sexta-feira, 31 de maio de 2019

Viajando e aprendendo

Viajar é, indiscutivelmente, a melhor maneira de revisar a forma de oxigenação da mente. De ver o mundo nas suas distintas formas, como foi construído e como se comporta. Paisagens, povos, flora, fauna e organizações sociais. Ricos e pobres. Cultos ou incultos. Um verdadeiro caleidoscópio onde o que se enxerga é sempre algo distinto do ultimo giro. Sou daqueles que não posso reclamar da sorte. Por motivos dos mais diversos, tenho girado meu caleidoscópio com certa frequência e, a cada volta, vou acumulando novos aprendizados sobre modos de viver e conviver, crenças estranhas, línguas exóticas, entre outros aspectos.
Aqui na Austrália, onde me encontro mais uma vez, observo hábitos que chamam minha atenção. Por exemplo, tem coisa mais estranha do que ver uma pessoa bem vestida, mas, descalça no meio de uma rua? Não? Pois aqui é bem comum. Ora, meu Deus, pensando melhor, que mal há em sair sem sapatos? Com ruas tão limpas, ambientes tão asseados, ninguém correndo o risco de se machucar, pisar em bosta ou caco de vidros. Aqui não! Eles fazem isto numa nice e com a maior tranquilidade. Ainda assim, fico preocupado com o cidadão descalço ter de entrar num banheiro público masculino. Duvido que ele encontre algum que esteja livre de respingos de mijo no seus domínios. Mas isto, é problema dos descalços.

Descalços, por que não? Na Austrália é assim.
Outra coisa notável por aqui é o cuidado com a ingestão de água. Sim, água! É incrível como se bebe água, por aqui. A primeira coisa que nos oferece num restaurante é uma garrafa d´água e copo para cada cliente. Faz sentido porque água é vida e precisa ser administrada com precisão. Detalhe: e é, sempre, água da torneira. Puríssima. Acho isto formidável.
Em qualquer restaurante há sempre muita água a disposição do cliente.
Garrafas e copos sempre às ordens.
Transporte público em Sydney. Eis aí outra coisa que admiro. Dá prazer usar a rede de transporte público nesta cidade. Pontualidade, conforto, lotação rigorosamente controlada, respeito e veículos limpos e seguros. Tudo que um cidadão deseja para não precisar de um veículo próprio. Ônibus, trens, metrô ou barcos fazem transporte de milhares de passageiros diariamente sem que haja registros de assaltos, apertos, estupros, acidentes, ou qualquer tipo de ocorrência nefasta. O usuário tem que dispor de um cartão magnético (Opal) recarregável em inúmeros pontos da cidade e válido para todas as modalidades de transporte. Convalida na entrada e na saída, ocasião em que pode conferir o custo do percurso que fez e o saldo disponível. Prático e eficiente. Quando vejo e uso esses meios de transporte daqui, comparo, inevitavelmente, com o que assisto, a bordo do meu próprio, seguro e climatizado automóvel, na minha cidade do Recife: coletivos apinhados de passageiros, espremidos como sardinhas enlatadas, suados e estressados a caminho do trabalho. Um horror. Indigno, até.
Opal: passaporte para deslocar em Sydney
Depois desta observação, prefiro girar meu caleidoscópio e buscar uma boa visão, como as que seguem abaixo mostrando imagens da Ópera de Sydney e de prédio da zona central, em noite de luz e som, no festival ViviD que ocorre, nesta semana por aqui.     


