sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Verdadeiro Plebiscito

O caráter plebiscitário que a eleição da próxima semana assumiu é, além de lamentável, preocupante quanto ao destino que o país vai tomar. Minha impressão é de que qualquer um dos dois representantes finais, no segundo turno, que vença enfrentará o gigantesco desafio de governar e manter a governabilidade. Prevejo um período de extremas dificuldades para o país. Isto porque as ideologias que sustentam cada um das candidaturas finalistas serão exploradas e defendidas ao extremo, levando a quem conquiste a vitória se concentrar mais na defesa dessas referências partidárias do que pensar num Brasil carente de ações objetivas nos inúmeros setores, hoje abandonados pela inépcia dos governos recentes. O país além de dividido sociopoliticamente - entre esquerda e direita - estancou numa encruzilhada transtornante, sem que visualize um destino seguro e capaz de proporcionar dias de paz e prosperidade como a Nação aspira.
As propostas de governo, esboçadas até agora, são na verdade retóricas mal arranjadas pelos candidatos e, na prática, desprovidas de argumentos convincentes e compatíveis com o quadro caótico amplamente diagnosticado. Algumas refletem claros sinais de ignorância da verdadeira situação. Pensando bem, são discursos de muita "pirotecnia" jogados ao léu tentando iludir o eleitorado cada vez mais  perplexo e saturado com tantas imoralidades, antes cometidas principalmente  pelos próprios postulantes aos cargos eletivos.
Impressiona-me o fato de não enxergar, com clareza e explicitamente projetadas, propostas que tratem de temas fundamentais como a  segurança jurídica para o cidadão comum e para o investidor privado; melhoria e modernização da máquina do estado; propostas de investimentos maciços, objetivos e seguros para a educação, saúde e segurança públicas; geração de empregos; referenciais para regulamentação honesta, racional e segura de exploração dos  recursos naturais e proteção ao meio ambiente; tributação justa e de padrões mundiais; melhorias substanciais da obsoleta infraestrutura nos diferentes modais e, por fim, incentivos e financiamentos corretos para o investidor privado, principalmente os micro e pequenos. São os exemplos que me ocorrem no momento e que considero coisas do tipo "primeiros socorros". E, naturalmente, as urgentes reformas previdenciária, política e tributária, sem as quais nada será viabilizado. Observe-se que, em debates nos meios de comunicação, ao invés de abordarem assuntos emergentes, como acima apontados, rolam somente insultos, acusações e trocas de desaforos. Ora, meu Deus, isto tem sido puros desestímulos aos eleitores que já estão fartos, saturados, de tanta bandidagem explicita.
Temo que os temas de verdadeira importância e as necessidades da sociedade sejam esquecidos e as inexoráveis futricas políticas terminem levando pelo ralo a oportunidade de ouro que temos logo mais de retomar o ritmo de crescimento e devolver à sociedade um país mais tranquilo e digno da sua gente, suas riquezas e suas potencialidades.   


NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Polarização Nociva

O tempo passa rápido e estamos às vésperas do, já considerado, mais importante pleito eleitoral dos últimos tempos no Brasil. A Nação enfrenta o desafio de escolher um nome para assumir o seu comando maior e, pelo visto, não há mais tempo ou interesse de avaliar currículo politico, proposta que apresente ou, mesmo, o fato de ter uma ficha limpa ou suja. O jogo agora atingiu uma temperatura estressante e o que se vê é uma nociva polarização entre esquerda e direita, representadas pelos candidatos mais bem situados nas pesquisas de opinião promovidas pelos Institutos de plantão. Pelas forças de direita é Jair Bolsonaro e pelos esquerdistas o substituto de Lula, Fernando Haddad. Segundo o especialista Bernhard Leubolt, a polarização politica é fruto de uma campanha eleitoral acirrada e de resultado apertado.

