sábado, 1 de novembro de 2025
Vai ou Racha
Indiscutivelmente, o assunto da semana, aqui no Brasil, foi a Megaoperação levada a cabo pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro para Contenção das ações abertas e descontroladas do Crime Organizado nas regiões dos complexos de favelas dos morros do Alemão e da Penha, Norte da Capital carioca, transformadas em verdadeiras republicas independentes. O resultado foi dos mais avassaladores que se tem noticia e a mídia vem classificando , com razão, haver sido a mais letal de todas as operações do gênero. Mais de 120 mortos é a conta mais divulgada. Vejo, sem discussão, como sendo uma marca realmente assustadora. É número de uma verdadeira guerra. E nem toda guerra! Nos últimos tempos estamos ouvindo falar de 8, 10 ou pouco mais de mortos, resultante de um ataque “corriqueiro” dos russos contra alvos na Ucrânia. São números vistos como absurdos. E, de repente, ouvindo falar de 120 ou pouco mais, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, causa espanto e desespero. Onde vamos parar? Não tenho noticias a respeito de tanta violência e falta de segurança pública, noutro país do mundo, quando comparando ao nível que vivemos no Brasil da atualidade. É seguramente o mais grave dos problemas que esta Nação amarga, nesses últimos tempos. O crime organizado vem crescendo a passos largos e se espalhando pelo país, construindo um poder paralelo sem limites e às vistas (muitas vezes míopes) de governantes incompetentes, irresponsáveis e negligentes, sempre preocupados em se manter no Poder a qualquer custo, inclusive com apoio das asociações desse crime organizado.
Irrelevante dizer que o assunto deu realce a todos os matizes do espúrio jogo politico que se joga neste país de agora. Por um lado os que apoiam a atitude do Governo Carioca face à desbandeirada insegurança reinante na Cidade (antes) Maravilhosa versus a “turma” do Governo esquerdista que vem tapando o sol com uma peneira e embromando com promessas de providências que nunca chegam. Faz vergonha ver atitudes de (ir)responsáveis pelas pastas da Segurança Pública, quando no trato da questão e, digamos, fazendo “corpo mole”. Ao mesmo tempo, uma proposta de Emenda à Constituição, que promete soluções, tramita a “passos de tartaruga”, no Congresso Nacional, tendo, inclusive, o Deputado pernambucano Mendonça Filho como relator. Há uma serie de detalhes nessa PEC que exigem esforços e união para aprová-la. União que perece encontrar toda sorte de dificuldades a começar pelas altas ondas no mar da polarização ideológica e das diferenças do executivo federal versus os governos estaduais que disputam a posição de quem mandará mais. No Rio de Janeiro, o Estado garante que cansou de esperar pela ajuda federal e resolveu “fazer justiça com as próprias armas”. O Brasil se dividiu a favor e contra a atitude.
A meu ver, a situação é tão caótica e urgente que não cabe mais essa porcalhona divisão politico-ideológica reinante. A solução deste caso exige uma união de esforços nacionais sob pena de desaguarmos num mar de sangue e de incontrolável domínio. O crime organizado se espalhou. Combate-lo deve ser um compromisso politico de dimensões ilimitadas. No próximo ano teremos eleições majoritárias e este tema será pauta de prioridade máxima. Ou se acaba com o crime ou o crime acaba conosco. Tem que ser como no Rio de Janeiro: Vai ou racha!
NOTA: Foto obtida no Google Imagens.
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Historia nossa de cada dia
Que a Historia do Mundo e das periferias é escrita todo dia é uma coisa que, salvo engano, ninguém pode negar. Do meu posto de observador acredito ser assim. Esta semana pude anotar dois fatos que me chamaram atenção. O primeiro foi o encontro histórico do Rei da Inglaterra, Charles III acompanhado da digníssima (!) rainha consorte, com o Papa Leão XIV. E rezaram juntos na Capela Sistina, no Vaticano sob os famosos afrescos de Michelangelo. Um fato histórico, sem sombra de dúvidas. (Foto a seguir). Foi o primeiro monarca britânico a rezar publicamente com um Chefe da Igreja Católica desde o cisma anglicano há cinco séculos. Haja História nesse fato. A Inglaterra professa uma religião própria durante todo esse tempo e o Rei Charles é o Chefe Supremo dessa igreja. Haja poder nas mãos desse cidadão. Ele reina sobre corpos e almas de um povo que prima pela austeridade e tradições milenares.
A Historia é antiga e data de 1534, quando o Rei Henrique VIII, antecedente remoto no trono que Charles III hoje ocupa, requereu do Papa Clemente VII a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, o que foi negado. O Soberano britânico revoltado, não teve dúvidas, e decidiu criar uma Igreja própria, a Anglicana, da qual se tornou Chefe Supremo, sendo sucedido pelos ocupantes subsequentes do trono da Inglaterra. Essa situação, conhecida historicamente como o Cisma Anglicano é mantida até hoje com seguidores no Reino Unido e no resto do mundo, inclusive aqui no Brasil. No Recife, cidade que recebeu forte influencia britânica no século passado, esta igreja existe com alguns templos espalhados na cidade e com muitos seguidores. Aliás, o Recife conta, também, com um cemitério exclusivo para sepultar ingleses, o conhecido Cemitério dos Ingleses, que se fez necessário dado que, não sendo católicos romanos, os defuntos anglicanos não podiam receber sepulturas nos cemitérios católicos. Com condições econômicas confortáveis, os anglicanos construíram uma necrópole própria para os seguidores da Igreja Britânica. Este cemitério está lá no cruzamento das avenidas Norte e Cruz Cabugá, no bairro de Santo Amaro. Agora o que se especula é saber se essa aproximação do Papa Católico com o “Papa” (!) Anglicano pode resultar numa unificação das igrejas. Complicado responder ao questionamento visto que, ao contrário da Igreja Católica Romana, a Anglicana permite o casamento dos padres e ordena mulheres. Atualmente, aliás, uma mulher, Sarah Mullally, de 63 ano, mãe de dois filhos, desempenha o papel de autoridade máxima dentro da Ordem Anglicana. Acho difícil essa mudança.
A outra história é com H minúsculo, mas, não deixa de se constituir em História. O Brasil terá, no próximo ano, seu primeiro presidente com mais de 80 anos. O Presidente Luís. Inácio Lula da Silva fará no próximo dia 27, próxima semana, oitenta primaveras. Ou seja, está fazendo história. Interessante que o aniversario foi comemorado antecipadamente, na Indonésia, durante encontro com o presidente local, Prabowo Subianto, no recinto do Palácio Merdeka. (Foto a seguir) Cá pra nós, tanto lugar para se comemorar um aniversario tão significativo e fazê-lo no Merdeka. Francamente. Impossível admirar essa denominação de recinto. Mas, observação à parte, o mais curioso de tudo, a meu ver, é o fato do Presidente Lula haver aproveitado a ocasião para afirmar que será candidato em 2026, muito embora já tenha mais de 80 anos. “Vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que estou com a mesma energia que tinha com 30 anos de idade. Pode ter certeza que vou disputar um quarto mandato no Brasil... esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano, mas eu estou preparado para disputar outras eleições”. Moço corajoso.
Fiquei curioso e fui investigar se algum outro presidente havia governado com tanta idade. Não! Nenhum até hoje. Ele será o primeiro. Achei pouco e fui indagar sobre um possível impedimento de candidatura com essa idade. Nada! Constatei que, institucionalmente, o cidadão tendo mais de 35 anos, com registro eleitoral, integrante de um partido politico e gozando de boa saúde (?) é o bastante e pode se candidatar à Presidência da República, ainda que tenha 80, 90 ou 100 anos. Nada o impede. Diante disso, questiono o fato de que, conforme a Lei Complementar No. 153 de 03/12/2015, o servidor público será aposentado compulsoriamente ao completar 75 anos de idade. Aplica-se aos servidores da União, estados, Distrito Federal e municípios. Além desses, também se aplica aos membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias Públicas, dos Tribunais e Conselhos de Contas. Então, uma pergunta que não cala: Presidir a Republica não é uma função pública? Melhor parar por aqui. Chega de histórias, por hoje.
NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens.
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Desafiando a COP30
Sempre acho interessante quando vejo o comentário de que o “Brasil não é para principiantes”. Nem sempre concordo com esse jargão. Hoje, porém e por exemplo, vi-me usando esse dito quando vi pela TV a noticia de que a Petrobrás havia recebido o sinal verde do IBAMA para proceder uma perfuração exploratória na Margem Equatorial, águas profundas ao largo do Estado do Amapá. Quem acompanhou esse caso, ao longo do passado recente, deve estar ciente do “bolodório” politico-econômico-ecológico que esse assunto causou. Foram muitos debates e muitas escaramuças ministeriais na Esplanada de Brasília. Argumentos veementes foram defendidos pelo Ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, que de maneira enfática cobrou constantemente agilidade dos órgãos ambientais, principalmente da Ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, que, em resposta, manteve a posição de defender uma decisão de caráter técnico a cargo do IBAMA e reforçando com sua costumeira defesa suas preocupações com os critérios ambientais e defendendo a independência do órgãos de licenciamento. Outro Ministro que se envolveu na discussão foi Waldez Gomes, Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, lembrando que se trata de um direito soberano do Brasil e que será benéfico para o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste. Na minha visão pessoal acredito que a exploração pode representar um grande avanço econômico local, com positivos resultados socioeconômicos para o país como um todo. Recordo que, outro dia, comentei que esse tipo de exploração já vem sendo feita ali bem próximo, no Suriname e nas Guianas com imenso sucesso. Petroleiras internacionais estão se lavando com o óleo abundante naquelas bandas. Vai que essas explorações tenham como fontes os mesmos jazimentos (não sei seria o termo correto) da nossa Margem Equatorial e estejamos dando bobeira. A proposito, não foi à toa que o Ditador Maduro, da Venezuela, insinuou e andou querendo abocanhar metade da sua vizinha Guiana. Tinha petróleo nessa intenção.
