quinta-feira, 21 de junho de 2018

Canarinhos desinteressados

Não foi o jogo de estreia, contra a Suíça, que conseguiu levantar a torcida brasileira para empurrar a seleção, nesta Copa da Rússia, rumo ao hexa desejado. Aquele empate esfriou mais ainda a moçada.
Na verdade o que se tem visto é certa apatia dos brasileiros com relação a esta Copa. Pesquisas dão conta de mais de 50% dos brasileiros estão indiferentes ao certame. Vários fatores levaram a esta situação, incluindo o político. Os brasileiros andam ressabiados com a crise e o caos que atinge o país e os partidários do lulismo fazem campanha contra a Seleção. Desejam uma derrota, temendo uma euforia popular a favor do Governo. E este, obviamente, espera essa chance de ver a população se empolgar, mais uma vez, ir às ruas comemorar e esquecer as agruras do cotidiano nacional. Naturalmente, também, que o fiasco da nossa seleção na Copa passada, aqui no Brasil, com aquela derrota acachapante para a Alemanha, o famoso 7 x1, ainda conta como forte razão para esse desânimo.  
Mesmo pensando que “águas passadas não movem moinho” e que o hoje deve ser vivido, vai ser difícil encantar a torcida. Antes a seleção tem que decolar de modo convincente.
Muito se tem comentado que o Grupo E (Sérvia, Suíça, Costa Rica e Brasil) será uma “barbada” para nossa seleção. O jogo com os suíços não nos deu essa segurança! A Sérvia, para surpresa de muitos, derrotou os costarriquenhos, vistos antes como propensos a dar trabalho aos brasileiros, provando que essa “barbada” não é tão fácil como imaginada. O próximo jogo, contra eles, os “ticos” (como são chamados os jogadores da Costa Rica), na sexta feira (22/06), promete provocar fortes emoções, em Pindorama. O grito de GOOOOOOL está entalado na garganta do Brasil e se ali ficar vai ser a “gota d´água” que falta à paciência da torcida. Tomara que não aconteça.Vamos torcer!
A seleção de Tite, sejamos sinceros, vem de uma trajetória vitoriosa e alentadora. Para os que alimentam vibração pela Copa não deixa de ser incentivador. Mas, estamos muito longe daqueles selecionados do passado. Foram jogadores magníficos e que nos deram muitas alegrias. Não foi à toa que chegamos ao Penta. Eram empenhados e verdadeiros profissionais da bola. Cabeleiras normais, nada de brinquinhos nas orelhas, nem tatuagens e nem disputa de estrelismos. O que vemos hoje são atletas muito mais preocupados em se exibir – nossa estrela maior, Neymar Jr. Parece mais ligado na ridícula cabeleira do que com a bola – e visando à conquista de espaço privilegiado no mercado mundial e em contratos de publicidade. Além disso, grande parte é de rapazes firmados no futebol estrangeiro, aculturados em outros países e críticos ao Brasil. Isto, tenho pra mim, poda muito o amor à Pátria e à Bandeira verde e amarela. Claro! Copa do mundo é somente um trampolim para um mergulho mais profundo na carreira. São autênticos mercenários. São os canarinhos desinteressados! Fala-se de US$ 1,0 Milhão como premio para cada um, caso conquistem o Hexa. Para alguns, essa premiação pode ser irrisória. Um milhão a mais ou a menos é coisa que pouca diferença faz na conta bancária do Neymar. Ele nem vai se preocupar ou notar. Coisas do Brasil. É doloroso constatar situações como esta. 
Neymar Jr. com penteado especial para a Copa 2018
Já a Irlanda, por exemplo, tem um selecionado, digamos seleto. O técnico é Dentista, os jogadores são profissionais qualificados, jogam por amor ao futebol e depois de cada treino se reúnem num Pub para uma cervejada. A bebida não reduz o rendimento em campo e revela uma equipe com boas chances na competição. Fora isto, viaja em avião de carreira e em classe econômica. Os alemães, Campeões do Mundo, também viajaram em avião comercial e no meio de passageiros comuns. Os nossos, não! Têm um avião fretado à disposição, inclusive para os voos internos, cheio de mordomias e salamaleques. Até jardinzinho a bordo.
Por fim, caro leitor ou leitora, percebo que algo de novo vem pintando no mundo do futebol já que  o desempenho dos favoritos ao titulo, incluindo o Brasil, não revelam essas bolas todas. A Argentina, por exemplo,  decepcionou, a Campeã Alemanha tomou um tombo diante de um México cheio de garras, o Brasil empatou com a Suíça. A coisa está mudando muito. Já o Japão deu um trabalho danado aos colombianos e ganhou de 2 x 1. Acho que vamos ter muitas surpresas até 15 de Julho.      

