sexta-feira, 25 de maio de 2018

Ordem é Progresso

Parece uma ironia termos na nossa Bandeira Nacional a inscrição Ordem e Progresso e, na prática, vivermos numa desordem e progresso capenga. Um país da grandeza e riqueza como o Brasil não merece viver neste endêmico ambiente de dificuldades sócio-político-econômicas. Quando não é uma coisa é outra. Vou morrer e não alcançarei o tal país do futuro. Eita futuro difícil de chegar!
Conversando com uma amiga brasileira e radicada na Suíça, ouvi dela algo muito interessante: “falta ordem e disciplina ao brasileiro”.  Ela tem condições concretas de poder chegar a este diagnóstico visto viver lá e cá. Engraçado é que ela mesma, ao se mudar para Suíça – há quarenta anos – estranhou o excesso de ordem e organização da vida social dos suíços. "Não atravesse a rua fora da faixa, não jogue papel na via pública, use as lixeiras do serviço de limpeza urbana, respeite o pedestre, obedeçam às filas para atendimentos e por aí vai...." dizia-me ela na conversa. Muitas regras de convivência urbana. A coisa é tão cheia de mandamentos que um brasileiro, menos avisado, estranha mesmo. Acha até que é ruim, triste ou impossível viver num país com regime social rígido desse tipo. “Lembrava uma ditadura!”, arrematava ela. Com o passar dos anos, porém, entre idas e vindas ao Brasil, começou a perceber e dar importância às regras sociais impostas, quando as comparando com os hábitos e costumes dos brasileiros. Ordem é progresso, minha gente.
Por coincidência, meu filho mais jovem, passando uma temporada na Austrália, reclama muito do excesso de ordem e disciplina reinante naquele país. Colonização britânica! Habituado a viver nessa vidinha "bagunçada" e onde tudo é permitido, de Pindorama, vive estranhando os hábitos, costumes e  rigor disciplinar impostos ao dia-a-dia dos australianos. Balada tem hora pra acabar e não passa da meia-noite. Sem apelação, os organizadores dos eventos param o som, acendem as luzes e manda a turma de baladeiros pra casa. Acostumado a chegar à balada brasileira em torno da meia-noite, tem que estranhar mesmo.
Mais engraçado ainda é que neste momento ele (meu jovem filho) anda por Singapura e Tailândia, e vem constatando que, por lá, a coisa é mais rigorosa, ainda. Em Singapura, chiclete não se vende e é proibido mascar. Pode parecer engraçado, mas, é verdade. O Governo aboliu radicalmente a venda e o uso das gomas de mascar no país. Motivo? Ah! No passado a população mascava os populares chicles e, passado o sabor refrescante e com a mandíbula cansada, jogava o rejeito na via pública, que grudava no calçamento da limpíssima cidade. Provocava um péssimo aspecto de sujeira. Aconteceu que o pequeno país asiático, para ser aquela ilha de desenvolvimento de hoje, impôs aos seus cidadãos um severo programa de educação de convivência urbana. E lá as coisas não são de brincadeira. Atravessar a rua fora da faixa de pedestre é multa pesada. Fala-se em coisa de mil Dólares. É muita ordem. Jogar ponta de cigarro na via pública, parece que dá prisão. Trânsito ordeiro. Povo disciplinado, em fila indiana e ordeira até para acesso à composição, nas estações de metrô. (vide foto a seguir). Meu filho conta que resolveu comprar um toddynho (pode ser outra denominação) e ensaiou sair saboreando-o rua afora. Foi logo avisado pela vendedora: “cuidado, tome o seu toddynho aqui dentro e descarte a embalagem ali”, apontando o lixeiro existente dentro da lojinha. Comida no metrô? Jamais. Tomei conhecimento, esses dias, que nosso metrô (o do Recife e região metropolitana) é o melhor mercado ambulante da cidade. Picolé, pipoca, tapioca e pamonha, água mineral, barbeadores, CDs piratas, óculos chineses, e o escambau são vendidos nos vagões sob o olhar benevolente dos fiscais de segurança das composições. Cada fim de viagem os trens parecem mais caminhões de lixo. Sinal que o desemprego é grande e a rapaziada tem que sobreviver. Ou então vão assaltar. Os fiscais fazem vistas grossas, em solidariedade.
Tailandeses obedecem filas para adentrar às composições.
Aqui o acesso é de bolo. Salve-se quem puder!
Bom, relato tudo isso para chegar a uma verdadeira constatação: Ordem é Progresso. Nesses países a disciplina urbana vem sendo imposta, os bons costumes são preservados, a educação é tratada com seriedade e as punições aos infratores são severas. São países que experimentam o Progresso e a qualidade de vida em alto nível. Lugares onde o cidadão respeita o próximo, onde o lixo é jogado no lixo, as regras sociais são cumpridas, goza-se de um padrão de vida digno e de saúde publica garantida. Então, gente, no Brasil o que falta de verdade é a Ordem que a bandeira nacional prega. E onde não existe Ordem, não há Progresso.  
Este meu artigo semanal já estava concluído quando eclodiu a greve nacional dos  caminhoneiros, reclamando os altos preços dos combustíveis. Não deixei passar, embora correndo o risco de me estender muito.
Principais rodovias do país estão assim desde 21 de maio.
População pagando caro por irresponsabilidades dos governos.
Duas coisas a considerar: acho justo que haja uma manifestação contra o abuso desses preços. A política adotada pela Petrobrás penaliza o cidadão que depende do transporte privado, coletivo ou de cargas. A reivindicação é justa. É preciso que a sociedade se pronuncie e é o que eles estão fazendo. Vai ser duro para a sociedade? Vai, sim. Mas, é preciso lutar por uma boa causa para vencer. A culpa está no governo passado, embora os petistas não admitam. Eles seguraram os preços e com isso quebraram a petroleira nacional. A conta está sendo cobrada agora.

