sexta-feira, 26 de julho de 2019

A Bola da Vez

Tenho acompanhado de modo parco, nestes últimos seis meses, os acontecimentos político-econômicos do país, sempre alimentando esperanças nas mudanças prometidas pelo novo Presidente. Naturalmente que não me deixei envolver por qualquer véu de ingenuidade ao ponto de imaginar que, como num passo de mágica, tudo seria transformado da noite para o dia e navegaríamos num mar de rosas. Longe de mim. Não tenho mais idade para isto.
Mas, lembro que tive oportunidade, durante a campanha presidencial, de manifestar neste espaço meu desejo de mudança, acreditando, inclusive, que numa genuína democracia a alternância do poder é deveras salutar. Para o caso brasileiro, então, a mudança se fazia extremamente necessária, dadas às condições caóticas reinantes nos quadros econômico, político e moral. O país estava mergulhado (e de certo modo continua) numa crise devastadora e sem perspectivas animadoras.  Resumindo confesso que, por pior que fosse a alternativa de mudança restante, no embate final, esta seria a minha escolha na urna eleitoral. Questão de princípios e de crença com vistas a um futuro melhor. Ou seja, votei no Capitão no segundo turno. E, não me arrependo. 
Agora, com o hoje que vivemos, tenho me entusiasmado com os rumos que a Economia começa a trilhar. Bolsa subindo e passando dos cem mil pontos, câmbio tendendo a um nível tolerável, juros com perspectivas de queda, empregos reaparecendo lentamente (noticias desta semana dão contas de que 408 Mil empregos formais foram criados neste primeiro semestre de 2019, maior saldo em 5 anos) e o ânimo geral melhorando. Claro que os opositores, e a maioria da mídia "desmamada", não enxergam essas boas novas e saem pra avenida com campanhas inúteis e anacrônicas. Perderam a noção das coisas e esquecem da oportunidade que jogaram na lata do lixo. Enfim, tudo leva a crer que, se deixarem o Guedes trabalhar, o trem volta aos trilhos. Reformas já começam a tomar forma, as contas públicas estão sendo revistas e monitoradas, uma próxima reforma poderá reduzir a carga tributária e proporcionar a volta dos investimentos e, mais adiante, a Reforma Político-administrativa, considerada pelo experiente Marco Maciel, há mais de 30 anos, como a mais importante. Esta certamente poderá dar uma boa arredondada e acabar com a bagunça instaurada em tantos anos de República. Será a cereja no bolo das reformas da Era Bolsonaro. Este país tem que sair do atoleiro que os anteriores governantes deixaram e voltar a ser o país do futuro. 
Mas, tem uma coisa: não gosto nada desse estilo excessivamente “descontraído” do Capitão, que termina lhe comprometendo em diferentes setores da Nação. Estilo e decoro são coisas exigidas para quem senta na cadeira de Presidente. Faz parte do jogo politico correto. Mesmo percebendo que ele haja delegado de “mão-beijada” a condução da máquina político-administrativa da Republica aos seus auxiliares diretos é de se esperar que ele não esqueça que existe um ritual a ser obedecido. Sem atenção às normas e regras de praxe, resulta nessas confusões planaltinas que assistimos semanalmente. Certas vezes, fico pensando que as coisas não acontecem por acaso e questiono cá comigo: será que existe mesmo – como alguns acreditam – uma estratégia de comunicação assim planejada? Aí complica. Difícil de entender. 
De uma coisa estou convencido: não tem sido nada salutar esta série de despautérios que nosso Presidente debulha em público. Agreguem-se a isto os disparates dos filhos, inclusive nos cyber espaços e plenárias legislativas, contribuindo ainda mais para embolar a cena principal.
É bom lembrar que a PresidentA que tivemos no passado recente tinha lá seus rompantes e seus disparates que viraram folclore e não proporcionaram boas serventias à Nação. Pelo contrário. O resultado deu no que deu. O Lula teve também seus momentos de "descontração" e caiu na gozação coletiva da Nação. Estadistas, que seria bom, são raros. 
Falta neste momento ao nosso atual Presidente um comedimento, digamos, presidencial. Carece de alguém da sua real confiança que consiga assessorá-lo com competência, assim como  a própria percepção de que na onda que ele surfa, corre o risco da prancha desatar do tornozelo a toda hora.
Chamar os nordestinos de “paraíbas” é coisa bem popular no meio carioca de onde ele vem. Mas, tudo indica que ele saiu do ambiente preconceituoso do Rio de Janeiro, mas o ambiente preconceituoso não saiu da cabeça dele. Uma falha lamentável.
Bancando um paraíba. Querendo agradar dando uma de cabra da peste dos bom.
Outra coisa é asseverar que no Brasil ninguém morre de fome. É grande desconhecimento dos fatos reais. 
E, por fim, subestimar a devastação da floresta Amazônica é outra lástima. Imagino, aliás, que desconheça de muitas outras realidades.
Presidente, a maioria dos brasileiros confia no “taco de ouro” que lhe conferiu. Acerte na bola da vez, Excelência. Vamos ganhar este jogo.       

