terça-feira, 13 de maio de 2025
Um novo Leão rugindo em Roma
Foram dias de emoção e surpresa, que por pouco não presenciei, o intervalo de tempo que ocorreu entre a morte do Papa Francisco e a eleição do seu substituto, no Vaticano. Estive circulando na região poucos dias antes desses momentos e pude observar a movimentação reinante na Praça de São Pedro e arredores. Muitos na expectativa do desfecho final, tantas vezes vaticinado, do pontificado do Papa Francisco e outros tantos já especulando sobre a nova figura que surgiria após o anuncio da escolha, com a simbólica fumaça branca numa chaminé dos telhados da Capela Sistina. O ser humano é curioso. Vive e curte sem limites as sequencias de eventos dessa magnitude. Vi gente orando em voz alta, alguns chorando, gente sorrindo, procissões (Vide foto), fiéis em romarias, curiosos, até mulçumanos turistando e observando tudo aquilo. Multidões. Já visitei o Vaticano outras vezes mas, nunca vi tanta gente naquelas redondezas. Filas de três a quatro horas para adentrar à Basílica. O mundo parecia haver marcado um encontro naquele largo. Ah! Vi também muitos negociantes aproveitando a oportunidade. Por ali, as pessoas parecem abrir os bolsos e deixam tudo que pedem. Ambulantes, restaurantes, guias de turismo, cambistas, lojas, bares, sorveteiros, enfim, toda sorte de comercio. Lembrei-me que se Cristo aparecesse de repente, com certeza, iria expulsar aquela gente, sob chibata, como expulsou os vendilhões do Templo de Jerusalém. Ao vivo e a cores, experimentei um clima asfixiante. Honestamente, senti vontade de me retirar o quanto antes. E, na minha pressa, terminei sendo roubado na saída. Pickpockets por todo lado fazendo seus “negócios”, também. Como num passe de mágica, bateram minha carteira com dinheiro, identificações e cartões de crédito. Com isto não preciso dizer mais nada.
Saí de Roma para visitar Paris, onde senti certo alivio. A cidade mais arrumada, menos gente nas ruas e um clima mais tranquilo. Mesmo “sem lenço e sem documentos”. Foi lá que, passado o Domingo da Páscoa, tomei conhecimento do passamento de Francisco. Luto no Mundo Cristão, a Notre Dame repicando os sinos por 88 vezes – a idade do Papa Francisco – e as noticias sobre as exéquias e os preparativos para o Conclave (*). Naturalmente que minha visita a Paris foi, em paralelo, tomando sentido nos acontecimentos de Roma e imaginando o rebuliço. Cumpridos os dias de luto e a recepção dos Cardeais Eleitores, o mundo se voltou para a chaminé da Capela Sistina na expectativa do sinal positivo. Não tomou muito tempo, em minha opinião. Dois dias... Foi mais rápido do que se esperava, diante de tantas incertezas politicas mundiais e as esperanças de paz. Afinal, um Papa, além de ser o Bispo de Roma, Chefe Supremo da Igreja Católica é, também, um Chefe de Estado. O Vaticano é um país Independente, encravado no coração da Itália. Se a escolha desse novo Chefe de Estado pode perecer ter sido rápida e fácil, aos olhos de nós pobres mortais, sem duvidas trouxe algumas surpresas. Falava-se muito numa escolha entre italianos, com a ideia de que a Igreja Católica de Roma deveria retornar aos padrões conservadores. Outra hora falava-se num africano, depois num europeu das vizinhanças do Vaticano e, por fim, deu zebra. Escolheram um norte-americano, nascido em Chicago. O primeiro ianque a ocupar o trono de Pedro. Para alguns, de imediato, foi uma resposta politica da Igreja Católica às loucuras que atualmente são praticadas pelo Presidente Trump, com sérias repercussões negativas pelo mundo inteiro. Resposta politica ou não o mais significativo, a meu ver, foi que Robert Francis Prevost, o Cardeal eleito, escolheu o nome de Leão XIV, ao invés de Francisco II ou Pedro II, como se ventilou. Por que? Quem é, afinal, esse Cardeal norte-americano? De onde saiu? O que fez na vida? Ninguém, ou muito poucos, sabia. Lentamente, aquele simpático e relativamente jovem (69 anos) Papa apresentado à Urbi et Orbe, traz um Curriculum Vitae expressivo, uma folha corrida profícua, dupla nacionalidade (com orgulho é peruano) e profundo conhecedor dos regimentos eclesiásticos da Igreja Católica de Roma, além de estar ciente da pobreza e desigualdades reinantes no mundo de hoje.
Com base nisso tudo, é de se concluir que a escolha do nome Leão XIV pode dizer muito das suas intenções visto que Prevost aponta para uma admiração a Leão XIII, famoso pelas suas defesas revolucionárias dos menos favorecidos e dos trabalhadores, lá no final do século 19, inicio do século 20. De pronto ocorreu-me lembrar de que aos 15 ou 16 anos, como aluno do Colégio Marista do Recife, tive minha primeira ideia de quem foi Leão XIII, ao me debruçar, nas aulas de Religião, analisando sua Encíclica Rerum Novarum, publicada em 15/05/1891, provocando uma repercussão ainda hoje vigente, pelas defesas à classe operária mundial. Conta-se, inclusive, que Leão XIII combateu, à distancia, a escravidão no Brasil. Essas observações podem nos dar uma indicação de como poderá ser o Pontificado do novo Bispo de Roma, Leão XIV. Que Deus o inspire e que seu “rugido” desde o Vaticano promova a paz entre os povos e o progresso da Sua Igreja. NOTA: Fotos Arquivo do BLog e Google Imagens.
(*) A tradução de Conclave é Com Chave, significando que a escolha de cada Papa é a portas fechadas.
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4 comentários:
Por pouco não fazias parte da multidão da Praça São Pedro, num dos grandes momentos históricos do mundo!!!!
Vai ser um grande Papa, mestre Girley.
Vou aguardar 12 meses para ver esta gestão.
Comentários apreciáveis.
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