terça-feira, 28 de março de 2023

Impossível Calar

Confesso viver, ultimamente, me esquivando de tomar a “lenga-lenga” politica como pauta para o Blog. Não sei explicar ao certo a razão. Perplexidade ou asco de tudo? Talvez porque na minha idade a paciência não suporta tanta elasticidade como antes. Até gostaria. Quem dera ser um analista político batuta contando com um laboratório tão farto, como vem sendo este país, nos tempos recentes. Resultado é que termino concordando com os que garantem que “o Brasil não é para principiantes”. E eu me acho cada vez mais. Episódios inéditos se sucedem e não dá para sustentar um “tô nem aí”. Estes últimos dias, por exemplo, vi e ouvi coisas indignas para uma nação que tenta se consolidar como respeitável e civilizada. Uma quadrilha de traficantes e bandidos foi desbaratada pela Policia Federal quando se preparava para sequestrar e assassinar um Senador da Republica e respectiva família, numa operação elogiável e celebrada. Ocorre que, Sua Excelência o Presidente da República pôs dúvida na ação. Deu um tiro no pé, claro. Pior, coincidiu com seu discurso de ódio confirmado às vésperas de que só estaria satisfeito “quando fodesse" com o referido Senador. Além de indecoroso, Sua Excelência manchou a liturgia imposta pelo cargo e, de quebra, desmoralizou a competente Policia Federal e o Ministério da Justiça. Francamente. Recordo que, se o antecessor usasse desse linguajar chulo a “cambada” caia em cima sem dó. Mais curioso mesmo foi o relativo silencio e o amenizado da mídia que se diz imparcial. Impossível calar. Nesse interim, Sua Excelência cai doente, cancela viagem milionária à China e provoca o maior rebuliço nos “cheira-bufas” que iriam participar da excursão. Gozados, mesmo, são os chamados memes que circulam nas redes sociais. Alguns, inclusive, desumanos. Mas, quem manda ser Sua Excelência. Nessa confusão, um Plano de Governo para tirar o país do caos político-econômico, que seria fundamental, não foi anunciado, até agora, a quase 100 dias de governo. Fala-se num tal de arcabouço fiscal como uma panaceia de tudo que está por vir. Pelo visto o mais importante é furar o teto de gastos. E facilitar a ordem de torrar nossa grana. Impossível calar.
Outra coisa indecorosa e divulgada esses dias foi o fato da Câmara Federal doar R$ 40,0 Mil a cada novo deputado como ajuda de custo para proceder a uma mudança de residência para Brasília. Acho até graça. O mesmo para os que não se reelegeram. Pior do que isso é que os 280 que se reelegeram vão receber (e não precisam se mudar) as duas cotas. Uma “brincadeira” que somará a bagatela de R$ 40,0 Milhões aos cofres públicos. Quantas escolas, unidades de saúde, habitações, entre outros equipamentos sociais seriam possiveis? Bom, enquanto a grana rola solta para esses privilegiados, os presidentes das duas casas do Congresso se "comem" desavergonhadamente disputando o poder na discussão das Medidas Provisórias estocadas. Impossível calar. Agora, para fechar o despautério que assola Brasília, o mais incrível é ver Dilma Rousseff, expulsa do Palácio do Planalto por improbidade administrativo-financeira, ser entronizada na presidência do Banco dos BRICS recebendo um salário mensal de R$ 220.000,00. Parece piada. De mau gosto, claro. Só é menos ruim porque mandaram ela pra China. Vai morar em Shangai. Quisera ser um mosquito e assistir essa Senhora despachando em cima da bufunfa que vai faturar, até 2025. Fora a outra que recebe aqui. Coisa pouco intragável visto que foi impedida de governar. Coisas de Brasil! Impossível calar. Pena que Juca Chaves foi transferido para o andar superior, no sábado passado. Fará uma falta danada diante de tantos motes. . E a pobreza nacional? Ah! Isso é um pequeno detalhe, necessário, apenas, para sustentação do “poder”. Impossível calar.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Aqui ou Acolá