Falei demais e terminei me afastando do objetivo desta postagem que resumo numa pergunta: Será que essa licença, às vésperas da COP30 (Conferencia das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) a se realizar no próximo mês de novembro, em Belém, estado do Pará, Brasil, condiz com os objetivos desse Encontro Internacional que coloca no centro da sua agenda temas como governança climática, justiça ambiental, implementação dos compromissos do Acordo de Paris, integração de mercados de carbono, adaptação e mitigação dos prejuízos ambientais? Parece-me que não! Para um evento que trata de defender o meio ambiente e as mudanças do clima com precisos objetivos vejo que o Brasil – anfitrião da Conferencia – jogou sob luzes uma das mais polêmicas decisões que, no final das contas, projeta a ampliação de emissão de carbono tão prejudicial ao ambiente global e tão combatida nessas conferencias das Nações Unidas. Pior, às portas do local do evento, inclusive geograficamente. Desnecessário frisar, embora que oportuno, serem muitas as criticas, sobretudo dos ambientalistas, de que avançar com a exploração de petróleo em uma região tão sensível como a norte/nordeste do Brasil contradiz a necessidade de transição energética (redução do uso de combustíveis fósseis) e preservação ambiental. É, de fato, contundente. Por isso que me lembrei do jargão de que “o país não é para principiantes”. Posso estar enganado, mas, será que ninguém do Poder Central – foi uma decisão permeada de conteúdo politico – não atentou do quão inoportuno que essa licença pode gerar no ambiente da Conferência? Ou terá um proposito de esquentar as discussões em Belém? Repito que não condeno a projetada exploração, ciente de que minha opinião não tem qualquer importância. É a opinião de um cidadão preocupado com o progresso e o bem-estar da Nação. Mas, discordo frontalmente da hora que foi proclamada. Em suma acredito que a licença para a Margem Equatorial pode passar uma mensagem contrária, isto é, ampliar a exploração intensiva de petróleo a um ambiente em que isto é “pecado mortal”. Não custava nada esperar algum tempo. NOTA: Foto ilustração colida no Google Imageens
segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Drink da Morte
Como se não bastassem todos os perrengues sociopolíticos que se multiplicam no Brasil dos nossos dias, uma onde de insanidade social se espalhou pelo país, nos últimos dias, pondo em risco consumidor mais desavisado e, particularmente, integrantes da camada social que vive nas franjas das grandes cidades. Tem nada mais abominável do que esse crime de “batizar” bebidas de uso corrente, sobretudo as destiladas, com fortes dosagens de Metanol? Engarrafadores clandestinos, com vistas ao faturamento mais fácil e mais alto, misturam Etanol, comprado em postos de combustível, injetando-o, sem medidas e sem escrúpulos, nas bebidas mais populares, como Rum, Uísque, Gin e Vodca. A crise eclodiu nos arredores da Cidade de São Paulo, onde muitos foram prejudicados e óbitos foram registrados. Aqui em Pernambuco, alguns casos foram registrados e dois óbitos ocorreram, no interior do estado.
Até onde chega a perversidade humana? Eis aí uma questão que parece não ter resposta. E, quando o ambiente oferece condições favoráveis o ilimitado se aproveita. É desse modo que assisto ao desenrolar dessa miserável situação que vem abalando o Brasil. Como um sujeito, ou um bando de sujeitos desclassificados, pode injetar um mortífero veneno numa garrafa de bebida comercializada nos bares e restaurantes da vida? Aqui pra nós, é inacreditável. O que passará pela cabeça de um bandido desses? Faz por maldade ou por espúrio interesse comercial? Será ignorância? Ah, será vingança? Contra a sociedade? Contra os carteis de bebidas? Muitos são os questionamentos, como muitos já são os casos de mortes e prejuízos sociais. A verdade é que eclodiu uma onda de insegurança nas praças de laser do país e as autoridades constituídas, além de recomendarem prudência ou abstinência alcoólica, se mobilizam para desvendar o que levou a essa barbaridade. As casas noturnas e os bares da vida já levam um prejuízo significativo. Estima-se que 40 Mil pessoas foram prejudicadas com bebida falsificada. Incluindo os mortos. Conhecido meu e distribuidor de bebidas me falou que essa prática é velha. Que ele luta contra os falsificadores espalhados pelo Brasil afora. Por ser um grande distribuidor os bandidos temem se aproximar para não correr o risco de flagrante. Terminam vendendo seus “venenos” nas praças mais frágeis, sobretudo nos arrabaldes ou bares interioranos. Resumo da ópera: perde o negociante, perde o distribuidor de bebidas, perde a sociedade. Já não se pode tomar o drinque do fim de semana em paz. Pode ser um Drik de Morte! Pobre Brasil. Pobres brasileiros. NOTA: A foto ilustração foi obtida no Google Imagens.
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
Sushi e Sashimi
Indiscutivelmente a culinária brasileira é um sucesso pela sua variedade e significado cultural que representa. Cada região tem suas iguarias e conquista até mesmo os paladares mais exigentes. Com traços marcantes, sejam de origens indígenas, portuguesas ou africanas, nossos cardápios conquistam os penitentes (com licença Zé Paulinho) antes mesmo de baixar à mesa. Do tacacá paraense, passando pela caldeirada maranhense, sarapatel e buchada pernambucanas, moquecas baianas e capixabas, frango ao pequi goiano, feijoada carioca, o virado à paulista e os churrascos gaúchos, um cidadão desavisado esquece qualquer regime de moderação alimentar. Não obstante essa riqueza de cozinha e a extravagância da maioria desses pratos, o brasileiro é chegado a provar das receitas estrangeiras que, sem pedir licença, invadem o mercado gastronômico nacional fazendo imensos sucessos. Muitos são tão comuns que chegam a confundir o grande publico. Quem não aprecia uma boa pasta italiana, um filé à parmesana ou uma popular pizza? E um filé mignon à cordon-bleu, originário, provavelmente, da cozinha francesa? São tão populares que a maioria chega a pensa se tratar de culinária brasileira.
Fiz esta introdução para focar numa verdadeira curiosidade gastronômica que nos últimos trinta ou quarenta anos invadiu o Brasil e faz tremendo sucesso. Refiro-me à culinária japonesa. O caro leitor ou leitora pode até discordar, mas, é surpreendente a popularidade dos sushis e sashimis, principalmente entre os mais jovens.
Recordo, a propósito, que na década de setenta, quando estudei na USP, em São Paulo, a presença de orientais na Universidade era algo notável. Normal, considerando que a maior colônia japonesa, fora do Japão, está no Brasil. Principalemnte no estado de São Paulo. Pois bem. Não tardou muito e influenciado por três colegas niseis, da minha turma, fui conhecer o bairro oriental (japonês sobretudo) na cidade. O bairro da Liberdade. Experiência formidável. No Recife a presença nipônica era ainda muito tímida. Aquilo me encantou de forma indelével. O monumental Tori (portal japonês) a iluminação temática e os jardins lá existentes encheram as vistas do "pau-de-arara". Percorrer as ruas do bairro, explorar lojas e comprar “sourvenirs” foi muito divertido. Senti-me em pleno Japão. Vide foto a seguir.
Entretanto, a grande pedida daquela noite foi jantar num típico restaurante japonês. Sentado no chão e a uma mesa quase no solo, fui apresentado, pela primeira vez, aos hashis, famosos palito (ou palitões?) que substituem os talheres ocidentais. Recebi uma verdadeira aula e saí daquela noite como um craque no manejo, que terminou me ajudando anos após, durante uma temporada que passei em Tóquio. Eu sempre digo que o primeiro sushi você jamais esquece. Comer peixe e frutos do mar crus! Aquilo era muito forte para um novato, acostumado a comer feijão com farinha e carne de sol. Contudo, quando se é jovem nada disso é barreira. Foi meter as caras e concluir que era delicioso. Questão de cultura e pronto!
Quando, já no Recife e ainda nos anos 70, pus-me a procurar um restaurante japonês. Coisa ainda rara. Havia um no Hotel do Parque, da Rua do Hospício, que passei a frequentar. De lá pra cá a coisa mudou de figura e explodiu. Hoje tem restaurante japonês em todos os bairros da cidade. Aliás, chineses também. Eles interagem seus cardápios e a sociedade “deita e rola”. Meus filhos são aficionados em cozinha oriental. Vez por outra, vejo-os indo comer Rámen (Lámen), que é um outro item muito apreciado e sofisticado do cardápio niponico (Vide foto a swguir). Tenho um netinho de cinco anos que é vidrado em sushi frito, conhecido como carioca.
Interessante que não percebo essa popularidade da cozinha japonesa em outros países que circulo. Tive o cuidado de verificar em recente viagem à Europa. Não vi facilmente comidas japonesas em Portugal, Itália ou França. Em Madrid, meu filho com a esposa e meu neto encontraram um num primeiro andar de uma rua pouco movimentada. Estive lá os acompanhando e percebi tudo muito ao puro estilo nipônico. Aqui no Brasil já agregaram modismos locais e você come sushi contendo mangaba, goiaba ou manga. Isso, sem falar no carioca, inventado para agradar aos que não toleram comer peixe cru. O japonês raiz deve se escandalizar com essa invenção dos cariocas. É isso pessoal! A coisa é tão popular aqui no Brasil que,outro dia, dei de cara com um japonês ambulante, empurrando sua carrocinha, numa rua da cidade interiorana de Gravatá (Agreste de Pernambuco), vendendo sushis e sashimis, em pleno sol do meio-dia. Fotografei e coloquei ai abaixo para provar o que digo. Vi um vendedor feliz com seu negócio e uma matutada inserida na cultura oriental. Brinque! Não preciso dizer mais nada. Quem diria nos anos setenta? Hoje se come até numa carrocinha.
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Fomento à Impunidade
Mesmo sabendo que a famigerada PEC da Blindagem já será jogada na gaveta do esquecimento, após negativa da CCJ e a iminente derrota no plenário do Senado é impossível deixar passar em branco, no Blog do GB, esse fato que abalou a Nação na semana passada.
