sábado, 26 de março de 2022

Janela Escancarada

Tenho acompanhado, com alguma curiosidade, essa história de “janela partidária” que ocorre, legalmente, nestes trinta dias de março, no cenário politico brasileiro. Como não sou especialista em legislação eleitoral fui remexer nos meus alfarrábios e sites de pesquisas, não apenas em busca de entender aos detalhes legais, assim omo e principalmente investigar essa coisa de mudar de legenda partidária noutros países. Para este ultimo aspecto, aliás, não obtive o sucesso desejado e fico tendente a acreditar que se trata de mais uma “jabuticaba” brasileira. Com a palavra os especialistas. Mandem as ordens, por favor. Sinceramente, fico questionando, intrigado, como esse processo se dá. Afinal, podemos confiar numa representação politica séria – tão necessária para sustentação de uma democracia republicana – à medida que os representantes sentem-se à vontade para “pular de galho em galho” a depender dos interesses pessoais e dos arranjos eleitorais presumidamente vantajosos? E como explicar ao eleitor? Mais do que isto, até onde vão os princípios ideológicos e as filosofias partidárias que servem de referencias a cada representante quando opta por esse ou aquele partido? Com uma diversidade partidária tão grande e com uma crise politica tão aguda, como a que hoje vivemos, o processo da “janela” poderá, quando muito, ser benéfico para quem tem esperanças no amadurecimento democrático do país. Temos muitos partidos políticos. Alguns são tão nanicos, como se diz popularmente, que chegam a ser ridículos. É uma colorida salada de partidos (Foto abaixo). Melhor seria algo mais compacto.
Apesar de me parecer uma insólita medida, se trata de uma regra regulamentada pela Reforma Eleitoral de 2015 (Lei 13.165/2015) e Emenda Constitucional 91, de 2016, que prevê a possibilidade de troca de partido, para deputados estaduais, federais e vereadores, num período que antecede a seis meses de uma eleição. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) partiu do principio que o mandato pertence ao partido e não ao candidato eleito. A intenção foi, inclusive, preservar a fidelidade partidária. Estão livres, bom ressaltar, dessa vedação os detentores dos cargos de Presidente, Governador, Senador e Prefeito, visto que os votos são consignados a cada individuo e não pertence ao partido que esteja filiado. Desse modo, a tal da “janela partidária” ocorre durante trinta dias para que parlamentares possam mudar de legenda sem perder o mandato. Estamos, pois, em plena festa! O movimento é grande nos quatro cantos do país e, pelo visto, “escancararam a janela”. Tem parlamentar “arrumando as trouxas” às pressas para não perder o prazo. Tem partidos fazendo verdadeiros leilões de atração a candidatos promissores. Tem partido empobrecendo, partido criando musculatura e tem partidos com estruturas abaladas devido às ganâncias de poder e a vaidade desmedida de boa parcela de parlamentares. Nunca se brigou tanto pelo Poder nesta Terra de Cabral. Detalhe importante a ser lembrado é que, sem “janela partidária”, é permitida a mudança quando apresentada uma justa causa, tais como: fim ou fusão do partido, desobediência ao programa partidário ou grave comportamento pessoal do representante. Já ouvi falar de vários desses. A esperança é que o eleitor fique atento, saiba acompanhar e analisar cada movimento e cada candidato, para que em 2 de Outubro acerte em escolhas responsáveis e comprometidas com a Nação. Chega de tantas crises. O país precisa viver momentos de tranquilidade. Temos oportunidades e não podemos perder as chances que se revelam promissoras. Se a “janela escancarada” é uma realidade permitida, que se feche com sucesso.

