sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

O Tempo não Para


Mal percebemos e já é Natal de um ano repleto de fortes emoções e anunciando outras tantas que prometem movimentar nosso dia-a-dia do ano que se aproxima. Este 2018 entra na História de modo marcante e que, provavelmente, sugerirá frequentes revisões. Foi um ano difícil. O brasileiro comum, depois de um quente verão, ficou na expectativa de uma Copa do Mundo, na Rússia, onde a esperança de cravar um hexacampeonato verde-amarelo deu errado. Jogadores comprometidos com seus respectivos egos e equipe uma mal formada mostrou um futebol de baixa categoria que terminou frustrando a chamada Pátria de Chuteiras. De todo modo, considere-se que o conturbado ambiente politico interno contribuiu para que engolíssemos a seco a derrota no gramado russo.
Sem o Hexacampeonato, a ordem do dia que dominou a vida do brasileiro foi o clima politico. Foi um semestre no qual a coisa esquentou de tal modo que, aquela torcida única que gritou ao tempo dos raros gols e esbravejou pelas falhas da equipe canarinha, de modo uníssono, dividiu-se em duas bandas travando a mais intensa disputa eleitoral vivida no Brasil da pós-ditadura. Quiçá, em todos os tempos. Correu até sangue. A Nação, mais do que nunca, se bipartiu num duelo histórico repleto de episódios palpitantes terminando num epílogo ainda não assimilado pelos derrotados.  
Este mix de frustração e disputa politica resultou num Brasil mais mergulhado ainda numa profunda crise político-econômica e, particularmente moral. Muita sujeira foi lavada e enxaguada, enquanto outras tantas deverão passar pela mesma lavanderia, numa tentativa de limpar a vida nacional. Não vai ser fácil. Os lavadores e lavadeiras vão trabalhar como nunca antes visto.
Prejuízos são incontáveis devido a essa quadra de irresponsabilidade governamental que pontificou. Além da crise, da sujeira politica e da guerrinha instalada, não podemos esquecer, por exemplo, a destruição da História, preservada secularmente, no Museu Nacional (inicio de setembro) num incêndio que repercutiu em nível internacional. E, aqui em Pernambuco, a atitude estupida do Governo local ao não atribuir uma mínima importância à obra do escultor Abelardo da Hora que terminou indo para um especial Museu no estado da Paraíba. Foram, para mim, duas agressões à cultura nacional que jamais serão corrigidas.
Bom, outras barbaridades entrarão no rol das coisas excêntricas do ano, como a aparição de Cristo num pé de goiaba e as façanhas do tal de João de Deus. Este é o Brasil que temos, embora não queiramos.  
Como não podemos e não ficamos alheios ao conturbado clima internacional é de se registrar que o ensaio de Guerra Mundial de Donald Trump e o ditador norte-coreano Kim Jog-un incomodou todo brasileiro de são juízo. Por sorte, selaram um pacto de paz e o mundo aplaudiu. A outra coisa preocupante tem sido a invasão de venezuelanos em Roraima (Norte do Brasil) fugindo da fome e das perversidades do ditador Nicolás Maduro. 
Agora, às vésperas do Natal do Senhor, cá estamos na expectativa de vivermos dias melhores, sem exacerbação da pobreza e mitigando a fome que reina solta nos grotões deste continente, com níveis de desemprego reduzindo, equilíbrio político-econômico, juízo para os opositores, entre outras benesses desejadas.
Como o tempo não para, o Blog do GB deseja aos seus leitores uma Feliz Noite de Natal. Que seja mais cristã do que comercial, uma noite de reconciliação, repleta de esperanças que se estendam pelo ano de 2019, para que sejamos mais felizes do que os dias vividos no ano que finda.

NOTA: Imagem obtida no Google Imagens


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Irresponsabilidades Históricas

Aqui em Pernambuco ocorrem coisas que me deixa profundamente decepcionado com nossos governantes. Estou revoltado com a notícia de que o acervo de obras e esculturas de Abelardo da Hora, falecido em 2014, foi vendido ao Governo da Paraíba, onde vai ganhar um museu dedicado ao artista que nasceu (Tiúma-PE.) viveu e lavrou suas obras de arte aqui no estado. Quanta falta de noção cultural e irresponsabilidade com a História da Arte local. Sua vida e história se desenrolou aqui e o local mais adequado para exposição permanente da sua obra num museu seria no Recife. Falta de sensibilidade cultural desses nossos governantes. Como faz falta gente culta e com noção de Historia à frente de um governo.