Agora, tem uma coisa: a falta de Ordem e Civilidade se manifestou na hora do movimento grevista, quando muitos proprietários de postos de gasolina se aproveitaram da situação e majoraram os preços dos combustíveis ao belprazer. Houve um posto na zona sul do Recife que cobrou R$ 8,99 por um litro de gasolina e outro da Shell em algum local do país que abusou do consumidor, cobrando R$ 9,899. (Foto ao lado). 
É indecente! Por isso que este país não tem Progresso. Falta Ordem! 
Parece que roubar é parte predominante no DNA do brasileiro. 




NOTA: Fotos foram colhidas no Google Imagens, com exceção da foto de fila no Metrô de Bangkok, da autoria de Tico Brazileiro  


   

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Falta Entusiasmo

Alguém já observou como está fraco o entusiasmo dos brasileiros para a próxima Copa do Mundo, na Rússia? Faltando menos de um mês para inicio da competição e não se vê o movimento que lembre outrora. Mesmo considerando o fato de que o último certame ocorreu aqui no Brasil e, quem sabe, estejamos comparando, continuo achado tudo muito morno. Não fosse a crônica esportiva mencionando a proximidade do evento, pouco se fala e pouco se opina. Os costumeiros palpites e as discussões acirradas sobre a equipe selecionada nem de longe se comparam com o que víamos no passado. Nas reuniões sociais que tenho participado e nas dinâmicas redes sociais o assunto passa quase despercebido. Está tudo muito distante. Tanto quanto a própria sede dos jogos.
Onde tremulam as bandeirinhas verde/amarelas? Cadê as ruas enfeitadas e pintadas com motivos alusivos? Bom, talvez ainda seja cedo, mas, a verdade é que não se vê muito entusiasmo da nossa torcida.
Tenho pra mim que dois motivos concretos estão gerando esse baixo entusiasmo. O primeiro é ainda o trauma gerado pelo acachapante  Mineiraço de 7 x 1 que tomamos da seleção alemã, dentro de casa, em 2014, justo quando os brasileiros queriam espantar o fantasma do Maracanazo de 1950. Apanhar dos uruguaios de 1 x 0 foi fichinha. Mas, aquele episódio da última Copa dificilmente será esquecido. A decepção ainda dói na alma esportiva do Brasil. A nova geração que engrossava a torcida brazuca da última Copa – meninada de 10 a 14 anos – anda com “um pé atrás” e sem firmeza para torcer desbragadamente. Para quem já foi campeão ou derrotado noutras oportunidades, mesmo não perdoando o Mineiraço, leva na esportiva. Vamos ver o que vem por aí. Levantar a Copa em Moscou pode ser revigorante.
A derrota de 1950 ainda é lembrada. Aquele Maracanazo doeu demais.

