segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Desafiando a COP30

Sempre acho interessante quando vejo o comentário de que o “Brasil não é para principiantes”. Nem sempre concordo com esse jargão. Hoje, porém e por exemplo, vi-me usando esse dito quando vi pela TV a noticia de que a Petrobrás havia recebido o sinal verde do IBAMA para proceder uma perfuração exploratória na Margem Equatorial, águas profundas ao largo do Estado do Amapá. Quem acompanhou esse caso, ao longo do passado recente, deve estar ciente do “bolodório” politico-econômico-ecológico que esse assunto causou. Foram muitos debates e muitas escaramuças ministeriais na Esplanada de Brasília. Argumentos veementes foram defendidos pelo Ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, que de maneira enfática cobrou constantemente agilidade dos órgãos ambientais, principalmente da Ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, que, em resposta, manteve a posição de defender uma decisão de caráter técnico a cargo do IBAMA e reforçando com sua costumeira defesa suas preocupações com os critérios ambientais e defendendo a independência do órgãos de licenciamento. Outro Ministro que se envolveu na discussão foi Waldez Gomes, Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, lembrando que se trata de um direito soberano do Brasil e que será benéfico para o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste. Na minha visão pessoal acredito que a exploração pode representar um grande avanço econômico local, com positivos resultados socioeconômicos para o país como um todo. Recordo que, outro dia, comentei que esse tipo de exploração já vem sendo feita ali bem próximo, no Suriname e nas Guianas com imenso sucesso. Petroleiras internacionais estão se lavando com o óleo abundante naquelas bandas. Vai que essas explorações tenham como fontes os mesmos jazimentos (não sei seria o termo correto) da nossa Margem Equatorial e estejamos dando bobeira. A proposito, não foi à toa que o Ditador Maduro, da Venezuela, insinuou e andou querendo abocanhar metade da sua vizinha Guiana. Tinha petróleo nessa intenção.
Falei demais e terminei me afastando do objetivo desta postagem que resumo numa pergunta: Será que essa licença, às vésperas da COP30 (Conferencia das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) a se realizar no próximo mês de novembro, em Belém, estado do Pará, Brasil, condiz com os objetivos desse Encontro Internacional que coloca no centro da sua agenda temas como governança climática, justiça ambiental, implementação dos compromissos do Acordo de Paris, integração de mercados de carbono, adaptação e mitigação dos prejuízos ambientais? Parece-me que não! Para um evento que trata de defender o meio ambiente e as mudanças do clima com precisos objetivos vejo que o Brasil – anfitrião da Conferencia – jogou sob luzes uma das mais polêmicas decisões que, no final das contas, projeta a ampliação de emissão de carbono tão prejudicial ao ambiente global e tão combatida nessas conferencias das Nações Unidas. Pior, às portas do local do evento, inclusive geograficamente. Desnecessário frisar, embora que oportuno, serem muitas as criticas, sobretudo dos ambientalistas, de que avançar com a exploração de petróleo em uma região tão sensível como a norte/nordeste do Brasil contradiz a necessidade de transição energética (redução do uso de combustíveis fósseis) e preservação ambiental. É, de fato, contundente. Por isso que me lembrei do jargão de que “o país não é para principiantes”. Posso estar enganado, mas, será que ninguém do Poder Central – foi uma decisão permeada de conteúdo politico – não atentou do quão inoportuno que essa licença pode gerar no ambiente da Conferência? Ou terá um proposito de esquentar as discussões em Belém? Repito que não condeno a projetada exploração, ciente de que minha opinião não tem qualquer importância. É a opinião de um cidadão preocupado com o progresso e o bem-estar da Nação. Mas, discordo frontalmente da hora que foi proclamada. Em suma acredito que a licença para a Margem Equatorial pode passar uma mensagem contrária, isto é, ampliar a exploração intensiva de petróleo a um ambiente em que isto é “pecado mortal”. Não custava nada esperar algum tempo. NOTA: Foto ilustração colida no Google Imageens

6 comentários:

Clóvis Cavalcanti disse...

Entendo sua posição. Eu mesmo, como economista ecológico, não sou a favor do aumento da produção de óleo bruto. O tempo do petróleo acabou. Isso ficou claro com o Acordo de Paris. Herman Daly (1938-2022), grande nome da economia ecológica, falava que o crescimento só é econômico quando seus benefícios excedem os custos correspondentes. Daí por diante, vira "uneconomic growth". Celso Furtado sacou isso em seu livro de 1974, "O Mito do Desenvolvimento Econômico". Abraço.

Moisés Wolffson disse...

Girley , parabéns por sua oportuna e verdadeira mensagem! O nonsense há 20 anos baixou no país ! A Marina Silva ,uma vassala de quinta , ministra da conveniência !1)Deixou o Gov do PT por dizer nao ser corrupta ! 2) Voltou beijando o ladrao
3) Na Cop 30 vai defender o que “combatia “

Conceição Oliveira disse...

Concordo plenamente.
Quase sempre é desastrosa uma decisão inoportuna.

Cláudio Targino disse...

Vai dar uma boa discussão.
A hora é agora. Vai mostrar ao mundo o quanto esse governo é incoerente no que prega e no que faz.
Obs:
Sou a favor da exploração.

José Paulo Cavalcanti disse...

Falta só um detalhe, mestre Girley. Dizem que a exploração é na foz do Rio Amazonas. Mas sabe qual a distância? Contando do Recife, a exploração seria para além de Aracaju. Então podemos perguntar. Aracaju pode ser considerado “ foz “ do Recife???, eis a questão.

Girley Brazileiro disse...

Pois é! A exploração será a 175 km distante da costa do Amapá e 560 km distante da foz do Amazonas.

Desafiando a COP30

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