quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Duas Topadas

Dois temas me deixaram dividido na escolha da conversa semanal. Como um não pode esperar pelo outro lá vão os dois duma só vez. Dois em Um poderia ser o título do post. Ocupo o espaço da semana fazendo sínteses de duas topadas sócio-políticas neste conturbado mundinho de Pindorama. A primeira topada ocorreu no Recife, fruto do baixíssimo nível de civilidade e moral dos nativos da Cidade Maurícia, reforçado pela incúria das autoridades municipais de plantão que não se dão aos cuidados de zelar pelo patrimônio cultural da cidade. Desse modo, mercê do abandono, vândalos insanos detonaram, na semana passada (04.12.20), o Parque das Esculturas do Marco Zero da cidade, roubando peças importantes dos monumentos que marcam a passagem do século na capital pernambucana. Eram magnificas peças de arte, produzidas em bronze, destinadas a legar, historicamente, às gerações vindouras, um testemunho do nível cultural que dominava a entrada do Recife no terceiro milênio. Dois expoentes da arte moderna do estado autores das obras que compõem aquele diferenciado logradouro: Francisco Brennand (1927-2019) e Cicero Dias (1907-2003) resultam sendo desrespeitados pelos seus concidadãos e pelas autoridades ineptas. Vide imagens a seguir com a escultura roubada e o espaço vazio. O mais provável é que tenha sido derretida e vendida por quilo.
Eis aí um oportuno momento para voltar ao recorrente tema, aqui no Blog, da falta de formação educacional de base para nossa gente. E não falo das elementares lições do b+a = ba, nem de 2+2=4. Falo sim de formação do indivíduo no seu todo, preparando-o para o viver em sociedade. Falo de educação moral e cívica. Desgraçadamente são disciplinas postas à margem de nossa comum grade pedagógica da escola primária. Segundo a sabedoria popular “é do pequeno que se faz o grande” e neste pobre Brasil não se faz desse modo. Educar para a vida e para ser um cidadão ou cidadã de bem capazes de contribuir com a ordem e o progresso tão propalado no nosso símbolo da Pátria. Educar para que não passemos por momentos tão lastimáveis nos quais administradores permitem apagar História deixando ao abandono nossos patrimônios históricos ou simplesmente destruir propositalmente os símbolos que marcam uma época e um povo. A segunda topada ocorreu em Brasília: causou-me profunda surpresa e inquietação ao saber que o STF - Supremo Tribunal de Federal tenha levado solenemente ao plenário uma inoportuna discussão sobre a recondução ou não, dos mandatos dos presidentes da Câmara (Rodrigo Maia) e do Senado (Davi Alcolumbre), quando a Constituição é clara e proíbe essa manobra vergonhosa. Por felicidade o placar foi contrario a recondução nos dois casos. 6 x 5 contra Alcolumbre e 7 x 4 contra Maia. Alivio por um lado, mas, tristeza por outro ao concluir que cinco dos supremos magistrados – que se autoproclamam guardiões da Constituição – tenham tentado “quebrar os ovos e empurrar goela abaixo dos brasileiros um indigesto omelete” inconstitucional. Esta questão na verdade devia ter sido rejeitada pelo STF. Isso sim, teria sido mais digno por parte do Poder Judiciário.
Resumo da Ópera: triste do país que tudo e qualquer irrelevante questão – inclusive as reconhecidamente constitucionais – sejam levadas ao julgamento do seu Supremo Poder Constituído, no qual seus integrantes são chegados a dar torpes topadas. Sem poder fazer qualquer coisa, resta-me renovar meus pedidos ao Divino Supremo para que aplaine nossos caminhos e nos livre de terrenas, ingremes e estúpidas supremas topadas. NOTA: As imagens ilustrativas forma obtidas no Google Imagens

10 comentários:

Severino Araújo disse...

Li todo o texto agora.
Está de parabéns com suas topadas.
Melhor que fossem cocadas.
hehehehehe!!!

Andrerson Porto disse...

👏👏👏👏👏👏
Excelente artigo

José Paulo Cavalcanti disse...

Junte os dois temas, amigo. A solução seria convidar Gilmar para refazer as esculturas. Incentivo, como é, com certeza dava um jeito em tudo. Abraços.

José Paulo Cavalcanti disse...

Quis dizer: Gilmar é inventivo.

Cristina Carvalho disse...

É a realidade brasileira, infelizmente. Para que serve o Patrimônio histórico, artístico e cultural do Brasil??? A maioria não sabe e quem sabe quer distância dele, na perspectiva de esquecer a história. Fiquei estarrecida com a situação do Parque das Esculturas. Sem vigilância, foi roubado, depredado; sem manutenção a maresia fez o resto. As “autoridades” constituídas não se abalam diante de uma destruição dessas. Dois ícones das Artes de Pernambuco estavam ali representados. Politicamente faz alguma diferença? Não? Deixa acabar, deixa destruir. E agora, José??? Se tiverem chance de faturar alguma coisa e a população cobrar, talvez comecem a resolver o problema é não terminem. Se não, vai cair no esquecimento e vai destruir o resto. Quanto a topada do STF, prefiro não tecer comentários, pelo nojo que sinto daqueles ministros corruptos. Não funciona e até que uma posição séria seja tomada, continuarão a cuspir na Constituição e a se locupletar com tudo que for ilícito, amoral, sujo e degradante.

Ana Inês Pina disse...

“E tome topada no quengo”. Indignada pela falta de zelo pelo nosso patrimônio.

Regina Pinto Ferreira disse...

Realmente vergonhoso tudo isso!

Claudio Targino disse...

O Supremo que nos resta é o Divino.

Regina da Fonte disse...

Realmente vergonhoso tudo isso!

Itamar ferreira disse...

Muito bom, esses dois textos pois é nossos conterrâneo não sabem o valor dessas escultura para nossa capital,mas infelizmente as autoridades que eram pra tomar conta não fazem nada,já o omelete indigesto foi muito vergonhaso realmente.

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