quinta-feira, 26 de março de 2020

Vertical ou Horizontal?

Não, o Blog do GB não está em quarentena. Até porque o espaço no qual circula – pelo menos até hoje – este tipo de vírus não consegue penetrar. Há os próprios dele. No futuro, talvez haja um intercambio. Já o Blogueiro, aqui, está em quarentena, sim. E está perplexo, face às próprias raízes profissionais e o cérebro antenado, sem tirar os olhos dos noticiários, críticas, debates políticos, opiniões e estatísticas. Em dez dias de retiro já se fartou de pautas das mais negras às mais otimistas. Difícil, sem dúvidas, para quem não tem pretensões de fazer parte do grupo que tem por obrigação informar just in time. Coisa, aliás, nem sempre aproveitada dados aos desvios de condutas e compromisso profissional desvirtuado que grassa por aí.
Esta talvez seja a terceira ou quarta vez que tento um post. Já fui até cobrado. Há pessoas que me tomam como formador de opinião. Pobre de mim... Fico desafiado e, algumas vezes, esquivado de abordar certos temas. Por quê? Responsabilidade! O tema da Covid-19 é um desses. Não sou médico, não sou gestor de governo e nem administro grupos de empregados. Sou apenas um economista e, por cima, aposentado. Sinto-me às vezes um atrevido. Contudo, modéstia à parte, não me considero burro. Com todo respeito a esses animais.
Pois bem, nesse quadro ando atônito com as discussões sobre vertical e horizontal, curva ascendente ou achatada, pico da curva, números mis. Bilhões, até. A abastança das opiniões são invariavelmente aterradoras e otimistas, ao mesmo tempo. Depende do ou da agente emissor(a) e para quem ele ou ela serve. O mundo inteiro enfrenta, pois, um caos inesperado no qual foi jogado e com evidentes sinais de impotência. Um caos que nivelou, por baixo, sociedades opulentas com e as desfavorecidas. Juntas e misturadas. Os conceitos de riqueza e pobreza se cruzam repentinamente e podem mudar o rumo da humanidade. A produção de bens e serviços exigirá novos métodos e novos meios. As relações humanas, seja qual for a natureza, serão revistas e tomarão tempo para o devido amadurecimento. A generosidade terá que se impor aos novos tempos. Será um duro aprendizado. Um formidável desafio. Quem viver, verá.
E no Brasil, envolto numa dura luta para se recuperar da turbulência politica recente, o quadro de instabilidade se exacerba e, ao invés de uma soma de esforços para enfrentar a avalanche exógena que assalta a Nação, o que se testemunha é uma intensificação da luta pelo poder numa ânsia de mando ilimitada. Infelizmente, o que se observa é um presidente com atitudes espasmódicas e pouco convencionais, mas, eleito democraticamente e preocupado diuturnamente em viver travando batalhas insanas com uma oposição insatisfeita e aética ao extremo, que se aproveita da desgraça social reinante bancando ser salvadora da pátria.
Como se tudo acima fosse uma introdução ao tema titulo do post, o que cabe, então, é perguntar: Vertical ou Horizontal?
Curioso é que já usei estes adjetivos de muitas formas, mas, como agora - quarentena vertical e horizontal - é novidade. A rigor e com as justificativas propostas, a dita horizontal que se fala no momento tem razões concretas. Indubitavelmente! Quando tenho uma gripe, ou qualquer outra virose, abstenho-me de transmitir para o próximo. Recolho-me, simplesmente. Questão de princípios e urbanidade. Mas, se o vírus é maligno e traiçoeiro como este fatídico Covid-19 qualquer inciativa é bem recebida. O objetivo é achatar a curva! Tudo bem. Mas, sinceramente, vi uma quarentena horizontal “meia-boca”. Fiquei em casa observando que não largamos mão de ter nos servindo um porteiro do prédio, o zelador pela limpeza do condomínio, o atendente do supermercado, o frentista do posto de gasolina, o coitado do lixeiro, o atendente e o farmacêutico da drogaria, o policial, o motorista e o cobrador do ônibus, entre outros. Sem falar dos profissionais de saúde: médicos, especialistas em infecções, pessoal de enfermagem, auxiliares gerais entre muitos outros. Ora,  meu Deus, são gente igual a gente e não se esquivam de se aproximar de nós. Somos melhores e privilegiados? É ou não é meia-boca? Ninguém vive sem gente.
Gente apanhando lixo da gente
O vírus está deitando e rolando. É difícil! Lavar as mãos com muito sabão, esfregar o álcool-gel, usar luvas e máscaras, tomar banhos e um sem número de outras providências são necessária, claro, mas vão frear a contaminação? Tenho dúvidas. O mais certo é se preservar por todos os meios recomendados e como estivar ao alcance.
Gente heroica tratando de gente. Com amor e abnegação.
Por fim, quando se fala de quarentena vertical, digo logo que sou favorável. A vida continua. A produção tem que ser retomada. O carrossel da economia tem que voltar a girar. Os cavalinhos estão esperando para voltar a galopar. Resguardemos, claro, nossos entes queridos e frágeis de saúde em casa e os mais resistentes voltem urgente ao trabalho. Do contrário, o prejuízo será catastrófico. Veja as diversas opiniões sobre isto. Produzir é a condição básica da vida. VAMOS PRODUZIR. E urgente. Fazer ao contrário será muito mais dramático: mais fome, mais desemprego, assaltos e saques contínuos e mais mortes que os acometidos pelo vírus. Acho que nem preciso tomar espaço/tempo para explicar o óbvio. E tem mais, não precisa ser economista. O barraqueiro da esquina pode lhe explicar direitinho.  