NOTA: Foto obtida no Google Imagens 
   

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Pobre História Apagada do Recife

Falta muito, ainda, para que o brasileiro saiba valorizar seu patrimônio histórico. Parece até que a referência/objetivo básico é o de apagar a história. Ou tocar fogo como ocorreu no Museu Nacional do Rio de Janeiro. 
Para quem viaja mundo afora, saberá do que estou falando adiante  e certamente concordará comigo até o final deste post.
Por experiência pessoal sei que nada é mais prazeroso do que apreciar cidades e monumentos  milenares preservados e cuidados ao redor do mundo. Além do prazer de visitar, agregue-se o banho de História que, por vezes, podemos provar. Isto com raríssimas – raríssimas mesmo – exceções não ocorre no Brasil. Aqui em Pernambuco, por exemplo, a História vem sendo apagada ao longo dos tempos. Muito tempo. É doloroso visitar certas localidades e constatar esse descaso. País sem História é país sem futuro. Isto já vem sendo lembrado por muitos e há muito tempo.
Mas, indo direto ao que me leva à esta reflexão, expresso um pouco da minha tristeza após um passeio pelo antigo centro do Recife, no recente feriado de 16 de julho, consagrado à Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade capital de Pernambuco.
Tentei adentrar na Basílica, por volta das 10 horas da manhã, sem que houvesse chance. Uma multidão se apinhava nos portais do templo. Segurei a carteira e o celular e encarei. “Com licença” e “deixe-me passar” era a mesma coisa de se dizer "fecha mais um pouco a passagem". 

