sexta-feira, 29 de julho de 2022

Quebra Cabeça Brasileiro

É curioso como venho encontrando, cada vez mais, pessoas que se manifestam decididas a não acompanhar o noticiário da mídia nacional dizendo-se saturadas com as avalanches de notícias dramáticas, trágicas e assustadoras veiculadas. Pior ainda, já não querem mais, particularmente, tomar conhecimento dos episódios da vida politica nacional, quase sempre conturbada. Falo de pessoas de considerável nível social. Mesmo avaliando que o dia-a-dia do país – mergulhado numa grande crise sócio-politico-econômica – não possa gerar noticias amenas, como desejadas por todos, não deixa de ser curioso e perceber se tratar de um pensamento em dimensões coletivas. Diante dessa constatação, questiono se se trata de uma postura sadia ou prejudicial sob o ponto de vista social. Ora, numa democracia o que se espera é a sustentação social politizada e bem informada. Caso contrário, nunca haverá sucesso. Na esteira dessa manifestação preocupante, muitas dessas pessoas declaram não suportar Politica. “Não tolero esse mundo politico, não vou votar e, em indo à sessão eleitoral por obrigação, darei um voto nulo ou em branco”. Alguns arredondam a aversão acrescentando que “a Politica só faz atrapalhar a vida do país”. Bom, neste caso é, a meu ver, o extremo da desinformação. Historicamente Politica é parte basilar de uma sociedade. Hoje em dia, no Brasil, o individuo, logo ao nascer e por ocasião do registro civil, já recebe um número de Certificado de Pessoa Física, o popular CPF, que, na prática, já o introduz na vida politica do país. Dali em diante, todos já sabem o que acontece no que tange aos seus direitos e deveres. Não gostar de Politica, ou não acreditar no poder dela é a forma mais rápida de contribuir para a formação de uma sociedade capenga e uma Nação sem estrutura estável. Aliás, porque, ao contrário dessa já imensa parcela social, surgem os que gostam – mesmo sem ter a noção adequada – e terminam praticando a Politica oportunista, arbitrária e maléfica que, quase sempre levam ao caos e à miséria muitas sociedades. O resultado desse quebra-cabeça, no Brasil de agora, assusta e aponta para um estado confuso e inseguro politicamente, carente, por um lado, de uma rede de comunicações honesta e livre de falsas noticias (fake-news) e, por outro, de políticos cientes e comprometidos com as demandas sociais de uma Nação sofrida e saturada pelas instabilidades socioeconômicas provocadas por irresponsáveis postos no topo do Poder. Nota: Foto ilustração obtida no Google Imagens