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens

          

11 comentários:

Vanja Nunes disse...

Boa noite
Como sempre excelente texto
E concordo plenamente
Se cuide !!!

Antônio Carlos Neves disse...

Muito bom o seu Blog vamos cavalgar se ficar o bicho pega e melhor correr.

Breno Regueira disse...

Amigo Girlei, como a grande maioria, também estou muito assustado com todas estas incertezas... Mas hoje estou com uma visão mais otimista do que nos últimos dias. Diante desse cenário dificílimo, acho que estamos na direção da melhor solução para a saída da epidemia. Considerando que a prioridade são as VIDAS dos brasileiros e dos nossos entes amados, vamos analisar os 2 extremos da curva:

Na curva acentuada a epidemia acaba mais rápido, ao preço de muitas vidas e sofrimento. Pois o sistema de saúde (verdadeiro heróis) entraria em colapso, seria um caos nos hospitais com falta de leitos e respiradores para a altíssima demanda...

Por outro lado, achatar demais a curva pode gerar uma recessão e crise sem precedentes (talvez maior do que a que vivemos há pouco). E crise, recessão e desemprego também gera muita morte a médio prazo. O preço também seria altíssimo da população com fome, sem condições de se cuidar. Por sua vez o governo ficaria sufocado com a queda na arrecadação em função da baixa atividade econômica, sem condições de investir em saneamento, saúde, segurança, etc... (mais mortes).

Não podemos desconsiderar na sua totalidade a atual tese do nosso presidente, por mais falta de liderança e lucidez que gostaríamos de ver nele...

Diante desses 2 extremos moribundos, a curva INTERMEDIÁRIA me parece a melhor solução. O ideal seria tangenciamos o limite da capacidade do sistema de saúde (que está sendo ampliado). Claro que não conseguiremos ser tão precisos assim. A DOSIMETRIA passa a ser agora o grande desafio!

De um lado ministério da saúde, OMS, médicos, pesquisadores, governadores e várias outras entidades estão impondo medidas duras de distanciamento social (se não fosse assim, não seria atingido um resultado mínimo). Do outro lado parte da população que não respeita as regras, as atividades permitidas, agora o presidente e em breve veremos algumas medidas dos governadores reduzindo o confinamento. O relaxamento agora terá um efeito de GANHO para a população, não de perdas... Assim espero teremos parte da população em atividade, adoecendo e contribuindo para a auto-imunização, sem estourar o limite do sistema de saúde.

Acredito que esta seja a melhor solução para o país e ao meu ver, estamos nesta direção (mesmo que com linhas tortas). Sou engenheiro e estou longe de ser especialista no assunto, mas esta é minha humilde opinião. Vamos ter paciência, disciplina, fé e EQUILÍBRIO, que tudo vai passar. E SOLIDARIEDADE aos mais necessitados!!

Trata-se da BUSCA PELO EQUILÍBRIO 🙏🙏🙏

Claudio Targino disse...

Seu atrevimento nos conforta.
Vamos produzir !!!!!

José Paulo Cavalcanti disse...

Seu belo artigo ficou pela metade, amigo. Faltou o cacete nos que desejam só faturar politicamente. Muitos desses bem pertinho de nós,Abraços .

Carlos Carvalho disse...

Parabéns pelo texto, grande Girley...

Júlio Torres disse...

Gracias querido hermano!
Lo que dices aplica para todos nuestros países

Adierson Azevedo disse...

Vamos parar? Que seja. Mas não acho que isso caiba ao Bolsonaro, Dória ou qualquer outro político. Eles não são deuses oniscientes. Cada qual sabe a necessidade que tem dentro de casa.
O Dória não veio me visitar, nem o Bolsonaro, nem Tabata Amaral ou Kim Kataguiri. Algum político visitou vocês? Algum "líder" ou "autoridade" checou o orçamento familiar e bateu conta do mês para vocês?
Ué, eles não sabem da vida de vocês? Aaah, tá! Mas uma coisa nós sabemos, eles ganham MUITO BEM e estão mais que garantidos em suas casas! Bolso cheio, dispensa cheia, fartura aos montes. E vocês?
Enfim. Independente da decisão de cada um para a próxima semana, se vai esperar mais um pouco ou se vai arriscar trabalhar para não passar fome, só espero que todos ponderem muito bem, pensem com muita calma e mensurem exatamente o que está em jogo. Isso é muito mais sensato que esperar ordem de político para decidir se vai ou se fica.

J.Artur disse...

Mestre Girley, Uma síntese objetiva e "plana", deixando o vertical e o horizontal se entendendo... O que lamento profundamente é que nós, os veinhos, não temos tanto tempo a desperdiçar trancados, recolhidos à nossa insignificância para os politiqueiros... Parabéns e um abraço fraterno.
JARTUR

Anônimo disse...

O meu comentario vc ja sabe So faltou fazer o que o qee o Jose Paulo falou

Cristina Carvalho disse...

Infelizmente, concordo com você: a situação está difícil. Os três poderes brigam por “poder” - já imaginou isso??? Mas, o Legislativo e o Judiciário estão caindo de podres, nessa briga que é basicamente para manter o status quo de mordomias, propinas e falcatruas. O Executivo, menos mal , mas sem apoio está escorregando na lama dos outros dois, com dois passos pra frente e um pra trás ou você versa. Deus nos acuda!!

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