terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Um Paraíso no Fim do Mundo

Gaivotas alçando voos na Praia de Dee Why (Sydney-AUS)
Já ouvi, em muitas ocasiões, alguém dizer que a Austrália é um Brasil que deu certo. Curioso é que não são somente os brasileiros que pensam assim. Os sul-africanos dizem o mesmo. Vá ver que outros dirão também. Conhecendo as realidades desses dois países (Brasil e África do Sul) e vivendo, particularmente, temporadas na Austrália, fico buscando avaliar as razões dessa comparação. Levando em conta aspectos econômicos e sociais australianos – modos de vida, usos e costumes, traços culturais, mercado e qualidade de vida em geral – tudo me leva a crer que a explicação lógica reside numa coisa fundamental: Educação!
Aí, minha gente, em se tratando desse assunto, o Brasil é, inegavelmente, muito atrasado. Os muitos problemas com os quais convivemos, tais como analfabetismo, insalubridade, insegurança geral, inseguranças econômica, institucional, política e judiciária, entre muitos outros fatores, são frutos do baixo nível educacional do nosso povo. Certamente que o mesmo deve ocorrer com a África do Sul, muito embora que eu tenha visto, recentemente, sinais de um país mais organizado e ordeiro, longe daquele país do monstruoso apartheid.Estive na África do Sul em dezembro passado.
Hora de Crepúsculo, na praia de Manly (Sydney) 
Quanto à Austrália o que se pode sentir, no conjunto geral, é de se viver no paraíso no fim do mundo. Pelo menos para nós que vivemos cá no outro lado do planeta. É um lugar onde não se sabe ou se fale de crise econômica. Desemprego é quase ficção cientifica e, em conseqüência,  satisfação parece ser o estado geral da Nação. Não é à toa que tantos estrangeiros, sobretudo jovens, correm para lá na busca de melhores  oportunidades de vida. Só do Brasil, há um imenso contingente de jovens trabalhadores. A maioria chega para estudar inglês, se arranja num emprego temporário e, logo depois, encontra uma solução de obter visto de residente. É muito comum ser atendido nos restaurantes e bares australianos por garçons ou garçonetes brasileiros fazendo seus biquinhos iniciais. Muitas vezes, são jovens com formação superior sem oportunidades no Brasil e que se sujeitam a qualquer coisa para viver empregado e melhor. Há casos absurdos do tipo lavador de pratos num grande restaurante ganhar melhor do que se exercesse sua profissão superior no Brasil! É doloroso ver esse quadro. Há também argentinos, italianos, espanhóis, indianos, refugiados do Oriente Médio, entre muitos outros.
Acabo de voltar de uma temporada de 30 dias em Sydney. Oxigenei minha mente e consolidei a idéia de que havendo responsabilidade governamental, educação e consciência cidadã, o Brasil também pode melhorar. No futuro, quem sabe... Claro que não será para nós. Mas, poderá ser para gerações futuras.
Imagine você, caro leitor(a), viver num lugar onde o respeito ao próximo e à propriedade privada é coisa sagrada. Você pode ir a um local público, por exemplo, uma praia, deixar seus pertences na areia, entrar nas águas e saber que tudo estará lá ao retornar. Entrar num transporte público, deixar seus pacotes num compartimento próprio à entrada e ao sair recolher. Isto sendo num coletivo lotado! Estando na Austrália e indo ao supermercado, pode levar suas compras até a porta de casa, no próprio carrinho da loja. Deixe-o lá mesmo na rua que haverá uma coleta posterior, levando de volta à origem. Vide foto a seguir.
Carrinhos do supermercado nos quais moradores trouxeram suas compras até a porta de casa.
Lixo? Coleta seletiva desde cada domicílio. Ninguém mistura as coisas como por aqui. As prefeituras estabelecem uma agenda de coleta geral para cada bairro. Tudo muito ordeiro e cumprido na risca. Vide a foto abaixo.
Compartimento tipico de lixeiras seletivas no térreo de condomínio residencial 
Roupa de grife? Para que? Aqui no Brasil o sujeito ou veste assim ou está por fora... mesmo que tenha sido made in Paraguay ou Santa Cruz do Capibaribe (PE) e comprada na 25 de março (São Paulo) ou na Feira da Sulanca (PE). Na Austrália ninguém está preocupado com esse tipo de supérfluo ou reparando nas indumentárias alheias, porque isso não interessa. Uma churrasqueira pública à beira-mar e à disposição de quem for chegando. Acredite. É só acender a chapa e assar sua carne. É inacreditável. Ninguém danifica. Ao invés disso, preserva-a. Sujou? Limpa ao final, em respeito ao próximo usuário. (Vide foto a seguir).
A churrasqueira da praia de Dee Why em pleno uso na manhã de sábado 
Outra coisa que observei, também, é que o motorista de um ônibus só dá partida quando vê todos os passageiros acomodados. Quando vejo as recentes noticias nos jornais do Recife relatando acidentes com passageiros dos nossos coletivos devido às arrancadas bruscas, velocidade e freios violentos, fico triste e penalizado com nosso povo mais humilde. Outra coisa estranha e engraçada: meu filho solteiro e “baladeiro de carteirinha” relata que não se conforma com o fato de que a função numa danceteria sempre encerre à meia-noite. Sim! Quando o relógio junta os dois ponteiros e é noite, o som para e a ordem é ir para casa dormir, porque a noite foi feita para dormir. E todos obedecem, numa boa. Estão certos, mesmo porque a noitada começa logo após 18 horas. Acho graça...
É um mundo muito diferente, minha gente. Pode parecer insólito para muitos, sobretudo sendo brasileiro, mas, sem dúvidas, é uma vida salutar e do tipo que se pediu a Deus. Questão de princípios. E Cultura, claro.

NOTA: As fotos ilustrativas são da autoria do Blogueiro.



6 comentários:

JR Produções disse...

São civilizações "conceituadas" para a eficiência da coletividade, o que nos falta em muito. Mais uma vez excelente postagem, parabéns!

Vanja Nunes disse...

👏👏👏👏👏
Quando terminei de lê me deu uma tristeza
Temos um país tão bonito e tão pobre de tudo !!
Vanja Nunes

Thereza Leal disse...

Girley que Blog maravilhoso sobre a Austrália nosso Brasil está longe de chegarmos a este ponto mas temos que ama-lo dá maneira que. Se encontra porque é a nossa pátria não será para nossa geração mas quem sabe os nossos bisnetos alcançarão.
Thereza Leal

Nena Burgos disse...

Parabéns querido Girley , você relata de forma tão expontânea que passamos a gostar também desse país . Sempre sonhei em ir à Australia , mas é muito longe. Adorei ! Saudades!
Nena Burgos

Romero Marques disse...

Boa tarde amigo, que bom a sua volta, com muita cultura na bagagem e nos presenteando com o seu blog de civilização acho q não estamos distantes de alcançar esse parâmetro hoje vivemos uma crise institucionalizada dos poderes mas caminhamos a uma organização mais duradoura é como um casamento vem as crises se sobreviver passara sem arranhões tenhamos fé força e foco eu acredito q vamos conseguir abraço Romero Marques

Christiane disse...

Eh isso mesmo Girley!!! A educação eh a chave da diferença gritante da realidade brasileira e australiana. Amo meu país, mas infelizmente nao voltaria a morar nele por esta e outra muitas questões de segurança e honestidade. A Australia nao eh um paraíso, tem muitos problemas e só quem vive o dia a dia que vai percebendo. No entanto está bem mais perto desta definicao que o nosso Brasil varonil! Espero te-lo aqui por perto outra vez!!!

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