Festa de São João somente no interior. Todo ano é assim.
Além dos festejos, da pamonha e da canjica e de muito forró é, também, uma boa
oportunidade para “recarregar as baterias” exauridas pelo corre-corre da cidade grande. No ar puro e mais fresco do campo e
no ambiente da cultura brejeira, o corpo e a mente agradecem. Pelas bandas de
lá, o dia parece mais longo e mais prazeroso deixando a impressão de que cada minuto
vale por dois.
Este ano os festejos foram dobrados em virtude da Copa do Mundo no Brasil. Do cais ao sertão o mundo ficou auriverde por todos os lados. Para completar, um jogo do Brasil na mesma data dos principais festejos e a vitória sobre o selecionado da Republica de Camarões, num final de tarde, aumentou, ainda mais, a animação dos torcedores, na noite da São João, que de tanto entusiasmo apressaram as queimas das fogueiras, o puxar dos foles e o baticum das zabumbas. Dali em diante foi um forró danado de bom – um relabucho gostoso – e uma quadrilha bem marcada que ajudaram a varar a noite e ver o amanhecer do dia. Coisas gostosas que somente o Nordeste brasileiro é especialista.
É interessante como a gente roda o mundo, visita reinos, repúblicas, protetorados e colônias, conhece outras gentes, come do bom e do melhor, coisas finas, exóticas e até mesmo repugnantes, mas, estremece quando volta aos rincões dos seus "ontens". Acontece assim comigo.
A sensação agradável de voltar às origens, sobretudo quando a idade começa a pesar mais, se torna um exercício de pura limpeza da alma. Quase uma catarse. Ver o passado através das paisagens, de um belo pôr de sol, dos hábitos e costumes, da voz macia, cantada e quase inocente do matuto, do cheiro da comida de milho no fogo e da música regional. Ah! Meu Deus! Que dádiva. (Vide fotos a seguir).
Eu nasci no Recife, mas, fui criado e educado num contínuo vai-e-vem entre a capital e o interior:
da casa dos meus pais à casa dos meus avós em Fazenda Nova, distrito do
município de Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano. Vide foto da Vila, lá embaixo. De algum modo, finquei
ali parte das minhas raízes familiares e culturais. Tenho dentro de mim, desse modo, um
pouco da alma interiorana. Por isso que cada retorno se transforma num rosário
de reminiscências e matasaudades. Nessas
horas, como numa estância de um poema, chego a vislumbrar – tal qual numa miragem
– as figuras que formataram meus saberes e comportamentos de homem adulto, que,
aliás, tento passar aos meus descendentes. Tempo foi-se, tempo tem... Tempo se
renova e se inova. De geração em geração as tradições e rituais são preservados
e, desse modo, tornam presentes os que partiram para eternidade e que souberam
ensinar como fazer uma noite de muita alegria. No meu “delírio” da passada
noite de São João tive a perfeita impressão de haver visto, no lescolesco do forró e na dança da quadrilha
matuta, meus avós, meus pais e meus tios. Eles se esbaldavam como no passado e
depois, como num passe de mágica, desapareciam em meio a fumaça da fogueira que ardia em chamas no
terreiro. Sim, porque naquela noite eles eram apenas fumaças da minha imaginação.
Tempo foi-se, tempo tem. Tempo bom. Viva São João. Viva meu delírio junino.
NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro, exceto a primeira foto, obtida no Google imagens.
Este ano os festejos foram dobrados em virtude da Copa do Mundo no Brasil. Do cais ao sertão o mundo ficou auriverde por todos os lados. Para completar, um jogo do Brasil na mesma data dos principais festejos e a vitória sobre o selecionado da Republica de Camarões, num final de tarde, aumentou, ainda mais, a animação dos torcedores, na noite da São João, que de tanto entusiasmo apressaram as queimas das fogueiras, o puxar dos foles e o baticum das zabumbas. Dali em diante foi um forró danado de bom – um relabucho gostoso – e uma quadrilha bem marcada que ajudaram a varar a noite e ver o amanhecer do dia. Coisas gostosas que somente o Nordeste brasileiro é especialista.
É interessante como a gente roda o mundo, visita reinos, repúblicas, protetorados e colônias, conhece outras gentes, come do bom e do melhor, coisas finas, exóticas e até mesmo repugnantes, mas, estremece quando volta aos rincões dos seus "ontens". Acontece assim comigo.
A sensação agradável de voltar às origens, sobretudo quando a idade começa a pesar mais, se torna um exercício de pura limpeza da alma. Quase uma catarse. Ver o passado através das paisagens, de um belo pôr de sol, dos hábitos e costumes, da voz macia, cantada e quase inocente do matuto, do cheiro da comida de milho no fogo e da música regional. Ah! Meu Deus! Que dádiva. (Vide fotos a seguir).
NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro, exceto a primeira foto, obtida no Google imagens.