quinta-feira, 2 de junho de 2016

Quem não chora não mama.

Montar um Ministério após uma eleição tem sido quase sempre um problema delicado para um presidente eleito. Imagine o que seja fazer isto a “queima roupa” de uma emergência, como ocorreu recentemente aqui no Brasil. Creio que o Michel Temer deve ter passado por apuros para formar sua equipe de Governo. Primeiro devia esperar o resultado da votação no Senado para trabalhar com a certeza de que assumiria e, em seguida, administrar as manhas dos políticos e respectivos Partidos que “viabilizaram” sua ascensão, num típico estilo de “quem não chora não mama”. Fora tudo isto, o fato de que, rigorosamente, se trata de um governo transitório e, pior que isto, mergulhado num imenso buraco negro deixado pelo PT, não estimulou alguns potenciais candidatos a ministro ou outro cargo de destaque qualquer. O PSDB, por exemplo, vacilou antes de aderir.
O resultado desse açodamento é que foi montada uma equipe com alguns integrantes pouco recomendáveis. Eu soube que teve ministro convidado meia hora antes de assumir. Imagino esse sujeito dizendo: O que é isto?! Como assim? E quem disse isto? E entrou no Palácio do Planalto esbaforido e perguntando Onde estou? O que sou eu? O que foi que eu fiz? Ou algo parecido. Eita Brasil, zil,zil ! O resultado é que se formou um gabinete de nomes elogiáveis – o lado econômico, sobretudo – misturado e junto com outros, tipo “ficha suja”, citados ou envolvidos nas tramoias que estão sendo lavadas, enxaguadas e passadas na Lavanderia de Sérgio Moro. Dois Ministros já voaram nos paus. E a expectativa agora é saber quem será o próximo.
Mas, por outro lado, ao tempo que aplaudi (aplaudimos) a estratégica redução dos ministérios, assisti lamentando o retrocesso do Temer ao ceder com a recriação do Ministério da Cultura. Acho que ali ele abriu um flanco de fraqueza. Ser presidente não é ditar tudo com rigidez, é verdade. Mas, foi um ato lamentável esse retrocesso. Temer temeu uma repercussão negativa e deu, no meu ver, um “cala-boca”, sobretudo, para uma classe de produtores culturais e artistas engalanados cheios de ares e pretensos “donos” da cultura nacional, que não querem largar as tetas da Lei Rouanet. Vide fotomontagem a seguir e outra que viralizou nas redes sociais.


Desde que me entendo de gente a Cultura – setor importantíssimo da vida nacional, ressalte-se – esteve sempre conjugada com a Educação. E tem uma lógica explicita nisto porque Cultura tem tudo a ver com Educação! O MEC foi, historicamente, uma das mais importantes siglas da Administração Federal. Por que tanta estranheza e reações contrárias, quando nada impediria que as ações desta área não fossem desenvolvidas por uma Secretaria Ministerial no MEC recriado? Foi sempre assim no passado! Acho inclusive que a classe artística, a grande protestante, “deu um tiro no pé” na medida em que provocou na mídia e nas redes sociais uma avalanche de denuncias sobre as estratosféricas vantagens que recebem ou receberam do Governo, através dos instrumentos de incentivos, administrados pelo ex-Ministério em tela. Poucos foram honestos, como Antonio Fagundes que sem cerimônia fez sua critica: "Sinto-me decepcionado com alguns artistas, que mesmo sabendo das falcatruas deste governo, ainda apoia por puro interesse próprio". Ele nunca recorreu à Lei Rouanet
As cifras que foram divulgadas das concessões aos cantores e artistas globais, aos escritores e produtores teatrais de fama, escandalizaram os brasileiros. Sobretudo pelo fato de que uma imensa legião de cidadãos e cidadãs dedicados(as) às atividades culturais ficaram sem qualquer chance de “fazer parte dessa festa”. Ora, ora! É indiscutível que cantores e atores que arrastam multidões aos seus auditórios não precisam desse apoio governamental! O Fagundes é bom exemplo. Muito mais precisam aqueles que buscam, em vão, um lugar sob as luzes das ribaltas brasileiras para os quais o MinC sempre deu as costas.    
Essa turma de apaniguados de “Mamãe” Dilma e do PT chorou, chorou e ganhou. E Temer, temendo uma onda maior, cedeu. Tolice... Lamentavelmente, neste Brasil, “quem não chora não mama”. Pouco interessa a essa gente a situação de crise do país, a necessidade de reduzir a máquina e os gastos do Governo e, ao invés disso, investir maciçamente na Saúde, na Educação e na Segurança. O que eles querem é mamar.

NOTA: Fotomontagem obtida no Google Imagens


3 comentários:

Ronaldo Leocadio disse...

Colocou o dedo na ferida. É isso aí. O Temer vacilou sem necessidade. Agora vai ficar com a imagem de frouxo no início do mandato interino. Pra quê?
Ronaldo Leocadio

Ina Melo disse...

Pra mostrar que é mesmo um fouxo e não decide nada. Faz e desfaz todo o tempo. Um prova de incapacidade para governar um país desgovernado como o nosso
Ina Melo

Danyella Monteiro disse...

O Sr.deveria ter posto na foto as vossas excelências do STF e a chamada de mais um déficit de R$ 58 bilhões e a criação de mais de 14 mil cargos...ajuste fiscal só pró povo, enquanto uma elite burra, conservadora e sem mérito fica mamando nesse governo temeroso.
Danyella Monteiro

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