quinta-feira, 26 de abril de 2018

Gente fina é outra coisa

A semana começou, digamos, com um “babado” real. Causou muita surpresa, aqui, em Pindorama, a noticia de que a Duquesa de Cambridge, Kate Middleton e o Príncipe William, futuros monarcas do Reino Unido, exibissem o novo rebento, nas portas do Hospital Sta. Mary, em Londres, apenas 7 horas depois de parí-lo. Este é o terceiro filho do casal real, que nasceu nessa segunda feira 23 de abril. Aliás, e pensando bem, o nome dele, que ainda não foi divulgado, poderia ser George! Em homenagem a São Jorge, celebrado nesse dia 23. Vamos esperar.
A surpresa ficou por conta das reportagens e noticiários pela TV sublinhando suas mostras apresentando a Princesa de pé, carregando o filhote, sete horas após dar à luz, pronta, esguia e elegante indo pra casa!  Ora, meu Deus, por que essa pressa? Isso é inconcebível aqui no Brasil.
Olha só, que tranquilidade.
Aquela mulher foi dar um "passeio" no Hospital, cumprimentou a equipe médica,  desembuchou, pegou o bruguelo, deu até logo e voltou para seu palácio. Antes de sair acenou sorridente para os súditos babões Ver Foto ao lado. Simples assim. E é assim para todo mundo, no Reino Unido! Segundo as noticias garimpadas, não importa se é Princesa ou plebéia. Pariu hoje, volta hoje pra casa. Apenas seis horas de repouso.
Se fosse por aqui e tivesse que sair da maternidade, com este mesmo prazo, a coisa seria muito diferente. Imagine que Severina – Biu na intimidade – desse à luz à Anita (nome da moda em homenagem à funkeira), teria que voltar pra casa, seis horas depois, num ônibus lotado e quente, saltar a dois quilômetros de distancia da comunidade em que mora, subir três de lances de escada do prédio (Minha casa, Minha vida!) no qual vive, preparar comida para os outros cinco filhos que deixou em casa e para o maridão orgulho da nova cria. Sem intervalo para respirar, lavar os pratos e dar um grau na casa que a meninada desarrumou, enquanto ela foi dar um "pulinho" na maternidade. Ah, meu Deus! Coitada de Biu! Isso sem falar que Anita não para de mamar e chorar. E bote choro nisso... À noite, então...      
Há uma diferença abissal se compararmos as realidades de vida dos dois países. Basta lembrar e dar realce às condições gerais de saúde e sanitárias reinantes, por aqui. Isto, sem falar no nível educacional da nossa gente.
No Brasil, o Ministério da Saúde determina, por Instrução Normativa, mandar pra casa 24 horas, após partos regulares e sem intercorrências, e 48 se for uma cesariana. Mas, muitas parturientes ficam além desses prazos, porque não vê pressa nisso e as maternidades flexibilizam. Saem com recomendações claras de guardar resguardos. Vai pra casa e seja como Deus quiser.
E aí? Quem procede correto?
Segundo os especialistas no assunto, a grande diferença está na assistência que o Governo Britânico oferece – em domicilio – durante 21 dias após o parto. Imaginemos a assistência que a Princesa Kate está recebendo nesses dias. E imagine, também, as atenções que as esposas e filhas dos nossos políticos, ricaços e metidos a rico recebem após parto, regados a champagne, canapés e docinhos finos. É isso aí!  Gente fina é outra coisa! Ah! Nem é bom falar. Coitadas das nossas severinas.
Sugiro uma reflexão sobre a situação das vidas severinas do Brasil.  Nem penso na possibilidade de ver implantando o padrão que se desfruta no Reino Unido. É coisa pra se sonhar. Mas, que  a situação poderia ser melhorada, em muito, não tenho dúvidas. Não fossem os assaltos e desvios de verbas cometidos pelos nossos representantes, a coisa seria diferente. Por conta dessas coisas, pense nas nossas severinas na hora de votar em outubro próximo. 


NOTA: Foto obtida no Google Imagens.


