sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Foi demais

Prometi interromper meu recesso anual sempre que algo extraordinário ocorresse e provocasse um comentário do Blog. Estou, outra vez, a postos para um breve comentário sobre os últimos acontecimentos políticos no cenário nacional. Antes, porém, uma ressalva que julgo necessária: quem me conhece de hoje ou dantes pode conferir que sempre fui um democrata por princípios, responsabilidade profissional e cumpridor dos meus deveres de cidadão. São características colecionadas pelo tempo que já vivi e através do qual recebi lições e conhecimentos morais e cívicos. Critiquei quando atentei para possíveis erros e elogiei sempre que pude. Tudo com valor, coragem e destemor. Nessa trajetória de vida e dependendo da conjuntura fui taxado das mais variadas imperfeições: desde comunista a liberal de direita, entremeadas de outras mais ou menos radicais. Por conveniência pessoal e desconfianças do ambiente reinante, nunca me filiei a qualquer partido politico, muito embora alguns insistentes convites. Caso houvesse aceitado, optaria por um com reais princípios social-democráticos. Coisa, aliás, que no Brasil nem sempre é praticado. Em resumo, pugno sempre pelos referenciais democráticos e considero a Democracia o regime ideal de governo. (O termo origina-se do grego antigo δημοκρατία (dēmokratía) ou “governo”, que foi criado a partir de δῆμος (demos ou "povo") e κράτος (kratos ou "poder") no século V a.C.) Enfim, creio que nada se compara a este sistema. Na minha ótica o Brasil ainda está longe de se dizer uma democracia consolidada. A Nação não amadureceu o entendimento do regime e, infelizmente, conserva na sua raiz cultural, de muitas camadas, os maléficos sinais de regimes ditatoriais do passado. É preciso que o povo assimile o regime, que tem por principio a componente da divergência. É preciso que entenda que divergir faz parte e é necessário para os ajustes políticos de um Estado. Que respeite a vontade da maioria. É à base salutar de uma democracia. No dia-a-dia, ter propostas à mesa do debate político é fundamental. Não aceitar essa premissa é “abrir portas” para o desentendimento e para desencadear o retrocesso político-social de uma Nação.
O que ocorreu em Brasília no domingo passado (08/01/23) foi um movimento contrário aos referenciais de qualquer regime democrático que, por princípios, comporta manifestações pacíficas e demandas de justas correções. A coisa ia correta até que manifestantes, até então pacíficos, fizessem uso de atos coercitivos, violência desmedida e exacerbados vandalismos às sedes dos três poderes do Estado Brasileiro. Naturalmente que surgem, nessas horas, narrativas díspares e contundentes, comum num ambiente de extrema polarização politica, como é o caso. Contudo, nada justifica porque contra os fatos não há argumentos. Na verdade, a democracia foi confrontada e enxovalhada de modo lastimável. O patrimônio público e particularmente o histórico nacional foi agredido e empurrado ao lixo. Entendo que analisar uma ocorrência dessa magnitude independe da posição e coloração partidária. Ser contra ou a favor do governo constituído é algo acima de qualquer cogitação nesta hora. O que constitui o fulcro da questão é a segurança nacional e a preservação do regime democrático. O que aconteceu foi demais. Para concluir, desejo que episódios dessa natureza não se repitam e que a História julgue de modo correto e honesto esta pagina dolorosa.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