Pode parecer estranho voltar a esse tema batido e mais do que noticiado aqui e alhures. Porém, nada mais do que oportuno, cabe um analise desse crítico momento politico que atravessamos no Brasil e que vem revelando a “bagunça” institucional que se reproduz de modo vergonhoso a cada dia, a cada hora.
A tal PEC da Blindagem, também conhecida como das Prerrogativas ou PEC da Imunidade que, pelo seu caráter indecente, logo passou a se chamar, pelos incontáveis críticos, de PEC da Bandidagem, jogou luzes sobre uma representação legislativa pouquissimamente confiável e incapaz de tomar consciência das suas responsabilidades e compromissos assumidos face àqueles que representa – o cidadão honesto e responsável pela sua condição de representante – mas, sim, preocupado apenas por “salvar a sua pele” e cinicamente esconder a sua impunidade. Num país em que a impunidade vem compensando abertamente, o que se esperar de um movimento dessa ordem? Imagine que a proposta teve como objetivo alterar dispositivo da Constituição Federal para modificar a forma como parlamentares (deputados e senadores) poderiam ser investigados, processados e presos criminalmente, com o agravante de que, antes que o sujeito fosse processado criminalmente no STF, seria necessário um aviso prévio de aprovação da Casa Legislativa a qual pertencesse. Essa autorização exigia maioria absoluta, numa votação secreta confirmando a condenação. Faça ideia, caro leitor ou leitora, a pouca vergonha que ocorreria, a grana preta que seria distribuída, além das espúrias negociações politicas que seriam travadas. Fora isso, abriria brechas para elementos deletérios integrantes das inúmeras organizações criminosas que campeiam abertamente nas diversas regiões brasileiras lançassem mão dessa prerrogativa para ampliar seus poderes visando à consolidação desse Brasil Paralelo que aquelas mesmas Casas do Congresso Nacional pouco se preocupam e nada fazem com vistas à tão sonhada Segurança Nacional. Sem esquecer, também, que tem muitos representantes complicados nas versações "esquesitas" das disputadas emendas parlamentares. Junte todos esses componentes e faça sua ideia da maléfica e indecente PEC que chegou a ser aprovada, sob fortes aplausos, na Câmara dos Deputados e nas caladas de uma noite seca e quente na Praça dos Três Poderes. Em incriveis dois turnos! com votos de governistas e opositores. Foi ou não foi uma tentativa de fomento à impunidade? A intenção deste post é expor o quanto esse nosso parlamento é capaz de tripudiar sobre uma sociedade indefesa e órfão de verdadeiros lideres comprometidos com a segurança nacional. Mas, ainda restam esperanças. No próximo ano vamos renovar nossas representações. Tomara que o eleitor não se esqueça de episódios como este em tela e saiba escolher certo na urna eleitoral. Registre-se, em tempo, que o Brasil deve às manifestações da sociedade que foi às ruas, no domingo passado (21/09/25) gritar e protestar diante de tanta indignidade e provocasse o arquivamento dessa pouca vergonha. NOTA: Foto ILustração obtida do Goggle Imagens
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Como antigamente
“Olha só, como antigamente!” foi essa a expressão da turista, por mim ciceroneada, quando circulando pelo Recife, há poucos dias. Referia-se ao ver, em plena Avenida Rui Barbosa, no nobre bairro das Graças, do Recfe, uma carroça pilotada por um popular e movida por tração animal. Concordei. Como antigamente, mesmo. Essa cena já não se vê nas grandes cidades brasileiras. Coisa do passado. Por aqui essa situação vem sendo um problema delicado e de difícil solução. Boa parcela consciente da sociedade, poderes públicos municipais e Sociedade Protetora dos Animais vêm lutando no intuito de coibir esse tipo de exploração e maltrato animal. Existe, até mesmo, uma legislação própria com vistas à extinção desse antigo e renitente meio de transporte. Os praticantes resistem e se manifestam em revoltas com a coibição, alegando ser esse o único meio de sustento e a, consequente, falta de colocação no mercado de trabalho. Acredito, também, que por falta de outra habilidade ou pelas tradicionais e populares demandas, particularmente nos subúrbios da cidade. É bem comum avistar carroceiros fazendo entregas de materiais de construção ou recolhendo descartes de papéis e papelões, entre outros materiais, destinados a processadoras desses materiais. Os carroceiros do Recife vêm protestando, através de manifestações e bloqueios de vias importantes, contra a proibição definitiva da tração animal na cidade, prevista para 31 de janeiro de 2026. Outra dia, vi-me prejudicado na agenda pessoal devido a um desses movimentos em plena avenida Agamenon Magalhães, talvez a mais importante da cidade. A Prefeitura do Recife está se preparando para implementar o que se denomina de Programa Gradual de Retirada de Animais, visando proteger os animais e oferecer alternativas de reinserção profissional no mercado de trabalho, além de apoio financeiro, através de indenizações, capacitação e encaminhamento para novas vagas de trabalho.tudo com base numa Lei Municipal de 2013. (Lei 17.918/20113). Para tanto a Prefeitura já realizou um censo no qual cadastrou carroceiros, aplicando um microchip nos animais e um adesivo identificador nas carroças a serem incluídos no Programa. Nem todos foram listados. A ideia é de indenizar os carroceiros elegíveis pela entrega voluntária dos animais e das carroças, seguido de uma capacitação profissional e busca para novas fontes de sustento. Prometem vagas nas equipes da limpeza urbana ou encaminhamento para empreendedorismo. Porém, em se tratando, no final das contas, de um Programa com forte caráter politico e, ainda por cima, se tratando de um ano de eleições, paira entre os carroceiros uma pesada nuvem de dúvidas. O que está em jogo é a sobrevivência de uma categoria social enraizada nessa prática – de pai para filho - hoje inaceitável. O futuro dessa gente promete muitas emoções nas humildes franjas suburbanas da capital. Segundo pude tomar conhecimento há promessas de muitas revoltas e novas manifestações. Há pretensão coletiva da classe de obter uma prorrogação dessa proibição. Aourei que esse problema não se restringe ao Recife. Outras grandes capitais já lutam ou lutaram com esse tipo de proibição. Belo Horizonte e Cuiabá, entre essas. Numa visita à Goiânia (GO), ano passado, notei que catadores de papel e papelão usavam carroças, na verdade carretas, puxadas por veículos a motor. Um progresso digno de aplausos. Não tenho certeza se tratar da substituição definitiva da tradicional carroça puxada a tração animal. Contudo chamou-me atenção.
Por aqui a Sociedade Protetora dos Animais se posiciona, naturalmente, a favor da proibição e justifica suas teses com os relatos de maltratos dos animais, chicoteados sem dó, com rebenques, e, sobretudo, mal alimentados. Isto, aliás, devido às precárias condições financeiras dos chamados tutores desses animais. Recordo haver visto, muitas vezes, animais soltos nas baixas, beiras de canais e várzeas dos arredores da cidade buscando se alimentar de capim. Podem até se fartar mas, será esse o tipo de alimento conveniente para esses animais trabalhadores e barbaramente explorados? Esperemos ver o que acontecerá. NOTA: Foto Ilustração obtida no Google Imagens.
domingo, 14 de setembro de 2025
Abandono Doloroso
Uma das coisas mais prazerosas que sinto é, visitando uma cidade ou um país, notar os cuidados e preservações dos patrimônios histórico-culturais locais. Este é um assunto recorrente, aqui no Blog do GB. Vez por outra, me sinto na condição obrigatória de denunciar os desmandos que observo aqui por perto e no restante do Brasil. Quem sabe, num futuro... Esses dias tocou-me a oportunidade de visitar Olinda ciceroneando familiares em visita a Pernambuco e não pude deixar de notar o quanto o nosso Sitio Histórico (Monumento da Humanidade - UNESCO) carece de maiores cuidados, da limpeza urbana em geral à preservação dos seus monumentos. Percebe-se que a alta frequência de turistas, nacionais e estrangeiros, ávidos por descobrir traços originais da História da Região e, obviamente, do próprio Brasil terminam por produzir detritos, muito dos quais, abandonados nas vias públicas e recantos inapropriados. Devido claramente por falta de educação ou, acredito, por falta de coletores de lixos estrategicamente postos e ao fácil alcance dos visitantes. Presumo que a municipalidade se revela incapaz de administrar, seja por pura incompetência ou pela provável incapacidade financeira. O curioso é que não vi um porvidencial gari por onde andei. Claro que a situação pode ser agravada pela falta de atitudes mais civilizadas do público visitante, agravada pela visível ignorância do pessoal local, interessado, apenas, com o faturar nos seus negócios. Ambulantes, tapioqueiras, flanelinhas, pipoqueiros, entre outros, fazem a “festa” sem se preocupar com o meio ambiente que ocupa. Há cantinhos, digamos mais recônditos, que servem descaradamente de mictório, exalando constantemente o desagradável odor pelas redondezas. É um abandono doloroso. Não posso esquecer que, ao circular por certas vias, um dos meus convidados, observando moradores, nas calçadas de suas residências, exclamou assustado, “é curioso ver que tem gente que mora nessa bagunça!”. Doeu-me até a alma. Fiquei mudo e emendei com um comentário elogioso sobre o primeiro beco que surgiu. E pensar o quanto é difícil viver num país em que atirar lixos em via pública e urinar nos bequinhos mais reservados não gera qualquer tipo de penalidade, a situação fica realmente impraticável. Lugares, como Cingapura que multa em milhares de Dólares o cidadão que come na rua ou que suja a via publica, bem poderia servir de exemplo. Talvez até funcionasse, já que aplicar multas se constitui esporte favorito de muitos agentes oficiais. Complicado.
