segunda-feira, 7 de maio de 2018

Estado Deteriorado

É muito comum ouvir alguém dizer que não tolera falar de política. Hoje mais do que nunca, diante das contínuas convulsões da cena política brasileira. Muitos não querem nem assistir aos noticiários da TV e nem ler jornais porque só se fala em política e políticos corruptos, roubalheira, prisões, Lavajato, assassinatos, assaltos e correlatos. Nesse ambiente, digamos, de “alienados” fico sem entender como se pode viver indiferente a tudo que ocorre no seu entorno. E, pior, sem se dar conta de que tudo influencia diretamente suas vidas, seus hábitos e costumes. Queira ou não, todo cidadão ou toda cidadã está sujeito(a) às regras estabelecidas pela vertente da política. É impossível ser diferente.
Ah! Mas, há sociedades nas quais a política não é motivo de preocupação. É verdade. São países de culturas historicamente amadurecidas e com níveis sociais elevados. Assim mesmo, não se alcança a plenitude. Normas e regras são sempre necessárias e sujeitas às injunções políticas. É o caso do Brasil de hoje, eivado de conjunturas eletrizantes. No contexto atual, vamos ter que esperar muito para que a política seja apenas um detalhe das nossas vidas. Na verdade é quase uma utopia pensar que isso é possível. 
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.)
Aristóteles (nascido em 384 aC. e que foi discípulo de Platão!), na antiga Grécia, se preocupou em definir a condição humana em face da política, dizendo: “dentre as características da natureza política humana, encontramos o conceito de animal político (Zoon Politikon), um animal racional que fala, pensa e que, além disso, tem necessidade natural de conviver em sociedade”. Na sequência o velho filósofo lembra que “a cidade (a Pólis) tem precedência sobre cada um dos indivíduos, pois, isoladamente o indivíduo não é auto-suficiente”. Por fim, afirmou que “o indivíduo só pode se desenvolver em sua capacidade racional em meio à vida em sociedade”. Ou seja, integrado ao meio no qual inserido. Daí a necessidade premente de conhecer seu ambiente político. 
O Ateneu na Pólis, do filosofo Aristóteles
Bom, para quem vive no Brasil de hoje fica difícil mesmo acompanhar o quadro político nacional. Mas, não tem outra opção porque, seguramente, todos sem exceção sofrem as consequências do estado (e do Estado!) deteriorado reinante.
Desempregos, assaltos, atentados, assassinatos banais, prisões diversas, agressões físicas, destempero emocional, desorganização das empresas, das famílias, das cidades e estados são frutos da desorganização política que vivemos e que não são compreendidas pelos indivíduos. Sobretudo esses que não querem ouvir falar de política e terminam sofrendo, sem noção precisa, mais do que os outros e que acompanham mais atentos a situação. Eu disse sofrendo mais e isto não quer dizer que esses outros não sofram. Na prática o estresse tem sido endêmico.
Um exemplo recente desse destempero social é ver um brutamontes, por um razão banal, agredir fisicamente um adolescente indefeso, numa a fila de lanchonete, aqui no Recife, deixando na maior perplexidade uma sociedade que anda às voltas para escapar da insegurança geral. 
Brutamontes agressor, no Recife
Outro exemplo é o caso do edifício de 24 andares atingido por brutal incêndio e desaba, no maior centro urbano do País, e os responsáveis não são identificados. As vitimas foram invasores indigentes e sem meios dignos de sobreviver. É algo assustador. Fruto de uma sociedade em abandono e sem perspectiva de futuro. 
Incêndio e desabamento em São Paulo.
O Brasil pede socorro. A sociedade está órfã de governantes honestos e verdadeiramente lideres. Esses que aí estão já mostraram suas incapacidades e o quanto são ímprobos.
Com efeito, os brasileiros precisam entender o significado da política na sua essência, não ignorá-la, para saber escolher seus governantes, logo mais.      

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens     

4 comentários:

José Paulo Cavalcanti disse...

A Fundação FGV fez pesquisa, amigo. E deu 81% do eleitorado dizendo que, em outubro, gostariam de votar em quem nunca tenha sido candidato a nada. Contra sua tese. Sei não... Abraços.

Claudio Targino disse...

Muito oportuna sua reflexão.
Vejo este cenário dentro da minha própria família.
O desinteresse pela política, pela notícia.
Fico injuriado em assistir noticiários sozinho, dividindo com arredores alheios.

JR Produções disse...

Prezado e amigo Girley, parabéns por mais essa ótima reflexão, sobre nosso cenário brasileiro, ou quiçá, sulamericano. Acredito que nosso maior problema seja cultural, como pode nascer de um casal de crocodilos, pavões imperiais, o buraco é mais embaixo, o povo brasileiro não se dá ao respeito, não conhece ou exige seus direitos e tão pouco faz questão disso, prefere mendigar favores aos políticos (leia-se corruptos em 99%) e acha isso normal, vejo quase todo dia um povo que ao cruzar com um político eleito, se curva, como que a um imperador, sem falar nas prerrogativas do cargos com acessos exclusivos e prioritários para quem tem a simples e negada função de servir. Forte abraço.

António Carlos Neves disse...

Verdade e só fazem explorar aqueles menos esclarecidos cobram aluguel daquilo que não lhes pertence e usam a política em benefício próprio e temos que dar Graças ao Criador uma vez que ao cair o edifício desmoronou de forma vertical como se tivesse sido uma implosão se caísse de lado seria uma tragédia e a política querendo ou não estar dentro de todos

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