Esta extrema situação não é a desejável para o Brasil de hoje. Na realidade é o que menos desejamos. Depois de tantos tropeços socioeconômicos e tantas imoralidades politicas, dos últimos dez anos, o melhor seria uma união de esforços inteligentes e capazes de tirar o país do “buraco” profundo no qual foi metido. Falta um patrocinador para compor uma coalizão politica pró-Brasil, infelizmente pouco provável no ambiente tão conturbado e tão pleno de comoções coletivas.
A situação preocupante vem sendo analisado por cabeças pensantes e experientes que se apressam em manifestar, publicamente e em grupos republicanos, o risco que vem se desenhando no porvir da vida brasileira.
Nesta semana que se finda, diante das incertezas constatadas, inclui-me num desses grupos, o MOVIMENTO Ético e Democracia, (www.facebook.com/etica.democracia) cujo manifesto magoa em cheio a “ferida” e assevera que “no poder, Bolsonaro seria um desastre anunciado: desorganização econômica, desagregação social e desmantelamento do sistema democrático; caos social que favoreceria a realização de seu sonho de uma sociedade sob jugo militar.
Jair Bolsonaro propaga abertamente o autoritarismo, a volta do regime militar e a violência como forma de fazer politica. Completamente despreparado para ser chefe de Estado de um grande país atolado numa grave crise econômica e social”.
Uma eventual eleição de Fernando Haddad, dócil porta-voz do Lulismo guiado desde uma cela da Policia Federal em Curitiba, “representa o aparelhamento do Estado, a volta da política econômica que levou o País ao desastre (inflação, desemprego e crise fiscal) e a hostilidade às instituições democráticas, com acusações sistemáticas aos juízes e agressão à imprensa e aos adversários políticos. Jogando a culpa da crise econômica em Michel Temer, Haddad distorce os fatos e parece antecipar que, voltando ao poder, o PT repetirá as mesmas irresponsabilidades na gestão macroeconômica e fiscal, com todos os deletérios impactos já dolorosamente experimentados”.
Alguns poderão afirmar que polarização vem sendo comum nos embates pretéritos. E é verdade. Contudo, a polarização desta vez tem contornos mais extremistas, coisa pouco aconselhável para uma democracia imatura e em eterna busca de sustentação.
Bom, mesmo sendo signatário deste Movimento entendo que pouco poderá ser feito, neste momento, salvo registrar um alerta à sociedade.
Porém, concordo que vozes precisam ser ouvidas pelo país afora e que poderão dar suporte a um futuro e oportuno debate. Espero que isto venha a ser possível.

NOTA: Foto colhida no Google Imagens
 

sábado, 15 de setembro de 2018

Clima Sombrio


Sem que consideremos perfis, ideologia politica, qualidades ou defeitos de candidatos o que se percebe neste momento de extrema crise – inclusive moral – no Brasil é que nunca antes tivemos tantas dificuldades em escolher um candidato que venha resgatar os valores nacionais que perdemos ao longo dos anos recentes.
Ora, num país, como o Brasil, com extremas diferenças peculiares no que tange aos aspectos sociais, econômicos, quadro natural, crenças, orientações políticas, entre outros indicadores, o que se tem de concreto é um clima sombrio e inquietante. Enfim, um ”mosaico complexo e exótico” de ser trabalhado e administrado.
Qualquer que seja o cidadão ou cidadã que venha a ocupar o cargo da Presidência da República tem pela frente o fabuloso desafio de dominar muito bem cada uma das variáveis que acima listei e ter condições de manejar com meios e segurança exigidos por cada uma das dimensões.
A campanha eleitoral que estamos vivenciando, neste 2018, revela, de modo cruel, ao vivo e a cores, as condições de incertezas que o país atravessa e que vem aplicando à sociedade uma componente beligerante nada condizente com o estado de Democracia que sempre se diz viver e que foi alcançado a duras penas ao longo da História instalando uma guerrinha fratricida no meio social, com perspectiva de longa duração. Já correu sangue, assassinatos foram cometidos e ofensas, entre candidatos ou partidários destes, se tornaram corriqueiros e crescem numa progressão geométrica a cada dia que se aproxima o pleito. Numa sociedade mais culta e num estado democrático de fato, ao invés de ofensas, acareações, assassinatos, agressões físicas, insultos e ameaças, como vemos por aqui, os candidatos estariam em busca de conquistar eleitores estudando, diagnosticando e analisando as demandas das pessoas e, em suíte, formulando propostas concretas e factíveis que, no nosso caso, mitigassem os sofrimentos do brasileiro em geral. Tudo isto de formas convincentes, honestas nos referenciais, estrategicamente desenhadas e gerando entusiasmo no seio do eleitorado. Seria muito fácil fazer a escolha do candidato ideal. Mas, não... O mais provável do nosso hoje é ouvir manifestações de desalento, descrença e desistência de participar do processo eleitoral. Vide gráfico a seguir.