Passados poucos dias tocou-me receber e orientar visitantes oriundos do Rio Grande do Sul, sedentos por conhecer o Recife e Olinda. Claro que tratei de dar as melhores informações, tanto históricas, quanto contemporâneas. Acredito que contribui. Contudo, pensado nesses, estive, neste domingo, circulando no centro do Recife, indo à missa na Igreja da Conceição dos Militares. Trata-se de um dos templos históricos mais bonitos da cidade e recentemente restaurado. (Vide foto a seguir). A beleza é de tal grandeza que os mais conhecedores do assunto não cansam de afirmar que se trata da Capela Sistina de Pernambuco. O templo data de 1726. Ou seja, completará 300 anos no próximo ano. Formidável.
Localizado numa das ruas mais antigas da cidade, a Rua Nova (antiga Rua Nova de Santo Antônio, no século XVIII, Rua Barão da Victória, em 1870 e Rua João Pessoa, em 1930. Sem que esses nomes pegassem na população, voltou a se chamar simplesmente de Rua Nova em 1937) se constitui num ponto fora da curva do ambiente deteriorado da capital pernambucana. Uma maldade ver aquela tradicional artéria tão abandonada. Lamentavelmente, os grandes centros urbanos, as capitais brasileiras, estão todos abandonados dolorosamente. É um verdadeiro crime o que se comete com nossa historia urbana. Saindo da Igreja da Conceição e caminhando nas redondezas, onde antes a cidade fervia de lojas elegantes e casas de chá frequentadas pela alta sociedade, deparei-me com verdadeiras perversidades contra o patrimônio cultural da cidade. É assustador, por exemplo, ver o fantástico mural frontal do edifício que abrigava o antigo e elegante Magazine A Primavera, da autoria do renomado artista pernambucano Francisco Brennand, emporcalhado por inomináveis pichadores que perambulam pelas madrugadas da cidade Maurícia acabando com o há de belo para se mostrar aos visitantes e para ilustração das nossas melhores amostras culturais. Vide foto a seguir.
Para concluir cabe, então, uma pergunta que não cala: até quando viveremos tantos desmando e tanta ignorância ambulante? O velho Recife – a Capital mais antiga do Brasil – prestes a completar 500 anos vive um doloroso abandono. Abram os olhos senhores administradores da Urbe!
sábado, 6 de setembro de 2025
Labaredos na Corte
O cidadão honesto, cumpridor das suas obrigações cívicas, precisa ter paciência e sangue frio para se postar à margem dos processos que rolam no Planalto Central. O risco de se queimar é constante porque a Corte pode pegar fogo a todo o momento. É esta a sensação que percebo muitas vezes. A semana que hoje termina, por exemplo, exigiu-me permanente atenção com as encenações esdruxulas constatadas na Praça dos Três Poderes. Como se não bastasse o julgamento da chamada Trama Golpista, no STF, fiquei pasmo ao tomar conhecimento de alguns fatos absurdos e inacreditáveis. Imagine que, nas caladas da noite de terça-feira passada, o Senado, aproveitando certamente as atenções voltadas ao julgamento da Primeira Turma do Supremo, teve a ousadia de mexer e modificar uma das maiores conquistas institucionais brasileiras, a Lei da Ficha Limpa, fruto de uma vitoriosa proposta popular. Relembrando, para quem não se lembra, ou nunca prestou a atenção, falo da Lei Complementar No. 64/1990, cujo objetivo foi elevar a moralidade e probidade administrativa impedindo que pessoas condenadas gravemente usem do voto popular para escapar das punições legais ou visando se manter no poder. Pois bem! Na noite de 02 de setembro de 2025 (esta semana!) o Senado aprovou o Projeto de Lei 192/2023 (já enviado à sanção presidencial). Isto, quer dizer que, o que estava garantindo a decência e a honestidade às nossas instituições representativas e executivas foi para o beleléo! Uma atitude, dos nossos representantes, que representa um vergonhoso retrocesso institucional. Por essas horas, tem desonesto e portador de ficha s, haja voiuja, vibrando e já preparando campanhas tranquilas no futuro próximo. Essa coisa indecente pode bem ter tomado como modelo a recente vitória de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. Com várias e claras condenações e uma ficha sujíssima tornou-se presidente mais uma vez e os resultados estão aí. Outra surpresa da semana, e ameaça de incêndio no Planalto Central, foi a retomada das discussões parlamentares visando à revogação ou redução da Autonomia do Banco Central do Brasil, conforme PLP 19/23, do Psol. Pior, ainda, que na mesma esteira, o Centrão levanta uma bandeira que questiona a estabilidade dos diretores do Banco. As propostas e ideias põem em risco outra conquista nacional que não suporta um retrocesso desse nível. Imagine o BC ser transformado numa Autarquia diretamente subordinada ao Presidente da Republica. Que perigo! Pense numa tentação dessas! Taxa de juros e controle da inflação ao bel prazer do plantonista. E, para fechar a semana com “chave de ouro”, lembro que a crescente movimentação no Congresso, para colocação em pauta a discussão acirrada, do Projeto de Anistia aos julgados culpados no âmbito da Trama Golpista. Haja emoção. Do meu posto de observador fico “roendo unhas”. Sinal da possibilidade de incêndio resulta do avanço rápido do entusiasmo das bancadas opositoras e um Governo, pressentindo reais abalos, decidindo pela liberação de 2,2 Bilhões de Reais para despejar via cobiçadas emendas PIX. Comprando votos favoráveis, claro. É uma vergonha fazer politica dessa forma. Nesse clima de eventuais “incêndios” fico imaginando do que servirá esse esforço e, vamos e venhamos, essas cenas apaixonantes e desgastantes do julgamento da tal Trama Golpista. No final das contas, coisa corre riscos de em nada resultar. É uma Corte em ebulição a toda hora. Isso sem falar de outro possível foco de incêndio que é a evolução da CPMI do INSS. Sinto desgosto e desespero diante desse quadro de futuro confuso e inseguro. NOTA: A ilustração foi obtida no Google Imagens.
segunda-feira, 25 de agosto de 2025
Salve o negro brasileiro
Meu último post foi portador da minha confissão de impaciência e perplexidade com o quadro politico nacional nesses tempos recentes. A coisa, como pode facilmente ser constatada, saiu do controle e de forma inusitada. A sociedade está desencantada e cansada da bagunça instalada. Ninguém suporta mais a inútil polarização politica, a insegurança pública, bem como a jurídica, a sempre viva inflação e tudo mais que negue a tranquilidade nacional. Pior, ainda mais, é assistir as influências externas que estamos sofrendo no nosso dia-a-dia como poucas vezes ocorreu, ameaçando a soberania nacional e destruindo a tradicional e respeitada diplomacia forjada por Rio Branco. Mesmo considerando que o mundo “encolheu” deitado numa rede mundial de relacionamentos formais, fico pasmo com tantas guerras, desentendimentos entre povos e nações, apontando para um futuro sombrio aqui e acolá. De nada valeu, e recordo por oportuno, a esperança que reinou, no pós Segunda Grande Guerra, quando criada a Organização das Nações Unidas, hoje levada a trote e com prestigio limitadíssimo. Tempos estranhos e difíceis, no qual os aspirantes ao papel de conciliador são enxotados pelos que se aproveitam das efêmeras vantagens de passageiros dos bondes chamados de Poder. Mas, paciência... Este não é tema de pauta de hoje. Seria até redundante continuar nesta conversa. Como o desestimulo que venho enfrentando também tem limites não resisti à provocação desta semana. Estou pasmo com o recente “pronunciamento politico” do cidadão que, a maioria do eleitorado brasileiro colocou, mandando e desmandando, no Palácio do Planalto, em 2022. O dito político experiente e “pai dos pobres”, na sua “fluência arrebatadora” largou uma das suas pérolas que costumam brotar dos seus reais sentimentos (Sorocaba, interior de São Paulo, 21/08/2025), consagrando uma das suas verdadeiras visões de povo. Inacreditável. Contudo, real. “Como pode um desdentado e, ainda mais, negro compor um material publicitário do Governo Brasileiro?” Foi a dolorosa questão do Presidente da Republica tendo às suas mãos um exemplar do material, num evento politico, destinado a promover feitos do seu Governo. Mandou destruir, na hora. Manda quem pode e obedece quem tem juízo. Na declaração, o presidente chegou a perguntar a membros do governo se achavam bonito colocar um homem negro sem dentes em um material publicitário governamental.
Podia nem ser bonito mesmo, mas, não precisava frisar que era um negro. Um homem desdentado e pronto! Foi demais. Contudo, foi oportuno porque, afinal ninguém consegue enganar um povo, por todo tempo. Negar a existência de indivíduos negros no Brasil é negar às raízes da cultura nacional e ferir sem dó tantos valores intelectuais que contribuíram para a grandeza desta Nação. É negar aos milhões de eleitores que confiaram, e acreditam até hoje, num “líder” que posa de Salvador da Pátria. Ah, não! Paciência tem limites. Tomo as dores de um povo que nos trouxe e preservam, depois de séculos, valores culturais inestimáveis, não obstante pressões como esta em tela, desde suas crenças religiosas e espiritualidade criando religiões afro-brasileiras como o Candomblé e a Umbanda transformadas em legítimos sustentáculos da diversidade religiosa nacional, além de passar pela música, pela literatura, ciências e culinária. Negar a matriz cultural africana brasileira é o maior testemunho de ignorância de um individuo que não vive sem ritmos como o samba, o maracatu e a capoeira. Que não dispensa as iguarias culinárias que invadiram as mesas dos brancos, vindas das oprimidas senzalas. Chega de preconceitos! Salvemos os negros brasileiros que zelam, resistentemente, pelas suas identidades e seu orgulho de brasilidade. Foi doloroso Seu Lula!
quinta-feira, 14 de agosto de 2025
PERPLEXIDADE
Busquei muito outro titulo para hoje. Nada feito. Ao contrario do que alguns pensam naturalmente que tenho acompanhado o desenrolar dos lamentáveis episódios políticos brasileiros nas últimas semanas. Por um lado a luta pelo poder caracterizada pela insana polarização partidária transvestidas pelas já batidas retóricas ideológicas. E, por outro, o envolvimento do Brasil, de modo adverso, nessa incrível Guerra Tarifária encetada pelo presidente Donald Trump dos Estados Unidos revelando, objetivamente, uma inédita movimentação comercial que ultrapassa a propalada defesa da economia norte-americana, mas, com fortíssimo teor geopolítico-econômico. Principalmente quando analisando o imbróglio com o caso brasileiro. É desanimador perceber que estamos enroscados num ambiente onde o Poder é o principal projeto de um governo ou de qualquer outro que venha se eleger. Não tenho mais idade para me iludir com promessas e mentiras eleitoreiras. Daí minha perplexidade. Entre outras coisas, procuro identificar um Projeto de Governo para o desenvolvimento socioeconômico nacional e não o encontro em parte alguma. Nem no governo de plantão ou nos discursos daqueles que aspiram ao comando. Vejo sim uma disputa de “unhas e dentes” para se aboletar na cadeira mais alta do Palácio do Planalto. Cansei dos proselitismos políticos onde só usam termos de cunhos ideológicos, muitas vezes sem saber o que dizem, quando de fato é o Poder que interessa. E a Nação está cheia de iludidos, que se contentam com Fundos Partidários e Emendas Parlamentares. Vergonhosos.