Abro os jornais do dia e vejo a manchete de cara dando conta de que “No mesmo dia, dois casos de violência contra turistas no Centro do Recife” foram registrados, nesta quinta-feira, 16 de março. Lamento obviamente. E busco engrossar a sociedade que clama por segurança no estado e no país. Numa cidade como o Recife, uma das primeiras urbes do país, e que pretende se consolidar como grande polo de atração turística, fatos como estes se tornam logo matéria de capa dos veículos de noticias. E merece, é claro. A informação é base para o desenvolvimento social e o progresso econômico. E, neste caso, indispensável considerar a importância que o Turismo proporciona. Ontem foram turistas argentinos e noutro dia foram alemães. Todos passageiros de transatlânticos de cruzeiros que aportam no Recife, muitas vezes por poucas horas. À primeira vista, a cidade oferece um panorama de indiscutível beleza, com perfis arquitetônicos neoclássicos e quadro natural diferenciado, na área denominada de Recife Antigo e Marco Zero. São atrações que conquistam facilmente qualquer visitante. (Vide foto abaixo). Tudo à mão e a pé. Dalí, não fica difícil atravessar a primeira ponte e adentrar aos velhos bairros de Santo Antônio e São José. São locais de comercio popular e grande movimento ambulante, que igualmente exerce atração ao turista, sobretudo, o mais desavisado. E é por ali que vem residindo perigo. Foi por lá que ocorreram esses recentes episódios. Contudo, embora lamentável, não é coisa somente daqui. A insegurança reside tanto aqui, quanto acolá. Falando assim, não sugiro justificativa, nem desculpas pelo Recife, mas, tentando fazer um paralelo com as experiências vividas. Acontece que o mundo moderno, gerador ilimitado de pobreza, ao tempo em que oferece as facilidades de deslocamentos, sejam migratórios ou turísticos, pode explicar o universal mau dos assaltos.
Já viajei muitas vezes na vida.Não posso reclamar. Quem me conhece pode afirmar. Nas minhas andanças, nos mais distintos propósitos de viagem, sempre estive atento e vigilante com meus pertences e com a minha vida. Nem por isso estive imune das garras dos assaltantes, porque eles estão em toda parte. É lamentável chegar, por exemplos, no Vaticano ou na Basílica do Sacré-Coeur (Paris) e dar de cara com vários avisos de cuidados porque circulam batedores de carteiras. Já fui vitima de assaltante em Buenos Aires, onde fiquei sem dinheiro, passaporte, cartões e credito e pequenos objetos da bolsa a tiracolo. Não faz muito tempo e fui assaltado em Santiago do Chile, onde um sujeito arrancou-me do pescoço, com violência, um cordão de ouro, onde mantenho uma medalha herdada da minha falecida mãe. A medalha foi salva, mas, o cordão foi levado. A propósito, em Santiago, é bem comum um cinto de segurança, em cada cadeira, em bares e restaurantes, para que o cliente mantenha a salvo sua bolsa ou pacote. Em Paris são populares as duplas de golpistas que iludem os turistas para roubá-los. Um deles trata de distrair a vitima, enquanto o segundo dá o bote na bolsa, carteira ou similar. Em Roma, com minha esposa, tivemos que entrar num Hotel do qual nem éramos hospedes para despistar um provável assaltante que nos seguia insistentemente. E, no Marrocos, tive de pedir proteção à policia, numa rodoviária, para me salvar da sanha criminosa de um sujeito que ameaçou degolar-me. Essa vez, foi muito estressante. Faço ideia do pavor que sentiram os turistas assaltados aqui no Recife. Tomara que esses episódios sirvam de alerta às autoridades de plantão. Que a Senhora Governadora no trato de ajustar a máquina da segurança pública determine modo enérgico para a situação do centro da cidade. O Recife é uma cidade bonita e com características históricas a serem tratadas de modo especial e, com justiça, conquistar um lugar de destaque no cenário turístico nacional. NOTA:Foto obtida no Google Imagens.

