sábado, 28 de julho de 2018

Capital do Norte


Cartão Postal da capital do Norte português. 
Nossa recente temporada em Portugal teve incluída uma visita à famosa Cidade do Porto, Capital do Norte do país. Pelo seu passado de glória e ponto focal da história portuguesa é sempre lembrada como “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta”, epíteto adicionado à sua heráldica. 
A cidade do Porto nasceu de um povoado Celta, pré-romano. Os romanos a chamava de Portus Cale e é daí que se origina o nome do país. Portocale, hoje Portugal.  
Os mouros muçulmanos invadiram a Península Ibérica, em 711 d.C., entrando por Lisboa e dominando, aos poucos, a atual região Norte do país, onde o Porto se situa. Estes invasores permaneceram por lá durante, incríveis, dois séculos. Somente em 999 d.C. é que nobres gascões franceses, liderados pelo, entre outros, o Bispo de Vendôme (França). Com forte armada, entraram pela foz do rio Douro e expulsaram definitivamente os mouros dedicando, essa conquista e a cidade, à Virgem Mãe de Deus. A imagem de Nossa Senhora do Porto, trazida da França domina até hoje um ponto alto da fortaleza ali edificado. Daí em diante e após reconstrução a Cidade do Porto manteve sempre um lugar de destaque na historia dos portugueses.
Restaurante Típico na ribeira do Porto
Rica em tradições, famosa pelo seu internacionalmente conhecido Vinho do Porto, além das arquitetura vibrante, gastronomia exuberante e vida cultural diferenciada, a Cidade se destaca em tudo para um bom programa turístico. Daí a razão de querermos voltar sempre para uma visita.
Nada mais aprazível do que passear na beira do Douro, com sua sempre fervilhante Ribeira, tomar um café ou um cálice do Porto, estando no Porto! Depois, percorrer as lojinhas de artesanato e, por certo, se meter numa das barcaças que de lá partem, dando um bom passeio fluvial pelo belo Douro, chegando até a foz onde o rio se atira no Atlântico, transbordando-o, com águas vindas de cima da Serra do Urbião, onde nasce, em Castela e Leão, na Espanha.   
Guadalupe servindo e cantando. Isto, não tem preço! 
Tendo oportunidade, depois desse “mini-cruzeiro” pelo Douro, desembarque na ribeira da Vila Nova de Gaia (do outro lado da ribeira do Porto) e prove o prato típico da cidade que é tripas à moda do Porto. A proposito, tenho uma historinha pra contar: fala-se que em 1415, quando preparavam uma armada para a conquista de Ceuta (Norte da África), que partiu do Porto, a população doou toda a carne que dispunha para os combatentes, ficando tão somente com as tripas para se alimentar. Até hoje os naturais do Porto são chamados de tripeiros, coisa aceita com orgulho e nunca pejorativo.  
Outra pedida, imperdível, na ribeira de Gaia é uma passagem por uma das tabernas do local. A minha predileta é a Taberninha do Manel. Bom vinho e um chouriço português assado na mesa num aparato próprio do local. Dando sorte procure ser atendido por Guadalupe (Vide foto) e sendo simpático pede que te cante um fado ao pé do ouvido. Quer saber mais? Clique em https://taberninhadomanel.comportugal.com. Não tem preço! Depois disso, entre numa das adegas naquela mesma ribeira e veja como se produz o vinho mais famoso de Portugal.  
Este Blogueiro no rooftop da Adega Porto Cruz. Por trás a icônica ponte Luís I
Pois é... O Porto é uma surpreendente cidade. Suas igrejas monumentais, prédios públicos, palacetes monumentais, parques e jardins, gente finíssima no trato, museus e mil outras atrações.
Ah! Já ia esquecendo. Antes de deixar a cidade, coma uma rabanada, com vinho do Porto, na tradicional Confeitaria Majestic. Fica na Rua Santa Catarina, a mais charmosa da cidade e classificada entre as 10 mais belas do mundo. Rua e confeitaria imperdíveis. E, boa viagem!   

NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro

sábado, 21 de julho de 2018

Rua do Corvo

Centro histórico de Coimbra. Praça 8 de agosto.
Igreja da Santa Cruz
Coimbra é famosa pela sua histórica Universidade. Lá mesmo, na Rua do Corvo, porta 32 e 1º Piso, foi nosso endereço – por alguns dias – nessa última passagem por Portugal. Situado no Centro Histórico da cidade milenar, dava gosto viver aquilo ali. Imagine um prédio medieval, preservado no seu todo exterior e reformado à moderna no seu interior, permitindo usufruir da experiência de viver num ambiente histórico e, ao mesmo tempo,  gozando de todas as mordomias do mundo moderno. Reforma perfeita. Competência europeia. Numa hora dessas, lembro e lamento o desgaste dos velhos prédios antigos do Bairro do Recife que se prestariam para coisa semelhante e são abandonados e carcomidos pela implacável ação do tempo. 
Pois bem, foi desse endereço que partimos para explorar o Norte de Portugal e a Galícia espanhola. A título de ilustração veja, na foto acima, o lugar que descrevo. Num canto da Praça 8 de Agosto, com o belíssimo Mosteiro da Ordem de Santo Agostinho e a Igreja da Santa Cruz, em estilo romântico-manoelino, datado de 1131, começa a Rua do Corvo paralela à rua da Louça e perpendicular à rua da Gala. Ao redor outras ruas pitorescas em denominações, como as das Rãs e das Padeiras. Estreita como as demais do miolo onde encravadas. Menos de dois metros de largura. Às rés do chão (térreo), lojinhas atrativas, cafés e tabernas tipicas. Um verdadeiro mergulho na História. Para quem admira é uma sequencia de prazer.
Interior da Igreja da santa Cruz. Observe os tradicionais azulejos portugueses.
Dali, partimos para: Braga, primeira parada, onde vimos os festejos da noite de São João (falei no post anterior), seguidas das incursões por Viana do Castelo, Guimarães, Póvoa de Varzim, Óbidos, Batalha, Aveiros e Barcelos. O gran finale foi dedicado à belíssima Cidade do Porto.  Ah! Antes que esqueça, registro para a passagem (antes de chegar a Coimbra) pelo Santuário de Fátima, onde tomamos nossas bençãos e oramos pela paz e pela família.  
Portugal é de beleza singular. Foi eleito, recentemente, o melhor destino do Mundo! Cada cidade ou cada vilarejo, mesmo os pouco turísticos, exercem especial fascínio ao visitante. A paisagem é variada de região à região, embora que alguns traços sejam comuns a todas. Um desses é que há sempre uma roupa lavada e estendida numa varanda dos velhos sobrados. São verdadeiras bandeiras saudando os passantes. Não à toa que essas bandeiras são temas mais comuns dos fotógrafos que cultivam a arte. Veja a minha a seguir.
Bandeiras ao vento saudando nossa passagem
Loja de Artesanato de Óbidos
É impressionante o modo afável que os patrícios dispensam aos visitantes. É, que na verdade eles vivem do turismo e sabem da importância deste para a economia do país e para a própria economia doméstica. O artesanato é riquíssimo e por todo lado se encontra algo diferente e atrativo. 
Lembro que um dos locais mais visitados e de especial atração é a vila medieval de Óbidos, também conhecida como a Pérola Portuguesa. Acredita-se que esta vila haja sido edificada pelos Celtas em 308 a.C. Então, faça ideia do que seja. Fenícios, Romanos e Mouros também andaram por lá. Essa mistura de dominadores fez da vila de Óbidos uma miscelânea de estilos, cultos e culturas. Gosto sempre de retornar, caminhar na sua rua principal e sentir o ambiente. Indo lá procure saber antes dessa história. Sua visita será mais proveitosa. Nem preciso dizer que nesse ambiente, todos os idiomas são ouvidos e transitar tranquilamente depende do dia e da hora. Chegue cedo. Antes de ir, veja esta outra foto, a seguir.
Rua central de Óbidos.


Num próximo post farei comentários finais e focarei a passagem pela Cidade do Porto

