domingo, 29 de março de 2020

Fogo no Pindorama

Fogo! Fogo! O prédio está incendiando. Foram gritos alarmantes, de hora pra outra, no Edifício Pindorama. A Equipe de reportagem do Blog do GB chegou a tempo de cobrir o espantoso sinistro. O Síndico, um capitão reformado da policia, cheio de autoridade e incontinência verbal, não se deixou alarmar e tenta acalmar os moradores dos vinte e sete andares. Pânico e desespero para alguns condôminos, calma para outros e o fogo comendo o que encontrava de inflamável pela frente. Numa calma inexplicável, o capitão reuniu sua Brigada de Incêndio, na Administração, e tenta desenhar estratégias para debelar o fogo. Antes de tudo se interessou por saber de onde veio essa coisa inesperada. Confusão generalizada, em meio às várias hipóteses levantadas. Pânico e desentendimentos mis. No calor do debate e do fogo, claro, Dudu, filhinho mimado do Síndico e sempre no rabo do pai se precipitou afirmando que a origem foi no apartamento de um chinês, segundo ele, sujinho e que tem hábitos de cozinhar até ratos pra comer.Bate-boca prá-cá-e-prá-lá  e o fogo se alastrando. Pânico geral num prédio, onde, aliás, ninguém se entende normalmente e há muito tempo. Esta reportagem calcula que a situação virou uma pandemia, isto é, um pandemônio. “Fechem as portas e se mantenham dentro das suas respectivas unidades, enquanto as ações de socorro aparecem. Se as portas corta-fogo estiverem em ordem, o fogo não se espalha. Fiquem em casa!” Foi ordem (quase) geral. Resultado: um prédio de 27 andares, todo mundo "enjaulado" e esperando uma salvação. Coisa de louco. Só Deus nessas horas. é o que todos clamam.
Como sempre ocorre nesses momentos surgem salvadores da pátria e no Pindorama em chamas não seria diferente. “Ah! Essa coisa não pode ficar assim! Alguém tem que tomar uma atitude. Esse Síndico é um banana!”, gritou Dona Dorina, moradora da cobertura, enquanto improvisava um sistema de mangueiras diretas da sua piscina, para se proteger. Conhecida como uma figura pedante e cheia de doutos saberes resolveu mobilizar a oposição do prédio começando pelo vizinho do andar de baixo, que, a rigor, não sabia por onde começar o trabalho. Oportunista toda, Dona Dorina aproveitou para fazer campanha para derrubar o Administrador dos Interesses do Pindorama e postular o cargo de síndica. A esta altura dos acontecimentos, tudo leva a crer que o tempo se fechou. Perplexidade generalizada. O vizinho de baixo, com um nome meio estrangeiro que a reportagem não teve tempo de registrar, atendeu ao apelo da oportunista e se engajou numa campanha insana e, conforme opinião geral, inoportuna, com adesões de outros vizinhos, a maioria despreparada para enfrentar o incêndio e incapaz de proteger seu próprio patrimônio. Segundo apurado, incompetentes do tipo “maria-vai-c’as-outras”. Instalou-se, desse modo, um clima de politicagem barata e insana lembrando a atual politica exercitada lá no Brasil. Exigiram conversar com o Sindico que, ao fim, conseguiram. Parece que essas reuniões, por grupo de condôminos, não produziram os reais efeitos necessários. Só se falou em dinheiro! Os condôminos projetaram prejuízos ilimitados já que impossibilitados de sair de casa para trabalhar o “bicho vai pegar”. Haja miséria. Em cima de queda, coice.  Repartir a parca poupança do Condomínio - o edifício está precisando de reformas, manutenções de rotinas e melhoramentos - foi a única “solução” proposta. Por conta disto, o Tesoureiro do Condomínio está arrancando o restinho de cabelos que tem e fazendo contas de frente pra trás e de trás pra frente. Somando, multiplicando e, sobretudo, subtraindo. “O dinheiro já é curto e agora estas labaredas”, desabafou se abanando com a última versão do balanço da Casa. E o fogo se alastrando.
Outra coisa apurada pela reportagem é que um Tio rico do capitão, que mora no estrangeiro, e preocupado com a situação, está prometendo dar uma ajuda. E em dólares bem verdinhos.
No meio dessa balbúrdia, infelizmente, já se registra alguns óbitos. “Pessoal de idade e portadores de moléstias respiratórias ou similares, de alguns andares, não estão suportando a fumaceira e já partem para o andar de cima” ouviu-se de alguma varanda.  O andar de cima? Perguntou alguém na mesa de debates. Pergunta idiota, na opinião da Equipe GB.
Bom, como se sabe, com fogo não se brinca. A confusão é grande. O clamor é maior e já tem gente pensando se matar do que ficar engaiolado dentro de casa e morrer queimado. Falta socorro. Falta atitude. Falta ordem! A situação se torna cada vez mais indescritível, face às discordâncias e indecisões administrativas. Ninguém sai para trabalhar e a coisa é do tipo “se sair o fogo queima e se ficar o fogo torra”.
Tentando fechar esta edição, a reportagem do Blog conversou com o encarregado pela Higiene e Saúde do Condomínio que, agora, está conclamando os condôminos na formulação de uma solução consensual, unindo esforços para lutar contra o inimigo que bate às portas do prédio e já invade muitas dependências. “Já tem fogo em todos os andares e se lutarmos juntos, à luz de uma trégua, seremos mais fortes. Política condominial que fica pra depois! Temos tempo para isto, no futuro. Agora é hora de salvarmos nossos condôminos e o nosso patrimônio”. Comenta-se que esta iniciativa, aliás, foi atendendo às súplicas dos condôminos através do Grupo Pindorama de WhatsApp. Esta reportagem volta a qualquer momento para informar dignamente seu público.(Reportagem Blog do GB)     