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Vivendo no Aperto

Como se não bastassem os efeitos devastadores da pandemia no estado da saúde mundial, o panorama internacional está, inegavelmente, bagunçado. Estamos diante de verdadeira convulsão político-econômica global, em face das mal traçadas e maltratadas decisões politicas desta calamitosa safra de lideranças mundiais. Tudo faz, mesmo, crer que o vírus da Covid19 terminou mexendo severamente nas mentes humanas, incluindo as dos que decidem os destinos do planeta. São casos surpreendentes e, sobretudo, desanimadores. Recebi pelas redes sociais uma relação de fatos recentes que confirmam a tese: as peripécias e renuncia de um descabelado Boris Johnson no Reino Unido; a fúria de Putin sobre a Ucrânia; a queda da popularidade de Joe Biden e a inflação galopante nos Estados Unidos; a economia da Alemanha patinando na eminência dos cortes de fornecimento de gás da Rússia; a escassez de matérias primas no mercado internacional; estranho e inusitado assassinato de um prócer politico japonês, entre outros não menos importantes. Neste cenário nem precisa dizer que “o pau está quebrando na cabeça dos mais fracos”. A situação se rebate de modos diferentes e cobra pesado naqueles mais pobres e que menos mandam. Os preços de combustíveis dispararam no mundo inteiro; na Venezuela – já abatida após anos de desmando da governança esquerdista – a população já come lixo ou morre de fome; na vizinha Argentina a inflação passa dos incríveis 60% em doze meses; em vários países europeus os aeroviários fazem greves e instalam verdadeiros caos nos aeroportos, em plena temporada das férias de verão; crise de mão-de-obra (não sei como!) na China, além da falta de matérias-primas e por aí vai. E o Brasil não escapa. Claro. Além da inegável crise politico-institucional reinante neste “trem-fantasma” chamado Brasil, a população vê-se às voltas com as agruras da alta taxa de desemprego, o empobrecimento das famílias e o estresse coletivo gerado pela exacerbada polarização politica na campanha eleitoral do ano. Fora tudo isto, é óbvio, que a inflação – acima de 10% no ano passado – seja o maior motivo das noites mal dormidas do cidadão comum. Uma ida ao supermercado, nesses dias recentes, tem sido um exercício de paciência na seleção de produtos com preços mais acessíveis ou nas frequentes promoções de descontos. Há produtos que, de tão altos preços, são mantidos com embalagem de segurança para evitar ações de clientes mais espertos. O preço da carne, por exemplo, é um desses produtos. Ontem, numa loja de importante rede nacional, fiquei surpreso ao observar, que peças de filé mignon bovino ofertadas são embaladas com um dispositivo de segurança, tipo “pega-ladrão”, somente retirado após registro no caixa de check-out. Vide foto a seguir. Senti um misto de constrangimento e vergonha. Mas, que jeito?
Por acaso, tomei conhecimento hoje dos resultados de uma pesquisa do Instituto FBS Pesquisa, por encomenda da SulAmerica Seguros, dando conta de que a crise da pandemia da Covid-19 abateu de forma agressiva a vida de 63% das famílias brasileiras e que precisaram reduzir gastos drasticamente. Quase metade dos pesquisados garantem viver “apertados” financeiramente. Mais do que isto, constatou-se que aproximadamente 32% da população não dispõem de renda suficiente para cobrir os custos básicos de casa. Despesas inesperadas, nem pensar. Os empréstimos bancários são demandados por quase 40% dos entrevistados e 52% desses estão com pagamentos atrasados. Também pudera, com as taxas de juros e spreads nas alturas, não poderia ser diferente. Felizes estão os banqueiros que deitam e rolam em cima da miséria dos desafortunados. São dados são bem atuais. A pesquisa foi realizada em maio passado, com duas mil entrevistas, via remota, nos vinte e sete estados brasileiros. Tudo indica que o principal vilão principal da onda inflacionária no mundo vem sendo atribuído às altas do preço do petróleo, em meio a guerra da Ucrânia. Aqui no Brasil o problema se torna mais evidente devido a uma série de outros fatores específicos resumidos no conhecido jargão do Custo Brasil. Um deles que mais se destaca, na conjuntura, é a falta de investimentos na infraestrutura do país. Problema crucial. Depender quase que exclusivamente do modal rodoviário torna a estrutura de transporte de bens e simples mercadorias sempre onerosa. Num país continental como o nosso, devido a uma equivocada decisão politica do passado, esqueceu-se de criar uma rede de transporte ferroviário, tal como existe nas grandes nações, que prestassem serviços para troca de mercadorias, matérias primas leves e pesadas, grãos e, por fim, passageiros. Por outro lado, outro modal esquecido foi o do transporte marítimo e fluvial. Com uma costa atlântica de quase 7.500 km.e uma invejável rede de vias fluviais o Brasil explora muito pouco estas vantagens. Grandes portos com terminais alfandegados, situados estrategicamente, e portos distribuidores regionais, a serviço de florescentes empresas de cabotagem a coisa seria outra. Mas, isto pode ser assunto para outra ocasião. A preocupação maior agora é sair do aperto. Tomara que medidas de politicas acertados salvem os barcos à deriva. Nota: Foto ilustrativa da autoria do Blogueiro.

