domingo, 18 de abril de 2021

Velocidade da Roda Viva

Há dias venho vivendo momentos nos quais não me ocorrem temas ou palavras para registrar no Blog, devido ao meu estado de luto profundo pela perda de um ente muito querido e de forma brusca. É a chamada roda viva da vida girando de forma mais veloz e deixando o cidadão na busca incansável de uma pausa ou de placidez. Pura quimera. Ela não respeita a vontade dos passageiros. Roda sem parar e, para muitos, cada vez mais viva e mais veloz. A proposito de roda-viva e Inspirado no poeta Chico Buarque recordei o Poema/ Canção da Roda-Viva (dos anos 60) que inicia com essas estrofes bem a calhar na minha mente de agora: “Tem dias que a gente se sente/Como quem partiu ou morreu/A gente estancou de repente/Ou foi o mundo então que cresceu/A gente quer ter voz ativa/No nosso destino mandar/Mas eis que chega a roda viva/E carrega o destino pra lá.” Receber a noticia do falecimento da minha querida irmã Leninha Brasileiro, há oito dias, senti-me nessa tal roda-viva descrita por Buarque. “A gente que ter voz ativa” e tentar dar uma contraordem ousando tentando ser Deus e gritar: “levanta-te e vem cá me abraçar. Temos muito que realizar juntos!” Pobre de mim. A velocidade da roda-viva provoca esse tipo de alucinação. Um choque emocional desabou-me e imagens alucinantes rolaram na memoria estressada. Tive a impressão de te enxergar à distancia, Leninha, linda, sorridente, acenando pra mim num tom de adeus e me desejando paz. Acredito que te vi a jogar um lenço para enxugar minhas copiosas lágrimas de saudades. Lembrei-me dos bons tempos que vivenciamos juntos. Foram dias belos, felizes e inesquecíveis. A vida em família, sua juventude bem vivida, nossas viagens (conhecemos o Mundo muito jovens e juntos), seu sucesso profissional, a formação do seu núcleo familiar e mais recente a chegada dos netinhos. O Poeta Chico insiste e segue com outra estrofe muito a proposito disso tudo quando diz: “O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/A gente vai contra a corrente/Até não poder resistir”. Foi assim mesmo. Foi tudo muito rápido. Num instante o tempo rodou e você não resistiu. Lutou muito. Mas, terminou despencando da roda-viva numa hora menos esperada. Nem quis que víssemos essa queda. Manteve, até a última rodada, sua maneira sutil e reservada de ser a vida inteira. Fez sua vontade. Minha esperança é que haja sido uma queda suave e com luzes de felicidade. Eu não tenho ideia das razões pelas quais Chico Buarque escreveu este Poema/Canção, mas, sem que ele (o autor) saiba, o fez para ajustar à minha cabeça estressada destes dias. No mesmo poema pincei a estrofe a seguir que se encaixou justo na minha mente exausta pelo luto: “Faz tempo que a gente cultiva/A mais linda roseira que há/Mas eis que chega a roda viva/E carrega a roseira pra lá.” Ah, Leninha! Você foi uma nobre roseira que nós – sua Família – cultivamos ao longo da sua vida terrena. Mas, eis que a roda girou mais forte e você não teve como se segurar. Nem seus lençóis foram suficientes!
Irmã querida, com muita fé em Deus, tenho (temos) a confiança e a esperança de que agora, livre das dores e dos transtornos desta vida terrena, você repousa nos braços do seu Buda e de Jesus Cristo que te teve como filha durante sua existência terrena. A morte deixa uma dor que ninguém pode curar... Mas, o amor que você semeou entre nós deixou memórias que ninguém pode apagar. Para encerrar este post semanal transcrevo – sem comentar – um último trecho bem significativo do Roda-Viva de Chico Buarque: “Um dia a fogueira queimou/Foi tudo ilusão passageira/Que a brisa primeira levou/No peito a saudade cativa/Faz força pro tempo parar/Mas eis que chega a roda viva/E carrega a saudade pra lá”. Que o Pai Senhor de todos e todas te abrigue em bom lugar. NOTA: A ilustração foi obtido no Google Imagens. PS>: Leia no alto da Coluna à direita o pensamento de Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Perplexidade Ilimitada