NOTA: Esta “reportagem” é fruto da imaginação de um cidadão em quarentena no Brasil atacado pela Covid-19. Recomenda-se que qualquer semelhança com fatos e personagens reais é pura coincidência.

Foto colhida no Google Imagens, da série Labaredas.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Vertical ou Horizontal?

Não, o Blog do GB não está em quarentena. Até porque o espaço no qual circula – pelo menos até hoje – este tipo de vírus não consegue penetrar. Há os próprios dele. No futuro, talvez haja um intercambio. Já o Blogueiro, aqui, está em quarentena, sim. E está perplexo, face às próprias raízes profissionais e o cérebro antenado, sem tirar os olhos dos noticiários, críticas, debates políticos, opiniões e estatísticas. Em dez dias de retiro já se fartou de pautas das mais negras às mais otimistas. Difícil, sem dúvidas, para quem não tem pretensões de fazer parte do grupo que tem por obrigação informar just in time. Coisa, aliás, nem sempre aproveitada dados aos desvios de condutas e compromisso profissional desvirtuado que grassa por aí.
Esta talvez seja a terceira ou quarta vez que tento um post. Já fui até cobrado. Há pessoas que me tomam como formador de opinião. Pobre de mim... Fico desafiado e, algumas vezes, esquivado de abordar certos temas. Por quê? Responsabilidade! O tema da Covid-19 é um desses. Não sou médico, não sou gestor de governo e nem administro grupos de empregados. Sou apenas um economista e, por cima, aposentado. Sinto-me às vezes um atrevido. Contudo, modéstia à parte, não me considero burro. Com todo respeito a esses animais.
Pois bem, nesse quadro ando atônito com as discussões sobre vertical e horizontal, curva ascendente ou achatada, pico da curva, números mis. Bilhões, até. A abastança das opiniões são invariavelmente aterradoras e otimistas, ao mesmo tempo. Depende do ou da agente emissor(a) e para quem ele ou ela serve. O mundo inteiro enfrenta, pois, um caos inesperado no qual foi jogado e com evidentes sinais de impotência. Um caos que nivelou, por baixo, sociedades opulentas com e as desfavorecidas. Juntas e misturadas. Os conceitos de riqueza e pobreza se cruzam repentinamente e podem mudar o rumo da humanidade. A produção de bens e serviços exigirá novos métodos e novos meios. As relações humanas, seja qual for a natureza, serão revistas e tomarão tempo para o devido amadurecimento. A generosidade terá que se impor aos novos tempos. Será um duro aprendizado. Um formidável desafio. Quem viver, verá.
E no Brasil, envolto numa dura luta para se recuperar da turbulência politica recente, o quadro de instabilidade se exacerba e, ao invés de uma soma de esforços para enfrentar a avalanche exógena que assalta a Nação, o que se testemunha é uma intensificação da luta pelo poder numa ânsia de mando ilimitada. Infelizmente, o que se observa é um presidente com atitudes espasmódicas e pouco convencionais, mas, eleito democraticamente e preocupado diuturnamente em viver travando batalhas insanas com uma oposição insatisfeita e aética ao extremo, que se aproveita da desgraça social reinante bancando ser salvadora da pátria.
