terça-feira, 5 de maio de 2020

Tristeza confessada outra vez

Em 04 de julho de 2017, publiquei um post intitulado de Confissão de Tristeza, no qual declarei meu desanimo de escrever algo sobre o panorama nacional naquela ocasião. Esta semana a coisa se repete. Amigo leitor frequente deste Blog, Claudio Targino (Fortaleza-CE.), lembrou-me no WhatsApp daquela postagem e acrescentou, surpreso, que só faltou incluir a crise sanitária que estamos amargando, com a Covid-19, e essa insuportável quarentena. No resto, lamentavelmente, tudo continua como antes. E já faz algum tempo.
Tomado por esse dilema, desviei do tema politico na semana passada quando tratei de homenagear o mecenas Ricardo Brennand, falecido no fim de semana, anterior. Fui saudado por leitores pela decisão de cometer tal desvio. Na verdade, senti um grande alivio, sobretudo diante do fuxico que havia ocorrido, naqueles dias, devido à desastrada renúncia de Sergio Moro, antes meu ídolo, do Ministério da Justiça. Confesso que minha intenção tem sido sempre “escrever algo de útil para quem por tal se interessa”, recordando Maquiavel, em O Príncipe. Ao perceber que uma pauta é levada a temas recorrentes e batidos, nem me atrevo. Naquele 04/07/17 escrevi: “Tratar desses perrengues políticos, que me vêm ocorrendo, já está cansando. Chega, mesmo, a provocar desânimo. Não que faltem outras pautas adjacentes, mas, cadê o estimulo para abordar certos aspectos dessa parafernália nacional? Além do que, encher a paciência dos leitores frequentes não é do meu interesse. Para eles, já basta a dose cavalar da mídia aberta. Não tem quem suporte mais. Essa arenga entre os três poderes já passa dos limites toleráveis.”
Nada tão válido e tão atual, como me alertou Targino. E, adicionando a inesperada crise do Covid-19 a coisa tomou um rumo desalentador. Eu diria que inquietante. O que será dessa Nação tão saturada pelo desconcerto politica entre os poderes?
É desesperador, nos dias de hoje, perceber que nossos governantes, desde o Presidente da Republica, passando pelos representantes no Parlamento e os metidos a semideuses do Supremo Tribunal Federal, privilegiam as escaramuças politicas ao invés de tratar dos efeitos da Pandemia que vem devastando o povo.

Sede do Supremo Tribunal Federal, Brasilia. 
Esse último episódio envolvendo o Ministro Alexandre Moraes, com tom ditatorial, expedindo uma liminar contra uma nomeação feita pelo Presidente Bolsonaro foi um retrato vivo do desconcerto e desrespeito à independência dos Poderes instituídos. Vá lá que essa nomeação de titular para a Polícia Federal suscitasse manobra duvidosa e eivada de interesses escusos. Mas, até onde um titular do Supremo Federal pode, de modo independente do Colegiado, interferir diretamente nas escolhas da administração do Executivo? Suponho que existem meios institucionais para investigar casos como esses e de modo adequado. Não sou especialista no assunto. Minha praia é outra. Mas, neste país, a gente se enfronha em muitas coisas. Às vezes sem perceber. Tenho acompanhado os debates sobre a situação e tenho essa opinião esboçada. E, a quem recorrer numa hora dessas e num desconcerto desses? Não é à toa que Rui Barbosa vem sendo lembrado com sua célebre frase: “A pior ditadura é do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer”. Grande Rui. Parece que estava adivinhando que teríamos de passar por essa dita!
Desculpem caros leitores e leitoras, recordei o passado e não tive saída para outro tema.
E o Coronavírus? Bom, este está mandando à vontade na terra Brasilis.   

       
Nota: Foto obtida no Google Imagens

9 comentários:

Júlio Silva Torres disse...

Querido Hermano Girley, que aconteció con Moro? Por qué renunció a su cargo?
Otra cosa: la fotografía que asumo es de la justicia, sentada con sus ojos descubiertos y su espada puesta sobre sus rodillas y las tablas de la ley en el suelo a un costado de ella, no sólo refleja una justicia asimétrica y parcial sino que una crítica profunda a quienes debieran ejercerla con “imparcial y justa”.
Lo increíble es que aquello que simboliza esa escultura, no sólo acontece allá sino que también acá. Te envío una foto de la estatua de la justicia que está emplazada en un podio a un costado de la Corte de Apelaciones de Valparaíso: si te fijas, tiene los ojos bien abiertos, la balanza bajo su brazo y la espada sin filo y con la punta redondeada... es decir que hace alarde de que NO es justa, ni que ve a todos por igual porque no tiene como ser equilibrada en sus fallo y que las sanciones no causarán dolor!

Girley Brazileiro disse...

Estimado Amigo/Hermano Julio, es notable tus observaciones sobre las estatuas!Lástima que tengamos em nuestro continente tantos apelos negativos a los princípios mas nobres de la humanidad. Por eso, creo yo, tenemos democracias tan fragiles.

José Paulo Cavalcanti disse...

Muito bom. Quem não vai gostar é o pessoal do Supremo.

Wirson Santana disse...

Amigo, não fique triste.
A minha decepção com Moro já tinha acabado antes de sua renúncia.
Quanto ao STF, eu ainda tinha uma esperança, embora tenha ficado decepcionado desde o julgamento sobre prisão em segunda instância.
Mas a liminar de Alexandre de Moraes foi a gota d’água para não mais acreditar nesse Supremo.
Não é à justiça que deixou de ser cega, mas sim o conjunto atual de sua composição que ficou cega.
O STF não é para ser politizado e sim para defender a nossa Constituição Federal.
Os nossos togados se tornaram Deuses do Olimpo onde cada togado se comporta como um verdadeiro Deus com suas vaidades e nós humanos somos obrigados a viver segundo a sua vontade.
Os nossos Deuses do STF esqueçam que era mitologia e querem transformar esse assunto como real. Eles são subistituiveis e mortais e tudo vai mudar.
A justiça continuará sendo cega.
Quanto ao Moro, ele se transformou em um Deus para o povo, como esperança de no futuro transformar o STF.
Sua atitude demonstrou que se ele fosse para o STF, começaria uma briga no “Olimpo” de consequências incalculáveis, tal como na ficção.
Não fique triste, ainda há esperança de fazermos a nossa revolução para colocar nos trilhos o nosso Brasil.

Francisco Brito disse...

Excelente. Acho q vc retrata bem o sentimento nacional.

Regina da Fonte disse...

Estou me sentindo como vc!... desanimada!!!

Ana Inês Pina disse...

Brasil: pfv, uma bronca por vez! Nossas cabeças, assim como os hospitais, estão em colapso.

Luiz Gomes disse...

Boa noite tudo bem? Sou carioca e procuro novos seguidores para o meu blog. Eu também posso te seguir. Novos amigos também são bem vindos.

https://viagenspelobrasilerio.blogspot.com/?m=1

Jose Otavio Carvalho disse...

O Ministro Marco Aurélio dessa vez está certo. Está propondo uma alteração no Regimento Interno do STF para impedir que um Ministro, monocraticamente, aprecie atos dos outros dois poderes da República. Censuro a forma, mas não o conteúdo da decisão do Ministro Alexandre.

Tiro pela Culatra

Venho acompanhando, como cidadão comum e com certa apreensão, as informações sobre o surto de dengue que ocorre este ano no Brasil. Impressi...