Como faz falta um líder verdadeiro, capaz de enxergar as verdadeiras necessidades nacionais. Aliás, nesses que vejo circulando, percebo que mal sabem o significado de Nação e nacionalidade. Pior é perceber claramente que usam a grife da Democracia sem, nem mesmo, saber praticá-la. A propósito disso, tem nada mais vergonhoso do que ver os três poderes da República – bases de uma verdadeira nação democrática – disputando abertamente posições de mando, cada um querendo provar que pode mais. Este não foi o Brasil prometido pelos meus ancestrais. Meu falecido pai, de modo insistente, garantia que a geração dele estava nos preparando um país de futuro feliz e farto. E eu confiava piamente. Hoje vivo em estado de perplexidade. Imagino a baita surpresa que teria meu velho se fosse possível levantar do túmulo para dar uma voltinha entre nós. Seria uma dolorosa decepção.NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens.
sexta-feira, 27 de junho de 2025
Xote in Rock
Entre as muitas noticias e repercussões sobre os festejos juninos deste ano em Pernambuco, uma se destaca e tem meu total apoio. Refiro-me às criticas que a consagrada Elba Ramalho fez após sua recente apresentação no palco de eventos em Caruaru. Com propriedade e autoridade de quem sabe da importância da música regional, ela manifestou sua opinião sobre a “diversidade” com a qual montaram a grade de atrações deste ano. Ocorre que por manobras e estratégias politicas, além das perspectivas de faturamentos, as Prefeituras pernambucanas visando atrair grandes públicos (potenciais eleitores!) nos festejos juninos dão preferencias e pagam cachês milionários a nomes de prestígios nacionais sem levar em conta seus gêneros musicais. Resultado é que sambistas, roqueiros e sertanejos se apresentam debaixo de aplausos frenéticos, ao invés de interpretes de xotes, xaxados e baião. Forró? Ah, esse já é batido demais. Os trios de pé de serra, que faziam as festas de antanho (termo mais do que próprio) nem pensar. Quando muito, conseguem espaços nas festinhas familiares ao redor de uma fogueira e de uma mesa de acepipes de milho. Lá nos denominados pátios do forró de Caruaru ou Gravatá, por exemplos, rolam espetinhos pré-fabricados e salsichões na brasa, pipocas para não dizer que não tem milho. E muitas cervejas e cachaça. Ah! Outra curiosidade é o fato de que não aparecem mais pessoas com as tradicionais roupas de matuto... Ninguém quer mais dar pistas de uma coisa chamada de matuto. Aliás, não existe mais matuto. Atualmente as mocinhas exibem trajes moderninhos, shorts bem cavados, com partes das nádegas à mostra, botas até os joelhos e blusinhas compradas na Shopee! Quando toca um rock elas se requebram e mostram para o que vieram. Neste caso, como não tem xote, elas se remexem segurando o short. Quando se fala em dançar uma quadrilha, como no passado, correm apressadas e exibem uma rica fantasia, como se fossem desfilar na Marques de Sapucai (Rio), numa noite de carnaval. Tenha dó. Eram tão lindas as roupas caipiras. Fui um gritador e quadrilhas de primeira. Quando entrava julho naõ conseguia falar de tão rouco. Alavantu! Anariê! Olha a chuva! Choveu!
Tenho criticado de modo veemente, neste espaço, as formas politizadas das promoções dos nossos festejos populares. Trata-se, na prática, duma forma moderna de distribuir “pão e circo”. Contudo, estão passando dos limites. Por oportuno, recordo que no carnaval do Recife, com a proposta de multicultural, vejo, com frequência, apresentações de indiscutíveis valores artísticos nacionais sem que, na maioria, não entendem de carnaval pernambucano. Inúmeros valores vocais locais ficam sem boas oportunidades e se contentam com palanques das periferias.
Observemos que nunca se ouviu falar do Maestro Forró, Alcymar Monteiro, Santana ou Elba Ramalho, por exemplos, sendo atrações principais nos festivais de Barretos (Festa do Peão/SP) ou de Parentins (Boi Bumbá/AM).
Lamentavelmente, vemos sendo apagados nossos reais valores culturais, colocando o rock no espaço do xote e do forró, sem que apareça um salvador das nossas tradições, como ocorre em todo país civilizado e ciente dos seus valores ancestrais.
sábado, 14 de junho de 2025
Comidas de Mercados
Sempre fui ligado em comidas de mercados públicos. Muitas vezes ouvi críticas por essa minha mania. Nunca tive preconceito ou medo de saborear das gastronomias populares por onde ando. E, não deixo de provar das iguarias dos mercados locais de onde vivo, no Recife. Posso garantir que não há melhor bolinho de bacalhau do que os produzidos pelo Bar e Restaurante Bragantino, no Mercado da Encruzilhada, aqui perto da minha casa. Tão bons quanto os melhores que se come em Portugal. O mesmo posso dizer do Arroz de Braga feito por lá, também. Indo a São Paulo não perco a chance de dar uma passada no Mercado Central e comer o famoso sanduiche de mortadela com um bom chope gelado. Outro Mercado Central que aprecio e onde já estive varias vezes é o de Santiago do Chile. Vale à pena explorar as delícias de frutos do mar oferecidas por lá, incluindo os filé e caldillo de Côngrio. Deliciosos. No mesmo mercado o visitante tem oportunidade de saborear a famosíssima Centolla, um caranguejo gigante de carne adocicada servido frio e inteiro. É geralmente caro. Mas vale à pena o gasto. Outro mercado, por onde andei, e não posso esquecer é o Sydney Fish Market, tido como o maior mercado de peixe do Hemisfério Sul, além de ser um famoso ponto turístico da Austrália. Ali o visitante pode saborear as iguarias mais sofisticadas de pescados, num ambiente diferenciado e atrativo. Outro mercado inesquecível é o de Coyoacan onde se pode experimentar das diversas comidas típicas mexicanas. É preciso cuidado, porém, com as dosagens de pimentas. Mexicano não dispensa de uma boa e ardida pimenta.
Mas, minha ideia de falar de mercados públicos nesta postagem surgiu ao recordar das visitas a mercados quando da recente ida à Europa. Destaco dois desses, onde me deliciei de riquezas culturais e gastronômicas locais. Refiro-me ao Mercado da Ribeira, em Lisboa (Portugal) e ao Mercado de São Miguel, em Madrid (Espanha). Dois pontos preciosos e imperdíveis para quem anda fazendo turismo pela Península Ibérica. No primeiro saboreei um belíssimo bacalhau, grelhado, daqueles que somente em Portugal se come. (Foto a seguir) Numa mesa de calçadão, recebendo a brisa vinda do rio Tejo, logo à frente, numa deliciosa tarde de primavera e do modo que a vida passa e pede que os relógios parem de funcionar.
Já em Madrid, numa entrada no São Miguel, uma simples vista d´olhos faz com que as papilas gustativas se agitem e mande recados de sabor ao cérebro antes mesmo de qualquer coisa provar. Esse mercado é especializado em oferecer finger-foods, denominadas de tapas, na Espanha. São espécies de petiscos com uma infinidade de recheios preparados na hora, em cada balcão que se sucedem. Recheios de camarões, lagosta, bacalhau, especiarias diversas, presuntos, lascas de jamón (Vide foto a seguir) entre muitos outros e até caviar. Os preços são bem módicos e o cliente pode sair empanturrado. Naturalmente que boas taças de vinhos são vendidas como bom acompanhamento. As tapas são o que nós chamamos de “tira-gosto” aqui no Brasil. Depois de uma farra dessas fico desejando que nossos mercados saibam melhor explorar o nicho do turismo gastronômico com competência e, sobretudo, responsabilidade pelo produto oferecido. Sei que mercados de Belo Horizonte e Porto Alegre reúnem condições favoráveis e já oferecem bons cardápios.
