Agora, quando menos se espera, uma catástrofe, aqui bem próximo, decorrente de fortes chuvas no interior do meu estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Fico muito sentido e, até mesmo, temeroso diante desses “caprichos exacerbados” da mãe natureza.
As chuvas que caíram aqui por perto, na semana passada, resultaram num descomunal volume de águas ao longo dos leitos de rios e vales da região da Mata Sul de Pernambuco e Mata Norte do vizinho estado de Alagoas, transformado numa gigantesca torrente, já comparada a um imenso tsunami. De fato, a comparação é corretíssima. Em alguns pontos e, principalmente, em algumas cidades pernambucanas – como Palmares e Barreiros e União dos Palmares, em Alagoas – as águas se elevaram, aproximadamente, 20m. acima do nível normal. Em alguns pontos não restou pedra sobre pedra. As perdas materiais são incalculáveis. As vidas perdidas e o desolador quadro dos desabrigados assusta qualquer cidadão, por mais forte que seja. Cidades e Vilas, no caminho das águas, foram destruídas quase que por completo. Algumas, simplesmente “apagadas” do mapa. No estado de Alagoas, a cidade de Branquinha, por decisão da Prefeitura local, deverá ser reconstruída noutro local, provavelmente num ponto mais seguro e distante do leito do rio Canhoto.
O cenário nessas cidades e localidades ribeirinhas é desolador Vide foto a seguir, da cidade de Palmares - PE. Aliás, desolador é pouco, porque, na verdade, é desesperador. Toda ajuda humanitária prometida e que vem chegando poderá ser insuficiente. A cada cenário que se vislumbra ou imagens que chegam pela TV, produzem uma imensa sensação de impotência do homem, diante desses fenômenos.
Não faz muito tempo, acho que no inicio desta década, uma grande enchente colheu de surpresa a mesma região deixando tudo mergulhado num verdadeiro oceano. Perdas materiais e humanas de alta monta. Os governos, a sociedade organizada, os clubes de Serviço, como Rotary e Lions, e a solidariedade da população brasileira, em geral, ajudaram a amenizar a calamidade em que ficou aquela gente interiorana. Acredito que muitos ainda se encontravam em processo de recuperação, quando foram novamente assaltados pela torrente dessa semana passada.
Diante desse quadro, uma pergunta, que não cala, ronda as cabeças de quem “meteu a mão na massa”, os pés na lama e empacotou fardos de mantimentos e roupas para levar aos flagelados daquele episódio anterior: por que os governos Federal e Estadual não cumpriram o que foi prometido há dez anos ou noutras ocasiões de calamidade pública, nas mesmas áreas? Ora, meu Deus, a solidariedade humana, a assistência dos clubes de serviço e as doações da sociedade são apenas componentes de uma operação emergencial e paliativa. São ações para atender as necessidades do momento. Ou seja, são ações complementares, ao que deve ser feito pelos governos. A sociedade não pode substituir os governos nos papéis que a eles compete! Estava na cara que o que deveria ser feito, na região hoje destruída, passava por um grande investimento em barragens protetoras, em substituição das frágeis e debilitadas existentes, que já não suportam as águas que descem repentinamente, bem como a proteção das populações ribeirinhas que, sem outro destino, vivem praticamente dentro dos rios, despejando toda sorte de detritos contribuindo para o assoreamento dos cursos d´água. Isto sem falar da recomposição da mata ciliar, que desaparece às custas de um desmatamento predatório e criminoso. Tudo isto teria evitado um desastre tão grande quanto ao desta semana. Nada disso foi feito! Uma miséria!
Também, pudera, o Ministério da Integração Nacional, ao qual compete a missão de investir na prevenção de catástrofes, dispôs, neste ano, da ridícula dotação de R$ 71,0 milhões. Desse montante, o Brasil todo já sabe, 57% foram “desviados” para a Bahia, a fim de atender às necessidades eleitorais do ex-ministro Gedel Vieira que pretende vencer a eleição para governador naquele estado. Alagoas, segundo apurei, não recebeu nada! Ficha Suja nesse ex-ministro!
O senador Cristovão Buarque, num pronunciamento, sexta feira passada, a propósito das calamidades de Pernambuco e Alagoas foi enfático ao afirmar que os “políticos não agem corretamente para proteger a população que sofre com as cheias ou com a falta de chuva”. E continuou, “o presidente Lula sobrevoou as áreas alagadas, mas, daqui a duas semanas, com o fim das chuvas, o drama da população será esquecido. No próximo ano, com um novo presidente da República, as cenas se repetirão, “como se a chuva não gostasse dos pobres, quando, na verdade, somos nós (grifo meu) que não gostamos deles”. Buarque sugeriu, aquilo de sempre e que é sugerido por todo cidadão de são juízo:“diante dessa tragédia, despertemos o país para a necessidade de mobilizar recursos técnicos e financeiros para fazer obras de drenagem, de proteção de ladeiras, de contenção de encostas e de construções sólidas, que protejam a população pobre”. E finalizou pondo o dedo na maior ferida nacional, ao afirmar que “os pobres também não cuidam de si quando não votam certo”. Concordo com ele. E já sei que vão errar, outra vez, em outubro, pensando que vão tirar o pé da lama.
NOTA: Fotos colhidas no Google Imagens