Por mais que me esforce para modificar a pauta do Blog tem sido impossível fugir da atual sobre a Pandemia. A cada dia novas provocações são geradas, sempre conduzindo ao que chamo de papo contínuo. Noticiários falados, escritos e televisionados. Nas incontáveis plataformas das populares redes sociais, dentro de casa, a toda hora, não se fala noutra coisa. E tudo no marco da perplexidade ilimitada. Nesse ambiente contaminado de Covid-19, três palavras foram constantes nestes últimos dias de crise aguda da pandemia no Brasil: medo, exaustão e escassez. No domínio do medo não há duvidas de que a elevada taxa de óbitos verificados no país assusta qualquer pessoa mais prevenida e consciente do perigo que corre. Houve dias que forma registradas as perdas de mais de 4.000 indivíduos vitimados pelo vírus maldito. Houve localidades, como no estado de São Paulo, cujo número excedeu a casa de mil mortos. Ora, quem vive, quem está lutando contra a doença, ou quem rodeia infectados não pode respirar tranquilidade. Por mais que se proteja nunca pode prever o dia seguinte. Além de se constituir num quadro doloroso é indiscutivelmente sem um horizonte visível. Por outro lado, a exaustão dos vários segmentos sociais na luta pela sobrevivência perturba meio mundo. Os que atuam na linha de frente ao combate, isto é, médicos, enfermeiros, atendentes paramédicos, socorristas e respectivas equipes apoiadoras já se mostram saturados no desenvolvimento de esforços, geralmente dobrados, além de alimentarem o temor do contágio, já que muitos foram vitimas, incluindo lamentáveis óbitos. A exaustão igualmente se revela, acentuadamente, nos meios onde as atividades socioeconômicas definham e ameaçam um outro tipo de crise indesejada e capaz de aniquilar o ambiente econômico provocando um futuro empobrecimento nacional sem precedentes. A falência dos negócios e o desemprego de massas são os grandes indicadores dessa crise que se anuncia de modo claro.
Por fim, a escassez dos recursos capazes de mitigar o problema em dimensão global e que de modo direto atinge o Brasil tem sido anunciada todos os dias assustando as populações em risco. As vacinas salvadoras não chegam a contento aos seus destinos e o vírus além de se reproduzir rapidamente, se modifica a cada volta. Há um real desespero no mercado internacional e nos laboratórios de produção e nos centros de pesquisas, estes, inclusive, na incessante busca de aperfeiçoar seu respectivo soro salvador. O Brasil por desatinados problemas políticos não se antecipou nas ações de compras das vacinas e vem administrando com lentidão a imunização da população. Ao mesmo tempo, a escassez não se resume à baixa disponibilidade dos antídotos disputados no meio do mundo. No ambiente doméstico já se registram redução de insumos necessários aos adequados tratamentos – como o oxigênio – e os acessórios de administrar medicamentos e o precioso oxigênio. A esperança é de que as altas taxas de contágio caiam com as operações locais de distanciamentos sociais recentemente impostos, a disponibilidade de leitos hospitalares, inclusive os e tratamento intensivo, sejam registradas e o controle se efetue. Fora tudo isto acima descrito é de se registrar que perturbadas fontes e veículos de informações, com dados e notas desencontradas, debates improdutivos, disputas políticas nocivas, polêmicas cientificas discordantes resultam num caldo informacional que nada vem contribuindo ao combate da grave crise sanitária que o Brasil atravessa e que precisa ser tomada como a prioridade de todas as correntes politico-ideológicos que dividem a Nação. Na esperança de diversificar minha pauta de postagem desejo bom tempo ao leitor ou leitora, aconselhando usar máscaras, lavar as mãos com frequência, evitar aglomerações sociais e cumprir na risca as orientações das autoridades. A luta pela recuperação começa em cada um de nós.

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...