sábado, 16 de julho de 2022

Três Tropeços

O Brasil assistiu nos dias recentes três episódios degradantes que retratam, de modo cruel, uma sociedade deteriorada e, pior, com limitadas perspectivas de adequado progresso. Foram coisas que para mim representam três tropeços sociais de um país que vem deixando de dar atenção devida, ao longo de décadas, aos corretos e necessários programas de desenvolvimento social. Faltam providencias e investimentos para melhorias das áreas de educação, saúde, segurança, assistência social, cidadania, habitação, urbanismo e outros correlatos que possam garantir a existência de uma sociedade minimamente digna e justa. Crianças, jovens e idosos vêm, cada vez mais, sendo penalizados para viver. Melhor dizendo, sobreviver. O primeiro tropeço que listo é o caso da garotinha de 11 anos que grávida, após estupro, teve negado o direito de realizar o aborto, por uma incompetente magistrada de plantão. O caso teve repercussão nacional e terminou sendo revisto. O Ministério Público Federal (MPF) atuou de imediato e, com bases legais, a garota foi submetida à cirurgia de interrupção da gravidez. Hoje, ela se recupera do trauma, com apoio psicológico. Sou frontalmente contra o aborto. E já fiz recentemente matéria manifestando minha posição. Contudo, não deixo de lamentar um episódio dessa ordem e trazer à roda de discussão esse possível direito. Recuperar-se-á mesmo? Mais triste fiquei quando tomei conhecimento de que o estuprador teria sido um priminho da garota com 13 anos de idade. Mais do que isto, fiquei sabendo também que eram namoradinhos! Neste caso, o caso ganha nuances bem discutíveis: teria sido estupro mesmo? Ou foi algo consentido? Certamente que se deram ao prazer de se conhecer melhor! Simples e possível nestes tempos de agora. Naturalmente que se trata de duas crianças pouco orientadas ou acompanhadas pelos cuidados dos pais ou responsáveis. Examinando arquivos sobre o caso, na Internet, deparei-me com uma infinita lista de casos semelhantes. Cheguei à conclusão (parece que tardiamente) ser muito mais comum do que se imagina estes episódios, entre crianças e membros familiares resultando em casos de gravidez indesejada. Curioso que, entre muitos casos, me impressiona o recente da garota recifense, também de 11 anos, que procurou um hospital público, grávida de oito meses, para fazer um pré-natal. Ficou grávida de um irmão de 29 anos! E, neste caso, a gravidez é de alto risco e não pode ser interrompida devido ao estágio avançado da gestação. Um irmão e de 29 anos! Esse animal, para mim, só tem de gente os olhos. Um sujeito com essa idade, agredir uma irmãzinha de 11 anos e engravidá-la é definitivamente ignóbil. Por oportuno registro que, apesar de haver no Brasil uma legislação protetora, inserida no Código Penal (Lei 12.015/2009), para amparar as vitimas de abusos sexuais, grande parte destas resistem em denunciar os agressores, por motivos dos mais diversos, tais como medo, vergonha, pressão social, burocracia, “respeito” ao membro da família ou simples ignorância. É nessa hora que se percebe a falta de uma bem montada estrutura institucional social e uma justiça mais enérgica e punitiva exemplarmente.
Abusar sexualmente de vulneráveis parece ser tolice diante da mente doentia do médico anestesista estuprador, Giovanni Quintela Bezerra, no município de São João do Meriti, estado do Rio de Janeiro. Eis aí outro tropeço social inqualificável e revoltante. É inacreditável que um profissional de saúde, desse nível nobre e superior, tenha a coragem de estuprar uma paciente anestesiada e em plena mesa de cirurgia, inserindo seu órgão genital na boca da desacordada paciente dando vazão à sua fúria animal. Asqueroso, criminoso e bandido podem ser qualificativos ainda leves para classificar um indivíduo dessa índole. Presume-se que o criminoso usava de medicamento excessivo e desnecessário para atuar de modo “tranquilo e relaxante”. A Polícia já identifica pelo menos 30 mulheres como vitimas. Preso e incomunicável o “médico” está sujeito a severas penas e obviamente cassação dos direitos profissionais. Qualquer pena estipulada ainda será pouco. O terceiro tropeço que reporto é aquele ocorrido em Foz do Iguaçu (oeste do estado do Paraná), onde, dois antidemocráticos militantes da atual campanha polarizada à presidência da Republica, travaram um duelo exacerbado, resultando na morte de um e outro ferido gravemente. O bolsonarista tresloucado provocou e o lulista reagiu, terminando por dar uma amostra da imaturidade politica que se reproduz neste país dividido politicamente. Assusta, naturalmente, porque a campanha de fato não foi deflagrada. Medidas mais severas devem ser tomadas pelas autoridades competentes para evitar outros derramamentos de sangue. Lamentavelmente, é numa dessas horas que se percebe quão verde é a democracia do país. Teremos muito que trilhar para alcançar a maturidade. Tomara que, de tropeço em tropeço, sejamos um dia o tal país do futuro conforme prometido pelos nossos ancestrais. NOTA: Foto obtida no Google Imagens