Soube, outro dia, que nosso Mercado de São José, no Velho Recife, vem sendo reformado e preparado para esse tipo de atração. Tomara, mesmo porque se trata de uma bela estrutura projetada em Paris, em 1872, ao modelo do Mercado de Grenelle. (vide foto abaixo). É o mais antigo em funcionamento no Brasil. O prédio, propriamente dito, uma construção de ferro, foi trazida desmontada da, França para o Recife, no porão de um navio. A obra de montagem ficou a cargo de Louis Vauthier, francês que viveu no Recife e deixou inúmeras obras arquitetônicas, entre outras o belíssimo Teatro de Santa Isabel. Boto fé nesse projeto do nosso Mercado e já me vejo tomando caldinho de feijão com batida de maracujá, pitanga ou cajá. Comendo sarapatel com farinha, mão-de-vaca e chambaril. Buchada e caldeirada! Coxinhas de galinha e croquete de feijão. Tapioca! E, basta! Já estou satisfeito desde já. Simbora! (Vide foto do mercado abaixo) NOTA: fotos do Blogueiro e do Google Imagens.
terça-feira, 27 de maio de 2025
Um olhar sobre o Meio-Ambiente
Ao longo da minha recente viagem à Europa, tive oportunidade de conferir, por onde passei, alguns detalhes comportamentais do europeu em geral, quanto às preocupações com a preservação do meio-ambiente. Não sou especialista nessa área, mas, como cidadão responsável, sinto-me comprometido com qualquer movimento que venha contribuir para a melhoria e preservação do planeta. Aliás, minha curiosidade tomou corpo a partir do momento em que observei a expressiva quantidade de veículos, inclusive coletivos, movidos à eletricidade. Nessa crescente curiosidade, e a caminho de Paris, lembrei-me e tive o cuidado de refrescar a memória revendo as razões e os propósitos do famoso Acordo de Paris, celebrado em 2015, durante a 21ª Conferência sobre a Mudança do Clima (COP 21). Anotei que a ideia e os propósitos visam enfrentar os impactos das mudanças climáticas, como o aquecimento global e recentes eventos extremos, promovendo um esforço das nações signatárias de adotarem medidas que contribuam para limitar o aumento da temperatura media global a menos de 2ºC (Meta de 1,5ºC), zerar as emissões de carbono na segunda metade do século, gerar programas nacionais de adaptação dos países vulneráveis e mobilizar financiamentos climáticos a partir de países mais ricos. Muito bem... Desprovido de métodos científicos, não pude e nem era possível na ocasião conferir providencias adotadas do referido Acordo, nas minhas andanças turísticas. Lembrei, de pronto, das oposições de Donald Trump e alguns outros parceiros. Contudo, vários aspectos saltavam aos olhos e fui anotando. Antes, porém, vi que a Europa talvez nunca antes haja recebido tantos turistas e isso implica no crescente aumento da produção de dejetos e queima de gás carbônico. Tenho pra mim que a Pandemia reteve as populações em rigoroso regime de reclusão e, ao recobrarem o poder de circulação, decidiram por correr o mundo. A Europa, por seus atrativos, vem tendo que suportar levas extraordinárias de visitantes que, na prática, impõem desafios de ordens das mais diversas, muitos dos quais de ordem ambiental, difíceis de serem cumpridos. Surpreendeu-me, por exemplo, deparar-me, no centro de Madrid, com uma montanha de lixo, em pleno meio-dia de primavera, aguardando a coleta sem que houvesse seletividade e jogada, naquele ponto, pelas casas de negócios da Praça Puerta Del Sol. (Vide foto abaixo). Conversando com o taxista que me conduziu de volta ao Hotel fui informado das dificuldades locais para coleta a tempo, assim como para o processamento. Não quero dizer que a cidade estivesse suja e mal tratada. Pelo contrário, no geral, havia limpeza e a beleza comum da capital espanhola.
Outro detalhe que me chamou atenção foi o quanto, aos poucos, o plástico vem sendo sumariamente abolido da produção de utensílios domésticos e utilitários corriqueiros tão comuns noutros lados. No Brasil, por exemplo. Percebi que nos supermercados europeus quase não existem sacolas plásticas, estas substituídas pelas de papel Kraft, que são cobradas no ato de check-out. É tanto que já se tornou comum fregueses que levam suas sacolas duráveis ou carinhos domésticos para transportar suas compras. Cheguei a sentir acanhamento ao pedir uma sacola para conduzir pequenas compras que realizei. Recebi, mediante alguns centavos de Euros. Ou seja, além de servir de hábito educativo para preservação do meio ambiente, pesa no bolso. Nas prateleiras dos supermercados, por sua vez, o plástico tende, também, a desaparecer. Copinhos de agua e café, garfinhos e faquinhas, pratinhos descartáveis são rigorosamente de cartolina folhados de madeira. Descartáveis biodegradáveis, portanto. Vide fotos.
O curioso é que ainda é possível encontrar descartáveis jogados em pontos das grandes cidades que, segundo aquele mesmo taxista (cidadão diferenciado) são devidos a turistas que invadem as cidades, oriundos de países pouco preparados e sem programas educativos quanto à preservação do meio-ambiente. É inegável que há sinais de conscientização da sociedade, embora haja forças mais fortes contrárias e que se opõem aos esforços defendidos pelo Acordo de Paris. É inadmissível e mesmo indecente o posicionamento do atual presidente dos Estados Unidos. Justo num dos países que mais poluem a atmosfera e contribuem para o aquecimento global. Sinto algum desânimo quanto essa melhoria sonhada. No Brasil, por exemplo, será preciso um esforço politico-social para enfrentarmos tanta poluição. Admirando o Lago Leman (Genebra) fiquei deslumbrado com a limpidez. Translucido. Peixes a vista! Tristemente, lembrei-me do nosso rio Capibaribe (Recife) poluído e fétido. Apenas um exemplo, entre muitos outros, mundo afora. Esperemos a COP-30 programada para se realizar em Belém do Pará, de olho na Amazônia, que não para de arder em chamas. Quem sabe haja um novo pacto e que, ao menos, sensibilize o Brasil. NOTA: Imagens ilustartivas da autoria do Blogueiro.
terça-feira, 13 de maio de 2025
Um novo Leão rugindo em Roma
Foram dias de emoção e surpresa, que por pouco não presenciei, o intervalo de tempo que ocorreu entre a morte do Papa Francisco e a eleição do seu substituto, no Vaticano. Estive circulando na região poucos dias antes desses momentos e pude observar a movimentação reinante na Praça de São Pedro e arredores. Muitos na expectativa do desfecho final, tantas vezes vaticinado, do pontificado do Papa Francisco e outros tantos já especulando sobre a nova figura que surgiria após o anuncio da escolha, com a simbólica fumaça branca numa chaminé dos telhados da Capela Sistina. O ser humano é curioso. Vive e curte sem limites as sequencias de eventos dessa magnitude. Vi gente orando em voz alta, alguns chorando, gente sorrindo, procissões (Vide foto), fiéis em romarias, curiosos, até mulçumanos turistando e observando tudo aquilo. Multidões. Já visitei o Vaticano outras vezes mas, nunca vi tanta gente naquelas redondezas. Filas de três a quatro horas para adentrar à Basílica. O mundo parecia haver marcado um encontro naquele largo. Ah! Vi também muitos negociantes aproveitando a oportunidade. Por ali, as pessoas parecem abrir os bolsos e deixam tudo que pedem. Ambulantes, restaurantes, guias de turismo, cambistas, lojas, bares, sorveteiros, enfim, toda sorte de comercio. Lembrei-me que se Cristo aparecesse de repente, com certeza, iria expulsar aquela gente, sob chibata, como expulsou os vendilhões do Templo de Jerusalém. Ao vivo e a cores, experimentei um clima asfixiante. Honestamente, senti vontade de me retirar o quanto antes. E, na minha pressa, terminei sendo roubado na saída. Pickpockets por todo lado fazendo seus “negócios”, também. Como num passe de mágica, bateram minha carteira com dinheiro, identificações e cartões de crédito. Com isto não preciso dizer mais nada.
Saí de Roma para visitar Paris, onde senti certo alivio. A cidade mais arrumada, menos gente nas ruas e um clima mais tranquilo. Mesmo “sem lenço e sem documentos”. Foi lá que, passado o Domingo da Páscoa, tomei conhecimento do passamento de Francisco. Luto no Mundo Cristão, a Notre Dame repicando os sinos por 88 vezes – a idade do Papa Francisco – e as noticias sobre as exéquias e os preparativos para o Conclave (*). Naturalmente que minha visita a Paris foi, em paralelo, tomando sentido nos acontecimentos de Roma e imaginando o rebuliço. Cumpridos os dias de luto e a recepção dos Cardeais Eleitores, o mundo se voltou para a chaminé da Capela Sistina na expectativa do sinal positivo. Não tomou muito tempo, em minha opinião. Dois dias... Foi mais rápido do que se esperava, diante de tantas incertezas politicas mundiais e as esperanças de paz. Afinal, um Papa, além de ser o Bispo de Roma, Chefe Supremo da Igreja Católica é, também, um Chefe de Estado. O Vaticano é um país Independente, encravado no coração da Itália. Se a escolha desse novo Chefe de Estado pode perecer ter sido rápida e fácil, aos olhos de nós pobres mortais, sem duvidas trouxe algumas surpresas. Falava-se muito numa escolha entre italianos, com a ideia de que a Igreja Católica de Roma deveria retornar aos padrões conservadores. Outra hora falava-se num africano, depois num europeu das vizinhanças do Vaticano e, por fim, deu zebra. Escolheram um norte-americano, nascido em Chicago. O primeiro ianque a ocupar o trono de Pedro. Para alguns, de imediato, foi uma resposta politica da Igreja Católica às loucuras que atualmente são praticadas pelo Presidente Trump, com sérias repercussões negativas pelo mundo inteiro. Resposta politica ou não o mais significativo, a meu ver, foi que Robert Francis Prevost, o Cardeal eleito, escolheu o nome de Leão XIV, ao invés de Francisco II ou Pedro II, como se ventilou. Por que? Quem é, afinal, esse Cardeal norte-americano? De onde saiu? O que fez na vida? Ninguém, ou muito poucos, sabia. Lentamente, aquele simpático e relativamente jovem (69 anos) Papa apresentado à Urbi et Orbe, traz um Curriculum Vitae expressivo, uma folha corrida profícua, dupla nacionalidade (com orgulho é peruano) e profundo conhecedor dos regimentos eclesiásticos da Igreja Católica de Roma, além de estar ciente da pobreza e desigualdades reinantes no mundo de hoje.