domingo, 20 de março de 2022

Futuro Sombrio

O tempo vai passando e minha esperança de que o conflito do leste europeu se dissipe e o mundo sossegue aliviado. Ainda inacreditável que isso venha ocorrendo em pleno século 21. As partes não cedem, as negociações não avançam e o resto do mundo se exaspera diante da barbárie, transmitida ao vivo e a cores, de uma infinidade de seres humanos que se esgueira debaixo de bombardeios e destroços de vidas amontoados procurando refúgios. Impossível não se sensibilizar e se revoltar diante de um quadro tão inesperado para este tempo. A mídia internacional tem tido pautas inesgotáveis e fazem da guerra seu dia-a-dia nesses quase trinta dias de conflito. Veículos informativos, das mais diferentes localizações e nuances politicas, tomam posições e interpretam ao bel prazer cada movimento tendendo, na maioria das ocasiões, aos quadros mais sinistros e preocupantes.
Graças à modernidade digital, tenho tido oportunidade de acompanhar os diários de noticias e as revistas informativas semanais e confesso minhas apreensões quanto ao futuro dos meus netos. Jornais europeus e norte-americanos se “esbaldam” em estampar imagens, opiniões e relatos assustadores. Hoje mesmo, aqui no Brasil, a revista semanal Isto É, (20.03.22), traz uma reportagem de capa que, no mínimo, provoca inquietação, desde a primeira vista, ao interrogar personalidades de destaque com: “Uma Terceira Guerra Mundial é Possível?”. (vide foto ao lado) E, mais do que isso, faz referencia enfática sobre o uso de armas nucleares. Armados até os dentes e detentores de arsenais nucleares dos mais potentes, os grandes rivais dessa contenda – Rússia e Estados Unidos – endurecem as formas de guerrear e, aparentemente, não temem em medir essas forças brutais pondo em risco o planeta como um todo.
O clima instalado me faz lembrar uma das mais tocantes experiências, que vivi nos idos de 1984, quando estive, pela primeira vez, no Japão e visitei a cidade de Hiroshima (Foto ao lado), alvo do monstruoso bombardeio atômico, deflagrado pelos norte-americanos, no final da Segunda Grande Guerra. Em 6 de agosto de 1945 foi lançada a primeira bomba atômica que se conheceu no mundo. Denominada de Little Boy arrasou a cidade de Hiroshima, transformada em verdadeiro inferno e matando aproximadamente 150 mil pessoas, metade das quais na ocasião da explosão. A cidade se transformou no alvo dos “terroristas” norte-americanos por se tratar da única forma de render o exercito do Império Japonês e dar um ponto final à Segunda Guerra. A escolha da cidade foi estratégica, dado ao fato de ser local onde funcionavam grandes estaleiros de navios de guerra e por dispor de um grande parque industrial metalomecânico, no qual se produzia armas e equipamentos bélicos. Conhecer de perto a cidade foi para mim uma oportunidade impar e capaz de me fazer melhor conscientizado sobre o poder devastador de uma arma nuclear. A Little Boy descarregou uma carga de urânio, que explodiu a 570 metros acima do solo e provocou um imenso cogumelo de fumaça (18 km. de altura), gerando uma descomunal temperatura de 300 Graus Celsius. Hiroshima (Nagasaki também bombardeada) foi reconstruída (Foto abaixo) e pouco mostra marcas da tragédia, salvo no parque memorial Abomb Dome, no exato ponto da explosão. Ali se localiza um museu organizado com uma dantesca coleção de peças e animais taxidermados resultantes dos efeitos a bomba. O visitante é recomendado se preparar para ficar diante de imagens e objetos capazes de provocar náuseas, revoltas e abalos emocionais. Um cavalo esfacelado, uma máquina de costura doméstica retorcida e garrafões de vidro amassados estão, até hoje, na minha memoria. Fora fotografias de humanos em estados dos mais deploráveis. Não tenho noticias de que Putin ou Biden tenham visitado este museu.Bom, de nada valeria...
Ouvir falar em Terceira Grande Guerra e ameaças do uso de armas nucleares, hoje, é, ao meu modo de prever, o fim do mundo. Sabe-se que tanto a Rússia, governada por um cidadão nada confiável, e os Estados Unidos com, respectivamente, 5.977 e 5.500 ogivas nucleares podem – numa deslize de cabeça – destruir o planeta Terra. A bomba que explodiu em Hiroshima é fichinha comparada às que hoje são mantidas nestes dois países e correspondem a mais de 90% das armas nucleares existentes. Nem é bom pensar neste futuro sombrio. Que a concórdia se estabeleça.