Sem sucesso, não avancei nem um metro. Diante disto, resolvi olhar em volta o movimento da minha gente recifense espalhada pelo pátio da igreja. Havia de tudo. Com a marca dolorosa da pobreza local, pedintes a ambulantes, tudo junto e misturado, compunha a cena. Fui me afastando da multidão e resolvi fazer uma caminhada até a Praça do Arsenal, no bairro do Recife Antigo, onde encontrei filho e nora para um café.
Foi nesse trajeto (relativamente longo) que mergulhei no que resta do outrora belo e movimentado centro de uma das primeiras capitais do país e constatei a História mergulhada na sujeira e desprezo total. Observei que ainda restam ruas calçadas com as chamadas pedras portuguesas, bastante maltratadas e sujeitas à substituição, como feito na orla de Boa Viagem. É só aparecer  outro Prefeito ignorante... Sob as marquises, da Rua Duque de Caxias,  a marca da pobreza dos sem teto.  
Pedras portuguesas e sem tetos dormindo ao relento.
Vi um patrimônio histórico sujo e carcomido devido a uma série de irresponsáveis edilidades dos tempos recentes. A sensação que experimentei foi de uma cidade abandonada ou quase fantasma. A imagem era reforçada pelo ambiente estático que se faz num dia feriado. Uma ou outra pessoa perdida na espaçosa Praça da Independência e na Pracinha do Diário, coração, quase parado, da metrópole. Com meu botões lembrei que, da torre da Prefeitura, no Cais do Apolo, ousam denominar o Recife como A Capital do Nordeste. Só sendo piada. Desrespeito, até.
Histórico prédio do Diário de Pernambuco apagado e por trás da fiação desordenada.
O que sobrou do belíssimo prédio onde funcionou do Diário de Pernambuco – o mais antigo jornal, em circulação, do Brasil e de língua portuguesa –, dava outro testemunho do abandono da cidade. O jornal já se mudou e o prédio histórico está à mercê da pobre sorte. Mais adiante, numa das esquinas (1º. De Março com Imperador Pedro II) deparei-me com três jovens meninas, em trajes audaciosos, oferecendo seus corpos para “curtir uma boa”, no dizer de uma delas. Lembro que nesta esquina funcionava, no passado, uma elegante agencia do banco Francês-Brasileiro, onde estive muitas vezes. Aliás, esquina que abrigou muito antes, na primeira metade do  século 20, uma das mais famosas cafeterias da cidade, num bom estilo francês, denominada de Café Lafayette. Também tragado pelo tempo. 
Recomendação Inútil!
Ah! Acima das citadas meninas, uma placa tosca e grosseira, em meio às pichações, recomendava um inútil cuidado, haja vista o odor reinante no ambiente (Vide Foto ao lado). Logo em frente, no mesmo cruzamento, outro imóvel abandonado onde, nos anos 50 e 60, funcionava a elegante Joalheria Krause. Na mesma calçada, esquina seguinte e defronte ao rio, outro prédio abandonado, onde havia a grande Livraria Ramiro Costa, na qual meus pais despachavam a lista de material e livros necessários para cada ano letivo dos filhos e filhas. 
Rumando ao meu ponto objetivo tocou-me atravessar a Ponte Maurício de Nassau. Sim, aquela que substituiu a histórica de madeira do século 17 – primeira ponte construída na América do Sul – do boi voador, numa armação populista do Fidalgo Nassau, governador do Brasil Holandês. Chamou-me atenção, de pronto, as cores de gosto duvidoso que pintaram essa importante passagem. Tentando entender, desejei que haja uma explicação plausível. Ora, acharam pouco o horroroso cobogó que assentaram em substituição aos guarda-corpos, de artístico ferro batido do passado? Pelo amor de Deus! Onde andará o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural que consente essas coisas? 
Preocupado, pensei que a qualquer hora pode aparecer um desses idiotas, com caneta oficial na mão, e decida remover as quatro monumentais estátuas que guarnecem as cabeceiras da ponte histórica. Tudo é possível e não duvido nada! 
Uma das estátuas da ponte e um restinho de guarda-corpo antigo. No arco desse guarda-corpo pendia um belo lampião à antiga, que foi trocado por essas luminárias modernas de LED. Estupidez sem limite.. 
Encerrado meu "passeio" resolvi protestar neste humilde espaço. Um pingo d´água num oceano de idiotas - é verdade - mas, um alerta para quem tem sensibilidade cultural. Confesso meu profundo constrangimento em postar tudo isto, mesmo sabendo que o Blog do GB é lido aqui e alhures. Pobre História apagada do Velho Recife. 
Também, quem manda viver o tanto que já vivi e poder fazer essas comparações? Saudosismo? Pode até ser, mas, desculpe, com bom  sentimento histórico-cultural. Tenha certeza.  
 