Acredito que os leitores e leitoras, pelo menos parte destes, andam acompanhando debates e entrevistas dos candidatos nas ondas do radio e da TV, assim como nas modernas e populares redes sociais. São as formas mais ágeis de chegar aos eleitores. Em principio, seriam ótimas oportunidades de se aproximar do Senhor(a) Eleitor(a). Infelizmente estes meios têm sido rigorosamente desperdiçados. Pela televisão ficam evidentes os despreparos de cada candidato e das equipes de entrevistadores da mídia. Viraram verdadeiros tribunais de inquisição. Abordam de tudo, menos de propostas de governo. Quando tentam, fazem de modo flash. Os candidatos quase sempre são apanhados de “cócoras” e na prática perdem as melhores oportunidades para dizer praquevêm. Resumo da ópera: perde o candidato, perde o eleitor(a) e perde o jornalismo de vanguarda. Aliás, perde a Democracia e o Brasil.
Finalizando, nunca é demais lembrar que resta ao eleitor(a) a imensa responsabilidade de saber eleger os novos mandatários. Mas, de fato somos responsáveis? Fomos no passado? Você é?
Aconselho que tenha cuidados dobrados na sua escolha porque, dessa vez, o “bicho pode pegar”. Eita clima sóbrio! 

NOTA: Fotos e ilustração obtidas no Google Imagens. 