terça-feira, 12 de julho de 2022

Rio Maravilha

Há locais que, quando chego, sinto a sensação de estar em casa. O Rio de Janeiro é um desses. Estive por lá, esses dias recentes, cumprindo um compromisso social familiar, ocasião em que, por oportuno, aproveitei para rever espaços e locais por onde vivi momentos memoráveis do passado, principalmente, da minha juventude dourada e onde aprendi a sentir o Brasil de raiz. A chamada Cidade Maravilhosa (para muitos, nos dias de hoje, Cidade Perigosa) continua sendo, indiscutivelmente, a mais linda do planeta. À proposito, essa classificação deixou-me com dúvidas durante muito tempo. Mas, depois de percorrer outras inúmeras paragens nos quatro cantos do mundo, não alimento mais qualquer dúvida. Ocorre, também, que o Rio tem uma magia especial e própria do local. Acredito que sejam o quadro natural, o colorido do mar e das matas, as montanhas que o emolduram e o povo ajudam de modo definitivo. Reina sempre um clima de festa. A gente que vive por lá parece saber melhor celebrar a vida. É um quê muitas vezes inexplicável e curioso. Dessa vez fiz questão de ficar hospedado em Copacabana. Por ali, consegui rememorar a efervescência da vida carioca. Na primeira oportunidade corri para o calçadão, à beira mar, e, como tantos outros, dei uma “manera” caminhada, respirando o ar do mar, sem máscara destes tempos abomináveis de pandemia, observando o comportamento daquela sociedade que não deixa a “peteca cair” e toca pra frente uma vida como merece ser vivida. Louras, morenas, jovens e velhas, corpos apolíneos ou ex-isto, brancos e negros, crianças, cadeirantes, enchem o calçadão no horário matinal do sábado, todos a caráter, como numa cena preparada para ser exibida aos meus olhos e na forma que desejei. Ah! Meu Rio de Janeiro, como me faz bem te rever. Quanta coisa boa me fazes recordar. A Copacabana de hoje difere bastante dos dias da minha juventude. Antes não havia o calçadão. Um grande aterro foi construído nos anos 70 e uma nova cara foi dada ao bairro mais famoso do Brasil. No passado, a Avenida Atlântica tinha apenas duas faixas de rolamento. Horas do dia, conforme o rush, invertia o sentido. O que existe hoje, uma vasta extensão de praia, abriga uma miscelânea de atividades que resume o espirito carioca: bares, restaurantes, ambulantes, feira de badulaques e souvenires, artistas em plena atividade, entre outros. Não agrada a muitos. É verdade. Mas, está tudo lá fazendo a festa.
O Rio, porém, não se resume à Copacabana, claro. Por sorte tive tempo de “baixar” em outros pontos tão importantes quanto os da área praieira. Fui, inclusive, ao bairro boêmio da Lapa, levado pelo meu filho digital-influencer numa das suas coberturas. O antigo bas-fond carioca é atualmente um local divertido, colorido e cheio de atrações. Vale à pena ser visitado. Bares e restaurantes, sambões e boates para todos os gostos fazem da noite carioca aquilo que o público nativo ou visitante procura. Estivemos num dos mais movimentados, o Carioca da Gema, onde uma parcela da bateria da Mangueira se apresentava e levantava a clientela na noite de uma quinta-feira. Fomos recebidos pelos donos do pedaço e, sem dúvida, foi bem divertido. Um capitulo à parte da cidade do Rio de Janeiro está no item da gastronomia. Come-se muito bem naquela cidade. Os cardápios são dos mais variados e para todas as exigências e desejos. Dos mais simples aos mais sofisticados. Mas, indo lá, prepare a carteira. As coisas não são nada em conta. Aliás, nem vou citar nomes para não cometer uma falta. Como pobre gastei mais do que devia. Mas, não tem dinheiro que pague um prazer fora do programa e de surpresa. Sim, porque cada vez que solicitei “passar a régua de uma conta” vinha uma surpresa. Não vou esquecer-me do quanto custou um café expresso, no Forte de Copacabana. Paguei. Claro! Mas, paguei certo que me cobraram a vista panorâmica de Copacabana no fim de tarde. Deslumbrante, tudo bem. Valeu Colombo!
Para não deixar de falar de insegurança, como é comum em qualquer local do Brasil de hoje, devo dizer que circulei, com minha família e em inúmeros pontos da cidade, com razoável tranquilidade e observei que a policia local está sempre alerta e de prontidão com guarnições motorizadas. Naturalmente que por onde estivemos a situação não oferece tantos perigos, mas, pergunto: onde se circula com segurança total, aqui no Recife? Ou em São Paulo? O Rio de Janeiro seria exceção? Salve o Rio! Sempre a Cidade Maravilhosa. NOTA:1)Fotos da autoria do Blogueiro. 2) Não deixe de ler na Coluna á direita a janela Para sua Reflexão

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...