Como se não
bastasse toda essa parafernália político-econômica brasileira eis que somos
surpreendidos com catástrofes nos âmbitos domésticos e externos. Não tem sido
tranquilo acompanhar o noticiário dos meios de comunicação. E, se o meio for a
TV a sensação é mais cruel, pelas imagens reproduzidas, que só transmite
insegurança e medo. Muito medo.
É sabido que
acidentes acontecem. Mas muitos podem ser evitados, quando não existem a ganância
e irresponsabilidade dos gestores privados e públicos. É o caso dessa tragédia de
Mariana, em Minas Gerais. Ninguém de são juízo e responsável admite que essa Samarco
(braço da megaempresa Vale do Rio Doce) não tivesse condições técnicas de prevê
um desastre de tal monta. Com receitas astronômicas, tinha que ter equipes
competentes e vigilantes. Para isso é que existem engenheiros especialistas em
monitoramento desse tipo de barragens de rejeitos minerais e, inclusive, de profissionais
experientes em SMS – Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Embora pouco valorizados
estes últimos com competência e determinação podem evitar tamanha
irresponsabilidade. É inadmissível que essa Samarco tenha deixado passar de
investir nessas importantes frentes.
Bento
Rodrigues, um pequeno distrito do Município de Mariana, foi riscada do mapa. Acabou-se,
simplesmente. Com ele desaparece uma pagina da historia de Minas Gerais e do
Brasil, afinal um lugar com 317 anos de existência, estava sobre a rota da
Estrada Real, do século XVII. Igrejas e monumentos seculares de importância
cultural sumiram na avalanche de lama que desceu após os rompimentos dos reservatórios
de Fundão e Santarém. O mais grave, contudo, foram as perdas humanas. Dá
revolta saber que os 600 habitantes do vilarejo mineiro tiveram familiares
arrastados e tragicamente mortos, além de perdas totais dos seus bens materiais.
Casas, veículos, móveis e preciosos registros das respectivas histórias
familiares estão hoje misturados ao mar de lama que matou o mais importante rio
da região, o rio Doce, que desce até o estado do Espírito Santo devastando e
acabando com a vida de imensa região, importantes cidades, antes em pleno
apogeu econômico. Como recomeçar a vida que, afinal de contas, continua? Ninguém,
a distancia ou próximo, pode fazer ideia exata do que passa pela cabeça de cada
vitima. A (ir)responsável pela devastação – considerada como uma das mais graves
no mundo – promete ressarcir os prejudicados e
recuperar o meio ambiente. Foi condenada por aportar uma merreca de R$
1,0 Bilhão, como se isto fosse suficiente para devolver vida digna aos sobreviventes
e ao meio ambiente. Pra onde vamos? Que país é este?
A mesma
questão pode ser colocada no âmbito internacional. Pra onde ruma nosso mundo?
Enquanto um
pedaço do Brasil vem sendo devastado, estamos assistindo com perplexidade os
últimos atentados terroristas na África e em Paris que expõem de modo cruel uma
civilização deteriorada, tal qual um tecido esgarçado e prestes a se romper.
Não faz muito tempo que, noutro post, considerei que a Europa está pagando um
preço muito alto por todas as explorações e atrocidades que cometeram no
passado. Como colonizadores exploraram, até não mais poder, e esqueceram-se de
construir sociedades dignas e bem estruturadas, nas antigas colônias. Sem respeitar
os valores culturais, incluindo os religiosos, e, ao contrario disso, tentando destruí-los,
terminaram fomentando a formação de um mundo de ódio e vingança que agora se
manifesta de modo surpreendente e assustador. A paz tão desejada entre as
nações virou uma utopia.
Os
acontecimentos de Paris, na Sexta Feira 13, de novembro passado, repercute até
agora e dificilmente será esquecido, tal como sendo um ataque de guerra. Os
franceses estão sobressaltados e o mundo perde a confiança. Depois disso, quem
diria que um hotel no pouco conhecido Mali, um pequeno país perdido no meio do
continente africano seria alvo de outro atentado?
Infelizmente,
o ir e vir, do mundo moderno, deixa de ser um ato corriqueiro e tornam os
viajantes e turistas comuns reféns de uma horda de fanáticos sanguinários e sem
noção de humanismo.
Triste mundo
que construímos para nossos descendentes. Para onde vamos, afinal?
NOTA: Este post dispensa fotos ilustrativas. As veiculadas pela mídia já são suficientes.