Pensando bem, há
uma grande diferença entre realizar um Campeonato Mundial de Futebol, com os
atuais moldes que a FIFA exige, num país desenvolvido do que num outro em
desenvolvimento. Mesmo sendo um dos BRICS (Grupo dos emergentes: Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul) como no caso da última edição e nessa que
está prestes a acontecer, aqui no Brasil.
Num país desenvolvido existe toda uma estrutura socioeconômica amadurecida, consolidada e funcionando a contento da população local. O evento se reveste sempre de muita ordem, não exige superinvestimentos e termina ocorrendo de modo tranquilo. Não há chances de corrupção, porque está tudo pronto. Já nos países subdesenvolvidos, ou em desenvolvimento, a coisa se complica. O que vem ocorrendo no Brasil atualmente, de algum modo, ocorreu na África do Sul, também. Lembro-me de haver visto, à época, pela TV, noticias sobre obras inacabadas a poucos dias do certame, os protestos dos trabalhadores nas construções de estádios, com greves inclusive, e uma série de lamentações dos sul-africanos pobres pelo tratamento que recebiam na preparação dos entornos das cidades sedes do Mundial de 2010.
Como já afirmei aqui no Blog, não sou contra a Copa no Brasil. Sobretudo, agora, sabendo que bem ou mal ela vai acontecer nesses próximos dias. Contudo, não sou nenhum alienado, nem me faço de cego ao perceber que há muita gente sofrendo graves consequências pela realização no Brasil.
Esta semana, conversando com um jovem que me presta serviços de manutenção na área de informática, inteirei-me de situações dolorosas de pessoas que vivem nos arredores da Cidade da Copa, aqui em Pernambuco. “E então Cristiano, está animado para a Copa?” Perguntei. Ele mora bem próximo da Arena Pernambuco. “Que nada Doutor...” E completou: “eu gosto é muito de futebol e fiquei só na vontade de assistir algum dos jogos. Mas essa Copa é somente para os ricos. Ninguém pode comprar esses ingressos. Oxi... Além disso, por onde eu moro o povo tá na maior tristeza. Já teve até gente que morreu!”
Eu já havia ouvido falar sobre as desapropriações que foram feitas na região da tal Cidade da Copa, em Pernambuco, quando a secretária, atendente da minha esposa, no Consultório Médico, sofreu amargamente quando recebeu ordem de despejo e uma indenização irrisória pela casa que tinha, nos arredores da Arena. A casa foi demolida, dando lugar a uma avenida/rodovia de acesso ao estádio. A moça ficou sem condições de arranjar nova moradia semelhante a que tinha e hoje vive numa casa com construção inacabada. Cerca de 400 famílias foram desalojadas. De nada serviram os protestos e clamores. (Vide foto)
No meio da conversa Cristiano me perguntou se eu não havia assistido ao Programa Profissão Repórter da Rede Globo de TV, do dia 20.05.2014. Diante da minha negativa, abriu o site no Youtube e me fez assistir. De fato, é doloroso ver aquelas cenas de revolta e penúria do povo da cidade de Camaragibe. Além de residências, muitos perderam seus pontos comerciais e de trabalho. Ruas inteiras de comércio desapareceram de um dia para outro. Todos foram parar na famosa “Rua da Amargura”. Idosos que lutaram no passado por um pedaço de terra, para erguer uma moradia e lá viver o resto da vida, viram-se de repente sem casa e sem ter pra onde ir, dadas as indenizações aviltadas. Resultado: a morte por desgosto e desespero. Vide o referido programa clicando em: http://www.youtube.com/watch?v=doizwPLPHKY .
O país inteiro vibrou, em 2007, com a possibilidade de realizar um Campeonato Mundial de Futebol, dentro de casa. Mas, a grande maioria da população não tinha noção de que, o que se imaginava, era pura quimera. Verdadeira ironia para a Nação que calça chuteiras o ano inteiro. Hoje, quando tudo caminha para a concretização, paira sobre o povo brasileiro uma nuvem de incerteza e frustração por não poder participar da festa da forma idealizada sete anos passados e diante da possibilidade de assistir, sim, uma onda de protestos. Milhares de Cristiano’s – jovens e velhos – não param de lamentar e maldizer a iniciativa. “Preferia que a Copa fosse noutro país. Assistia pela televisão e corria para o abraço.” Disse meu assistente técnico. Tive dó do rapaz.
Resultado é que me encontro dividido: quero ver a Copa acontecer, desejando paz e muita ordem no país e o Brasil Hexacampeão. Mas, me solidarizo com as vitimas da insanidade governamental que não soube administrar com justeza a preparação do ambiente. E veja que este é um Governo Popular. Não fosse popular talvez a coisa não ocorresse do modo que vem ocorrendo. Mesmo porque os "defensores do povo" e "salvadores da Pátria", na oposição, não permitiriam. Vá entender. Triste legado vai deixar esta Copa para boa parcela de brasileiros.