NOTA: As fotos ilustrativas são todas da autoria do Blogueiro 




sábado, 13 de julho de 2019

Evasão de Talentos

Que a atual crise político-econômica brasileira está empurrando muitos brasileiros, sobretudo jovens profissionais sem emprego, para outros países ninguém duvida. É um tema recorrente em rodas de conversa, análise socioeconômica e política. Canadá, Estados Unidos, Portugal, Austrália e Nova Zelândia são alguns dos países que estão atraindo nossos jovens talentos para exercer, na grande maioria, funções de qualificação inferior as que se prepararam aqui no Brasil. É uma triste situação que parece não ter fim.
Nem mesmo o futebol está livre dessa avalanche. Esta semana vi um comentário de analista esportivo dando conta de que clubes europeus mantêm “olheiros” pelo Brasil catando talentos nas categorias de base dos principais clubes do país e que terminam levando jovens promissores na modalidade. Estes, muitas vezes, se mudam de “mala e cuia” para algum país e chegam a mudar de cidadania, dando adeus ao Brasil. Conheci, recentemente, o caso de um garoto pernambucano, de 12 anos, que está fazendo o maior sucesso na base de clube paulista e promete ser um furor em campo. Já foi com o clube disputar torneios no exterior e é sucesso garantido. O pai já se desligou da indústria multinacional que trabalhava por longos anos e se mudou para a capital paulista com vistas a administrar a carreira do garoto. Detalhe: esse menino aos doze anos já fatura mensalmente a bagatela de R$ 32 Mil, que significa 4,5 vezes o que o pai ganhava no emprego aqui. Não preciso comentar mais nada.  
Minha reflexão, agora, gira em torno da ilimitada evasão dos jovens talentos brasileiros. Engenheiros, Advogados, Especialistas em tecnologia da informação (TI), especialistas na área da Saúde, entre outros, largam tudo e se mandam alimentando o sonho do sucesso. Seja lá de que modo. Tenho exemplos na família. Como, na maioria dos casos, são impedidos de exercer a profissão para a qual se prepararam por aqui e terminam exercendo funções de segunda categoria nos mercados locais do exterior. Aliás, vejo nisto uma forte mudança de cultura dos brasileiros. Ao contrário do que se observava no passado, a turminha de hoje visa, acima de tudo, o dinheiro no bolso. Ter renda é o que importa. E seguramente acontece. No exterior, ficam livres dos rigores culturais que obrigam a pessoa seguir rigidamente o ritual de ser profissional qualificado e conforme sua formação. Livres dessas amarras os jovens profissionais brasileiros que fogem da crise tupiniquim estão sendo balconistas de lojas ou lanchonetes, garçons ou garçonetes, Ubers, pedreiros, jardineiros, faxineiros, babás, entre outras atividades. Terminam ganhando muito mais do que se estivessem por aqui. Faturam em dólar e por hora trabalhada. Alguns conseguem sustentar familiares que deixaram por aqui. A autoestima do brasileiro está sendo corroída, o amor à Pátria se desintegra cada vez mais e os governantes não percebem. Ao invés disso só pensam em se manter no poder a qualquer custo, inclusive roubando cinicamente. 
Cabe, então, a dura pergunta: e o futuro do Brasil?  Como preparar uma força de trabalho qualificada e adequada aos tempos que virão? É doloroso ver os baixos investimentos do Governo em atividades geradoras de empregos e nas atividades básicas como a Educação, a Segurança e a Saúde.  Aliás, é a falta de sustentação deste fundamental tripé social que os evadidos justificam, também, suas fugas. Há uma imensa insatisfação, na verdade medo dos brasileiros jovens que vivem no exterior. Na Austrália, onde tenho dois filhos, ouvi isto com constância. A insegurança do Brasil apavora os que vivem em ambiente seguro e livre de assaltos, balas perdidas, crimes de toda espécie e instabilidade política e jurídica.
Tudo isso tem uma influência enorme na autoestima dos brasileiros, principalmente entre os mais jovens, que veem os seus sonhos corroídos por políticos que só lutam pelos seus próprios interesses. A máquina administrativa é pesada e ineficiente. Os cortes no orçamento, quando necessários, ocorrem em segmentos indispensáveis, como saúde, educação e segurança. Nada é feito para acabar com o excesso de mordomias dos diferentes poderes. Por isso, muitas coisas precisam ser mudadas. - Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/07/637563-evasao-de-jovens-talentos-e-preocupante.html)
Tudo isso tem uma influência enorme na autoestima dos brasileiros, principalmente entre os mais jovens, que veem os seus sonhos corroídos por políticos que só lutam pelos seus próprios interesses. A máquina administrativa é pesada e ineficiente. Os cortes no orçamento, quando necessários, ocorrem em segmentos indispensáveis, como saúde, educação e segurança. Nada é feito para acabar com o excesso de mordomias dos diferentes poderes. Por isso, muitas coisas precisam ser mudadas. - Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/07/637563-evasao-de-jovens-talentos-e-preocupante.html)
Tudo isso tem uma influência enorme na autoestima dos brasileiros, principalmente entre os mais jovens, que veem os seus sonhos corroídos por políticos que só lutam pelos seus próprios interesses. A máquina administrativa é pesada e ineficiente. Os cortes no orçamento, quando necessários, ocorrem em segmentos indispensáveis, como saúde, educação e segurança. Nada é feito para acabar com o excesso de mordomias dos diferentes poderes. Por isso, muitas coisas precisam ser mudadas. - Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/07/637563-evasao-de-jovens-talentos-e-preocupante.html
Resumo da ópera: o País do futuro, que me prometeram no passado, perdeu o bonde da história devido às irresponsabilidades dos governantes. O futuro virou pretérito. 

