sábado, 25 de setembro de 2021

E o novo normal?

Há dezoito meses, quando a pandemia da Covid-19 tomou conta do mundo e a mídia se encarregou de espalhar o medo e um “fim-de-mundo” assustador, o que se viu foi a instalação de um modo de vida nunca antes vivenciado. Trancamo-nos em casa, seguimos todos os conselhos das autoridades de saúde do planeta e, neste ambiente, todo mundo pôs-se a discutir o futuro. O termo mais comum foi resumido no que se passou a chamar de “novo normal”. Para os crentes, aquilo tudo era um sinal de Deus para que a humanidade revisse seus comportamentos pouco recomendáveis e que a vida teria que ser redesenhada com mais temor às coisas divinas. Já para cientistas, o planeta estava cobrando moderação no tratamento e generosidade com a natureza. Ao mesmo tempo, os dedicados às ciências sociais, incluindo historiadores, o mundo havia chegado ao limite das disparidades socioeconômicas que revelavam de modo severo as grandes diferenças entre povos, culturas e nações. Grandes países, como China, Brasil e Estados Unidos – onde a pandemia castigou de modo expressivo – tiveram tudo isso muito visível e, por vezes, estarrecedor. Ocorre que o imaginário (inteligência?) humano é sempre fértil e capaz de desenhar projetos dos mais simples aos mais absurdos. Dessas incontáveis elucubrações, surgiram ideais das mais diversas. Ouvi de muita gente coisas do tipo: “nunca mais vamos viver em grandes agrupamentos”, “shows e jogos em estádios vão se acabar”, “nem em família vamos poder confraternizar como antes”, “esse vírus nunca mais vai desaparecer”, “viajar e se expor às culturas estrangeiras será coisa do passado”, “vamos ter que usar máscara o resto da vida!” e por aí foram surgindo muitas outras opiniões.
A verdade que se esboça, contudo, é que o tal do novo normal já começa a dar sinais de que a humanidade ou, pelo menos, as sociedades mais destacadas já começam a recuperar os seus hábitos de vida, embora que adotando os cuidados ainda necessários porque a pandemia ainda não passou. As vacinas contra a Covid vêm dando respostas positivas e a esperança de tempos tranquilos se mostra, cada vez mais, provável. Sendo assim, viva a Inteligência humana e o progresso da Ciência. Mas, cabe uma observação e, suponho, que indiscutível: a Pandemia deu chances a que a modernidade digital – que já vinha se instalando aos poucos – acelerasse sua presença no mundo social, politico e dos negócios, provocando uma revolução nas relações humanas não imaginadas, antes de 2020. Por conta disso, sou daqueles que consideram que o século 21 começou agora. É impressionante como, nesses dezoito meses passados, soluções fantásticas foram descobertas na onda ilimitada do ciberespaço. Home-Office, comércio on-line, comemorações das mais diversas pelas populares redes sociais, surgimento de especialistas em realizar negócios na rede digital (digital-influenciador), EAD (Ensino à Distancia), shows ao vivo pelas redes, congressos e seminários, reuniões de cúpulas governamentais e, enfim, uma enormidade de outras soluções que somente a Internet é capaz de proporcionar. São soluções que podem parecer provisórias, até porque a forma presencial não cairá de uso tão cedo, mas as novas descobertas serão usadas por muitos. Acredito que o mundo viverá um modo hibrido de comunicação social por muito tempo. Na esteira dessas descobertas muitas outras coisas desenharam ou consolidaram um novo normal de vida. Refiro-me às possibilidades que se abriram a pessoas que resolveram adotar, em definitivo, soluções como as acima enumeradas e procuraram viver afastadas dos grandes e conturbados centros urbanos, megalópoles sobretudo, inseguros, poluídos e de trânsitos trepidantes. Seria isso tudo um novo normal?
Cabe registrar, para terminar este post, que o combate à Pandemia está sendo incapaz de, simultaneamente, reduzir as disparidades socioeconômicas do planeta. Trata-se de um longo processo a ser perpetrado. Ainda será um grande desafio pela frente e, o pior, motivo gerador de novas pandemias, tão graves e tão indesejadas para a humanidade. Lembrando os conselhos de Yuval Noah Harari, vamos ter que praticar uma politica intensa de solidariedade mundial para que as futuras gerações estejam livres dessas duras calamidades. NOTA: As fotos ilustrativas foram colhidas no Google Imagens.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Recristianização