Com base nisso tudo, é de se concluir que a escolha do nome Leão XIV pode dizer muito das suas intenções visto que Prevost aponta para uma admiração a Leão XIII, famoso pelas suas defesas revolucionárias dos menos favorecidos e dos trabalhadores, lá no final do século 19, inicio do século 20. De pronto ocorreu-me lembrar de que aos 15 ou 16 anos, como aluno do Colégio Marista do Recife, tive minha primeira ideia de quem foi Leão XIII, ao me debruçar, nas aulas de Religião, analisando sua Encíclica Rerum Novarum, publicada em 15/05/1891, provocando uma repercussão ainda hoje vigente, pelas defesas à classe operária mundial. Conta-se, inclusive, que Leão XIII combateu, à distancia, a escravidão no Brasil. Essas observações podem nos dar uma indicação de como poderá ser o Pontificado do novo Bispo de Roma, Leão XIV. Que Deus o inspire e que seu “rugido” desde o Vaticano promova a paz entre os povos e o progresso da Sua Igreja. NOTA: Fotos Arquivo do BLog e Google Imagens.
(*) A tradução de Conclave é Com Chave, significando que a escolha de cada Papa é a portas fechadas.
quarta-feira, 7 de maio de 2025
É de amargar
A gente junta os trocados poupados, reúne a família num “tour de force”, atravessa o Atlântico e procura ver no Velho Mundo o que há de história, cultura, solidariedade e ordem democrática, entre outros atributos. Enche-se de conhecimentos, enxerga sem dificuldades um povo ordeiro, honesto e cumpridor dos seus deveres sociais ao respeitar os terceiros, ao atravessar uma rua, ao ser atendido num negócio da esquina ou num transporte público. Tudo leva a crer que funciona de modo exemplar e inerente à cultura secular local. São lições inesquecíveis.
Depois disso, vem o retorno trazendo uma sensação de amargo. Já na fila de embarque do avião do regresso se notam a avidez e a falta de respeito de alguns passageiros que disputam os primeiros lugares da fila de embarque, sem respeitar os que, de direito e antecipados, se colocaram presentes e a tempo regulamentar. Aí, é de amargar perceber que os costumes do outro lado já se antecipam ainda cá.
Preâmbulos à parte, o que mais amarga, e logo ao desembarcar, é que nada mudou. Pelo contrário, até piorou. Estou pasmo com essa monstruosa nova onda de corrupção do Governo, prejudicando os pobres e desvalidos aposentados do INSS. É tão chocante e repugnante que resolvi deixar de lado minha pauta sobre a viagem que fiz à Europa, em abril, para manifestar minha revolta e indignação. Pode ser uma manifestação humilde e pequena. Mas, é uma obrigação de quem tem a mínima noção de civilidade e compromisso social. Não sei mais onde essa canalha de líderes governamentais vai chegar. É a raça toda! Ministro, Adjunto, presidente do INSS, filho de Ministro, irmão do Presidente... E lá se foram Bilhões de Reais nas mãos dos ladrões que seguramente ficarão impunes. É de amargar perceber, mais uma vez que, no Brasil, o crime e a corrupção sempre compensam.
E a coisa não fica por aí. É vergonhoso ver o Lula aceitar um convite de Putin para uma comemoração dos 80 Anos do Dia da Vitória, contra o Nazismo, na II Grande Guerra. Curioso é lembrar que sempre vi esse tipo de comemoração ocorrer na Normandia (local do desembarque das forças vitoriosas), com a presença de lideranças mundiais em peso. De repente, o Putin resolve fazer uma cerimonia em Moscou, com a presença inclusive de Xi Jimping.
Percebo, pelas noticias que acompanho, se tratar de um evento de baixo prestigio internacional e até mesmo um motivo mascarado para promover um encontro com outras intenções, haja vistas às personalidades que confirmaram participar do encontro, entre os quais o Maduro da Venezuela. Minha opinião é de que nosso presidente está cometendo mais um erro politico internacional ao aderir a esse encontro, colocando o Brasil numa situação pouco confortável face ao resto do mundo. Fiquei sabendo que o ucraniano Valodymyr Zelensky está mordido. Com razão ao lembrar que o Lula prometeu mediar o conflito com os russos. Outra coisa que chama atenção é a continuação da “excursão governamental” à China. Muito estranho. Francamente. Conversava com Jimping, em Moscou, e papo encerrado. Outra curiosidade foi tomar conhecimento que a Janja foi antes, para cumprir um programa oficial envolvendo temas como educação, saúde e pobreza, levando igualmente um séquito de auxiliares. Na programação dela consta uma apresentação do Ballet Bolshoi. Essa senhora está sabendo aproveitar e não se cansa de viajar e de gastar o dinheiro da Nação. É de amargar, mesmo.
Por fim, uma tristeza de ver aquele horror que foi um show da tal de Lady Gaga (nome ridículo) nas areias de Copacabana, apinhado de uma juventude desorientada e aparentemente sem destino certo. É, ou não é de amargar?
NOTA:Ilustrações obtidas no Google Imagens
sexta-feira, 2 de maio de 2025
Europa Maravilhosa
Acabo de retornar de mais uma viagem à Europa. É sempre prazeroso visitar o Velho Continente. Um prazer que se renova a cada vez e como sempre ocorreu nas várias oportunidades que a experimentei. Como simples turista, em missões oficiais e assessorando comitivas empresariais, terminei multiplicando essas minhas idas para aqueles lados. Por sorte, conheço toda a Europa Ocidental e parte do Leste. Não posso esquecer que foi em 1969, recém-formado, que desembarquei pela primeira vez por lá, entrando por Portugal. Foi uma viagem de turismo, por iniciativa própria. Entrei numa excursão denominada de Europa Maravilhosa, operacionalizada por uma grande agencia turística portuguesa, que levava um grupo grande de brasileiros, num tour terrestre, a bordo de um ônibus, durante 35 dias. Uma jornada nada comum atualmente. Era uma época em que fazer uma coisa dessas era um verdadeiro luxo. Recordo, inclusive, que entrar num avião ainda se constituía num programa para muito poucos. Poucos, aliás, se aventuravam em visitar a Europa. Nada do que hoje virou coisa comum. Era um destino reservado somente para pessoas muito ricas, por vezes com filhos estudando na Suíça ou na Inglaterra e, finalmente, um programa seleto. Nada disso, porém, me intimidou, formei um grupo mais intimo de amigos, juntei minhas economias, fiz uma mala e me mandei. Como prometiam os agentes de viagem foi mesmo uma Europa Maravilhosa. Perdi as contas de países, cidades importantes e regiões deslumbrantes por onde passamos. Eu diria que não faltou nada de importante para percorrer. Londres, Paris, Roma e Madrid foram esquadrinhadas pelo nosso grupo. Todos muito jovens, razão pela qual estávamos sempre dispostos e ávidos por descobrir o mundo que se abria.
Mas, de lá para cá, tenho dificuldade para precisar o número de vezes que desembarquei no Velho Mundo. Uma coisa, contudo, que posso afirmar é que, nesses 53 anos, a Europa vem mudando muito. Ditaduras perversas, como as de Franco (Espanha) e Salazar (Portugal) caíram, reinados se modernizaram, democracias floresceram, papados se sucederam, países se agruparam numa União de Estados, com vistas à proteção conjunta e ao progresso. É uma Europa diferente, sem dúvidas, embora resiliente nos seus costumes e tradições, o que é formidável. Na prática, o progresso transformou aquele mundo, antes muito austero, sombrio e de nacionalismos radicais, num espaço geopolítico melhor estruturado e mais moderno. Não. Não me esqueci das renitentes disputas do Leste e, particularmente, da Guerra da Ucrânia. Mas, é tema para outra hora.
Apesar do progresso e das mudanças registradas, obviamente, nem tudo são flores e, como qualquer outro lugar deste mundo e o Estado Europeu moderno carrega uma série de problemas sérios a resolver. Nesse domínio, por exemplo, um grande destaque é para a questão das correntes migratórias formadas por levas de africanos e mulçumanos. Acredito que a proximidade das regiões em conflitos, as dificuldades de sobrevivências nas origens, o desejo coletivo de viver, e viver dignamente, leva a que esse problema ocorra com severa gravidade em inúmeras regiões do Continente. As variáveis emprego, segurança, alimentação, habitação, educação, saúde, meio-ambiente, entre outros, são itens que formam a lista de preocupações dos lideres locais e regionais. Na minha visão atual e mediante o que pude observar, nos vinte dias que circulei, no findo mês de abril, por Lisboa, Madrid, Roma e Paris, nada pode ser mais complexo e problemático do que administrar essas correntes de imigrantes que não param de desembarcar nas costas no Continente, via os mais diversos meios de transporte, inclusive os barcos rústicos e improvisados que atravessam o Mediterrâneo sem cessar. Essa gente chega, sem noção exata do destino que desejam, perambulam pelas grandes cidades, muitos vivem ao relento, pedem esmola, roubam, assustam nativos e visitantes e, quando muito e após muito penar, arranjam um subemprego para suprir suas necessidades básicas. Vide fotos a seguir. A da tenda foi em pleno Vaticano. O individuo ao relento foi em Paris, proximo a Notre Dame e a pedinte ajoelhada em plena Av. dos Champs Elisées (Paris).
Ora, meu Deus, esses imigrantes não buscam ver a tal Europa Maravilhosa que eu busquei no passado e sim a forma de sobreviver, visto que nas suas origens a paz sumiu, a fome impera, as lutas tribais e étnicas se multiplicam expulsando-os sem destino certo. Muitos desembarcam sem saber aonde chegaram. Homens, mulheres e crianças. Doloroso.
Seja como for, e apesar dos senões acima considerados, a Europa será sempre Maravilhosa para mim. Dessa vez, então, tive o prazer dobrado ao contar com a companhia da maior parte do meu núcleo familiar, incluindo um netinho de cinco anos de idade. É da Europa Maravilhosa que pretendo falar nas próximas postagens e conto com sua visita ao Blog.
NOTA: as ilustrções fotograficas são da autoria do Blogueiro.
sábado, 29 de março de 2025
Aonde vamos parar?