NOTE: A ilustração foi obtida no Google Imagens

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Mercosul alça voo global

Tenho acompanhado com especial interesse as repercussões do recente acordo comercial firmado entre a União Européia e o Mercosul no passado final de semana. Na verdade não se trata de uma coisa nova para mim porque, à medida que espiei pelo espelho retrovisor da minha trajetória  profissional, recordei-me dos já distantes anos 90, quando ainda funcionário da SUDENE e exercendo o cargo de Coordenador de Cooperação Internacional da Autarquia Regional,  participei dos encontros de negociações iniciais entre os dois Blocos. À época representando a própria SUDENE e integrando a equipe do Ministério da Integração Nacional, ao qual a SUDENE era subordinada. Aqui no Brasil ocorriam no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Faz tempo. Por isso que se noticia tanto o fato, que surpreende muitos, de que as negociações duraram mais de 20 anos. E é pura realidade. Espero que agora a coisa decole. Será o maior Bloco de comercio do mundo.
Na verdade, àquela época já se delineava uma longa caminhada para atingir o que hoje resulta. Eram muitas dúvidas e exigências, lado a lado. Os representantes europeus, com razão, muito exigentes calcados no fato de que defendiam interesses de um Bloco relativamente consolidado (prestes a instituir uma moeda única) diante de um jovem Mercosul. Evidentemente que sublinhavam o interesse que tinham, por razões político-econômicas efervescentes no pesado jogo da globalização de mercados que se acirrava. Ficava claro que suplantar a hegemonia norte-americana no mercado global era referencia máxima dos representantes da União Europeia. O pacto firmado semana passada, enquanto pode animar partes dos europeus, anima mais ainda  o lado brasileiro do grupo sul-americano, sobretudo, diante as recentes reticências do Presidente Jair Bolsonaro quanto ao futuro do MERCOSUL. Recordo que as coisas não pareciam animadoras no inicio do atual Governo brasileiro. Resta, assim, aguardar as reações do nosso presidente e, sobremodo, seu Ministro da Economia, Paulo Guedes.   
É preciso estar ciente que o estabelecido agora ainda vai ter que passar por uma série de debates secundários nos parlamentos dos países integrantes de cada Bloco e isto vai dar trabalho e, certamente, tomará outro bom tempo. Estima-se que o livre comércio propriamente dito só se completará dentro de quinze anos e que estes dois blocos representam cerca de 25% as economia mundial, com um fabuloso mercado de 780 Milhões de consumidores.
Regras específicas de intercambio, reduções de alíquotas, controle de qualidade, barreiras sanitárias, manutenção de equipamentos negociados, entre outros aspectos, deverão ser estabelecidas entre as duas partes ao longo dos próximos anos. Espero que haja tempo suficiente para países como Brasil e Argentina – principais membros do bloco Mercosul – sanarem suas atuais crises político-econômicas e animar seus empresários para competir na abertura de mercado que se dará inexoravelmente. Eis aí um formidável desafio.
E, por falar em competir como formidável desafio é preciso que nossas empresas tratem, ao longo dessa jornada, investir maciçamente em inovação/modernização tecnológica nas suas linhas de produção e comercialização. E ao Governo caberá a básica missão de equilibrar as contas públicas e dar continuidade ao Programa de Reformas – a tributária principalmente –, além de criar formas efetivas de investir na infraestrutura, privatizar empresas deficitárias e serviços públicos e investir com afinco na formação de recursos humanos qualificados, sob pena de perder espaços no próprio mercado interno.
No caso brasileiro (provavelmente no argentino, também) já há, desde agora, grande preocupação no meio industrial, muito atingido pela crise, carente, portanto, de um esforço maior. Vai ter que enfrentar a concorrência competente dos europeus. Por sua vez, os setores agrícolas e agroindustriais alimentam uma positiva expectativa. Produtores de carnes bovina e avícola, fruticultores, sucroalcooleiro, entre outros já contam com as facilidades que virão e tempos de bonança.       
Vamoquevamo Mercosul! Alce seu voo global. Não deixe o trem passar.
 
NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Carapeta Desgovernada.

Está muito difícil viver este Brasil de hoje. Quanto mais se espera Ordem e Progresso, mais sustos são cometidos. Prá quem se expõe a outras sociedades e percebe, o pouco que seja, da complexidade de governar, chega a ser desolador. Quando a gente pensa que já viu de tudo, novos episódios sórdidos pegam de surpresa o cidadão, a cada amanhecer.
Depois de uma pausa de 30 dias, no meio do mundo, fico pasmo com tanta desordem em Pindorama. As tribos não param de se enfrentar e a Nação rodopia como uma carapêta(*) desgovernada.
Observem que neste cenário estão brotando surpreendentemente pajés ambiciosos, por todo lado. E o mais grave é que nenhum se esforça a contento e no seu devido posto para dar rumo aos interesses da Nação. 
A semana que terminou registrou dois exemplos inéditos e inverossímeis. Como pode um sujeito condenado e cumprindo prisão domiciliar (uma regalia de certo modo estranha e pouco entendida por muitos) receber uma permissão judicial para gozar férias de mais de trinta dias, com a família, num resort de cinco estrelas em Aruba, no Caribe? O mais estarrecedor é saber que o tal senador, Acir Gurgacz, (PDT/RO), condenado por crimes contra o sistema financeiro, não demonstrou a menor cerimônia ou sensatez ao requerer tamanha aberração ao Poder Judicial, em Brasília. Ao mesmo tempo, o juiz que concedeu essa permissão vergonhosa não revelou o menor pudor, dignidade e respeito ao poder de julgar que lhe foi outorgado. Só mesmo num país como o nosso. Por sorte - e a tempo de correção - o Ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal, revogou a tal autorização, atendendo pedido da Procuradora Geral da Republica, Raquel Dodge. Mesmo que aplaudindo o revés que foi aplicado ao Senador, impedido dessa regalia de tamanho desproposito é de se espantar a que tão baixo nível pode chegar um representante do poder de julgar. Como acreditar na nossa Justiça?
Olha aí o folgado Senador condenado à prisão e querendo ferias no Caribe.
O outro episódio surpreendente ficou por conta do sargento Manoel Silva Rodrigues, da Força Aérea Brasileira, integrante da Comitiva de Apoio ao Presidente Bolsonaro, em viagem oficial ao Japão, para a Reunião do G20, ser flagrado portando em bagagem de mão 39 Kg. de cocaína! Incrível! E na Espanha, quando de escala técnica. Francamente! 
"Mula Qualificada", no dizer do Vice-Presidente
Repercussões das mais negativas tomaram conta dos principais veículos de notícias do mundo e nas redes sociais, expondo, ainda mais, a imagem já tão desgastada do Brasil na comunidade internacional. O que passou pela cabeça desse sargentinho? Curioso é saber que se trata de um militar habituado a participar dessas viagens presidenciais, com inúmeras missões durante os Governos Lula, Dilma e Temer. Rodrigues foi apanhado dessa vez, na Espanha, pondo fim, seguramente, à própria carreira, expondo de modo sujo a sempre honrada força aérea que representava e, por fim, criando um transtorno inédito e inaceitável às autoridades governamentais. Perguntas que não calam: como pôde esse sargento embarcar com essa droga? onde estavam as autoridades aeroportuárias que permitiram esse embarque desastroso? Seria mesmo esse sargento uma velha "mula qualificada" no dizer do General Mourão? Como viverá esse traficante no dia-a-dia?
Eita Brasil velho e cheio de tramoias. Precisamos controlar urgentemente essa carapêta.               


(*) Carapeta (ê). S. f. Piãozinho que se faz girar com os dedos (Dicionário do Aurélio)

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens.

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...