Percebe-se claramente que o bom momento econômico brasileiro (?) torna este já tradicional evento ainda mais pujante. Circulando pelos corredores da exposição ouvem-se idiomas das mais diversas procedências. Durante uma semana são dadas a conhecer os últimos lançamentos tecnológicos atraindo as atenções dos visitantes e compradores ávidos por novidades e dispostos a dar um upgrade nos seus processos produtivos. Aqui, é tudo gigantesco a começar pelo volume de público que acorre ao pavilhão de feiras expondo, vendendo, comprando ou, simplesmente, visitando. É obvio que o volume e valores de negócios que são realizados são evidentes. São mais de 1.300 expositores. Na última edição (2009) foram 1.300 expositores – 49% dos quais eram estrangeiros – em 72.000 m² e quase 68.000 visitantes. Para este ano estima-se que sejam 80.000. É muito, não é?
Mas é importante registrar que, por trás dessa grandiosidade toda, trava-se uma acirrada guerra de concorrência – muitas vezes desleais – entre os expositores, na qual os brasileiros vêm perdendo posição a cada embate. Há uma inquietação, sem tamanho, dos produtores de máquinas e ferramentas made in Brasil que, aliás, já sentem perder a guerra, dentro de casa. E aí, o fantasma da desindustrialização toma vulto e instala um tremendo estresse.
Também, pudera, os chineses estão concorrendo cada vez mais e com maior voracidade, inclusive com mais qualidade, ao contrário do que ocorria historicamente. Ninguém consegue abatê-los. Nessa mesma onda, outros players estão surgindo com vontade de conquistar mercados. Já dei de cara comas presenças de turcos e indianos, que descobriram o caminho das pedras e deitam e rolam no ascendente mercado brasileiro, com incríveis vantagens no jogo da concorrência. Isto, sem falar dos italianos, alemães, holandeses, norte americanos, entre outros. É aqui, seguramente, que se entende bem melhor o nefasto efeito do Custo Brasil. Do jeito que vai, já, já, a “vacavaiprubrejo”. Deus nos acuda! E D. Dilma abra os olhos! Fiquei muito impressionado com duas afirmações de empresários brasileiros expositores: o primeiro foi taxativo ao declarar que “pra poder competir, fiz parceria com um produtor chinês, que agora fabrica minhas máquinas – lá mesmo na China – taca minha grife e manda pra cá e eu vendo”. Ou seja, o cidadão virou um simples comerciante de máquinas supostamente fabricadas por ele. E os empregados da antiga produção, aqui no Brasil, foram pra rua. É danado... O segundo empresário mostrou-me, na ponta do lápis, que uma máquina turca chega ao Brasil pelo equivalente médio de 70% da nacional e a chinesa cai para 30% do valor da similar nacional. É de lascar... Aonde vamos chegar? Se as reformas prometidas pelo Governo demorarem mais, a indústria nacional pode mergulhar numa profunda crise. Ou, até, se acabar!
Já o setor dos serviços, nessas horas de feiras, aqui em São Paulo, dão uma empinada que nem pipa (papagaio) no mês de agosto, na praia de Boa Viagem. Estão acontecendo, simultaneamente, três grandes feiras aqui na cidade, inclusive a de equipamentos hospitalares, atraindo multidões e movimentado o chamado turismo de negócios. Não restou uma só vaga nos hotéis locais. Conheço gente que comprou passagem aérea e não achou hotel. E olhe que São Paulo conta, segundo a Agência Brasil/ABIH, com 105 Mil leitos de hotel. Os serviços de montagem dos estandes das feiras, alguns são extravagantes (vide, a seguir, foto de um com 1.200m²) e os serviços de buffet
É isso aí: no setor Industrial grande pavor. No setor dos Serviços grande euforia. Êita Brasil. zil, zil.
NOTA: Esta postagem foi redigida em S. Paulo no último fim de semana. As fotos são do Blogueiro.