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Tudo tem uma razão de ser


A toda hora se ouve dizer que “o PT estaria encaminhando o Brasil para o mesmo destino que a Venezuela tomou” ou “que por pouco nos livramos dessa situação”. Além de outras formas do mesmo sentido. Contudo, o que poucos sabem é que esse modelo de governar, adotado por Lula e Dilma, Chávez e Maduro, Evo Morales, Rafael Correa e seu sucessor, Daniel Ortega, entre outros, rezam pela Cartilha ideológica gerada e fomentada pelo chamado Foro de São Paulo. A história desse tal foro é a base de tudo que vem ocorrendo nos países latino-americanos, nessa década recente. A razão de ser!
O negócio foi assim: em 1990, o PT, comandado por Luís Inácio Lula da Silva, aspirante ao cargo de Presidente do Brasil junto com seu mentor e modelador José Dirceu, promoveu na cidade de São Paulo um grande encontro com lideranças esquerdistas do continente – partidos políticos e organizações de esquerda – contando inclusive com a presença de Fidel Castro, ainda em pleno vigor. A proposta desse encontro teve como objetivo discutir alternativas políticas às então dominantes no continente e por eles chamadas de neoliberais. Ao mesmo tempo, discutir caminhos para a integração latino-americanos nos âmbitos político, econômico e cultural. Naturalmente que em moldes socialistas/populistas, após a queda do Muro de Berlim e da falência da União Soviética. Foi um sucesso, na visão deles, e base para novas rodadas de trabalho e encontros programados. No ano seguinte, ocorreu um segundo evento, nos mesmos moldes, na Cidade do México, ocasião em que passou a se denominar de Foro de São Paulo. Dali em diante, a coisa se repetiu ao longo dos anos seguintes, contando com outros muitos integrantes, inclusive com representantes do grupo terrorista colombiano das FARC. Os locais foram sempre estratégicos: Havana, Montevidéu, Caracas, Buenos Aires e La Paz.
XVIII reunião do Foro de São Paulo/
Na prática, o que hoje se constata é que esse Foro andou ensaiando um controle supranacional da política, agredindo frontalmente a soberania dos países envolvidos. Talvez reeditar na América Latina o fracassado modelo Soviético. Nesse sentido, inclusive, fundaram a chamada UNASUL – União das Nações Sul-americanas, com vistas a articular e administrar esse sonhado domínio esquerdista continental.
Ora, está claro que foi diante desses acordos de “cooperação” e organização desses signatários desse Foro, que os países da região passaram ser governados por socialistas populistas como Lula, aqui no Brasil. Um detalhe importante, até para que entendamos o que vivemos hoje no Brasil, é que nosso país desde logo passou a ser visto no grupo como sendo o mais rico e, por isso mesmo, capaz de prover os governos mais pobres de recursos – sobretudo financeiros – para o alcance desse espúrio programa. Ao pregar o socialismo, o que havia por trás de tudo era a intenção de tomar o poder e nele se sustentar para sempre, a exemplo da Cuba de Fidel Castro. Foi assim que ocorreu na Venezuela, nas mãos do Ditador Maduro,  está em vias finais na Bolívia e no Equador e noutros países das Américas. O processo de domínio populista socialista latino-americano é coisa bem visível por todos que acompanham a vida politica e sofrem do desmando que impera na região.
Bom, sendo o mais rico dos membros, o Brasil, na visão do Grupo, tinha que arcar com o ônus de CUSTEAR a implantação dessa espúria União. E assim aconteceu.
O suado dinheiro da Nação brasileira passou a ser canalizado das formas mais diversas e criminosas para financiar projetos populistas de quase todas as nações do Continente. De ricas campanhas politicas a investimentos em portos, metrôs, autoestradas, hidroelétricas e um sem número de outros equipamentos de capital fixo. Algumas coisas a titulo de empréstimos e outras a fundo perdido! Países mais corruptos como Venezuela e Bolívia cometeram roubos sem tamanho precisos e hoje estamos a “ver navios” graças à megalomania de Luís Inácio da Silva. A Venezuela deve somas incalculáveis ao Brasil. Só de uma vez passou um calote de mais R$ 5 Bilhões com a anuência e beneplácito de Dilma Roussef! A Bolívia desapropriou uma Refinaria da Petrobrás com a passividade e o sorriso nojento de Lula. Foi nosso dinheiro indo pelo ralo e a quebra da Petrobrás.
Ao mesmo tempo, numa atitude típica de populismo, o Governo Socialista do PT usou da indecente estratégia dos imperadores do Antigo Império Romano, proporcionando, às multidões inocentes e analfabetas, pão e circo ao defender o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 e a Olímpiada de 2016. No ambiente festivo que “comprou” para o Brasil, Lula se vangloriava de que esses eventos eram para o povo sul-americano. Afinal, nunca havia ocorrido uma Olimpíada na América do Sul! Isso rendeu muitos comícios do sujeito. O Brasil gastou o que tinha para investir em projetos sociais nesse programa indecente. Popularidade nas alturas, tanto quanto Nero e Hitler.
O propinoduto rolou sem limites neste submundo petista em detrimento do povo brasileiro.
Quantos financiamentos do BNDES para países da UNASUL. Desastre total. O Brasil não merecia viver essa atual conjuntura. Vive mergulhado na maior crise econômica da sua História. Não preciso dizer mais nada. O resto, que é ainda muita coisa, está aí às claras.
São muitos os críticos desse movimento, aqui no Brasil e no Exterior.  Segundo o Ex-Chaceler brasileiro Luís Felipe Lampreia “o que explica a confusão da América Latina é o Foro de São Paulo”.
Eis então, a razão de ser da atual tragédia politica brasileira.  