Indiscutivelmente vem sendo cada vez mais desanimador acompanhar a marcha da situação politico-econômica nacional. É preocupante e curioso como, recentemente e muito embora as nefastas contendas politicas, o quadro econômico que vinha se sustentando começou a desequilibrar e a marcha tem sido desanimadora. A inflação, que, aliás, nunca deixou de ser um tema recorrente de debate, especialmente após um período de relativa estabilidade econômica, vem dando sinais de persistência e assusta o consumidor. Os preços do café e do ovo têm sido bandeiras dos clamores, mas, muitos outros produtos já revelam preços majorados e a situação volta a preocupar o mercado e os cidadãos brasileiros. Aonde vamos parar? Vejamos algumas razões da situação. A inflação conforme medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tem mostrado uma trajetória de alta nos últimos meses. Uma combinação de fatores, como o aumento dos preços de commodities, alta nos custos de energia, e mesmo o impacto residual das políticas econômicas anteriores são apontados como justificativas do desequilíbrio observado. A recuperação pós-pandemia também trouxe desafios adicionais, com a escassez de alguns insumos e a dificuldade de reequilibrar a oferta e demanda. Nesse ambiente é importante considerar que a elevação no preço de produtos como petróleo, alimentos e fertilizantes impacta diretamente os custos de produção e transporte, gerando, inevitavelmente, repasse para os consumidores. Não há para onde correr porque o giro do carrossel econômico faz parte do jogo. E para completar é obvio que a inflação no Brasil não ocorre de forma isolada. A instabilidade econômica global, guerras, e políticas monetárias de outros países, como os Estados Unidos, também impõem severos impactos no mercado local. O Banco Central, no esforço de combater a inflação, tem elevado a taxa de juros, o que pode ajudar a controlar a inflação, mas, por outro lado, impacta o crédito e o consumo, criando um ciclo que afeta diferentes setores da economia. Para a inocente dona de casa que dirige o carrinho de compras, entre as gôndolas do supermercado, o que resta é somente lamentar e sofrer na hora da conta final. Não há orçamento que resista. Mas, desanimador mesmo é escutar o noticiário, no radio do meu carro e no engarrafamento do trânsito recifense, que de acordo com o mercado financeiro e as estimativas do Banco Central, o Brasil deve continuar enfrentando um cenário de inflação elevada, com esperanças de desaceleração somente nos últimos meses do ano. O controle da situação seguirá, certamente, nas mãos do BACEN com a “cautelosa” postura em relação à taxa de juros. Tomara que as influências externas tomem rumos de paz e prosperidade. Que a Ucrânia seja pacificada e que Trump enxergue as loucuras que vem cometendo. Pra onde estamos indo? NOTA: A ilustração foi obtida nos Google Imagens.
quinta-feira, 13 de março de 2025
FELIZ ANO NOVO
Pode parecer estranho, nestes dias de março, meu desejo de Feliz Ano Novo. Para o leitor(a) estrangeiro, principalmente. Mas, para o brasileiro comum soa como algo quase que normal. Acontece que no país do carnaval, como o Brasil, todo mundo resolve adiar seus planos e projetos passados os festejos de Momo. Como em geral a coisa acontece em fevereiro, o mês de janeiro e parte de fevereiro vira tempo de festejos, de férias, curtição de verão, praia e cachaça. O gran finale são os três dias de folia. Somente após isto que o ano começa de verdade. A cada ano a movimentação se amplia. Cidades nas quais o carnaval era um tempo “morto”, como os casos de São Paulo e Belo Horizonte, já se notam manifestações volumosas e atrativas para foliões antes adormecidos. O Ministério do Turismo garante que mais de 50 milhões de pessoas vai às ruas comemorar o Carnaval Brasileiro. Certamente a mais popular festa do país. Este ano a coisa foi, segundo noticiários, mais retumbante do que nunca. Mesmo porque houve mais tempo para os preparativos e para o popular “esquente” das baterias, visto que o tal gran finale se deu em pleno mês de março. Já vi muitas vezes essa ocorrência cronológica, porém não tão fincada no terceiro mês do ano. Como o carnaval é uma data móvel, diferente de outras como o Natal, por exemplo, este é definido com base na data da Páscoa, definida, por sua vez, com base no calendário lunar e no equinócio de março. Para os que desconhecem e melhor situar, equinócio de março é quando o dia e a noite têm a mesma duração. A Páscoa cai sempre no primeiro domingo após a primeira lua-cheia depois do equinócio de março. Daí é só calcular 47 dias antes da Páscoa e tome carnaval. Complicado? Nada. Somente à primeira vista. Por oportuno é bom lembrar que essa data de Páscoa (centro desses cálculos cronológicos) foi estabelecido em 325 d.C. num concilio realizado na cidade de Nicéia, na Turquia. Com base nessa tradição histórica foi que tivemos este “início” de ano tão retardado. Vá compreender esta doidice brasileira.
Mas, tem uma coisa. Se por aqui a brasileirada faz o ano se arrastar no começo, no resto do mundo o ano começa, muitas vezes, antes que o outro termine. Este ano, por exemplo, foi uma parada indigesta viver janeiro e fevereiro no mundo afora. Guerras, fomes, acidentes aéreos estranhos, inundações e coisas semelhantes assustaram meio mundo. Para completar, no domínio politico, a posse de Donald Trump, na presidência dos Estados Unidos, com ideias e decretos mirabolantes, para seu país e para o resto do mundo, mostrou que 2025 veio fervendo. E a brasileirada em geral sambando na base do “tô nem aí”. Por essas que este país não vai adiante! Claro que, para os disputantes do Poder, em Brasília, digo, as bandas do azul e do encarnado sentiram e provocaram suas cócegas, mas, nem por isso deixaram de jogar tudo para depois do Carnaval. O descuido dos de plantão foi tão grande que o prestigio do Chefe levou um tombo violento e, ao que parece irrecuperável. Já, o café e o ovo? Ah! Esses dois estão desaparecendo das mesas de desjejum. Para os que tinham direito a isto, no ano passado, é claro. Feliz Ano Novo!
NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
O carnaval que o tempo levou
Fui um grande folião no passado. Esperava o carnaval o ano inteiro e com certa ansiedade. Não havia festa melhor na minha vida. Brinquei muito. Dos grandes bailes e blocos que antecediam o período momesco até a quarta-feira de cinzas. Inebriado com os festejos, calibrado com “combustíveis” ingeridos e de par com algum amor à época, por pouco não chorava quando os últimos clarins anunciavam a chegada da quarta-feira ingrata. Foi uma época vibrante e rica culturalmente falando. Como bom pernambucano, sempre fiz valer a tese de que o réveillon é a porta de entrada do período carnavalesco e que o ano só começa depois do carnaval. Nessa pisada, não perdia nenhum dos grandes momentos dos nossos festejos e mantive sempre acesa a ideia de que no Recife se faz o melhor carnaval do Brasil. E isto não é à toa,ao lembrar que o estado de Pernambuco, face às suas origens históricas, é berço de inúmeros ritmos diferentes, na maioria ligados aos festejos carnavalescos. Frevo, frevo-canção, frevo de bloco, frevo-lírico, maracatu, maracatu-rural, caboclinhos, bumba-meu-boi, entre outros. As variações são inúmeras e as manifestações se desdobram no correr do ano. Até os famosos trios elétricos nasceram no Recife, patrocinados pela Coca-Cola. Tempos depois foram capitalizados pelos baianos a partir da famosa dupla Dodô e Osmar (vide Foto a seguir quando de visita ao Recife em 1959), tomando conta do Brasil. Sem dúvidas, uma modernidade. O progresso da comunicação e as facilidades de deslocamentos sociais levaram esses ritmos pernambucanos a outras regiões do país, bem como trouxeram ritmos alienígenas exercendo influencias das mais variadas. Ora enriquecendo, ora deturpando os locais. Nada a reclamar porque faz parte do jogo de intercambio social.
O carnaval de agora, é verdade, se tornou mais retumbante, cresceu nas manifestações populares, recebeu mais incentivo oficial e ganhou um perfil bem diferente dos observados na segunda metade do século passado. Aquilo dantes o tempo levou e, naturalmente, não volta mais. Lembro, quando menino, do corso nas avenidas com carros e caminhões circulando com grupos fantasiados e das batalhas de confete e serpentina. Para refrescar e perfumar os ambientes havia o saudoso lança-perfume. (foto a Seguir)
Nos clubes sociais os bailes rolavam as quatro grandes noites, animados por orquestras afinadíssimas com os ritmos e a energia vibrante dos convivas. Dá saudades... O folião do passado, que repousa dentro de mim, ainda se aventura em participar dos festejos no atual formato e não se cansa de mirar pelo retrovisor para o que atrás ficou. Comparar aquilo com a versão de hoje é quase impossível. Não tem mais confetes e serpentinas. Nem lança-perfume! Tem, sim, as grandes multidões atrás dos trios elétricos, o desfilar dos astros da música pop agitando e provocando alegria, o deboche e o escrache do Sitio Histórico de Olinda, o monumental Galo da Madrugada (Foto no final do post) e o palco do Marco Zero. É um colorido diferente do antigo. Por sorte ainda posso registrar a resiliência dos tradicionais blocos, troças e maracatus. Mas, percebo que o tempo levou algo muito bom e tranquilo, dando de troco uma avalanche de alegrias que os mais antigos têm dificuldade de assimilar. Querem ver uma coisa? Tem nada mais curioso observar que já não se dança como no passado, dando voltas num salão notando que, ao invés disso, os foliões postam-se de pé diante de um palco monumental, auxiliado por telões adjacentes, assistindo ao desfilar de cantores (muitos dos quais desconhecidos e cavando notoriedade) que preenchem as noitadas do carnaval. Acho muito curioso. Desculpem-me os jovens porque nada é mais saboroso do que abraçar uma morena ou uma loura, não importa a cor, como lembrou Capiba num belo frev-canção (Cala Boca Menino) e rodopiar num salão ao som de um frevo rasgado executado sob a batuta de um saudoso Nelson Ferreira ou de um José Menezes, como fiz nos salões do Clube Internacional do Recife ou do Clube Português do Recife, hoje às escuras no tríduo momesco. Paciência, deve ser coisa da idade. Bom carnaval caros leitores e leitoras.
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