terça-feira, 8 de março de 2022

O Inesperado Acontece

Impossível me livrar do tema mais atual, isto é, a Guerra da Ucrânia, na edição de um post para esta semana. Até que eu gostaria. Esperei para ver no que daria e já se vão mais de dez dias. Refletindo melhor sobre a relutância de postar algo, cheguei à curiosa conclusão que, subconscientemente, esperei que, a peleja bélica deflagrada pela Rússia contra a Ucrânia, não duraria mais do que três ou quatro dias e que, um pacto de paz, seria logo celebrado. Infelizmente, enganei-me. Minha vontade teria sido de louvar o imaginado entendimento e, então, dar um “pitaco” sobre o que teria resultado da contenda. Confesso meu pesar por testemunhar tempo tão sombrio, como este que a humanidade sofre neste inicio de século. Tudo muito inimaginável. Nenhuma guerra é justificável e o inesperado esta acontecendo. É abominável. Não bastasse a grande crise sanitária, seguida de duríssima debaque econômica, de dimensão mundial, provocada pela Pandemia da Covid 19, eis que surge um impertinente líder russo, autocrata anacrônico, desejando se impor num mundo totalmente diverso dos seus mestres e ancestrais políticos, pondo em risco a paz mundial. Inacreditável. Recordo que a Segunda Grande Guerra (1939-45) resultou numa configuração geopolítica mundial que prometia tudo, menos o que hoje assistimos. Para tanto, um encontro de nações, saturadas dos sofrimentos e perdas irreparáveis pelas quais passaram, trataram de se organizar, preventivamente, em instâncias internacionais globais, capazes de por fim, pela raiz, tremores políticos internacionais e, sobretudo, conflagrações de caráteres coletivas. A Organização das Nações Unidas – ONU, o Banco Mundial, os Tribunais Internacionais, blocos de mercados comuns, como a União Europeia, a OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte podem ser lembrados como exemplos concretos desses esforços. Verdade, contudo, que nunca deixamos de ouvir falar de conflitos localizados, particularmente os fraticidas nos Extremo e Médio Oriente. A coisa de agora, porém, assume riscos de proporções mais temerosas, na medida em que põe em confronto indiscutíveis forças potentes e radicais, com arrasadores armamentos – inclusive nucleares – e que remetem à luta pelo poder mundial entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos, durante a época da chamada Guerra Fria. A situação, portanto, deixa de ser fria e passa a ser quentíssima ao evidenciar, de cara, a luta/temor da Rússia contra o avanço do cerco da OTAN. Putin, o autocrata anacrônico russo, expõe razões outras, de caráter politico, como politico é seu temor, mas, burlando todas as convenções internacionais, determinou que suas forças militares invadissem uma nação soberana e democrática. Tive a curiosidade, esses dias, de ler um pouco sobre a História secular daquele país e percebi o quanto o povo ucraniano já lutou (até contra os Hunos) pela defesa do seu chão. Contra a Russia, inclusive. Pelo visto, se trata e de uma Historia mal resolvida. O Putin está forçando uma barra por motivos políticos, mas, também econômicos: a Ucrânia tem as terras mais férteis da Europa Central, celeiro de meio mundo, e é rica em recursos minerais nobres. Para completar, deseja entrar na União Europeia e na OTAN. Aí fez tremer as bases do Kremlin. O resultado está aí, ao vivo e a cores. Lamentável.
A verdade, nua e crua, é que o mundo está de prontidão diante das barbáries cometidas, pela Rússia, contra um bravo e destemido povo que se mantem fiel às origens históricas. Bom, como guerra é guerra, o ucraniano está indo à luta com braços fortes e resistindo ao ponto de surpreender o mundo, inclusive os russos que, aparentemente, esperavam mais facilidades nos campos de batalhas. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (foto acima), tem liderado uma campanha de modo corajoso e inesperado. Ao mesmo tempo, o Mundo Ocidental, liderado pelos países da OTAN – que não entram na luta campal, por razões regimentais do Tratado – além de ajudar a Ucrânia com armamentos pesados e missões humanitárias, vem impondo a moderna estratégia de sufoco politico-comercial à Rússia, ao cortar todos os links criados pela Era Digital da globalização econômica com a nação de Putin. É a moderníssima forma de guerrear entrando em cena, conforme vaticinou o cientista israelense, Yuval Harari, sobre uma moderna guerra travada no campo cibernético. Suponho que Putin não imaginava ou, então, desconhece o poder desta arma. Corre o risco de perder a guerra e arruinar a economia do seu país. No mais, dói muito assistir pela TV e ao vivo o desenrolar dos ataques e das batalhas travadas. Coisa parecida com os filmes de Hollywood sobre guerras passadas. Insuportável, porém, constatar que se trata de uma dura realidade de hoje. Doloroso ver o sofrer de uma gente inocente fugindo do horror dos bombardeios e clamando pela paz. Velhos, crianças e mães em meio ao desespero sem fim e atônitos com o que assistem. Depoimentos estarrecedores. Tristeza sem limites. Jovens cheios de planos e homens que abandonam suas famílias para ir aos fronts de guerra. Inaceitável!
E, ao redor do planeta, os protestos contra os invasores e pedidos de paz rolam sem parar. Surpreendente como que, na própria Rússia, multidões vão às ruas protestar e condenar o louco governante. São reprimidos e presos mas, não se calam diante da estupidez. A propósito e para concluir, faço uma pergunta aos meus botões: estariam esses soldados invasores dispostos e comprometidos, de fato, com essa insólita guerra? Serão fiéis ao Putin ou blefarão? Como o inesperado acontece... Fica a provocação.

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...