NOTA: Foto obtida no Google Imagens 

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Pobre Brasil


Para um blogueiro que se propõe a emitir um post a cada fim de semana, como é meu caso, tem sido difícil acompanhar a dinâmica dos acontecimentos político-sociais que se desenrolam no atual momento brasileiro. Mal postei um comentário sobre a última e palpitante sessão do Supremo Tribunal Federal - STF, na qual  ficou selado o destino do ex-presidente Lula, eis que ocorreu aquele episódio da imediata prisão do homem, movimentando de modo bombástico o fim de semana passado dos brasileiros. Cada vez mais acredito que vivemos numa espécie de trem fantasma de um parque de diversões. As curvas bruscas e assustadoras dos últimos dias são retratos fiéis da minha imaginação.
Confesso que fiquei abalado com tudo àquilo que assisti pela TV. Foram horas a fio de uma ópera bufa, sem fim, de enredo do tipo “o coelho sai, não sai”.
Explico o porquê de sentir-me abalado: primeiro que não se tratou de uma prisão qualquer. O réu é um ex-presidente da Republica e isto, por si só, é historicamente muito grave. E pior, por crime comum e não politico como tenta convencer a militância. Desprovido de imunidade politica, Lula ficou sujeito a tratamento como um simples cidadão, coisa rara aqui em Pindorama quando se trata de um politico. E, como tal, condenado e preso consoante à legislação vigente e mediante as acusações que lhe foram atribuídas. Em segundo lugar, fiquei abalado, pela negativa exposição internacional do Brasil, tal qual uma republiqueta qualquer. Claro, que são interpretações pessoais, mas, de puros sentimentos. Perdoem-me os amigos e amigas que pensem ao contrário. Valho-me do privilégio de viver numa democracia, pela qual lutei e sempre que preciso lutarei.
No sábado passado, ouvi com atenção redobrada o discurso inflamado do Lula, antes de se entregar à Polícia Federal, cumprindo determinação judicial. E, determinação dessa ordem é cumpra-se e ponto final. Não esperava nada diferente daquilo. Visivelmente “tocado” o homem exagerou na sua natural verve e o que escutamos foram puros disparates e ofensas agressivas ao estado de direito. Aquelas críticas ao Poder Judiciário e à Imprensa foram imperdoáveis e com falta total de visão política. Faltou assessoria jurídica na retaguarda daquele palanque, para que ele usasse de um tom mais próprio e condizente a um ex-presidente da Republica e aspirante à estadista. Bom, aquilo lá esteve mais para um comício dirigido à sua militância equivocada – reduzida, diga-se de passagem – do que um pronunciamento à Nação, como muitos esperavam.
Entre muitas outras passagens, daquela hora de furor, Lula insistiu na curiosa tese, que brada aos quatro ventos, como tendo sido autor de um extraordinário e inédito feito na História do País, de tirar da pobreza milhões de brasileiros o que, ao ver dele, resultou num estado de polvorosa e revolta às tradicionais elites do país. Nada mais discutível do que esse discurso. Ora, ora! Lula teve o privilegio de governar num momento em que a economia global experimentou