E o recente Mineiraço é ferida aberta.
Ah! O outro motivo é essa crise político-econômica que abate o país. Torcer com alma e vibração custa algum esforço e pode ser caro. Com 13 milhões de desempregados registrados, fora os que procuram emprego pela primeira vez e os nem-nem (nem estuda e nem trabalha) vai ser difícil se entusiasmar. Fora isto, é de se considerar que poucos, muito poucos, se aventurem ir às praças e locais onde telões exibirão as partidas do campeonato, em vista da insegurança reinante, sobremodo nas grandes cidades.
Mas, tem uma coisa a registrar: certamente que o Governo já faz figa e torce fortemente pelo sucesso da Canarinha, para embalar a alma do eleitorado. Num ano de eleições! Já pensou? Afinal, historicamente,  nada como um Carnaval e uma Copa do Mundo para "anestesiar" o brasileiro bom de bola e com samba no pé, no meio de uma crise política. Aliás, sendo ao contrário não seria Brasil.     
Vê se você, caro leitor ou cara leitora, se anima! Compre sua bandeirinha. Coloque uma camiseta verde e amarela e arranque da garganta o “é Hexacampeão!”.  Afinal de contas, isto também é cultura. Não é mesmo?

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Quem será o eleito?


Vejam vocês, caros amigos e amigas que me acompanham semanalmente, a que situação inusitada chegamos. Refiro-me às eleições presidências de outubro próximo. Em quem votar? Eis a questão. A perplexidade que reinou após a eleição de 2014, com aquela vitória apertada de D. Dilma e a sensação de que o país estava dividido, começa a dar sinais de que, dessa vez, a perplexidade já se antecipa e de modo bem mais expressivo. Hoje, diante do que acontece, não há divisão meio-a-meio e sim um elástico fracionamento. As perspectivas são tão sombrias que dá até medo do futuro. 
Ninguém de são juízo tem ideia precisa de quem seria um bom candidato. Salvo naturalmente os petistas mais exacerbados que ainda acreditam na possibilidade de Lula Presidente. Este, além da Ficha Suja, não levaria esta próxima de jeito nenhum. O ciclo lulopetista acabou e seus seguidores não perceberam. Só no Brasil acontecem coisas assim. Que ironia...
Então, na verdade,  estamos diante de um dos maiores desafios eleitorais de todos os tempos. Quem merece o voto que cada eleitor tem para sufragar na urna? Poucos. Muito poucos. Ou, quase nenhum. A situação é tão adversa que aventureiros se aproveitam do vácuo deixado pelos manjados ladrões e corruptos e lançam mão da estratégia de aliciar o descrente eleitorado, fazendo o discurso da necessidade de um novo nome na cena política. Sangue novo é o mote! O exemplo recente ocorreu em São Paulo, quando foi eleito o novato João Dória. Será que foi uma boa escolha? Ele chegou fazendo uma barulheira diferente e “tomando gás” se empolgou, empurrou para escanteio seu padrinho, o governador Geraldo Alckmin, proclamou-se a “bola da vez” e posou de presidenciável, embolando o meio político nacional. Em bom tempo, todavia, arquivou a ideia, mas abriu uma brecha de última hora, abdicando do cargo de Prefeito e virando candidato a governador do estado. Bicho bom de bico é assim. E o Alckmin vai em frente aos trancos e barrancos. Lá em baixo nas intenções de votos.
Outro aventureiro que deu as caras foi o tal do Luciano Huck. Esse quase não merece comentários. Acho que comparou o Brasil a um programinha inexpressivo de auditório, que anima numa rede de TV. Por pouco, muito pouco, cedi à tentação de me postar diante da TV para “conferir” as qualidades desse aventureiro. Fui salvo quando, aliviado, vi a noticia da desistência dessa candidatura, visivelmente, ridícula. Depois disso, vi a hora de lançarem Tiririca a presidente da Republica.
Huck e seu Caldeirão
Achei muita graça, e ainda acho, do jogo Temer x Meireles. Vai tu? Não, vou Eu! Vai e não vai... Esses caras não têm noção do tamanho do desprestigio que gozam. Aliás, essa fração aí não tem pareia. E Joaquim Barbosa? Temer disse logo que “vai perder porque é negro”. Coisa feia Presidente! Já o velho Delfim Neto alfinetou dizendo “pela primeira vez não vão votar em branco”. Só rindo.Sinceramente, esse negócio tem momentos que vira pagode. Bom, finalmente e para alivio geral Barbosa “bateu o martelo” e avisou, esta semana, que não entra nessa onda.” Tenho mais o que fazer, em casa”, disse ele.
Ah! Tem o jovem Rodrigo Maia, também. Coitado. Está tão enganado com a "cor da chita". Sem chances. PT Saudações. Cuidado não se trata do PT partido politico. Falo daquele PT telegráfico! 
Agora, assustador mesmo é esse candidato Jair Bolsonaro. Já pensaram direitinho? De repente faz-me lembrar o caçador de marajás, das Alagoas. Pior é que corremos o sério risco desse candidato levar a melhor. Valha-me Deus!
Escolha, se tiver coragem.
E o Gomes cearense anda “espalhando brasas” querendo convencer os petistas baratinados à uma coligação para, por fim, colocar as garras que vem afiando por algum tempo. Corro dele.
Na paralela tem, também, a sonhadora Marina Silva. Meu Deus! De quatro em quatro anos ela dá as caras fazendo seu discurso utópico e, sobretudo romântico. Coitada...
Dos outros aspirantes à presidência nem perco tempo comentando. Boulos, Manuela , Mané, Zé, sei lá. Dá até pena perceber que estão aí só pra confundir mais ainda os eleitores. São frações mínimas.
Resumindo, acho que estamos num “mato sem cachorro”. Alguém duvida?
Haja coração... Não tenho em quem votar. Você tem? Me avise quando souber.