NOTA: Fotos da autoria do Blogueiro

domingo, 15 de julho de 2018

A Bola da Vez

Quem me conhece sabe que, ao longo da vida, viajar faz parte do meu viver e, sem dúvidas, minha melhor maneira de arejar a mente. Faz um bem danado... Nesses tempos de crises internas no Brasil, nem é bom falar. Desse modo e sempre que possível e a grana elastece, dou minhas escapulidas.
Dias recentes estive, com familiares, percorrendo Portugal e Espanha num roteiro velho conhecido, mas, sempre bom de ser repetido. Conheço estes dois países há mais de quarenta e cinco anos e não me canso de revisitá-los. Gente afável e hospitaleira, rica cultura, paisagens deslumbrantes e gastronomia exuberante que conquistam o turista num primeiro instante. Sendo brasileiro, como no meu caso, nem se fala. Digo sempre que é preciso conhecer Portugal para entender melhor a cultura brasileira.
A primeira vez que por lá andei, muito jovem, conheci um Portugal oprimido pela ditadura de Oliveira Salazar e uma Espanha dominada pela “mão de ferro” de Franco. Eram duas nações sufocadas e de um povo tristonho e sem esperanças. Eram países em preto-e-branco. Colorido que houvesse seria sempre pálido. A gente se vestia de preto, cinza e sépia. O comércio era pobre, tímido e sem atrativos. Mas, os tempos mudaram e a democracia foi conquistada a duras e sofridas penas. Nas várias idas praquelas bandas acompanhei as conquistas rumo à liberdade. Vi de perto os tempos que antecederam à queda de Salazar, com a revolução dos cravos (25/04/1974), pondo fim a um regime ditatorial que vigia desde 1926. Já, em 1975 acompanhei, por acaso, em Madrid, o fim da vida e da tirania de Franco. Mas, isto é uma historia comprida que tanto os livros, quanto a Wikipédia podem ajudar a quem desejar saber detalhes.
A cidade de Braga festeja com feérica iluminação. Lembra nosso Natal.
Ultimamente estive várias vezes em Portugal. Quase todo ano. Às vezes, sinto até vontade de morar por lá. Quando desembarco em Lisboa tenho uma sensação de chegar à casa dos meus ancestrais. Vai ver fui portuga noutra encarnação. O ar lisboeta soprando no meu rosto dá aconchegantes boas-vindas, que me revigora e faz me espalhar de corpo e alma de Sacavém à Baixa.
Indo tantas vezes, observo que Portugal vem alcançando níveis apreciáveis de crescimento econômico e desenvolvimento social nestes últimos anos. Semana passada, ainda por lá, vi reportagens mostrando ser o país que mais cresce na União Europeia. Acreditei sem conferir, mas. confiando no via. Bom lembrar que o país sofreu muito para se ajustar à Zona do Euro. Esteve prestes a se autoexcluir. Mas, graças à austeridade do Governo e ao sacrifício da sociedade, conseguiu escapar e superar a dura crise vivenciada. Cidades vibrantes, qualidade de vida exuberante, industria em franco sucesso, infraestrutura invejável e tudo mais que de moderno exista. Admirável.   
Um dos segmentos mais dinâmicos da economia portuguesa, nos últimos tempos, tem sido o do Turismo. O país foi recentemente classificado como o melhor destino europeu. O clima, a tranquilidade, a segurança, a hospitalidade e a multicultura reinantes o transformaram num dos mais procurados pelos viajantes. É impressionante o movimento de turistas de todas as partes do planeta. E como os orientais já descobriram o caminho é porque o local é a "bola da vez". E Portugal está sendo.
No mês de junho, em pleno verão na Europa, o país vira uma festa sem fim. Aproveitei com meus familiares essas festas. Santo Antônio (ele era portuga), São João e São Pedro são festejados de modo exuberante. Além deles, também se festeja a Rainha Santa Isabel, padroeira de Coimbra e região. Essas festas são como uma espécie de época carnavalesca dos patrícios. Os folguedos populares rolam até “ver o sol”, no dizer deles. Lisboa e Porto realizam os maiores eventos. Mas, nas cidades médias as festas são grandes, também, e com muito cunho das respectivas culturas. 
Frutos do mar em abundancia 
A sardinha na brasa pode ser vista como sendo o traço comum entre todas. É delicioso curtir um bom vinho (peço sempre o da casa, sem medo de errar) e degustá-lo com uma sardinha assada no braseiro. Isto sem falar do bom fruto do mar e do bacalhau às várias modas portuguesas, encontrados em toda parte.  
Escolhemos passar a recente noite de São João na cidade de Braga, situada ao norte do país e próxima à Cidade do Porto. (foto lá em cima). Dá gosto de ver os envolvimentos religiosos ou profanos da população. Tudo com ordem e muito respeito. Arrisco afirmar que com certa inocência, comparando com o que se vê nas festas populares do Brasil. Famílias inteiras, crianças soltas e brincando livremente. Nada de bebedeiras, pegações, desordens ou desrespeitos. O máximo da diversão, além de muita música (eles adoram as brasileiras), vinho, sardinha e bacalhau, tem a tradicional e inocente martelada na cabeça dos passantes ou dos que querem paquerar as raparigas ou os gajos. Não se espante caro(a) leitor(a), porque essa referida martelada é “desferida” apenas com um martelinho plástico que se vende também nos nosso carnaval ou festinhas infantis. Coisa tola pra nós, mas de imenso sucesso entre eles. Cheguei a comprar o meu e saí martelando as cabeças de Deus e do Mundo. E levei muitas marteladas, também. Todo mundo porta seu martelinho plástico. É ingenuo e muito engraçado.  Veja fotos a seguir. 
Levando martelada, a pedido. O comercio dos martelinhos. 
O que mais nos chamou atenção, disso tudo, foi como os portugueses são cuidadosos com as tradições culturais. Enquanto por aqui liquidaram com as nossas tradições juninas, acabando com as belas quadrilhas caipiras e inventando essas papagaiadas exibições carnavalescas, os portugueses primam por preservar e, mais do que isto, realizar exibições didáticas de cada dança popular, como vi em Coimbra. Fiz um verdadeiro curso de folclore português, com "aulas" diárias. Falarei disso numa próxima oportunidade.

NOTA: Fotos by Jpallain

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...