quinta-feira, 2 de março de 2023

EVOCAÇÃO

O ano vai, de fato, começar. No Brasil é assim. O carnaval passou, os brasileiros se entregaram à folia e extravasaram os desejos reprimidos durante o retiro imposto pela pandemia. Agora é trabalhar. Vi noticias dos milhões de turistas que vieram ao Recife e dos milhões de Reais que o reinado de Momo proporcionou ao mercado local. No meu voluntário retiro carnavalesco recordei os bons tempos que já vivi no Reinado de Momo. Sempre fui muito folião. Questão de berço. Minha família é típica pernambucana e, por conseguinte, amante da folia e do frevo. Recordo que meu carnaval começava sempre ao raiar de cada novo ano. Não perdia as inúmeras previas carnavalescas que, de modo geral, se multiplicavam durante os janeiros e fevereiros da vida. E quando o carnaval se estendia até os primeiros dias de março a farra era dobrada. A coisa era de tal forma que quando a quarta-feira ingrata chegava dava-me uma sensação de vazio e, por vezes, provocava lágrimas. Nada mais natural, depois de boas doses de uísque. Como uma coisa tão divertida e gostosa durava tão pouco? Arroubos de uma juventude dourada e inesquecível. Hoje, quando as coisas não passam de evocação, por deliberação pessoal, fico intrigado e imaginando como pude abdicar dessa tão grande curtição do passado.
Bom... fui do tempo do corso na avenida, do uso do lança-perfume, da transição para o abominável mela-mela e dos saudosos carnavais de salão, nos clubes Internacional e Português, do Recife. Com muito entusiasmo dei boas-vindas ao carnaval das ruas em Olinda e no Velho bairro do Recife e ao Galo da madrugada. Tudo virou algo sem limites. Sinto saudades dos últimos anos ’90 e principio deste Século 21. Daí em diante, nosso carnaval se transformou numa violenta exploração de mercado, difícil de lidar para quem viu e viveu o dantes da folia. As tradicionais manifestações folclóricas – grandes blocos de rua, blocos líricos, troças, ursos, caboclinhos e maracatus, bumba-meu-boi, entre tantos outros – foram perdendo espaço na folia local e sufocados pela infeliz ideia de promoverem um tal de carnaval multicultural que, na verdade, não passa de uma injustificável estratégia de faturar de modos financeiro e eleitoreiro que grassa nas cabeças dos políticos de plantão, sem a mínima noção de que estão assassinando impiedosamente a cultura local. É doloroso perceber que a “prata da casa” está sendo posta à margem e os incentivos outrora a estes reservados vêm sendo carreados para artistas de fora sem qualquer vinculo com nossas tradições. Fiquei pasmo ver que Caetano Veloso veio abrir o nosso Carnaval deste ano de 2023. Nada contra este artista. Pelo contrario sou seu velho apreciador. Mas, por que não Alceu Valença? Outro ano, dentro dessa estratégia equivocada, trouxeram Zeca Pagodinho... Francamente... o próprio artista disparou ao declarar “por que eu, se não entendo de frevo e de carnaval pernambucano”. Queria ver as caras desses promotores desavisados. Caí fora deliberadamente e passei a viajar nesses feriados. Outra coisa que me afasta do carnaval local é que deixou ser uma festa participativa e bailável.Com certa melancolia tomei emprestado ao Maestro Nelson Ferreira este titulo de Evocação para esta postagem, visto que cabe bem para apaziguar meu espirito inquieto diante do que testemunho nos dias de hoje. Sem querer ser saudosista, mas, culturalmente honesto, resta-me, tão somente, que surjam cabeças iluminadas decididas e orientadas que não esqueçam dos lendários Batutas de São José, Vassourinhas, Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Madeira dos Rosarinho e tantos outros e que se monte um Memorial para que sejam preservados os nomes de Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon, Nelson Ferreia, Zumba, Capiba, Severino Araújo, Claudionor Germano e muitos que estão sendo ignorados pelas gerações recentes. NOTA: Foto de Capiba e Nelson Ferreira (acima) obtida no Google Imagens.

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...