forte aquecimento e o Brasil não ficaria à margem desse boom. Ao mesmo tempo, com o pacto que ele firmou com as classes produtoras e os incentivos que a essas concedeu houve uma expansão do mercado consumidor, o que agradou em cheio a classe por ele chamada de elite. Com outra mão, reformulou os programas preexistentes de distribuição de renda, juntando tudo num só com a denominação de Bolsa Família, coisa que suscita muitas discussões, dados o mecanismo de administração e o imenso número de falcatruas observadas no programa. Nesse ambiente e estas duas componentes sociais, houve uma geral euforia popular com pobre comprando carro próprio e viajando de avião, comendo melhor e entrando na universidade. Tudo não passou de uma bolha. Os ventos mudaram, ele fez Dilma presidente, a crise se instalou, o desemprego eclodiu e assumiu taxas incontroláveis e os pobres tiveram que devolver os carros por inadimplência e buscar meios de sobrevivência. Como o tempo não para, chegou uma hora em que se revelaram as promíscuas relações dos governos petistas com grandes empresários brasileiros numa interminável “troca de favores”. Coube à Operação Lava a Jato arrancar as mascaras de todos envolvidos e a constatação foi que os integrantes das elites foram os mais beneficiados pelo Governo Petista, antes tido como o protetor dos pobres e oprimidos, portadores de uma bolsa família. Alguém, ainda, tem dúvidas? Essas trocas de favores levaram nosso “salvador” à condenação, razão do seu atual estado.
É minha gente, Lula foi muito mais benevolente com as elites (OAS, Odebrecht, JBS entre outros menores que o digam) do que com os pobres coitados que prometeu proteger. Benevolente com eles e com seu próprio bolso, claro!
As delações premiadas que foram efetivadas pelos próprios amigos e correligionários dazelites comprovaram tudo isto. Foram declarações que não deixam dúvidas quanto ao comportamento indecente petista e Lula no comando. Com sua pouco recomendável forma de governar, fez escorregar e tombar a Petrobrás, o BNDES e inúmeras outras entidades públicas.
Aliás, não ficou por aqui. Bom lembrar que os fios dessa rede de corrupção, por ele liderada, se estenderam além das fronteiras brasileiras e são muitos os casos de ações judiciais lá fora. Tem outros presidentes de repúblicas pendurados nessa malha e curtindo julgamentos e prisões.
É lamentável que o pretenso “salvador da pátria” tenha caído numa armadilha tão velha e carcomida. É aí que se confirma a máxima  de que a “política corrompe qualquer um”. O Lula posou sempre como sendo um político diferenciado. Garantia não ser qualquer um! Ao invés disso, bradou e gritou em campanhas à presidência de que, quando eleito, iria acabar com a corrupção endêmica no Brasil. “Lugar de ladrão é na cadeia”, exclamou de modo frequente nos seus retumbantes comícios. Foi assim que conquistou os eleitores. Agora, todo mundo, inclusive a torcida do Flamengo, concorda com ele! Lugar de ladrão é na cadeia, sim.
Pois é, parece uma ironia. Quem diria, naquela época, que viveríamos os dias de agora. Pobre Brasil


