promessas da reforma fiscal e reforma política. Faz-me rir. Vou morrer e não vejo essas promessas serem cumpridas. E, olha, que são as mais velhas e a mais necessárias para o bem da nação. Eu disse nação! A candidata do Lula bate no peito e diz solenemente “EU (ela adora usar a primeira pessoa) prometo fazer uma reforma tributária, porque não dá mais para continuar com uma carga tão pesada”. Tenho a sensação de assistir a um programa de humor. Negro, é claro.
Neste fim de semana, que termina hoje, fui à bela Maceió, capital de Alagoas. (Foto a seguir) Cumpri dois compromissos sociais, marcados por dois casamentos. Nessas comemorações o mais comum é que – com um uísque a mais – os convivas logo se exaltem e começem a “fazer campanha”. Saí convencido e decepcionado, claro, de que muitos alagoanos perderam a memória e vão eleger Fernando Collor de Mello, governador do estado. Pode uma coisa dessas? É impressionante. Agora, tem uma coisa, a maioria das vezes o argumento mais forte é de que Lula e seus comparsas deixaram Collor no “chinelo”. Que o ex-presidente alagoano não soube fazer a coisa bem-feita e roubou pouco. É doloroso ouvir estas coisas. Resta saber se estão dando outra chance ao collorido para ele retornar e fazer uma “administração” bem-feita. Não vou negar que me ri a valer dessa alienação coletiva. Bom, as festas de bodas, das quais participei, ficaram bem divertidas.
Se a reforma tributária é necessária, a política é fundamental. Acho que antes da tributária deve vir a política. É preciso mais seriedade dos nossos legisladores para entender o que fazer na hora de detonar o Custo Brasil. D. Dilma tem razão quando diz que a carga é pesada. Difilcil é ter certeza de que ela tenha consciencia desse peso.
NOTA: Fotos do Google imagens

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

São Paulo: o Brasil Grande

O destino São Paulo está com muita frequência na minha agenda de viagens. A negócios ou por motivos particulares ando sempre praquelas bandas. Foi o que ocorreu na semana passada.
O poeta já disse que a Paulicéia é desvairada (louca, alucinante, delirante) e olha que, em certos momentos, parece mesmo uma loucura. Mas, no final das contas, tudo dá certo e termina num misto de prazer e estresse. Prazer pelo sem numero de atrações que a cidade oferece e estresse por conta, por exemplo, do trânsito caótico, das hordas de motoqueiros desembestados no tráfego infernal, das distancias a serem percorridas, da perda de tempo para se cumprir um simples compromisso e, ainda, a carestia de vida, que somente eles, os paulistas, conseguem administrar. Sobretudo no setor de serviços, ao qual temos de nos submeter.
Ficamos (eu estava acompanhado da minha família) por lá nove dias, mas voltei com a sensação e haver passado menos. O tempo corre muito rápido, quando se enfrenta muita coisa para fazer e as logísticas são complicadas. Assim mesmo, deu para curtir a grandiosidade da metrópole.
Para nos livrar de rodizio de placas (na cidade de São Paulo é rotina) de veículos em circulação e, também, para explorar a paisagem interiorana do estado – que é belíssima – tomamos rumos em dois diferentes roteiros: um na direção do interior e outro no sentido do litoral.
No primeiro, fomos almoçar, no feriado do sete de setembro, na divertida cidade de Itu, que tem a fama de ter tudo em tamanho exagerado, devida a um comediante da TV e capitalizada pelo municipio, com fins turisticos. Deu certo, sim Senhor. A cidade é pequena, com no máximo 170 mil habitantes, descendentes de imigrantes portugueses, italianos e japoneses. Tem também nordestinos migrantes. É uma das mais antigas do estado, com 400 anos de fundada, belissima arquitetura colonial (vide foto a seguir) e historicamente importante porque deu forte

contribuição à fundação da Republica no Brasil. Outro destaque da cidade é o fato de ter sido, durante muito tempo, a mais rica do estado, por ser local de residência de muitos barões do café e autoridades importantes do País. Comer por lá tem que ser no Bar do Alemão Steiner, famoso por servir um Filé à Parmegiana, vendido por metro! Come-se bem e ao melhor estilo ituano, isto é, tudo grande. Vale à pena conferir.

Depois de Itu, subimos a Serra da Mantiqueira e fomos rever a bela cidade de Campos do Jordão. Passamos uma noite de frio intenso (3ºC) à base de uma boa fondue de queijo e vinhos chilenos, para esquentar a alma e o corpo. Era meio de semana e encontramos a cidade mais tranquila, com o comércio atendendo bem, a paisagem mais visível, dado ao pequeno número de visitantes. O cenário é de puro aspecto suíço. Vide foto acima. A gente agasalhada pelo frio e a este acostumada revela um tipo de sociedade diferente, no portar, no trato e nas relações com o visitante. Nada da descontração das cidades litorâneas. Os jardins, bosques e cascatas, complementados pela arquitetura, estilo também suíço, resulta num cenário de grande beleza e distinto do nosso padrão tropicaliente nordestino É muito interessante observar essa vida diferente das altitudes paulistas.
E, por fim, descemos a fantástica Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo à baixada Santista, indo parar no balneário da Riviera de São Lourenço onde passamos o último fim de semana. Local sofisticado padrão Classe A-ltíssiiiiimo e paisagem digna de ser comparada, competitivamente, com os melhores balneários caribenhos ou do Mediterrâneo. Show de bola.
Constatação final: é interessante observar como o estado de São Paulo consegue reunir tantas e tão diversificadas atrações, atraindo, assim, levas de brasileiros das mais distintas regiões na busca de novas paisagens, negócios dinâmicos, vida cultural, infraestrutura e serviços diferenciados, cosmopolitismo, num mix que faz a maior diferença. É ali que fica o Brasil Grande, sem nada a dever à outras localidades no mundo afora.

NOTA: Foto de Itu é do Blogueiro e as de Campos do Jordão e Imigrantes são do Google Imagens

Insegurança nossa de Cada Dia

Pobreza, fome, analfabetismo, disparidades inter-regionais de renda, saúde publica falha, politica educacional também, governos míopes e som...