Sou uma pessoa que não pode se queixar da vida quanto ao aspecto de viajar, conhecer o mundo e se expor à culturas diferentes, inclusive algumas exóticas. Tive oportunidades de rodar o mundo e já “bati ponto” nos cinco grandes continentes. Tanto por motivos de interesses pessoais, quanto por razões profissionais. Vi gente de gostos e modos de vida estranhos, nada comparáveis aos nossos ocidentais. Vi gente que come coisas repugnantes vestem-se a uma moda inadequada ao tempo e ao próprio clima, cultuam seres inacreditáveis e rendem louvores a divindades bem distintas das nossas, apesar de que, concluo ser o Deus de cada um o mesmo e único tido como o Ser Supremo e criador dos céus e terras. Jesus Cristo, Buda, Krishna, Maomé e Abraão são, provavelmente, os messias (ungidos de Deus) mais populares ao redor do planeta. Todos passaram com mensagens, dogmas e princípios baseados num mesmo Deus. Devido à colonização cristã, que nos tocou receber, incorremos sempre no equivoco de que somos os certos e que Cristo, nosso Messias, deve ser tido como o único. E ai vale mais o dogma (indiscutível) da Santíssima Trindade. Não é assim que pensam muitos outros milhões de humanos. O importante considerar, finalemente, é que ter uma crença, seguir uma religião e acreditar num ser supremo faz parte e determina características culturais especiais num povo. Vi coisas bem diferentes na África e na Ásia, continentes nos quais as diversidades culturais resultam numa miscelânea de hábitos, cores, crenças e atitudes. Não posso esquecer jamais, quando, de visita ao Japão, observei pessoas venerando as mais diversas coisas que, para minha cabeça, não fazia o menor sentido espiritual. De onde vinha o referencial religioso daquela gente? Falo, neste exemplo especifico, dos seguidores da religião Xintoista. Trata-se de uma crença, que surgiu naquele país, formada por uma série de lendas e mitos que se referem à origem do mundo. É uma religião baseada no respeito e culto da natureza. É uma crença panteísta, o que quer dizer que Deus se encontra em todo e qualquer elemento sobre a face da Terra. Dessa forma vi pessoas adorando uma árvore, uma pedra, um animal, uma fonte de água entre muitas outras coisas. Vamos e venhamos, para mim católico de raiz, tinha que achar se tratar de uma coisa rara. Além disso, e ao mesmo tempo, os mesmos xintoístas rendiam glorias ao Buda. Vi budas por todo lado. Bom, se eu for falar de outros cultos que vi mundo afora, termino fugindo do tema pautado para hoje. Explico: vi com certo júbilo uma noticia que se espalhou, pelo mundo ocidental, dando contas de que na Hungria as escolas primárias passam por um processo de “recristianização”. Por iniciativa do governo daquele país escolas públicas, com aquiescência da população, foram entregues a ordens religiosas que, com cuidados devidos e estratégias bem discutidas, tratam de dosar os princípios cristãos na grade curricular formal. Vide foto a seguir de crianças sendo educadas e resgatando os principios morais e religiosos cristãos. Causou muita estranheza para muitos quando o ano escolar foi aberto num templo cristão restaurado. Por feliz coincidência, o Papa Francisco, na sua primeira viagem após cirurgia, em julho passado, esteve em Budapest e celebrou para milhões de fiéis. Dali ele se dirigiu à Eslováquia. É o que vem sendo denominado e recristianização, particularmente o catolicismo, numa banda de mundo, onde o regime socialista soviético “imperou” entre 1922 e 1991, no leste europeu. A Hungria e a Eslováquia estiveram sob esse fracassado jugo.
A propósito dessa alvissareira noticia e recordando uma viagem que fiz, em 2010, à República Checa, ex-integrante daquela infeliz União, notei na bela aprazível cidade de Praga, inúmeros edificios com traços arquitetônicos, nitidamente, de caráteres religiosos e, naquela ocasião, servindo de hotéis, hospedaria, teatros, museus, escolas públicas, entre outras finalidades. Eram antigas igrejas, mosteiros, catedrais, e similares que haviam sido fechados pelos soviéticos, época em que falar em Deus e Cristo era coisa proibida pelo Estado. Pouca coisa resistiu ao que era determinado e lá se mantinha com essas desviadas funções. Por sorte cheguei a visitar a Basílica do Menino Jesus de Praga, uma das poucas abertas. A foto a seguir é do antigo Mosteiro e Catedral de São Vito, em Praga.
Já nossa guia em Praga, uma jovem checa de seus vinte anos, falando português com sotaque lusitano, me explicava com tranquilidade e segurança, que não acreditava em Deus, que Cristo foi uma invenção da nobreza antiga e que os papas eram pessoas comuns interessados em "acumular grana" que podiam tirar dos ricos e que tudo não passava de politica e sede de poder. Surpreso com tudo aquilo e entendo que a doce mocinha era o fruto de um regime de punhos de aço e, indiscutivelmente, ignóbil, nem dei continuidade ao papo e tratei de indagar sobre a História e as atrações turísticas da cidade. Comentando sobre essa experiência com uma amiga panamenha que estudou na França, na década de 70, e esteve na Rússia contou-me que foi a uma discoteca em Moscou que funcionava numa antiga e secular igreja católica. Não preciso dizer mais nada. Desejo que essa “recristianização” do leste europeu progrida e que tenhamos um mundo mais espiritualizado, mais culto e humano. Deus existe. Cristo reina. NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Sombrero Mexicano