quinta-feira, 5 de abril de 2018

Atitude Republicana

Indiscutivelmente, no dia de ontem (04/4/2018) foi escrita uma importante página de História do Brasil. O país parou! Como a grande maioria dos brasileiros – sem que mesmo se considere a coloração política – postei-me diante da TV para assistir, ao vivo e a cores, ao julgamento, no Supremo Tribunal Federal – STF, do pedido de Habeas Corpus (HC) preventivo impetrado pela defesa do ex-presidente da Republica, Luis Inácio Lula da Silva, condenado em primeira e segunda instancias a cumprir pena de prisão, por pouco mais de doze anos, acusado de  lavagem de dinheiro, abuso do poder para facilitar a alta corrupção no país, receber propinas escandalosas, ocultação de patrimônio, entre outros “pecados”.
Também é indiscutível que a condenação de um ex-Presidente da República agora sujeito a cumprir tamanha pena é algo desastroso para a vida política de qualquer Nação, ao gerar negativas repercussões nos âmbitos domestico e internacional. E, neste caso, o Brasil não ficou imune a esse traumático passo histórico. O país terá que “engolir este sapo”.
O mais curioso a registrar é que se trata de um réu que se apresentou em sucessivas campanhas a Presidente como um verdadeiro “Salvador da Pátria” ao qual, agora, se atribui o vetor da maior decepção política da vida pública brasileira.
Tendo atravessado os momentos difíceis de duas décadas de ditadura militar, caos econômico, reveses políticos sem precedentes e desencanto geral da sociedade, o cidadão Lula da Silva se apresentou, à época,  como o cara que os brasileiros desejavam no Palácio do Planalto e comandando a Nação. O resultado foi sem dúvidas o mais desastroso.
Mas, voltando ao dia de ontem, quando assisti aos debates dos Ministros do Supremo, recebi  verdadeiras aulas de Direito Constitucional, num “curso” intensivo de quase doze horas. No meio dessa jornada, cheguei à conclusão que não foi apenas o julgamento do HC de Lula, mas, sobretudo o julgamento do sistema político brasileiro, do poder judiciário do país e dos políticos brasileiros. Prova maior desse julgamento foi escutar o impressionante pronunciamento – de muito efeito – do Ministro Luis Roberto Barroso na leitura do seu voto contra a concessão do HC (152.752), quando disse: “Eu respeito todos os pontos de vista. Mas, não é este o país que eu gostaria de deixar para os meus filhos. Um paraíso para homicidas, estupradores e corruptos. Eu me recuso a participar sem reagir de um sistema de Justiça que não funciona, salvo para prender menino pobre”.  Esta foi, seguramente, a mais taxativa e correta fala daquela sessão do STF. Sem firulas ou tecnicismos jurídicos, Sua Excelência deu o recado mais firme e mais honesto de todos ali reunidos.
Ministro Luis Roberto Barroso do STF
Prezado leitor(a), faça uma pausa e retorne um pouco para reler a frase dita por Barroso. Observe que nela, o Ministro expressa o pensamento de todo brasileiro de bem, ao tempo em que traça um perfil da imagem negativa de um país que pede socorro em nome da Ordem e do Progresso. Cabe, portanto, refletir e concluir que aquela sessão de ontem foi muito além do julgamento de um pedido de Habeas Corpus para um cidadão comum e corrupto. Ou seja, um cidadão como outro qualquer, sem que venha ao caso o fato de haver exercido o papel de mandatário máximo do país. O resultado, embora que apertado, mostrou que não importa a condição do réu, mas sim aclarar os crimes que lhe são imputados e a justeza das penas que lhe foram impostas. É isso que se espera de um Supremo Tribunal ou de qualquer Tribunal, seja qual for seu grau. É para isso que eles existem.
Acredito que está raiando, desse modo, um novo momento da História do Brasil. Ontem o país parou. Deu uma pausa para testemunhar uma Atitude Republicana e abrir passagem para retomar seu caminho de forma revigorada com um porvir de bonança, tranqüilidade e segurança. É assim que todo brasileiro de são juízo pensa a partir de hoje. E, claro, o episódio de ontem pode ser tomado como sendo a referência maior desse novo tempo. 

NOTA: Foto obtida no Google Imagens 

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Antigamente, era muito diferente...