NOTA: Os jogadores do Brasil são carinhosamente chamados de canarinhos (diminutivo de canários).   
Foto obtida no Google Imagens.   

sábado, 16 de junho de 2018

A Ver Navios

Há pouco mais de dez anos, Pernambuco viveu momentos de euforia econômica com grandes investimentos estruturadores sendo implantados e perspectivas de tempos alvissareiros, não apenas local, com rebatimentos regionais de grande monta. Foi quando começaram a se implantar os estaleiros Atlântico Sul e Vard Promar, a Refinaria de Petróleo da Petrobrás (RENEST), a Petroquímica Suape e logo em seguida o Polo Automobilístico da FCA (Fiat /Chrysler), entre outras iniciativas de menores portes.
Tudo esteve na mais perfeita ordem de implantações até que eclodisse a crise político-econômica que se estende até a atualidade, consequência da Operação Lavajato – expondo de modo arrasador os imensos crimes de corrupção na esfera política nacional – interrompendo, dessa forma, o processo virtuoso de desenvolvimento econômico do estado.
Com a Petrobrás posicionada no “olho do furacão” da crise, devido ao grande foco de corrupções ali instalado, os projetos pernambucanos começaram a minguar e até o momento amargam quadros de indefinição e com perspectivas nefastas. A Refinaria em fase de implantação teve suas obras paralisadas e vive à espera de novos bons tempos. A Petroquimica já foi vendida a um grupo multinacional, que promete tocar o projeto, e os estaleiros, embora em funcionamento, vislumbram momentos de dificuldades por motivo de cancelamentos de encomendas ou falta de novas. Trata-se de ameaça, com um duro golpe, ao estado que se destacava no cenário nacional como um polo industrial de grande perspectiva econômica. O único projeto que se apresenta, hoje, a pleno vapor e vislumbrando crescimento é a montadora Fiat/Chrysler (FCA) na Zona da Mata Norte, cuja produção tem tido constante crescimento.
Mas, tratando objetivamente do caso dos estaleiros, é duro perceber que a situação se revela mais complexa e chama maior atenção. A história recente mostra que o Brasil já foi, nas décadas de 70 e 80, o segundo maior construtor naval do mundo. Com o avanço competitivo das produções no Japão e na Coréia do Sul os estaleiros brasileiros (concentrados à época no estado do Rio de Janeiro) foram perdendo competitividade, inclusive no mercado nacional. Tornou-se mais barato comprar embarcações dos asiáticos (com custos de construção muitíssimo mais baixos) do que dos estaleiros nacionais, ocasionando um desmonte do setor, em proporções incomensuráveis.
Entretanto, o espírito nacionalista do ex-Presidente Lula e as descobertas das novas ocorrências de petróleo, inclusive as do pré-sal, apontou para um potencial mercado de embarcações no ambiente doméstico, levando a que o Governo criasse o Programa da Modernização e Expansão da Frota - PROMEF, visando particularmente ampliar de forma mais ampla a frota de petroleiros da Transpetro, braço de logística da Petrobrás com embarcações construídas no Brasil. Soerguia-se, assim, consequência desta decisão politica, a  Indústria Naval nacional tomando forma com implantações de vários estaleiros no país.
Estaleiro Atlântico Sul - EAS, Suape, Pernambuco, Brasil
Numa iniciativa incentivada – pela SUDENE e pelo Governo do Estado – grupo de empresas experientes no mercado da construção civil pesada, instalou em Pernambuco, o maior desses estaleiros, o Atlântico Sul – EAS, no Complexo Industrial Portuário de Suape que se tornou um dos mais demandados pelo Programa, com encomenda imediata de 22 navios. O empreendimento pelas suas dimensões, condições tecnológicas e localização geográfica foi de pronto considerado o mais competitivo e, inclusive, reconhecido como o maior do Hemisfério Sul. Posso garantir de que se trata mesmo de uma fantástica planta, que acompanhei a implantação desde os momentos de decisão da localização. Foi investido um total de R$ 2,2 Bilhões com uma capacidade instalada de processar 100 Mil Toneladas de aço por ano. No pico das contratações o EAS contou com 11.000 empregados diretos, número vem aos poucos caindo e atualmente conta com 3.600. Considerando o efeito pra frente, pelo menos 33.000 pessoas se beneficiaram com o empreendimento. Estimei um multiplicador de 3 para cada ocupado direto.
Ao longo dos últimos dez anos o EAS acumulou experiência e hoje ostenta um desempenho comparável aos observados em plantas da Coreia do Sul, maior construtor mundial. Ganhou competitividade e suas embarcações se destacam pela qualidade da produção no mercado.
Dependente, porém, de um único cliente (Transpetro) e sofrendo das consequências das restrições de investimentos desse cliente, o EAS se encontra diante de um colossal desafio para manter a dinâmica de produção e sua própria sustentabilidade. Das 22 embarcações inicialmente encomendadas 7 foram canceladas (4 Suezmax e 3 Aframax). Nestes dias o EAS está iniciando a construção do último navio a ser entregue à Transpetro, o que deve ocorrer até junho de 2019. Depois disso, ninguém sabe o que poderá acontecer.              
Lideranças politicas e governamentais locais se mobilizam, no momento, para acudir a Empresa que sofre com uma sequencia de prejuízos e, o pior, teme sua inviabilidade, caso não conquiste novas encomendas. Pernambuco corre o risco de sofrer amarga perda na composição do seu atual PIB Industrial que, nos últimos três anos, teve uma contribuição media de R$ 800,0 Milhões. Somente de desempregados serão 3.500.
Esta infausta história leva a crer que, ao invés de construir navios, ao estado restará a triste situação de “a ver navios”.
NOTA: Foto obtida no Google Imagens   
 

