domingo, 22 de agosto de 2021

Sem energia tudo para

Enquanto os homens aqui em baixo se pegam ardentemente ao poder, com CPI, pedidos de impeachments, vacinação contra Covid-19 e campanhas eleitorais antecipadas, São Pedro, lá de cima, vem fechando as comportas celestiais e deixando os reservatórios d´água de Pindorama à mingua. E os homens de Brasília estão pouco se ligando no rolo que isso pode causar, deixando o país, que se orgulha de ser um dos maiores produtores de energia hidroelétrica do mundo, com as mãos na cabeça dando tratos para não cair num apagão. Fontes ligadas às autoridades do setor elétrico estimam que em novembro próximo a coisa venha ficar preta. E, sem energia, tudo para. Os primeiros sinais de uma possível crise já aparecem nas faturas mensais da conta de luz, com a indesejável sobretaxa da bandeira vermelha. Usinas termoelétricas estão sendo acionadas para suprir a demanda e encarecendo o produto. Segundo boletins diários do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) que vem alertando o problema, avisa que a fonte hidráulica de energia do país gira ao redor de apenas 40%. Ora, é assustador, lembrando que as estações de chuvas – que se alternam por regiões – nos nascedouros dos principais cursos fluviais estão distantes de ocorrer. Segundo a mesma agencia operadora, a energia que chega aos consumidores tem origem nas geradoras termoelétricas que já vêm respondendo por cerca de 30% nos meses recentes. Restam as energias geradas pelas chamadas fontes limpas: solar e eólica. Mas estas não garantem muito quando faltam sol e ventos.
Lembro que as mudanças climáticas, assunto tratado no post deste Blog na semana passada, também são apontadas como responsáveis por essa situação caótica dos nossos reservatórios. Pior é que há cidades que já padecem de abastecimento d´água para o consumo humano. Em São Paulo, a maior cidade do país está ameaçada de sofrer um racionamento radical a exemplo de como vivenciaram em 2014. O sistema Cantareira (Foto a seguir)trabalha com níveis abaixo do exigido pela demanda daquela Grande Metropole.
Por outro lado, quem não se lembra do Apagão de 2001, no país inteiro? Aquilo foi um sufoco sem tamanho. Ninguém esperava por aquela situação. A falta de cuidados e planejamento adequado deixou o Governo FHC de “calças curtas” no final do seu mandato. O Setor Indústria sentiu forte aquela pancada e foi obrigada a investir - sem haver programado - em geradores próprios. Resultado desse imbróglio é que logo surgem os que defendem à construção de novas termoelétricas, para que haja sustentação do sistema. Mas, será esta a solução mais plausível? As experiências externas não servem de modelo? A proposito de outras soluções, lembro-me da recente conversa que tive, ao Vivo (Batendo Papo com GB), com o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, o engenheiro pernambucano, Carlos Henrique Mariz, que garante ser “a geração de energia nuclear a mais adequada para o caso brasileiro tanto pela segurança que hoje se adota ao processo quanto à constância da produção”. Segundo entendi, o Brasil progrediu pouco nessa área: tem duas usinas em pleno funcionamento (Angra 1 e 2), outra em construção (Angra 3) e um projeto para ser instalado no sertão nordestino, em principio, no município de Itacuruba (Pernambuco). Sobre este projeto no Nordeste, Mariz considera que “é importante para essa região a construção de uma central nuclear devido ao retorno garantido, em termos socioeconômicos. Some-se a necessidade de energia de base e as excelentes condições técnicas e de localização do sitio nuclear de Itacuruba”. O Projeto vem sendo amplamente discutido e tem gerado controvérsias envolvendo ambientalistas, grupos étnicos da área escolhida e agentes governamentais. Em matéria publicada na edição de O Globo (21.08.21) a questão foi levantada e revela uma sociedade cética e preocupada com o futuro. Ocorre que Itacuruba tem uma história triste por ser hoje um reassentamento após um projeto de barragem da Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF na sua antiga localização, distante 10 km. Trata-se, na verdade, de uma população traumatizada. A possível usina nuclear poderá até mudar a trajetória histórica e revigorar a cidade hoje deprimida, proporcionando boa geração de emprego e renda. Mas, muitas dúvidas têm sido levantadas e carecem de bom trato. O projeto promete ser vultoso e capaz de superar as atuais produções de Angra do Reis. Enfim, o fato concreto é que o Brasil precisa ter um plano competitivo e garantidor de geração de energia elétrica capaz de atender a crescente demanda. E os Governos são os responsáveis por cumprir essa missão. NOTA: Fotos ilustrativas obtidas no Google Imagens

