terça-feira, 18 de junho de 2019

Somos muito Diferentes

Retornado da Austrália, na semana que findou, já começo a amargar os efeitos do desandar da política brasileira e suas nefastas consequências no dia-a-dia do cidadão brazuca. E vivendo este clima de insatisfação geral, volto a me incomodar com aquele ideia de que "a Austrália é um Brasil que deu certo". Estou com isto encasquetado desde algum tempo. Procuro, sem sucesso, meios de conferir e não encontro. Apenas arrisco a um juízo de valor.
Como falei, num dos últimos post, não é bem como se diz. Ao contrário é uma coisa bem distinta. "Ah! Mas se trata de um povo tão alegre, quanto o brasileiro..." diz alguém. Nem tanto! Até pela descendência britânica. Ou, "tem também a paisagem tropical com praias paradisíacas e muito surf, como no  Rio de Janeiro". Pode até ser. Mas, vamos devagar. São formas muito simplistas de averiguação. E, certamente, não é por ai. Há diferenças enormes quando comparamos in loco.
A coisa começa quando acessamos os indicadores geo-politico-econômicos de cada um. A Austrália é bem grandinha tem, aproximadamente, 1 Milhão de Km² a menos que o Brasil, que tem, arredondamento, 8,5 Milhões. Contudo, enquanto por aqui temos 220 Milhões de habitantes, lá vivem apenas 23,5 milhões de almas. Aliás, registro como uma curiosidade: segundo tomei conhecimento, existem mais cangurus do que gente. 


Existem mais cangurus do que gente, na Austrália
Pense na diferença de administrar populações de quantitativos tão díspares. Sem falar nos aspectos multiculturais dos brasileiros. No que diz respeito ao quadro natural, há também imensas diferenças: a grande maioria do “continente” australiano é de clima quente e seco dos tipos árido e semi-árido. Isto ocasiona inclusive a existência de áreas desérticas, destacando-se os desertos de Gibson e Vitória, embora haja regiões tropicais, tropicais úmidas e subtropical. Nesta última ocorrem verões quentes e invernos frios e chuvosos. É por aí que se encontram Sydney, Camberra (Capital do País) e Melbourne. É relativamente, bem diferente do Brasil.
Bom, encurtando a história, fica evidente que com paisagens tão distintas e populações de tamanhos tão díspares é muito diferente do Brasil. Resta somente as características simplistas acima referenciadas e clichês entre os brazucas.



O que diferencia mesmo, na minha ótica, está nos aspectos político-sociais mais clássicos: educação, saúde e segurança. Considerando os sentidos mais amplos de cada um desses indicadores. Pronto! É neste tripé que sustento minha tese da diferença entre os dois países. Um país educado tem saúde melhor, respeito ao próximo e à propriedade privada, segurança maior e, desse modo, povo feliz e alegre.
Quer ver uma coisa? No último dia 18 de maio ocorreram eleições parlamentares para renovação da casas do Parlamento Federal composto pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. Andei por lá observando o movimento e fiquei surpreso com o clima reinante. Não havia o menor sinal visivel de eleições. Salvo nas proximidades das áreas com tendas das sessões eleitorais, principalmente, nos parques públicas, que são muitos. Tudo ocorrendo de modo discreto, eleitores indo às urnas sem manifestar o quer que fosse e cumprindo sua obrigação cidadã. O voto é obrigatório. Nada de propaganda ostensiva, nada de bocas-de-urna ou militantes exaltados, nada de agressões partidárias e nada de mudança nas atividades corriqueiras. Comércio aberto, restaurantes funcionando e povo tranquilo nas ruas, avenidas e parques. Faixas, cartazes ou “santinhos” de candidatos  espalhados pelas artérias públicas? Que nada! Santinhos mesmo, somente nas igrejas. Claro que houve debates anteriores ao pleito. Porém, segundo pude observar em níveis altíssimos. Com uma economia em crescimento constante, inflação controlada, taxa de desemprego ao redor dos 5% e sociedade segura em ambiente de bem-estar, o que restou para ser discutido foram as questões ambientais, o que é muito bom. Já pensou? Isto aqui é incluído de modo apertado, por um partido nanico e sob o patrocínio de Marina Silva, que só aparece, coitada, nas horas de campanha. Os australianos andam muito preocupados com a preservação do planeta. Ah! houve horário eleitoral pelas rádios e TV, pela primeira vez. Agora, imagine o nível.
Bem, é bom lembrar que a Austrália faz parte da Comunidade das Nações Britânicas (Commonwealth of Natios) e por esta razão a Rainha da Inglaterra é a Chefe de Estado, representada por um Governador Geral por ela nomeado, a conselho do Primeiro Ministro eleito. Assim como a dita Rainha, esse governador-geral tem um poder meramente simbólico, embora que muito respeitado pelos membros do Governo e seus ministros.    
Mesmo a distancia acompanhei as aberrações políticas daqui de Pindorama. A sensação que passa é que, ao contrario do que ocorre na Austrália, há uma intenção dos homens de Brasília em trabalhar contra a Nação. Para eles, quanto pior melhor. E, aí está mais um aspecto da imensa diferença entre essas duas sociedades. Possivelmente, a diferença basilar.
Dá desgosto de ver, ao retornar, a cachorrada política, as ruas imundas, os passageiros de ônibus descartando sujeiras e detritos pela janela, cidades sujas e inundadas por chuvas torrenciais, pobres ao relento em noites frias, o país ligado numa aventura sexual de um jogador de futebol irresponsável, o povo nas ruas protestando contra uma reforma previdenciária inevitável, entre outros episódios que dizem bem de uma sociedade desarranjada e despreparada para viver dias de paz e bem-estar social. Somos muito diferentes.

NOTA: Fotos de ilustrações obtidas no Google Imagens.

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...