Este caso, eu diria que trágica, faz-me lembrar outro que ocorreu na passada década de 70, quando a monumental coleção de arte sacra do colecionador Abelardo Rodrigues foi levada para Bahia por total irresponsabilidade do Governo de Pernambuco. Trata-se de uma das coleções mais expressivas de arte sacra que se tem conhecimento no Brasil. Quando falei monumental, não exagerei. Cheguei a conhecer, observar de perto e tocar algumas peças. Na época era aficionado em obras dessa natureza. Por sorte estive na casa dele algumas vezes e fui sempre bem recebido pela filha, Dóris. Ela sabia que eu gostava de apreciar a coleção.

Pois bem, Rodrigues (1909-71) que era Advogado, tinha como hobby, desde jovem e estimulado pelo pai, colecionar obras sacras antigas e algumas populares (foi criador do Museu do Barro, em Caruaru). Ao falecer – em consequência de um infarte provocado  por uma disputa ferrenha, com o Prefeito Augusto Lucena, defendendo a preservação da igreja do Bom Jesus dos Martírios que o prefeito decidiu demolir (e conseguiu!) para dar passagem à atual Avenida Dantas Barreto – deixou seu expressivo legado para os herdeiros. 
Fachada da Igreja dos Martírios, (século 18) demolida.  
 Sem condições adequadas para preservar o patrimônio artístico e cumprindo o desejo do colecionador, a família Rodrigues resolveu vendê-la ao Governo do Estado com a finalidade de montar um museu Abelardo Rodrigues. O governador da época, 1972, Eraldo Gueiros, fez ouvidos de mercador e, sem sensibilidade para com o tema, deixou que a oferta vazasse e chegasse aos ouvidos do governador Antonio Carlos Magalhães, da Bahia, em 1973. O governador Gueiros quis consertar o erro, fora de hora,  desapropriando o acervo e proibindo a saída da coleção do estado. Mas, foi tarde. Magalhães, famoso como sujeito "bom de briga", não perdeu essa. Após uma “batalha” judicial (chegando, inclusive, ao STF), os baianos ganharam a questão e levaram o acervo. A briga interestadual ganhou a denominação de Guerra Santa. Pernambuco perdeu feio. Foi uma lástima. Imperdoável. Irresponsabilidade Histórica do governo pernambucano. Hoje, o Museu Abelardo Rodrigues instalado em Salvador, na região do Pelourinho, é sucesso de visitação. Veja mais clicando em: https://dimusbahia.wordpress.com/museu-abelardo-rodrigues/
Uma das salas do Museu Abelardo Rodrigues, em Salvador.
Agora, vejam só, a historia se repete! A família de Abelardo da Hora ofereceu - em doação - mais de trezentas peças ao Governo do Estado. Paulo Câmara reeditou o comportamento do governador Gueiros. Percebendo a iminente perda, apenas, nomeou um representante para resolver a questão, que ofereceu um espaço (pequeno, certamente) no Museu Cais do Sertão para colocar, algumas peças. Que absurdo! Não deu outra, veio o Governo da Paraíba e negociou, sem alardes e tranquilamente, com a família do artista e lá se vai a obra de Abelardo da Hora para um museu já pronto, no vizinho estado. Francamente! Chamo isto de ignorância administrativa-cultural imperdoável. Perdemos a preciosa chance de ganhar outro museu que testemunharia os valores culturais de Pernambuco. Sinto profunda vergonha. Quer saber mais sobre o artista? Clique em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21706/abelardo-da-hora
Abelardo da Hora com uma das suas obras.
Quem fez certo foi Ricardo Brennand que, com  próprio cacife, ergueu seu próprio museu - mais deslumbrante de Pernambuco - eleito um dos mais bonitos do mundo, no Instituto Ricardo Brennand, nas terras da família, no bairro da Várzea (Oeste do Recife) reunindo joias da arte mundial. Não me canso de visitá-lo. Veja mais em: http://www.institutoricardobrennand.org.br/
Vista aérea do Instituto Ricardo Brennand
Outra coisa, que me ocorre lembrar agora, é da coleção de artesanato brasileiro (sobretudo do Nordeste) que pertence ao meu amigo e primo Carlos Augusto Lira. Tomara que o Estado saiba, um dia, preservá-la. É outra coisa de valor inestimável. Pode render um belíssimo museu. Ainda bem que, precavido, Carlos Augusto já fundou o Instituto Lira para salvaguardar seu acervo, aqui no Recife.  
Pequena amostra do acervo do Instituto Lira
É isso aí, fiquemos vigilantes porque agindo desse modo as autoridades pernambucanas, aos poucos, apagam os melhores  testemunhos da nossa história cultural e entram nela de modo negativo. Estou de olho!