domingo, 15 de agosto de 2021

Sinais do Tempo

É curioso como o recifense vem reclamando, ultimamente, da baixa temperatura que se experimenta na cidade, neste inverno de 2021. Termômetros marcando repetidamente 20 ou 21 Graus Centigrados é coisa rara nessas bandas. É frio para uma cidade tropical. Por outro lado, é curioso também, ver o noticiário da TV dando conta de que na região da Sicília, na Itália, os termômetros marcaram em dias desta semana a inusitada temperatura de 46,8 Graus Centigrados provocando incêndios devastadores. É verão no hemisfério Norte. Na Califórnia, nos Estados Unidos, grandes extensões são igualmente devoradas pelo fogo que surge de mopdo espontâneo. No verão do ano passado, a Austrália ardeu em chamas resultando em florestas e fauna detonadas, naquele país. Outra curiosidade recente e rara, também, foi nevar em muitas cidades das serras gaúchas e catarinense, no sul do Brasil. Algo estranho, indiscutivelmente, vem ocorrendo no nosso meio ambiente. Pelo visto são concretos sinais de que o tempo vem mudando gradativamente em todo o planeta. Recordo que não é de hoje que se fala no aquecimento global e nas mudanças climáticas que se esperam diante de ataques humanos ao meio ambiente. Alguns se mostram incrédulos. Muitos alertam para um futuro traumático. Estudos mais acurados se multiplicam e vêm revelando resultados pouco animadores. A partir dos anos 80 e 90 do século passado os clamores tornaram-se mais intensos e geraram cúpulas mundiais para debater seriamente o fenômeno. Recordo da Rio-92, Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que resultou num documento firmado por 179 países (Rio de Janeiro, 14/06/1992) que se tornou em instrumento de planejamento visando ao desenvolvimento sustentável. Entre outras importantes propostas do documento destacam-se: Mudança dos padrões de consumo; Proteção da atmosfera; Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões; Manejo de ecossistemas frágeis; A luta contra a desertificação e a seca e Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos.
A este evento seguiu-se outro importante realizado em Kyoto, no Japão, promovido também pelas Nações Unidas e centrado na discussão especifica de conter as emissões de gases de efeito estufa no mundo inteiro, considerado como o grande vilão da história. E mais recente, veio a celebração do famoso Acordo de Paris, (12/12/2015) cujo objetivo foi substituir o protocolo de Kyoto e reforçando a ideias da redução do aquecimento global. A questão foi discutida por representantes de 195 países e entrou em vigor em 04 de novembro de 2016. 147 países ratificaram o acordo e o Brasil está entre estes. O referencial disso tudo são estudos, já publicados, dando contas de que os oceanos e a atmosfera esquentaram, ao longo dos tempos, causado pelas massivas emissões de gases de efeito estufa. Os maiores responsáveis são a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento das florestas. Ora, estes dois elementos são os responsáveis diretos pela renovação do oxigênio. Sem este não se vive. Daí a luta pelo desenvolvimento sustentável aliando a tríade: social, econômico e ambiental. Como era de se esperar, todos esses acordos e tratados são objeto de debates políticos acalorados, mormente o fato de que muitos países se mostram céticos e alguns pouco dispostos em aderir às severas cláusulas que encerram o Acordo. Certamente que ainda existem sérias dúvidas quanto às reais práticas propostas por nações grandes emissoras de gases. A China e os Estados Unidos são sempre as grandes dúvidas. Em 01/06/2017, o estapafúrdio presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, anunciou que seu país abandonava o Acordo, gerando uma grande revolta ao meio. Por sorte, o sucessor, Biden, ao assumir decidiu ao contrario. O Brasil, por exemplo, ao ratificar o Acordo se comprometeu reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 43% até 2030. A referência de comparação foram os níveis de 2005. Eis, então, um dos maiores desafios da humanidade para este século 21. Que haja uma união de esforços e que cada um de nós contribua para a salvação do planeta e o bem-estar mundial. Enquanto isto, nós recifenses, vamos curtir as baixas do termômetro. Bom frio! NOTA: Foto obtida no Google Imagens.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Luta Insana pelo Poder

Chega a ser desanimador. A cada dia surge uma novidade preocupante no ambiente politico nacional. A luta pelo Poder tem sido insana. A briga renhida entre os Poderes da Republica vem desgastando o cidadão comum e pondo em risco a estabilidade nacional. Dói observar que foram anos de luta na busca de uma tranquilidade político-econômica que, de repente, vai se esvaindo em consequência de uma alternância de poder nem sempre bem posta. O tecido social já se encontra puído ao extremo e a sensação é de que pode rasgar num átimo. Aos que experimentam o avanço dos tempos e sendo carregado pela roda viva da vida, como no meu caso, testemunhar o clima de cisões entre os poderes, além de desgastante é lastimavelmente desanimador. O episodio de hoje (05.08.21), com bate-bocas entre o Executivo e o Judiciário representa uma legitima crise institucional. Uma “guerrinha” declarada. O país virou um circo de rinhas politicas. Daquelas que põem em posição vulnerável qualquer jovem democracia. Deus nos salve.
Recordo que venho de uma geração na qual se escutava frequentemente a promessa de um prodigioso futuro. O famoso País do Futuro, à época, em construção. Os mais velhos se vangloriavam pelo feito de estarem estruturando uma nação vigorosa e vibrante que nos legariam. O Brasil que à custa de sangue e suor foi levantado pode hoje não suportar tantas desavenças e inúmeros dos atuais desencontros. O são cidadão brasileiro roga pelo restabelecimento da ordem a começar pelo desmonte dos palanques eleitorais, nunca desmontados desde 2018. Chega de insanidades nas hostes politicas. Chega de impeachements de mandatários. Chega de desmonte e remontes. As lideranças públicas precisam procurar os caminhos da união. O Brasil espera ansiosamente por uma vida mais equilibrada.
O mais curioso de tudo é que, num momento tão difícil para humanidade, em plena crise pandêmica, conferirmos de forma inaceitável que as preocupações dos poderosos da República Brasileira estejam voltadas com todas suas energias entregues a uma “queda de braços” na inoportuna luta pela conquista do Poder. Uma luta visivelmente insana que impede o focar na realidade cruel a qual está entregue a Nação: milhares de mortos, vitimas da Covid-19, quedas na produção global, desemprego em alta, inflação ameaçadora, desordem cultural, incêndios das memórias históricas, povo nas ruas, educação em declínio, entre outros fatores inquietantes. Não. Não foi este o Brasil que me prometeram. Pelo visto, o Circo Brasil está em chamas e carece urgente de um bombeiro salvador. NOTA: As charges ilustrativas forma obtidas no Google Imagens.

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...