Antigamente, era muito diferente... a gente já deixava de ir a escola na 4ª. Feira, ninguém trabalhava, o comércio fechava, porque a partir do meio dia, já começava o retiro espiritual da semana santa. Dali em diante até a sexta feira, outro sinal muito efetivo vinha pelas ondas dos rádios – então muito prestigiados – que só colocavam no ar músicas clássicas e que todo mundo chamava de música fúnebre. Fazia-se um silencio no meio do mundo, que chamava a atenção de nós, meninos irrequietos, loucos que passasse aquela época tão monótona. Claro! Não se podia cantar, gritar ou fazer algazarras. Arengar com um irmão, seria um pecado mortal.
Paralelamente, a minha casa era invadida pelo cheiro do pescado e do bacalhau que era consumido durante três dias. Para acompanhar havia o feijão e o arroz de coco, verdadeiras delícias, completados pelo o bredo, ao molho de coco, também. Naquela época eu não era muito fã de peixe. Achava insuportável ter que fazer a abstinência de carnes vermelhas por três dias seguidos. Era um sacrifício.
Certas horas, havia o capitulo de ir à Igreja. Lembro da cerimônia do lava-pés, da celebração relembrando a instituição da eucaristia e da procissão do Senhor morto. Beatas choravam, com o terço na mão e beijavam o Cristo na cruz. Era um clima de puro funeral.
Apesar da austeridade exigida, havia duas coisas bem profanas e divertidas, que terminavam quebrando o clima pesado do retiro: a noite do serra-velho, acho que na 4ª. Feira e a da malhação do Judas, na 6ª. Feira. Não estou muito seguro desses dias. A primeira até hoje não entendi. Escolhiam um cidadão ou uma cidadã de muita idade e, de modo geral, antipatizado pela comunidade e simulavam sua morte. Munidos de um serrote, roçando numa lata velha, produzindo um barulho desagradável, alta madrugada e, na porta da vitima, tratavam de fazer um inventário e “distribuição” dos bens do “morto” entre os promotores da provocação. Tinha nego que ficava tiririca e reagia, muitas vezes, a fogo. Quando a arma cuspia balas, os “herdeiros” corriam com os pés nas costas. Quanto a história do Judas, lembro que escolhiam um cidadão, malquisto pela comunidade, para ser “julgado”, em praça publica, através da figura de um boneco em tamanho natural. Era a maior desfeita. Os promotores da malhação, muitas vezes, conseguiam, nunca se sabe como, algumas peças de roupas do cara, produziam um boneco recheado de trapos e folhas de bananeira (eu ajudei a fazer um) e penduravam num poste, bem debaixo da luz pública. O sujeito quando via aquele boneco com suas próprias roupas, era capaz de se suicidar. No fim da noite o boneco, digo o Judas, era derrubado e surrado aos gritos da cambada. Neste caso, estava claro, que se fazia uma relação com a figura do Judas, o traidor de Cristo.
Quando, finalmente, chegava o sábado havia uma explosão de alegria. As rádios, em vez de musica fúnebre, atacavam de frevos e marchinhas de sucesso do último carnaval. Os clubes sociais promoviam os chamados bailes de aleluia. Era o maior carnaval do mundo, numa única noite. Aleluia, aleluia, Cristo ressuscitou!
Hoje é tudo muito diferente. Católico de nascença, fico meio desconcertado, quando vejo a programação dos dias da semana santa dos meus filhos, dos filhos dos meus amigos e dos próprios amigos. Definitivamente, acabaram com o clima de retiro e respeito à Paixão de Cristo.
No lugar das chamadas músicas fúnebres, a programação das rádios não muda em nada e se ouvem as costumeiras batidas do rock, os pagodes e sambas, ou coisas parecidas. Nas estâncias de férias, promovem-se monumentais festivais de músicas, nos quais a moçada se esbalda e extravasa seus instintos mais obscenos. Pra começar, as bandas, vejam só, levam nomes muito esquisitos, tais como Biquíni Cavadão, Garota Safada e Calcinha Preta, entre outros. Isto não casa com nada de bom senso, principalmente o religioso. Pense pular ao som da banda de Ivete Sangalo, em plena noite da 6ª. Feira Santa. E comer churrasco de picanha no meio da festa! Acontece, sim. Não é um horror? Se minhas avós, por um milagre que fosse, voltassem ao mundo dos vivos, davam uma marcha à ré e, fazendo o sinal da cruz, deitavam e morriam, outra vez. Eu nem choraria. Conformado, entendia que não lhes restava outra coisa.
Não! Não é saudosismo, nem beatice, nem falso moralismo. É desconforto espiritual. Acho que um retirozinho, uma pausa para meditar, pode fazer muito bem a essa juventude inquieta de hoje.

Nota: Fotos do Google Imagens

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...