O Mito Pelé

A ideia inicial era de ficar um mês de recesso como anunciado na postagem passada. Salvo um motivo especial. E este motivo se revelou ao receber a noticia do falecimento de Pelé, coisa que naturalmente o Blog não deixaria escapar e fazer um registro, prestando a devida homenagem a quem, reconhecidamente, foi o maior nome do futebol mundial e indiscutível motivo de orgulho nacional para o Brasil. O Atleta do Século 20. Eu ainda era um rapazote e pouco ligado no futebol, salvo torcer pelo Sport Clube do Recife, quando ouvi falar pela primeira vez no nome de Pelé. Recordo da vibração do meu pai ao final da Copa de 1958 e seu entusiasmo ao falar do sucesso daquele jovem mineiro de 17 anos que entrou em campo, integrando a seleção canarinha, na Suécia, e deslumbrou o mundo do esporte com suas jogadas fantásticas ajudando de modo decisivo o faturando do primeiro titulo mundial de futebol para o Brasil. Dali em diante o garoto ainda franzino e saído das fileiras de base do Santos Futebol Clube, de Santos (SP), ganhou fama se notabilizou nos estádios no mundo inteiro e fez bonito projetando o nome do Brasil e de um novo e revolucionário modo de atuar com uma bola nos pés nos gramados da vida. Outro lance que lembro bem me ocorreu ao chegar à minha primeira visita a Londres, no Reino Unido, quando o oficial de recepção do Hotel Bloomsbury, recebeu-me cheio de salamaleques por ser brasileiro e conterrâneo de Pelé. Recordo que frisou entusiasmado que eles tinham uma Rainha e nós brasileiros tínhamos um Rei, com o particular privilégio de ser sem sucessor. Falou maravilhas e encantos com o jogador e prometeu que torceria pelo Brasil sempre que Pelé entrasse em campo. Era um descendente de indiano. Lembrei-me dele no ano seguinte, durante a Copa do México de 1970, quando Pelé deu um show de bola especial e se tornou o único jogador tricampeão mundial de futebol do mundo, até hoje. O homem Edson Arantes do Nascimento encantou-se no dia 29 de dezembro passado, aos 82 anos, mas o Mito Pelé ficará para sempre nas próximas gerações. Na verdade, toda ocasião que se fale de algo especial ou competitivo o nome de Pelé será, com frequência, juntado como um legitimo adjetivo. Por exemplo, Ayrton Senna foi o Pelé do automobilismo. Resta-nos hoje agradecer ao Rei Pelé, que proporcionou ao mundo da bola as maiores glorias e seu moderno desenvolvimento. Seu nome e sua fama ultrapassaram de modo avassalador as quatro linhas de um estádio de futebol. Foi uma figura admirada e querida em todas as camadas e atividades sociais dentro e fora do Brasil. Foi um nome que brilhou internacionalmente dada sua competência nos gramados ou fora destes. E não foi por outra razão que recebeu titulo de Atleta do Século, sem duvidas o mais cabível. Sua trajetória começou ainda criança quando perambulou pelas ruas de Bauru (interior paulista) como engraxate. Em paralelo e seguindo os passos do pai, Dondinho, começou batendo bola de modo descomprometido nos campinhos interioranos. Logo cedo, chamou a atenção, se revelando bom para o negócio. Sendo observado por um olheiro esperto, foi identificado como promessa de um grande craque e sendo indicado para as bases do Santos. Ali nasceu o craque. Aos 16 anos chegou às fileiras profissionais e a atuar na Seleção defendendo a camisa Verde e Amarela. Pelé foi certamente a primeira grande estrela do futebol brasileiro no cenário esportivo mundial, com a grande virtude de nunca forjar cenas e exibições tão comuns e extravagantes como as exibidas pelos craques de hoje. Seu brilho era natural e responsável, como responsáveis e profissionais foram sempre suas atuações. Elegante em atitudes, seguro no falar e nas ações sociais que resultam num legado irretocável.
O Brasil perde um dos mais importantes ícones da sua História. A ele nossos agradecimentos e todas as homenagens. Saiu da vida terrena, mas, entrou com honras e glorias para a História. Em bom tempo, a presidência da FIFA (Federação Internacional de Futebol Amador) recomendou durante as exéquias do jogador, ontem em São Paulo, que cada país colocasse o nome do Rei Pelé num estádio de futebol. O Rei do Futebol encheu-nos de alegrias inesquecíveis ao chutar de placa muito mais de 1.200 gols nas redes do mundo afora, imortalizando a Camisa 10, ao tempo em que era constantemente procurado de perto por outras majestades (Vide foto acima com a rainha Elizabeth II) e “manda-chuvas” do seu tempo. Obrigado Pelé. O mundo não te esquecerá jamais. NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...