NOTA: São imagens em movimento e se multiplicam por toda região central de Sydney. Luz e som para encanto dos nativos e muitos visitantes. Duas colhidas no Google Imagens (descalços e Opal) e do Blogueiro

domingo, 26 de maio de 2019

No outro Lado do mundo


Opera de Sydney - Cartão Postal da Austrália
É bem comum escutarmos que a Austrália é um Brasil que deu certo. Para quem observa à distância ou passa em programa de turismo comum pode mesmo parecer verdade. Porém, de perto, como observo com relativa frequência, esta ideia pode ser bem diferente. Não é fácil fazer esta avaliação. Num primeiro instante, a sensação de um mundo luminoso, praias paradisíacas, povo descontraído, vegetação colorida e luxuriante, fauna especial, entre outros atrativos contagiam o visitante, principalmente se brasileiro. Para este, então, parece ser um mundo, digamos que, familiar. Já senti um pouco disto. Por razões particulares sou um visitante frequente deste belo país austral e sempre procuro conferir essa possível semelhança. É o que faço neste momento.
Ando em Sydney, mais uma vez e, portanto, no outro lado do planeta. Enquanto aqui é dia, na outra banda é noite. Visito familiares aqui residentes, razão da relativa frequência que falei acima.


Folha do Outono
É outono no hemisfério Sul. Perambulo pelas ruas da cidade pisando nos tapetes de folhas secas, característica da época, coisa que raramente me ocorre no Brasil. Sydney está à altura do Paralelo 33. As árvores vestem tons laranja-avermelhados dando um tom bem cartão-postal, na visão de um nordestino brasileiro. E isto poderia ser, de cara, uma diferença. Mas, não é por aí que quero chegar, até porque, o Outono é bem definido pelo sul brasileiro.
Observando mais acuradamente, fica fácil de enxergar o porquê deste sucesso australiano e o que o difere do Brasil. Falo de um país jovem, com pouco mais de 250 anos, cuja colonização britânica já chegou com o que havia de moderno à época. Depois disto, as coisas deram tão certas a partir da provável austeridade e seriedade dos governantes, além do extraordinário nível de desenvolvimento educacional do cidadão comum que se formou. Muito diferente do Brasil escravagista e de domínio de minorias que faziam questão de manter a ignorância do povo. Como tantas vezes defendi neste espaço, a Educação sempre confere progresso e desenvolvimento. É notável, por aqui, a forma de convivência desta gente. Os exemplos são vistos a toda hora e em todas as esquinas. No transito, nas prestações de serviços e nas mais simples formas de relacionamento humano. Pode haver exceções, claro. E acontece. Mas, são exceções. O respeito ao próximo e à propriedade privada chega a ser comovente para quem, como eu, vem de uma sociedade corrompida e escrachada, onde impera a desonestidade desde quem governa ao cidadão comum. Aqui, não se ouve falar em corrupção, assaltos, homicídios ou feminicídios como em Pindorama. Os pequenos comerciantes expõem suas mercadorias de modo ostensivo e fora propriamente do estabelecimento, na certeza de que o interessado vai entrar e efetuar o pagamento do produto que pretenda levar. “Desculpe”, “com licença” e “por favor” são as locuções mais comuns do dia-a-dia.
Há costumes que registro como exemplos notáveis: o cliente de supermercado ou loja comum tem sempre que pagar pela mais simples embalagem que precise para levar as mercadorias que compre. O Planeta agradece! Outro exemplo é o de uso do carrinho para coletar os produtos nas gôndolas do supermercado que, para serem usados, tem de ser mediante o depósito de uma moeda de 1 ou 2 Dólares Australianos. Com esses mesmos carrinhos as compras podem ser levadas até a porta de casa, caso o freguês esteja sem seu veículo particular. Como nem sempre o cliente está disposto a devolver o carrinho de compras ao estabelecimento comercial, carrinhos se acumulam estacionados nas ruas. E neles as moedas que foram postas para liberar num espécie de catraca em cada carrinho. Aquele que resolve levar de volta os carrinhos pode fazer uma boa coleta de Dólares Australianos. No Recife, canso de ver pedintes que roubam carrinhos para carregar seus "patrimônios". Há supermercados cujos carrinhos já são barrados de sair do estabelecimento evitando os furtos frequentes.
Carrinhos, na nossa rua, estacionados esperando um voluntário para recolher ao
estabelecimento proprietário. No Brasil cairia nas mãos de um novo "proprietário".
São pequenos detalhes que lembro agora. Com mais tempo posso anotar outros mais e registrar por aqui. 
Há razões, portanto, para o que dizem os que comparam o Brasil com a Austrália. E, ao meu ver, o X da questão está na Educação. Coisa que é sempre posta à margem na Terra de Cabral.  


NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro

sábado, 4 de maio de 2019

Resistência Nordestina


Tenho ouvido falar sobre a elaboração de um Plano de Desenvolvimento para o Nordeste que vem sendo formulado pela SUDENE. Isto me fez lembrar os bons tempos em que atuei na área de planejamento da SUDENE original. Claro que fiquei surpreso com a novidade. E soa como novidade porque essa SUDENE que aí existe, parecia, salvo melhor juízo, se dedicar, exclusivamente, da administração dos instrumentos de incentivos fiscais a investimentos privados.
Elaborar um plano de desenvolvimento regional sempre fez parte efetiva daquela antiga Agencia nos “anos dourados” da ação governamental no Nordeste. Com uma equipe especialmente formada, competente e bem articulada, planos primorosos foram aprovados e fazem parte do acervo da Instituição, se tiveram o cuidado de preservá-los. Muitos, inclusive, podem ser bem atuais. Pelo menos em parte. Participei intensamente daqueles esforços e que, confesso, foram experiências que deram consistência à minha formação profissional. Costumo dizer que sou (ou fui?) uma cria da SUDENE. Faço questão de afirmar que tenho orgulho pessoal dessa história.
Antiga sede da SUDENE, no Recife, hoje desativada.
Bom, ouvir falar dessa iniciativa de hoje induz-me imaginar na maneira como isso vem se processando. Soube de nomes, das antigas, que estão contribuindo para este plano de agora. Fico contente porque pode significar um resgate do passado. Sem que caiam naturalmente no espirito saudosista. Os tempos são outros, a conjuntura política e econômica é outra e os estados integrantes da região já são mais autônomos que dantes (como devem ser). |Estes definem seus próprios objetivos, prioridades e metas a perseguir. E sempre  dispõem de estratégias políticas particulares para viabilizá-las. É coisa, a meu ver, que põe em risco a ideia da composição regional. Enfim, estamos diante de um jogo político bem diferente do passado. E, por cima disso, um fundo financeiro mais exíguo ainda. Terá a SUDENE, de hoje, recursos orçamentários para custear mobilizações politicas, pesquisas e diagnósticos atualizados? Se já eram escassos nos idos passados, imagino agora.  Dessa forma, se os estados da região vão contribuir com o esforço, é coisa a ser conferida mais adiante. Espero que sim, porque o velho adágio de que “a união faz a força” continua válido.

Outro desafio, contudo, será principalmente ajustar este plano aos propósitos do atual Governo Federal. Onde e como essa coisa pode ocorrer?  Não ouvi falar, nem em campanha ou nos primeiros meses de Governo, a respeito de um Plano Nacional ou coisa que o valha. Ao invés disso, ouço, sim, falar em redução de gastos, remontagem da máquina pública, cortes de orçamentos, muitos sem propostos plausíveis, entre outras medidas. Tampouco ouvi falar de regionalização de custeios e investimentos como prever a Constituição. Nunca! Pensando bem, pode até ser uma coisa estranha para muitas cabeças que atuam na Esplanada dos Ministérios em Brasília. As preocupações são outras inoportunas e sem sentido adequado.

Para instigar mais ainda minhas reflexões, escutei rumores de mudança do titular da Superintendência.  Sei não... Mas, o que vem pela frente é pura interrogação.

Encerro meus comentários desejando sucesso à iniciativa e certo de que estamos diante de mais uma expressão da resistência nordestina. 

NOTA: Foto obtida no Google Imagens 

  

Tiro pela Culatra

Venho acompanhando, como cidadão comum e com certa apreensão, as informações sobre o surto de dengue que ocorre este ano no Brasil. Impressi...