terça-feira, 22 de setembro de 2020

Virando o Jogo

A notícia que já corre solta é que o agronegócio brasileiro acelerou a virada do jogo econômico nacional e já desbanca o setor industrial, que perde espaço de modos expressivos na composição do PIB. A crise do Coronavírus servia para reforçar o “contra-ataque” e pelo visto o Brasil mergulha fundo num novo ciclo e redesenha de vez seu novo perfil econômico. Bom, a Indústria nacional já vem perdendo, gradativamente, sua posição e seus encantos urbanísticos. Com a virada do jogo a vida agitada dos grandes centros urbanos começa a ceder lugar ao viver no hinterland do país que vem atraindo fortes contingentes populacionais buscando, além de efetivas soluções de existência, uma vida tranquila, ar puro e melhor qualidade de vida. Certamente que depois da Covid-19 o chamado “novo normal” vai ditar padrões distintos dos que foram construídos nos últimos 80 ou 100 anos. O processo de industrialização brasileiro deflagrado na Era Vargas, seguido com mais intensidade por JK e pelos governos que se seguiram, conhecido como Modelo de Substituição de Importações, cometeu um pecado ao, equivocadamente, abandonar à margem do desenvolvimento os negócios do setor agrário que teve de se virar para sobreviver à duras penas. Somente gradativamente foi que medidas de fomento foram surgindo, atendendo demandas clamorosas de investidores, que garantiram deslocamento das fronteiras agrícolas e desenvolvimento tecnológico que conferem ao Brasil de hoje uma posição privilegiada de celeiro do mundo. A Indústria, numa trajetória inversa, perdeu o bom rumo do progresso ao se revelar pouco competitiva em preço e qualidade, no próprio mercado interno e sem espaço no mercado globalizado. Já não é mais São Paulo ou outro qualquer polo industrial que dá as cartas. A riqueza nacional está sendo gerada num espaço mais amplo e fértil do interior. Terras do Centro-Oeste e o Matopiba estão aí para provar a realidade. Vide o mapa a seguir e entenda o que vem ser esta última região citada.
A atividade do Agronegócio, finalmente, vem sendo a salvação da barca brasileira. Estimativas de diversos institutos de estatísticas e pesquisas dão conta de que uma fatia de 40% do PIB é tocada pelo segmento e seus agregados, isto é, produção, colheita, armazenamento, comercialização doméstica e internacional, logística de distribuição, negociações bancárias, entre outros menores. Conheço pessoas que vão mudar de CEP, no novo normal, movidas pelas descobertas que fizeram neste tempo de pandemia. Falo de pessoas que já decidiram fugir, por exemplo, da conturbada Metrópole Paulista ou do Recife Confuso e que, inclusive, já relocaram – com constatados alívios – seus escritórios de comando no Zoom, no Meet-Google ou similares. Adeus poluição sonora e do ar, adeus engarrafamentos e todos os inconvenientes das grandes cidades. E, tem mais: quando a briga do 5G acabar a coisa será bem mais tangível. A tacada pode ser ainda mais forte. Com este novo formato nascerá também uma nova sociedade. Poderá ocorrer uma corrente migratória inversa a dos anos 50. Falo daquela onda que formou um cinturão de pobreza e o levantamento de imensas favelas nas franjas dos grandes centros industriais. O interior poderá ser mais atrativo daqui pra frente. Num país continental como o nosso será bem fácil. Em recente artigo, Stephen Kanitz (09.06.20) foi enfático ao dizer “com o Covid, haverá uma fuga das cidades para o campo, dos apartamentos para casas, dos escritórios para o Zoom”. Imagino, desde já, a crise que se viverá no setor imobiliário dos grandes centros urbanos, bem como a especulação imobiliária que será praticada nos centros de pequeno e médio portes com um mínimo de condições de vida confortável. Aqui em Pernambuco, já ouvi corretor de imóveis anunciando que em locais próximos à Capital (Gravatá, Sairé e adjacências) tiveram uma repentina disparada de valor. Em São Paulo essa oferta será certamente bem elástica dadas a infraestrutura e as condições socio-economicas disponiveis. É ou não é uma autentica virada de jogo? NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens

8 comentários:

Adolfo Ledebour disse...

Lido ! O Brasil e o famoso restaurante do mundo, espero não ficarmos nas mãos dos chineses , pois vão comprar pelo preço que quiserem, produzir para outros países

Adierson Azevedo disse...

MaPiToBa eu conhecia, quando da Embaixada dos EUA, como MaToPiBa!!
Mas a região é a mesma e um orgulho para o Brasil!
Mais um excelente artigo que vou pedir ao meu sobrinho para publicar no meu site!

Ina Melo disse...

Parabéns! Ah! Esse deveria ter sido o Brasil que daria certo! Lembro quando eu era jovem de Campina Grande uma grande e moderna cidade, pois os ricos de lá investiam em belas casas, como se dizia “coisa de cinema “ e não como os de hoje que compram mansões e apartamentos no exterior, em especial Miami paraíso dos novos ricos e até mesmo em Punta Del Leste, (a Las Vegas dos pobres 😂😂😂😂)que quando visitei só ouvia dizer: essa casa é de um milionário brasileiro!Para a terrinha nada!

Vanja Nunes disse...

Bom dia
Parabéns 👏👏👏👏
Excelente

Fernando Nunes disse...

Girley:
Um belo artigo intitulado "Virando o Jogo".
Parabéns

J.Artur disse...

Grande amigo, lido e relido. Embora não entenda desse tipo de situação econômica, suas explanações ajudaram bastante. Um país continental como o nosso não pode desperdiçar essas oportunidades... Parabéns. Abraço.

Domigos Azevedo disse...

Amigo Girley, gostei da sua postagem sobre o MATOPIBA, pois tenho uma propriedade de 6.500 ha, nessa região, no Estado do Piauí, entre os municípios de Uruçui e Bom Jesus, (Ao norte e ao sul), e entre as Rodovias BR 135 e a Transcerrados (Ao leste e ao oeste).
Essa região vem crescendo muito, devido ao agronegócio.
Forte abraço!

José Otavio de Carvalho disse...

Amigo. Falou o economista, pois sua análise é perfeita. Já vejo esse movimento pelo vazio nas garagens do meu prédio. Reversão positiva do ponto de vista geoeconomico. Parabéns.

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