 

domingo, 3 de junho de 2018

Trem descarrilado


Tempos, cada vez mais, difíceis. O “trem fantasma” - como venho comparando o momento político do Brasil de hoje – descarrilou nesses últimos dias e recolocá-lo de volta aos trilhos está sendo uma missão difícil e perigosa. Nosso “maquinista” não se revela habilidoso nas manobras necessárias e seus ajudantes não se entendem, até se estranham nos momentos mais delicados do processo. É mais ou menos isto que assistimos nos dias recentes, no nosso amado Brasil. Resultante de uma interminável série de erros na condução política, o país escorregou célere rumo ao fundo do poço, embora este se mostre sempre muito mais profundo do que imaginado. Vivemos numa Nação em permanente estado de convulsão política, dividida e  desgovernada, penalizando seus cidadãos de modo aviltante. 
Contudo, brasileiro como sou e amante do meu torrão natal, continuo achando que tudo isso tem um sentido educativo, rumo ao estado democrático tão sonhado. Naturalmente que sofro momentos de desilusão – sou de carne, osso e sistema nervoso – mas, olho para frente e reanimo meu espírito que retroalimenta minhas esperanças.
Não faço parte da parcela da sociedade que clama pela intervenção militar. Militares têm suas próprias funções e a essas devem se ater. Aliás, diante de manifestações recentes, penso que há no espírito nacional um viés social que sempre acredita nessa solução, que pode ter dado seus resultados no passado, mas, hoje se mostra retrógrada e inadmissível. Lugar de soldado é nos quartéis e a missão de se manter de prontidão para defender a Nação. E pronto. 
Pensando desse modo, entendo que resta aos civis a responsabilidade de costurar o entendimento nacional e promover paz e bem-estar à sociedade. Para isto, além de governantes competentes e probos, o país precisa de produção, empregos, saúde, educação e seguranças pública e jurídica, coisas que sumiram dos nossos costados, faz algum tempo.
Quando estes pré-requisitos se dissipam, o tecido social se esgarça e os prejudicados se rebelam investindo na luta para recuperá-los. Foi isso que aconteceu no recente movimento dos caminhoneiros. Neste caso específico, a crise político-econômica se agudizou, a produção despencou, os custos da produção assumiram proporções asfixiantes, os fretes reduziram-se drasticamente, a disputa por espaço no mercado dos serviços de transportes virou guerra de sobrevivência e o caldo entornou. Faltam cargas para centenas e centenas de milhares de caminhões, que o Governo Dilma promoveu aquisições com financiamentos elásticos. Caos implantado. Sem competência, os condutores do nosso “trem” levaram a “composição” por caminhos adversos onde encontraram severos obstáculos. Removê-los tem sido missão quase impossível. Pior de tudo é que inesperados novos obstáculos são prometidos. A questão agora é saber se esse trem chegará ao fim da linha. É uma questão concreta. Tomara que sim. Deixar os “passageiros” a pouca distancia da estação terminal seria catastrófico.        
Falta ao nosso país maturidade e responsabilidade política. Os corruptos sempre existiram e dificilmente desaparecerão. O trapacear está entranhado na cultura do brasileiro. Sempre que tiver oportunidade o cara tira proveito. Sonega impostos, suborna o fiscal, banca paraquedista nas filas, pirateia programas de computadores, CDs, etc e tal. É o tal jeitinho brasileiro! Não será essa “lavagem a jato” da nossa “composição” que resolverá o problema nacional. Somente uma reforma de base será o caminho para termos a Nação que sonhamos. Mas, falo de reformas que esqueçam nomes e tradicionais modelos e estratégias comprovadamente equivocadas. Reformas que levem em consideração os anseios da sociedade e não os de meia dúzia de políticos irresponsáveis e ávidos apenas em defender seus interesses pessoais. E a Nação não pode continuar sendo apenas um detalhe.
Paro por aqui. Estive falando de algo bem discutido e bem comentado. Cumpri, apenas, meu humilde  papel de observador da vida nacional.

NOTA: Ilustração colhida no Google Imagens

Insegurança nossa de Cada Dia

Pobreza, fome, analfabetismo, disparidades inter-regionais de renda, saúde publica falha, politica educacional também, governos míopes e som...