...e uma das primeiras coisas que vi, ao desembarcar e circular pelas largas artérias da capital federal, foi um placar digital com contagem regressiva informando que faltam somente 622 dias para as comemorações do cinqüentenário da cidade. Em 21 de abril de 2010, Brasília completa 50 anos de inaugurada.
Já estive muitas vezes na cidade, a passeio e em muitas missões de trabalho. A primeira vez, recordo bem, foi em 1967 e a minha primeira idéia era de haver chegado aos cafundós de Judas.
Para começar, naquela época, o aeroporto era um barracão de madeira, como de madeira foi, durante muito tempo, o Palácio do Governo – chamado de Catetinho – metido no meio do cerrado, antecessor dos monumentais palácios do Planalto e da Alvorada.
Naquela época, o vento seco do cerrado rodopiava ao redor do sujeito, deixando roupas e sapatos em tom avermelhado da cor da terra que caracteriza a região. No fim do dia o cidadão menos preparado, para aquele imenso canteiro de obras, espirrava partículas, digamos, de tijolo.
É incrível ver a Brasília de hoje. A imponência dos palácios governamentais e a exuberância da arquitetura moderna de Oscar Niemayer e Lucio Costa, que, mesmo depois de cinco décadas, continua moderna e vanguardista, encantando a brasileiros e estrangeiros, que já não padecem do vento carregado de terra vermelha e termina o dia, urbanamente, limpo.
Contudo, algumas coisas já chamam muita atenção. Uma delas é o intenso transito da cidade. Tenho a impressão que algo foi equivocado no projeto original ou então não foi possível conter a atração que a cidade exerceu sobre uma legião de brasileiros que, buscando novas oportunidades de vida, decidiram se radicar por ali, na imensidão urbana do Planalto Central.
A cidade foi planejada para suportar uma população de 500 mil habitantes. Neste 2008, já vivem ali mais de 2 milhões de almas.
Claro que, ajudado pela expansão continua do uso do automóvel, sonho de consumo de todo brasileiro, a sonhada capital brasileira – pacata e sem engarrafamentos, cruzamentos e semáforos – viu-se obrigada a usar das obvias modernidades para administrar o movimentado de tráfego ali reinante. A entrada ou saída do Plano Piloto – região que concentra os equipamentos urbanos básicos, como palácios governamentais, câmara federal e senado, ministérios, repartições públicas comuns, comércio, escolas e universidades, zonas hoteleiras e as super-quadras residenciais – se constitui, na hora do rush, num exercício de paciência para quem vive nas chamadas cidades satélites.
Prestes a completar seu cinqüentenário de existência, Brasília já se transformou numa grande metrópole, que na pratica representa a síntese do Brasil.
Se vivo fosse, o Presidente Juscelino Kubitscheck, o JK, estaria certamente orgulhoso da sua criação e, sobretudo, por haver entrado na História como sendo o maior de todos os bandeirantes. Na minha opinião, JK foi o maior desses desbravadores porque, ao fundar Brasília, promoveu a ocupação/inclusão da região Centro-Oeste, antes disso uma verdadeira ficção para a grande maioria dos brasileiros habitantes da faixa litorânea do “continente” brasileiro.
Ao circular por Brasília, na semana que terminou, e me surpreender com o passar dos 50 anos, pude fazer essas reflexões e admirar a beleza e a urbanidade dessa cidade brasileira que é capaz de reunir gente de todos os quadrantes do país, construindo um mosaico étnico dos mais interessantes. Lá estão os índios e caboclos do Norte, os nordestinos, os afro-descendentes, os brasileiros de origem asiática ou filhos dos imigrantes europeus, antes concentrados no Sul, enfim uma miscigenação sem precedentes, que terminam por construir uma sociedade própria e cheia de histórias familiares para contar, sempre transcendendo a pouca idade do próprio habitat.
Salve Brasília, quase cinqüentona.
Viva JK, nosso último estadista e desbravador dos rincões do Centro-Oeste.
Nota: As fotos foram obtidas no Google Imagens. O Blogueiro esteve em Brasilia, nos dias 6 e 7 de agosto em misssão de trabalho do Simmepe.
Dedico esta cronica ao simpático casal rotariano, Mário Cunha e sua italo-brasileira esposa Cida Cunha, que gentilmente me recebeu em Brasilia, na semana que passou. A pizzza oferecida foi maravilhosa, mas o nosso papo foi sem precedentes. Adoro histórias de imigrantes.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
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5 comentários:
Grande Girley:
De há muito vivo pensando e, agora, aproveitando seu blog, divulgo:
E se Brasília fosse no carente NE e não no Centro-Oeste tão já punjante? Como estaríamos hoje?
Aproveito para felicitá-lo pelo aniversário.
Grande abraço,
Corumbá
Caro Girley, para quem como eu, não conhece Brasília, mas viveu o elan criado pelo crescimento do Brasil de 50 anos em 5, lema de JK, concorda com você em gênero, número e grau, a respeito do governo e do homem JK.
Beleza, Girley. Louvo o seu trabalho de brindar os amigos com matérias tão interessantes. De minha parte, só tenho que agradecer pelo prazer das leituras. Entendo o seu prazer em escrever, assim como imagino a satisfação do homem da caverna gravando suas mensagens. Para alguém do presente (lá dele)? Ou para nós? Ou terá sido por puro prazer de fazê-lo.
Fico aqui com meus encucamentos provocados por você.
Obrigado.
Um abraço.
Wilame Jansen
Caro Girley, eu e a Cidinha agradecemos sua dedicatória deste artigo sobre Brasilia na qual construimos grande parte de nossa vida e de nossos filhos e netos.
Nada acontece por acaso e precisava uma outra Cidinha em minha vida para me aproximar de você como se fossemos amigos há longos anos. Isto é maravilhoso. Isto é Rotary!!!
Quanto ao seu aniversário Parabens!!!
Estou pedindo a Deus que inscreva seu nome em seu plano de amor para viver longos anos de vida fazendo a felicidade dos que o cercam como premissa de sua própria felicidade.
um abraço de comemoração e alegria!!!
Mário e Cidinha
Caro companheiro Girley: agora vejo que temos algumas afinidades, fora nosso querido Rotary! Também sou fã de JK e de Brasília. Lembro que quando Brasília foi inaugurada eu ganhei um broche com as cores verde e amarelo, com o pALÁCIO DA aLVORADA! o Brasil só veio a ser conhecido mundialmente depois de Brasília! Agora, sobre o assalto ao seu genro australiano, aqui para nós é de nos "matar" de vergonha! Que impressão ele levou do Recife, de Pernambuco, enfim do Brasil? É caro companheiro, não temos nenhuma segurança. E por isso fujo de algum evento durante a noite. ÀS vezes, até do Rotary! Tenho que pensar duas vezes antes de sair de casa!. Um abraço e continue nos deleitando com suas estórias no bolg. Fernanda.
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