sábado, 30 de janeiro de 2021

Ano Novo e Vida Velha

Estamos de volta num novo giro anual e introduzindo o Blog com nova fachada. Se o ano de 2020 não deixou saudades, este janeiro de 21 não chegou a convencer. A velha ideia que sempre ronda nossas cabeças, numa passagem de ano, esperando um novo tempo cheio de auspiciosas novidades pareceu, ao menos dessa vez, uma autentica quimera. Nada mudou. A rigor começou com um janeiro bem tumultuado nos quatro cantos do planeta. A crise sanitária do Covid-19 continuou campeando, pior até do que na segunda metade de do ano findo, e as perdas humanas se multiplicaram na onda da segunda onda. Na Europa e nos Estados Unidos, sem falar do Brasil, a situação recrudesceu e o alarme se espalhou mundo afora. Da África do Sul veio a primeira noticia alarmante devida ao surgimento de uma mutação mais violenta do vírus que logo invadiu o Reino Unido e colocou de sobreaviso o resto mundo. Uma serie de lockdowns foram retomados na União Europeia frustrando as populações que já respiravam liberdades de vida. No Brasil em pleno verão a galera não se segurou e “soltou a franga” à beira mar e nas baladas da vida. “Se todo mundo vai morrer um dia, morramos felizes, bronzeados e embalados”, parece ter sido o lema da temporada. Espantoso e irresponsável. Vide a seguir, por exemplo, uma imagem da praia de Boa Viagem, no Recife, num dia de verão deste janeiro de 2021.
Por outro lado, janeiro, também, nos proporcionou episódios políticos, aqui e alhures, que de modo indelével marcaram o mês que termina. Ver os ataques desferidos contra a Democracia pelos partidários de um tresloucado Trump, na Meca ocidental da ordem e da liberdade, foi episodio extremo e destaque internacional, tanto pelo ineditismo, quanto pela gravidade. Tio Sam tremeu e o mundo entrou em expectativa sentindo esse tremor. Tomara que Biden ponha a locomotiva nos trilhos. Já por aqui, no Brasil, as trapalhadas de João Doria (governador do estado de São Paulo) e Jair Bolsonaro (presidente da República) numa renitente luta pelo poder e na busca frenética por empunhar a taça da Vacina Salvadora, levou a população tupiniquim a mais um espasmo de perplexidade. Foi tempo em que mais de 220 mil mortes contabilizadas assombraram o mundo que resolveu fechar as portas aos brasileiros. A coisa piorou enquanto rolava o desvairado "bate-boca" politico, quando os casos fatais dispararam, culminando com a barbárie ocorrida no estado do Amazonas, onde pessoas morreram por falta de oxigênio engarrafado. Não foi, portanto, um início de ano sonhado de paz e tranquilidade. Episódios aqui lembrados refletem, em boa medida, a natureza arredia e rebelde do ser humano. A falta de domínio e compreensão do que ditam as forças da natureza exercem um poder incontrolável sobre o livre arbítrio dos indivíduos. O afã de liberdade de escolha e o sempre latente espirito de oposição terminam por precipitar grupos sociais às raias da loucura. Ora, se aglomerar e confraternizar aos moldes tradicionais são atitudes desaconselhadas e prejudiciais à coletividade, por que transgredir de modo ostensivo e irresponsável? Pior ainda se praticados com conotações politicas que resultam em confundir a sociedade no seu todo. Países democráticos como Brasil e Estados Unidos da América, com grandes contingentes populacionais e culturas heterogêneas, veem-se diante de colosais desafios sociopolíticos com vistas ao restabelecimento da ordem, da saude geral e da retomada econômica. É provável e claro que a crise promete ainda muitos sacrifícios. O mundo, de fato, não será o mesmo depois disso tudo. Bill Gates, um reconhecido pensador do futuro, numa das suas recentes falas assevera que “as coisas não vão voltar totalmente ao normal por muito tempo”. E é muito provável. Segundo ele haverá uma fase em que o número de contaminados será muito baixo nos países que adotarem a vacinação em massa, embora ocorram surtos em outras regiões do mundo. Arremata dizendo que “muitas pessoas permanecerão bastante conservadoras em seus comportamentos, especialmente se associadas com pessoas mais velhas”. Será isso o novo normal? Somente o tempo dirá. No Brasil o mês termina com campanhas de vacinação por grupos de pessoas mais vulneráveis fazendo nascer a esperança de dias melhores. Que o fevereiro – sem carnaval – venha cheio de bons fluidos e contínuos esforços na cata da proteção coletiva.

Lição para não Esquecer

Durante a semana passada acompanhei com interesse de quem viveu a historia, as manifestações que relembraram o golpe militar de 1964. Com um...