NOTA: Fotos colhidas no Google Imagens

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Estado Deteriorado

É muito comum ouvir alguém dizer que não tolera falar de política. Hoje mais do que nunca, diante das contínuas convulsões da cena política brasileira. Muitos não querem nem assistir aos noticiários da TV e nem ler jornais porque só se fala em política e políticos corruptos, roubalheira, prisões, Lavajato, assassinatos, assaltos e correlatos. Nesse ambiente, digamos, de “alienados” fico sem entender como se pode viver indiferente a tudo que ocorre no seu entorno. E, pior, sem se dar conta de que tudo influencia diretamente suas vidas, seus hábitos e costumes. Queira ou não, todo cidadão ou toda cidadã está sujeito(a) às regras estabelecidas pela vertente da política. É impossível ser diferente.
Ah! Mas, há sociedades nas quais a política não é motivo de preocupação. É verdade. São países de culturas historicamente amadurecidas e com níveis sociais elevados. Assim mesmo, não se alcança a plenitude. Normas e regras são sempre necessárias e sujeitas às injunções políticas. É o caso do Brasil de hoje, eivado de conjunturas eletrizantes. No contexto atual, vamos ter que esperar muito para que a política seja apenas um detalhe das nossas vidas. Na verdade é quase uma utopia pensar que isso é possível. 
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.)
Aristóteles (nascido em 384 aC. e que foi discípulo de Platão!), na antiga Grécia, se preocupou em definir a condição humana em face da política, dizendo: “dentre as características da natureza política humana, encontramos o conceito de animal político (Zoon Politikon), um animal racional que fala, pensa e que, além disso, tem necessidade natural de conviver em sociedade”. Na sequência o velho filósofo lembra que “a cidade (a Pólis) tem precedência sobre cada um dos indivíduos, pois, isoladamente o indivíduo não é auto-suficiente”. Por fim, afirmou que “o indivíduo só pode se desenvolver em sua capacidade racional em meio à vida em sociedade”. Ou seja, integrado ao meio no qual inserido. Daí a necessidade premente de conhecer seu ambiente político. 
O Ateneu na Pólis, do filosofo Aristóteles
Bom, para quem vive no Brasil de hoje fica difícil mesmo acompanhar o quadro político nacional. Mas, não tem outra opção porque, seguramente, todos sem exceção sofrem as consequências do estado (e do Estado!) deteriorado reinante.
Desempregos, assaltos, atentados, assassinatos banais, prisões diversas, agressões físicas, destempero emocional, desorganização das empresas, das famílias, das cidades e estados são frutos da desorganização política que vivemos e que não são compreendidas pelos indivíduos. Sobretudo esses que não querem ouvir falar de política e terminam sofrendo, sem noção precisa, mais do que os outros e que acompanham mais atentos a situação. Eu disse sofrendo mais e isto não quer dizer que esses outros não sofram. Na prática o estresse tem sido endêmico.
Um exemplo recente desse destempero social é ver um brutamontes, por um razão banal, agredir fisicamente um adolescente indefeso, numa a fila de lanchonete, aqui no Recife, deixando na maior perplexidade uma sociedade que anda às voltas para escapar da insegurança geral. 
Brutamontes agressor, no Recife
Outro exemplo é o caso do edifício de 24 andares atingido por brutal incêndio e desaba, no maior centro urbano do País, e os responsáveis não são identificados. As vitimas foram invasores indigentes e sem meios dignos de sobreviver. É algo assustador. Fruto de uma sociedade em abandono e sem perspectiva de futuro. 
Incêndio e desabamento em São Paulo.
O Brasil pede socorro. A sociedade está órfã de governantes honestos e verdadeiramente lideres. Esses que aí estão já mostraram suas incapacidades e o quanto são ímprobos.
Com efeito, os brasileiros precisam entender o significado da política na sua essência, não ignorá-la, para saber escolher seus governantes, logo mais.      

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens     

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...