Como se tudo acima fosse uma introdução ao tema titulo do post, o que cabe, então, é perguntar: Vertical ou Horizontal?
Curioso é que já usei estes adjetivos de muitas formas, mas, como agora - quarentena vertical e horizontal - é novidade. A rigor e com as justificativas propostas, a dita horizontal que se fala no momento tem razões concretas. Indubitavelmente! Quando tenho uma gripe, ou qualquer outra virose, abstenho-me de transmitir para o próximo. Recolho-me, simplesmente. Questão de princípios e urbanidade. Mas, se o vírus é maligno e traiçoeiro como este fatídico Covid-19 qualquer inciativa é bem recebida. O objetivo é achatar a curva! Tudo bem. Mas, sinceramente, vi uma quarentena horizontal “meia-boca”. Fiquei em casa observando que não largamos mão de ter nos servindo um porteiro do prédio, o zelador pela limpeza do condomínio, o atendente do supermercado, o frentista do posto de gasolina, o coitado do lixeiro, o atendente e o farmacêutico da drogaria, o policial, o motorista e o cobrador do ônibus, entre outros. Sem falar dos profissionais de saúde: médicos, especialistas em infecções, pessoal de enfermagem, auxiliares gerais entre muitos outros. Ora,  meu Deus, são gente igual a gente e não se esquivam de se aproximar de nós. Somos melhores e privilegiados? É ou não é meia-boca? Ninguém vive sem gente.
Gente apanhando lixo da gente
O vírus está deitando e rolando. É difícil! Lavar as mãos com muito sabão, esfregar o álcool-gel, usar luvas e máscaras, tomar banhos e um sem número de outras providências são necessária, claro, mas vão frear a contaminação? Tenho dúvidas. O mais certo é se preservar por todos os meios recomendados e como estivar ao alcance.
Gente heroica tratando de gente. Com amor e abnegação.
Por fim, quando se fala de quarentena vertical, digo logo que sou favorável. A vida continua. A produção tem que ser retomada. O carrossel da economia tem que voltar a girar. Os cavalinhos estão esperando para voltar a galopar. Resguardemos, claro, nossos entes queridos e frágeis de saúde em casa e os mais resistentes voltem urgente ao trabalho. Do contrário, o prejuízo será catastrófico. Veja as diversas opiniões sobre isto. Produzir é a condição básica da vida. VAMOS PRODUZIR. E urgente. Fazer ao contrário será muito mais dramático: mais fome, mais desemprego, assaltos e saques contínuos e mais mortes que os acometidos pelo vírus. Acho que nem preciso tomar espaço/tempo para explicar o óbvio. E tem mais, não precisa ser economista. O barraqueiro da esquina pode lhe explicar direitinho.  