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Cinzas da História

Certa ocasião, ao retornar de uma viagem ao exterior, falei sobre a falta de cuidados do brasileiro – tanto autoridades, quanto cidadão ou cidadã comuns – no que diz respeito à preservação do Patrimônio Histórico Nacional. Se desejar rever, clique em: http://gbrazileiro.blogspot.com/2009/06/apagando-historia.html . Andei, àquela época (há nove anos), impressionado com o descaso atribuído pelas autoridades locais ao patrimônio histórico da Cidade de Olinda, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, aqui em Pernambuco. De outra vez, mais recente, lamentei ao comentar o incêndio que varreu e transformou em pó o fantástico Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. E agora outra perda, de muito maior monta, certamente, que foi o incêndio que devorou, no último domingo (02.09.2018), o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O Brasil de bom senso e o Mundo reagiram com revolta a este infausto evento, ao ver reduzido às cinzas os 200 anos de trabalho intenso e minucioso, reunindo uma das maiores coleções de História brasileira. Pior saber que tudo isso foi fruto da negligencia das autoridades (in)competentes tupiniquins, que relegaram a um plano marginal e muito distante das vistas, os cuidados devidos a esse importante patrimônio.   
Museu Nacional Antes
O mesmo Museu ardendo em chamas
Por duas oportunidades visitei este Museu, de onde sai orgulhoso do que havíamos colecionado na nossa Terra Brasilis. Nessas visitas ainda não dava para perceber sinais  de desgastes, muito embora, tenho tomado conhecimento de que visitantes recentes, incluindo alguns amigos, chegaram a perceber a gritante falta de cuidados com aquela Casa da História,  creio que a mais antiga instituição do gênero no país. Foi D. João VI que o fundou, em 1818, no local residência da família real luso-brasileira. Importantes momentos históricos da vida brasileira foram ali registrados e preservados em documentos hoje perdidos. O fogo devorou peças raras – havia 20 Milhões de itens colecionados – entre os quais esqueletos de animais pré-históricos e múmias egípcias. Uma destas, a de Sha Amum Em Su, em sarcófago nunca aberto. Fora isto, o Museu exibia inestimáveis coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. A maior coleção de borboletas que se tem, aliás, teve conhecimento e o fóssil de 12 mil anos da cabeça de uma mulher, ao qual deram o nome de Luzia, que reorientou as pesquisas sobre a ocupação humana das Américas. Coitada de Luzia “sobreviveu” doze séculos e, ironicamente, desapareceu lambida pelo fogo da sanha de criminosos administradores de plantão. 
Parte das borboletas que viraram cinza
O episódio de domingo passado foi um verdadeiro crime à cultura nacional e, por conseguinte, mundial. Peças raras foram confiadas ao Brasil que, agora destruídas, expõe o país a mais uma situação vexatória jogando luz sobre a irresponsabilidade e ignorância das autoridades constituídas. 
Perdemos Luzia no fogo arrasador. Crime abominável.  
Faltaram cuidados nas preservações das coleções, nas devidas vistorias de instalações elétricas, nas instalações contra incêndios, nas preservações dos hidrantes - faltou água para combater as chamas! - na manutenção do prédio secular e nos cuidados de segurança. Afinal, tratava-se de uma Casa de frequentes e volumosas visitas, gerando depreciações muitas vezes invisíveis a olho nu. A tudo isto eu chamo de desgraça cultural. Fala-se agora de gambiarras nas instalações elétricas, infestação de cupins e goteiras ininterruptas em tempos de chuvas. Quanta irresponsabilidade! A Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, responsável pela administração e manutenção daquela Casa, segundo se informa, relegou ao último plano qualquer ação de preservação e manutenção, destinando sempre míseros  orçamentos à Instituição. E isto, mesmo conhecendo a situação precária do Museu, desde 2014. Ou seja, uma tragédia anunciada!
E, uma pergunta que não cala, por onde andava o Ministério da Cultura nessas horas? Eita! Ministeriozinho apagado... E, neste caso, irresponsável. Fica, agora, um jogo de empurra discutindo a quem atribuir a (ir)responsabilidade pela desgraça. 
O mais revoltante é saber que o Museu Nacional precisa de míseros R$ 600,0 Mil/ano para sobreviver, mas o Governo brasileiro, com sua corja de plantão, segundo circula nas redes sociais, tinha outros projetos ao destinar, por exemplos: R$ 1,5 milhão para um documentário sobre a vida de José Dirceu; R$ 5,8 milhões para shows de Claudia Leite e R$ 7,9 Milhões para compor o Museu Lula! Parece mentira. Quanta irresponsabilidade. 
Somente agora, depois da desgraça e bem ao estilo brasileiro, começam  a destinar recursos para resgatar o que se perdeu. Aliás, como será resgatar em meio às cinzas? Pelo visto não restou nada!
Depois de tudo, fico preocupado com os muitos outros museus, bibliotecas (a Nacional, por exemplo), o Museu do Império, em Petrópolis, o da Republica, no Catete (Rio), do Ipiranga (São Paulo), Museu de Belas Artes, a Pinacoteca do Estado (S. Paulo) e muitos outros que infelizmente padecem da ignorância endêmica do brasileiro comum. Muitos nem sabiam da existência desse Museu incendiado. Quanta pobreza cultural. As repercussões devastadoras da tragédia se alastram no âmbito internacional. Algumas leituras publicadas sobre o fato são, por vezes, insólitas e surpreendentes.  Leitores do Blog se manifestam impressionados e incrédulos. No México, segundo uma leitora, levanta-se a possibilidade de que ladrões assaltaram o Museu e, após colherem peças que os interessavam, atearam fogo no que restou. Outra hipótese que se ventilou, aqui mesmo no Brasil, foi de que um balão junino caído sobre o prédio, deteriorado e infestado de cupins, com o pavio ainda em chamas deu inicio ao incêndio. 
Estamos chorando sobre o “leite derramado”, como, aliás, vem sendo o dia-a-dia do brasileiro. 

NOTA: Imagens ilustrativas colhidas no Google Imagens    

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...