quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O ano já Começou

Mesmo em tempo de recesso, o Blogueiro não deixa de observar as coisas que rolam no entorno, na sociedade, na economia, na política nacional e, claro, no meio do mundo. Dizem sempre que o ano, no Brasil, só começa depois do carnaval. E a moçada leva a sério, o que não deixa de ser um equívoco.  Este ano, porém, não foi bem assim. Já começou e começou pesado. O julgamento do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, num Tribunal de Segunda Instância, em Porto Alegre, mobilizou a Nação de canto a canto, num clima de expectativa sem precedentes. Tanto o julgamento quanto o resultado, com uma condenação acachapante do réu, teve o poder de tirar todo mundo do dolce farniente deste verão.  Ou seja, o ano já começou de verdade em 24 de janeiro, dado a turbulência política reinante levando a que a Nação se ligasse antes do habitual no “rame-rame” costumeiro dos últimos anos. Também, pudera com um caso inédito como foi... Tive muita vontade de interromper o recesso, mas, segurei até hoje.
Essas coisas da atual política brasileira não acontecem por acaso. Na verdade faz parte de um longo processo de aperfeiçoamento das relações políticas desse “continente” que é o Brasil e que remonta desde a instalação da República. Revoluções civis, governantes despreparados, golpes de Estado, ditaduras civil e militar, eleições democráticas, impedimentos de mandatos são as experiências que se acumulam. Na prática, fica claro que não se administra um país tão grande e tão cheio de disparidades socioeconômicas, sem conflitos e dores, avanços e retrocessos. No fundo, no fundo, é benéfico aprendizado. Um dia chegaremos ao equilíbrio. Pode ser logo ou muito depois. Mas, pode.
Conversando, recentemente, com um amigo do tipo que eu chamo de “lido e corrido” (cidadão com muitos quilômetros rodados mundo afora, critico literário, cientista político refinado, apartidário, democrata e republicano) chegamos à conclusão de que todo esse “cataclismo” político que estamos vivenciando terá que resultar – cedo ou tarde – num aperfeiçoamento sociopolítico sonhado. É preciso sofrer para aperfeiçoar... Mesmo que políticos indecentes e cretinos insistam atuar nas altas esferas da República um dia poderão ser neutralizados pelos comprometidos com o povo e a Nação. Temos que alimentar esperanças. Nessa hora, recordamos de uma afirmação atribuída a Ronald Reagan, quando presidente dos Estados Unidos: “A política é supostamente a segunda profissão mais antiga do mundo. Vim a perceber que tem uma semelhança muito grande com a primeira.” Pois bem, quando deixarem de ter essa semelhança o nosso mundo pode mudar. É difícil, sabemos, mas, esperemos que o eleitor sendo educado e cansado de ser explorado venham distingui-los.
O que mais dói, nisso tudo, é como essa situação de instabilidade político-econômica consegue abalar a sociedade e as organizações, haja vista para o que se vive no Brasil de agora. Mergulhado na maior crise da História, o brasileiro assiste perplexo a desarrumação econômica, que se rebate de forma violenta em todas as atividades sociais e econômicas. O estrago foi sem precedentes e justo num momento em que o resto do mundo se comporta em expansão (inflação baixa, juros tendentes a zero, crescimentos a vista entre outras variáveis) ao se recuperar da crise de 2008. O Brasil perdeu esse trem da História. Fomos ludibriados com aquelas história de marolinha... Empresas se derretem, empregos desaparecem, mercado perde a dinâmica e o caos se implanta. Estima-se que vamos levar uma década para alcançar o ultimo vagão do trem que passou. Tudo por conta de uma infeliz escolha de líderes forjados em teorias e sistemas de governo superados, apesar de amplamente testados e abandonados por outras economias mais inteligentes e competitivas. Esse mundo inteligente e experiente avançou e escolheu o inexorável caminho da democracia neoliberal, enquanto alguns países despreparados politicamente, como o Brasil, se postaram em pontos fora da curva virtuosa e hoje amarga o dissabor da derrota social e econômica. Aqui na América Latina foi um clamor!
Curioso ainda é como esse estrago geral abala, até mesmo, núcleos de muitas famílias brasileiras. Não raro, as paixões políticas tomaram o lugar de outras paixões. Do futebol, por exemplo. Essas questões político-partidárias vêm eclodindo da maneira estúpida e com mais furor e rancor, entre membros de um mesmo clã. Mesmo aqueles bem estruturados e educados para viver em harmonia. Sei de histórias dolorosas e até preocupantes. São fraturas desnecessárias que tendem ser levadas para o resto das vidas, por razões sujeitas à mudanças constantes e sem futuro seguro. Magalhães Pinto, velha “raposa” política de Minas Gerais, disse um dia que “a política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. E é mesmo! Já vi coisas inacreditáveis. Para essas pessoas apaixonadas, por essa ou aquela corrente política, o adequado é saber usar da inteligência, para não passar por ignorante e aprender a viver democraticamente, isto é, saber escutar e buscar espaço para defender suas teses, sem paixões ou agressões, em nome da paz e da concórdia. Quebrar  vínculos familiares é burrice extrema, até porque uma nação se constrói com base nas Famílias. As unidas e consolidadas é óbvio. 
Bom, prá terminar esta conversa de ano novo, não custa nada lembrar que viver em Democracia exige bom intelecto, bem como inteligência emocional. Isto anda faltando no Brasil e em muitos brasileiros que se acham bem formados. Conheço alguns e de muito perto.

NOTA: Ilustração colhida no Google Imagens 

Insegurança nossa de Cada Dia

Pobreza, fome, analfabetismo, disparidades inter-regionais de renda, saúde publica falha, politica educacional também, governos míopes e som...