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens  

sábado, 1 de dezembro de 2018

O Capibaribe que quero



Historicamente sabemos que toda grande cidade ou metrópole moderna nasceu às margens de um curso d´água. Muitas das quais num delta caudaloso. Lógico, porque não se vive sem água e, por isso, as famílias e primitivas tribos buscavam sempre essas localidades. Água para consumo humano, para produzir seus alimentos, sustentar animais e por aí vai. Bom, água é vida.
Mas, tem uma coisa, viver as margens desses cursos d´água exige cuidados que nem toda gente sabe valorizar. Em tempos de campanhas pró preservação ambiental e viajando mundo afora, sempre me admirei muito pelos modos como são tratados os cursos d´água nas cidades que visito. Minhas observações vão desde o ponto de vista ecológico, quanto no aproveitamento responsável das águas. Cidades inteligentes concentram suas bases econômicas nos rios que possuem. Aproveitam como fonte básica de produção e subsistência, como vias de transporte público de passageiros, escoamento de mercadorias e como lazer de inúmeras modalidades (canoagem, ski aquático, pesca, entre outros), além de atração turística por meio de tours fluviais panorâmicos e de eventos. Esta ultima utilização é das mais consagradas entre os viajantes. Lembro dos meus passeios pelo Sena (Paris), Douro (Porto), Hudson (Nova York), Tamisa (Londres), Tigre (Buenos Aires), Xochimilco (Cidade do México)  e noutros rios, que não me ocorrem lembrar os nomes, como em Praga, Saint Louis e Xangai. Infelizmente, no Brasil este potencial turístico ainda é muito pouco aproveitado, salvo pela Amazônia.
Passeio turístico em Xochimilco (Cidade do México) 
Estes comentários me ocorrem, hoje, após tomar conhecimento da retomada do Projeto da navegabilidade do rio Capibaribe – Projeto Rios da Gente –, aqui no Recife, que se arrasta desde 2012 ou 14, sem que desemperre. Está paralisado desde 2016.  Este rio corta a capital pernambucana no sentido oeste-leste, indo ao encontro do Beberibe que, segundo o imaginário popular local, juntos formam o Oceano Atlântico. Coisa de pernambucano megalomaníaco. Folclore à parte, falo de um curso d´água ainda pouco integrado à vida da metrópole devido à falta de visão e de investimentos das autoridades que governam a cidade ao longo dos tempos. E da  iniciativa privada, também. As tentativas dos ribeirinhos são muito tímidas e rudimentares. A proposta da Prefeitura do Recife, orçado em R$ 289,0 Milhões, é de aproveitar a bacia do rio como uma via fluvial de transporte público, em 11Km de extensão. Projetam-se barcos-ônibus partindo do limite oeste da cidade e alcançando a área central, com pelo menos cinco estações intermediárias. Além de desafogar o trânsito nas congestionadas artérias urbanas, hoje em dia, abriria espaço para uma exploração turística muito bem vinda ao setor local. A paisagem do referido trecho é bem luxuriante, com rica vegetação de manguezal e árvores seculares. 
Os bairros da Várzea, Dois Irmãos, Monteiro, Apipucos, Casa Forte, Parnamirim, Jaqueira, Ponte D´Uchoa,  Madalena e Derby, todos no trajeto projetado, são locais que no passado se prestavam para moradias da  aristocracia açucareira pernambucana, aproveitados como locais de veraneios. Imigrantes ingleses, inclusive, que chegaram ao Recife, no final do século 19 e inicio do século passado, fizeram dessas localidades pontos de moradias e lazer. 
Vista parcial do rio Capibaribe. Bairro da Madalena. 
Portanto, falo de uma região que pode contar a história da cidade, através da sua paisagem e beleza natural. Integrando este projeto some-se a urbanização das margens do rio - Projeto Parque Capibaribe - que poderá dar novas feições ao ambiente urbano recifense. Alguns pontos já se tornaram realidade como o Jardim do Baobá, às margens do rio à altura de Ponte D´Uchoa. 
Belo exemplar de Baobá no Jardim a beira do Capibaribe 
O meu amigo urbanista, Francisco Cunha, vem explicando entusiasticamente este projeto e melhor do que posso fazer neste exíguo ciberespaço. 
Animado com a promessa da Prefeitura do Recife, espero alcançar um tour noturno com jantar romântico à luz de velas e música ao vivo, num catamarã bem equipado e instalações dignas, a exemplo de muitas cidades que conheço.
Este é o Capibaribe que quero.

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens. 

Tiro pela Culatra

Venho acompanhando, como cidadão comum e com certa apreensão, as informações sobre o surto de dengue que ocorre este ano no Brasil. Impressi...