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens

          

quarta-feira, 18 de março de 2020

Pânico Global

O que se vive hoje no meio do mundo, com a Covid-19, está mais para um filme de ficção cientifica do que para realidade. Aliás, existem filmes de Hollywood (americanos adoram fazer dessas gracinhas) nos quais a destruição da espécie humana serve de enredo escabroso. Campeões de bilheteria! Mas, agora é pura realidade.
É verdade que o mundo já passou por provações semelhantes no passado. A Peste Negra e a Gripe Espanhola são exemplos lembrados sempre. Dizimou milhares de milhares de humanos. Houve outras mais recentes, da mesma família da Corona, sem as consequências alarmantes ou repercussão da atual.
O atual desafio da humanidade se reveste de características das mais contundentes e resulta num pânico global. O mundo parou e não se fala e outra coisa. Estamos, certamente, no limiar de novas formas de vida e disso ninguém duvida. Este terror que se alastra pelos cinco continentes serve como um “freio de arrumação” nas diferentes sociedades, que terão de estabelecer novos costumes e novos modus vivendi para seguir adiante e organizando o mundo do futuro. Ao que tudo leva a crer é que a coisa pode passar lentamente, após deixar um rastro de destruição e luto. Doloroso é que, visivelmente, os humanos ainda não estão preparados pra prova tão pesada.

Geografia do Pânico
Um dos aspectos mais curiosos da situação de agora é o fato de que, graças à moderna tecnologia, a comunicação do mundo atual é rápida e eficiente, embora que atuando como uma “faca de dois gumes” cortando de modo indistinto pelos lados positivo e negativo. Indiscutivelmente a informação precisa e a tempo é fundamental para que a população se mantenha atualizada e apta a adotar providências corretas. Soa até como uma benção. Mobilizar para o bem é sempre bem-vinda. Contudo, há os que se mantêm de plantão deletério para disseminar noticias falsas, as famosas e frequentes Fakes News, que em nada ajudam e, ao contrário, exacerbam o pânico e deteriora o tecido social já tão gravemente esgarçado. Este é o caso do nosso Brasil. É estarrecedora a produção de alarmes falsos e inquietantes. A sociedade se torna indefesa diante do turbilhão de mensagens que entra sem trégua pela TV, rádio, e-mails e, sobretudo, pelo celular e aparatos similares. Pelo celular chega a ser um desespero. Entre essas mensagens se destacam as diversas teses que buscam explicar a origem o vírus: arma biológica, golpe chinês para dominar a economia mundial, infiltração nociva dos norte-americanos nos regimentos do exército chinês e outras mais surpreendentes. O fato é que o mundo parou diante desse quadro dantesco de Pandemia. Para os crentes esta é também uma lição severa de Deus para que os humanos se mostrem mais humanos e mais generosos com o ambiente por Ele criado. Baseado nesta última tese, uma coisa é certa: contidos nas fronteiras fechadas, em sofrimento pessoal, reclusão, quarentena ou o que ocorra ser qualificado o tal “freio de arrumação” acima referido leva a que a humanidade repense no seu comportamento. Há seguramente muitas correções de rotas a serem feitas. Quem viver verá.
Aqui no Brasil, onde o vírus se espalha, a situação é preocupantes ao extremo dadas as condições de risco da grande massa populacional que, apenas, sobrevive sem instrução educacional devida e habitando ambientes desestruturados – sem água, sem saneamento básico, muitos sem energia elétrica – além de padecer sem atenção de saúde adequada. Sem nada, afinal! Mitigar esse quadro deteriorado, que seria providencial ficará ainda mais difícil num momento de crise como o atual.
Mais do que isto há, por cima de tudo, uma luta insana dos poderes da República que não cessam de medir forças e primam pela desorganização da estrutura institucional. Pobre Brasil ter que viver em constante pânico.
Só Deus pode nos salvar. Nessas horas é fundamental ter fé e esperança.

 NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens.           

quarta-feira, 11 de março de 2020

Fama Maldita

O mundo desabando com a epidemia do Coronavírus, os árabes se “engalfiando” com os russos, barril de petróleo em baixa, mercados de ações afundando ao redor do planeta e os brasileiros firmes e fortes gerando piadas de mau gosto para divertir multidões aqui e alhures. Um exemplo de uma “brasileirada” sem explicação lógica, até agora, é a trapalhada que vem sendo protagonizada pelo ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, no Paraguai. Além de insólita o cara deu mais uma infeliz contribuição para consolidar a má fama internacional do brasileiro. Resulta que terminou dividindo manchetes mundiais com a Covid-19. Uma pergunta que não cala e que ronda a cabeça de qualquer cidadão de bom senso: como um sujeito – estrela mundial do futebol e melhor jogador do mundo por duas vezes  – sobejamente conhecido como um craque brasileiro resolve desembarcar em Assunção com um passaporte paraguaio adulterado e ter o desplante de tentar entrar no país gozando dos privilégios de cidadão naturalizado? Tenha paciência! É subestimar a inteligência de qualquer um. Burrice combinada com ousadia. Fica subentendido que algo muito duvidoso deve estar por trás desse infeliz comportamento e as autoridades paraguaias não vão deixar passar em branco. Bom lembrar que os paraguaios alimentam uma rixa histórica com os brasileiros desde a Guerra do Paraguai (1864-70), da qual saíram derrotados. Ainda hoje nossos vizinhos envidam esforços para demonstrar seriedade e rigidez nas coisas relativas ao Brasil. Creio que o nosso craque dos gramados abusou e está passando por amargos momentos numa prisão de segurança máxima guarani. Sem dúvidas, um triste fim para uma brilhante carreira profissional. Bem, indiscutivelmente, a verdade vai aparecer logo mais. Tem que haver uma explicação mais verosímil.

Cobrindo as algemas e sendo levado para a prisão. Vergonha.
Mas, retomando o mote-titulo deste post, Maldita Fama, ocorre-me lembrar de episódios que vivenciei em algumas oportunidades, algumas bem recentes, pela simples condição de ser cidadão brasileiro. Há poucos anos, na Cidade do Panamá, um motorista de taxi quando descobriu minha nacionalidade foi logo perguntando se eu era da Odebrecht. Curioso, perguntei o motivo da pergunta. Como resposta ouvi um relato inicialmente ameno e seguido de um debulhar de acusações rígidas sobre o comportamento da Empresa brasileira e, sobretudo, dos seus representantes naquele país. Lamentando a fama, fiquei constrangido ao fim da viagem.
Pior, contudo, foi o episódio numa corrida de taxi em Nova York. Essa foi danada. Acompanhado da minha família (esposa, filhos e nora) ao sermos identificados como brasileiros o taxi driver, sem qualquer cerimônia, explodiu numa incrível manifestação de desprezo ao Brasil e aos brasileiros. Anarquizou com nosso país, com o governo - estávamos em pleno auge das trapalhadas do governo Dilma - e não poupou-nos de ácidas criticas. Constrangimento geral entre nós passageiros. O cara se dizia investidor de um Fundo de Pensão norte-americano que comprou milhões de ações da Petrobrás, em franca desvalorização naquela ocasião. Para ele, finalmente, todo brasileiro era ladrão! Foi um vexame. Tive ímpeto de mandar parar e cair fora do veículo, mas, atendi aos apelos da minha esposa e segui viagem. Calaaaado! Paguei a corrida e sai transtornado, carregando a pecha de brasileiro ladrão. Uma infelicidade para quem prima pela honestidade.
Tive outra! Quatro anos passados, também com um taxista, em Santiago do Chile. Quando o motorista notou que éramos brasileiros, por trás de um sorriso gaiato, virou-se pra mim e disse: desculpe, mas por segurança, vou tirar meu apurado daqui e guardar escondido deste outro lado. O tal apurado, dobradinho, repousava às minhas vistas no console do veículo, entre ele e eu que me aboletava no banco do carona. Fiquei surpreso. O sujeito foi objetivo e parecia querer falar brincando. Porém, no fundo ele se referiu ao que denomino de fama maldita dos brasileiros. E olhe lá, o chileno não é nenhum exemplo de pura honestidade. Inclusive, já fui roubado agressivamente, no centro de Santiago. Um ladrão arrancou-me um cordão de ouro do pescoço e fugiu na multidão.
Ah! Já passei por poucas e boas. Desconfio que vamos esperar muito para deletar essa Fama Maldita.
E, para terminar, cartão vermelho para o Ronaldinho!              