Mas, vamos em frente! O Brasil vai sobreviver porque este é um país forte, rico de esperanças e tem seu povo varonil.
NOTA: Foto obtida no Google Imagens.
Num país desenvolvido existe toda uma estrutura socioeconômica amadurecida, consolidada e funcionando a contento da população local. O evento se reveste sempre de muita ordem, não exige superinvestimentos e termina ocorrendo de modo tranquilo. Não há chances de corrupção, porque está tudo pronto. Já nos países subdesenvolvidos, ou em desenvolvimento, a coisa se complica. O que vem ocorrendo no Brasil atualmente, de algum modo, ocorreu na África do Sul, também. Lembro-me de haver visto, à época, pela TV, noticias sobre obras inacabadas a poucos dias do certame, os protestos dos trabalhadores nas construções de estádios, com greves inclusive, e uma série de lamentações dos sul-africanos pobres pelo tratamento que recebiam na preparação dos entornos das cidades sedes do Mundial de 2010.
Como já afirmei aqui no Blog, não sou contra a Copa no Brasil. Sobretudo, agora, sabendo que bem ou mal ela vai acontecer nesses próximos dias. Contudo, não sou nenhum alienado, nem me faço de cego ao perceber que há muita gente sofrendo graves consequências pela realização no Brasil.
Esta semana, conversando com um jovem que me presta serviços de manutenção na área de informática, inteirei-me de situações dolorosas de pessoas que vivem nos arredores da Cidade da Copa, aqui em Pernambuco. “E então Cristiano, está animado para a Copa?” Perguntei. Ele mora bem próximo da Arena Pernambuco. “Que nada Doutor...” E completou: “eu gosto é muito de futebol e fiquei só na vontade de assistir algum dos jogos. Mas essa Copa é somente para os ricos. Ninguém pode comprar esses ingressos. Oxi... Além disso, por onde eu moro o povo tá na maior tristeza. Já teve até gente que morreu!”
Eu já havia ouvido falar sobre as desapropriações que foram feitas na região da tal Cidade da Copa, em Pernambuco, quando a secretária, atendente da minha esposa, no Consultório Médico, sofreu amargamente quando recebeu ordem de despejo e uma indenização irrisória pela casa que tinha, nos arredores da Arena. A casa foi demolida, dando lugar a uma avenida/rodovia de acesso ao estádio. A moça ficou sem condições de arranjar nova moradia semelhante a que tinha e hoje vive numa casa com construção inacabada. Cerca de 400 famílias foram desalojadas. De nada serviram os protestos e clamores. (Vide foto)
No meio da conversa Cristiano me perguntou se eu não havia assistido ao Programa Profissão Repórter da Rede Globo de TV, do dia 20.05.2014. Diante da minha negativa, abriu o site no Youtube e me fez assistir. De fato, é doloroso ver aquelas cenas de revolta e penúria do povo da cidade de Camaragibe. Além de residências, muitos perderam seus pontos comerciais e de trabalho. Ruas inteiras de comércio desapareceram de um dia para outro. Todos foram parar na famosa “Rua da Amargura”. Idosos que lutaram no passado por um pedaço de terra, para erguer uma moradia e lá viver o resto da vida, viram-se de repente sem casa e sem ter pra onde ir, dadas as indenizações aviltadas. Resultado: a morte por desgosto e desespero. Vide o referido programa clicando em: http://www.youtube.com/watch?v=doizwPLPHKY .
O país inteiro vibrou, em 2007, com a possibilidade de realizar um Campeonato Mundial de Futebol, dentro de casa. Mas, a grande maioria da população não tinha noção de que, o que se imaginava, era pura quimera. Verdadeira ironia para a Nação que calça chuteiras o ano inteiro. Hoje, quando tudo caminha para a concretização, paira sobre o povo brasileiro uma nuvem de incerteza e frustração por não poder participar da festa da forma idealizada sete anos passados e diante da possibilidade de assistir, sim, uma onda de protestos. Milhares de Cristiano’s – jovens e velhos – não param de lamentar e maldizer a iniciativa. “Preferia que a Copa fosse noutro país. Assistia pela televisão e corria para o abraço.” Disse meu assistente técnico. Tive dó do rapaz.
Resultado é que me encontro dividido: quero ver a Copa acontecer, desejando paz e muita ordem no país e o Brasil Hexacampeão. Mas, me solidarizo com as vitimas da insanidade governamental que não soube administrar com justeza a preparação do ambiente. E veja que este é um Governo Popular. Não fosse popular talvez a coisa não ocorresse do modo que vem ocorrendo. Mesmo porque os "defensores do povo" e "salvadores da Pátria", na oposição, não permitiriam. Vá entender. Triste legado vai deixar esta Copa para boa parcela de brasileiros.
Mas, vamos em frente! O Brasil vai sobreviver porque este é um país forte, rico de esperanças e tem seu povo varonil.
NOTA: Foto obtida no Google Imagens.