Esta foi a terceira versão que tentei redigir meu post semanal. Foi um processo dificil, embora a riqueza de pautas. Quando conseguia engatar uma marcha acelerada era obrigado a parar e recorrer a uma à ré, para reanalisar o ambiente. Comparo esta semana politica a uma das minhas antigas idas ao parque de diversões e ficar perplexo diante dos equipamentos diversionais disponíveis: trem fantasma, roda gigante, carrossel de cavalinhos, autopista... Nessa minha elucubração imaginei ver-me naquele carrossel chamado (pelo menos por aqui) de Sombrero Mexicano. Aquele que gira ultrarrápido levando o passageiro, dependurado numa cadeirinha, a girar sem chance de focar num ou noutro objeto parado ao redor. Vide foto a seguir. Ocasiões que enxergava alguma coisa e, de repente, outra contrária e inesperada. Resumindo: o Brasil está semelhante a um Sombrero Mexicano. Apesar de uma navegação imaginária, sinto tonturas até agora. Tive náuseas, entrei em estresse, sofri junto com metade da Nação devido ao clima de expectativa, inseguraça, tensão coletiva. Nesse clima, recordo que em 2018, decidi votar pela recuperação da Nação amada e exausta devido às administrações que a vilipendiaram por longo tempo. Não foi uma escolha fácil. Concluida as apurações percebi, sem muito esforço e de pronto, haver saído das urnas um resultado que produziu uma Nação dividida. Até aí, nada estranho em se tratando de uma democracia viva e pulsante.Confesso que bateu-me algumas duvidas e tratei desse tema aqui no Blog, em 28/10/18 Vide: http://gbrazileiro.blogspot.com/2018/10/e-agora-capitao.html
Extravagante, contudo, é que, com o passar do tempo, o que se observa é a exacerbação de correntes antagônicas que, indiscutivelmente, não se revelam preparadas para viver num regime democrático. Todo mundo se acha no direito de mandar. A bordo do Sombrero Mexicano, quando é possível, só enxergo rompantes de aspirantes a ditadores, postados em cada banda (poderes?) da sociedade, em detrimento da real Nação castigada pelo abandono, pobreza crescente, pandemia, inflação e economia cambaleante. Muitos falam, poucos se entendem e multidões sobram às franjas da sociedade. Finalizando, arrisco uma pergunta: até quando o direito de governar será desrespeitado mediante o resultado final das urnas? Quando eleito, pelo voto popular, o cidadão – bom ou ruim – passa a ser o Presidente de todos. E esses todos devem respeitar e pugnar para contribuir respeitosamente pelo bem geral. Se a conclusão for a de se tratar de um inepto no poder executivo que o tirem da cadeira presidencial. Mas, que seja tirado através do voto popular nas urnas. Simples e democrático. Chega dessa banalização do dispositivo do impeachement. Por favor. O país não suporta esse sacolejo ilimitado. E quando este país deixará de ser um sombrero mexicano? NOTA: Foto obtida no Google Imagens.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Pindorama à deriva

Está impossível suportar. Assustador. Notícias alarmantes dão contas de que a Nau Pindorama parece haver perdido o rumo, embora “ao som do mar e à luz do céu profundo”. Os boletins recebidos chegam, a cada dia, mais preocupantes. Já se sabe que o comandante, com claros sinais de sofrer da síndrome da incontinência verbal, não perde uma chance de agitar os passageiros e, ao que se percebe, se diverte girando o leme com impressionantes guinadas. Muitos se divertem como se montados num moderno brinquedo de um parque de diversões. Outros se apavoram e tentam reações “salvadoras”. Nesse quadro de navegação conturbada, muitos “subalternos” hierarquicamente, ousam querer, com “braço forte” tomar o comando. Ninguém se entende na “terra mais garrida” e os passageiros se mostram, cada vez mais, inquietos agarrados aos paus de bandeiras verde-amarelas e vermelhas, aos berros. Vômitos verbais, desaforos e desespero são características nessa rota. Todo mundo fala alto e ninguém escuta a principal mensagem. As ondas se mostram cada vez mais altas. Uma metade dos passageiros na proa e a outra na popa ameaçando se engalfinharem a qualquer momento. Qualquer semelhança com o “florão da América” não é coincidência. É pura verdade.
Mas, por felicidade há crédulos descendentes de Noé e Cabral postados esperançosos, “às margens plácidas” da Terra de Santa Cruz, clamando por paz e concórdia. Que Deus os escute. Pindorama está muito desgastada. Pode estourar o casco e provocar um desastre indesejado. Que os céus soprem ventos alísios, comum nessas regiões tropicais, trazendo umidade e chuvinhas capazes de mitigar o calor que esquenta a Nau e ameaça incêndios. NOTA: A charge ilustrativa foi colhida no Google Iamgens

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...