NOTA: Foto obtida no Google Imagens.   

sexta-feira, 6 de março de 2020

Mundo Revirado

Está mesmo difícil conviver com tantos tremores políticos emitidos pelo Planalto Central. Dantes comparei com um trem fantasma e, agora, vejo que está bem próximo a um circo de cavalinhos. Só se fala na bananada da quarta feira e do pum de talco de um palhaço. Tenha dó. Precisamos urgente de equilíbrios republicanos. A guerrinha entre os três poderes se reveste de contornos inexplicáveis. Logo mais não se sabe quem governa ou é governado. Pobre Brasil que não consegue acertar seus ponteiros para viver na ordem e no progresso.
Curioso é que há muitos que consideram essas controvérsias diárias como sendo o caminho adequado para o sucesso da democracia e do crescimento socioeconômico. Muito estranho. Tenho dúvidas. Muitas.
A disputa recente para dividir o orçamento da União foi algo inteiramente dispensável. Uma boa engenharia política teria evitado esse vexame que, além de fragilizar os poderes, mostrou a situação deplorável que vivemos à mercê, inclusive, de espasmos de políticos despreparados para representar uma sociedade em flagrante depressão. Falta interlocução! A incontinência verbal está esgarçando o já frágil tecido politico da Nação.  Qual o empresário que vai confiar em colocar seu capital num “circo” cuja lona deixa vazar sol e tempestades? Sem investimentos privados a economia vai patinar continuadamente. E os investimentos governamentais que ajudariam, pouco aparecem.

Panorama dos bate-bocas
Veja só o resultado do PIB de 2019. Foi um fiasco. Decepcionou a tantos que esperavam a reação positiva do crescimento econômico. Somente 1,1 e pronto. Não adianta tergiversar com explicações mirabolantes para esses números.  Foi pífio e estamos encerrados.
Fora essa parafernália doméstica ainda há de se lidar com o exocet chinês do Coronavírus. Era só o que faltava para baldear de vez o quadro tão tumultuado de Pindorama. Saído de uma verdadeira Caixa de Pandora esse exocet vem causando um estrago sem tamanho, aqui e no resto do mundo. Bolsas, câmbios e produção estão em completo rebuliço sem perspectivas de alivio.
E o povo? Bom, este que se salve como puder. É desespero sem fim. Basta prestar atenção às noticias alarmantes sobre as populações das baixadas Fluminense e Santista que se encontram, há dias, mergulhadas nas águas das enchentes resultantes dos temporais de verão ocorridos no Sudeste. É doloroso ver – pela TV e a bordo do meu sofá confortável – uma moradora daquela região afirmar que perdeu tudo e só vai procurar adquirir o mínimo necessário para sobreviver e certa de que no próximo verão perderá tudo, outra vez. Segundo ela, o Governo não está nem aí. Pior, que um deles ainda colocou a culpa nos pobres coitados atingido pelo desastre. “Por que morar nessas áreas de risco?” Verdadeiro escárnio e indemissível para quem assumiu o compromisso de administrar e proteger os eleitores. Ou seja, seus patrões! Que loucura.      
Quando eu era criança vi, muitas vezes, meu finado pai dizer que este país nunca teria jeito. Mas, num rasgo de esperança, meu velho se virava e dizia: quem sabe lá pelo ano 2000 as coisas tomem rumo certo. Coitado. Já estamos em 2020. E nada! Aliás, nem aqui, nem lá fora.
Êita, mundinho revirado! Será que será sempre assim?   
 
NOTA: Foto obtida no Google Imagens

 

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...