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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Terras Raras
Em 2017 tratei aqui no Blog de um tema que resultou numa surpresa para muitos leitores. Falo da postagem intitulada de A Encrenca da Renca, na qual repercuti um assunto ligado à decisão desastrosa do Governo brasileiro, à época, extinguindo a Reserva Nacional do Cobre e Associados – RENCA (leia em https://gbraziliro.blogspot.com/2017/09/a-encrenca-da-renca.html ). A meu ver, o assunto gerou alguns poucos debates, em nível nacional. É curioso como poucas pessoas e particularmente especialistas no assunto não deram a importância devida. Talvez faltasse espaço ou oportunidade adequada. Na referida postagem dei minha contribuição de alerta para o erro que se cometia. O assunto abrangeu um tema que pouco se explorava na ocasião, sobre as Terras Raras. O Brasil era governado por Michel Temer, que assumiu o governo em 31/08/16, após o impeachment de Dilma Roussef. Era uma época turbulenta, quando o Brasil tentava acertar os passos. O assunto, conforme falei acima, caiu no esquecimento. Lamentável. Recentemente, porém, o tema voltou a ser discutido a partir de uma série de reportagens na Folha de São Paulo sobre minerais críticos, incluindo Terras Raras como parte da pauta. Devido às repercussões e as severas criticas publicadas, algo de novo pode acontecer. Curioso nessa passagem foi que, entre outras notícias, o Brasil se surpreendeu com umas declarações do digníssimo Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, afirmando que não sabia o que era Terra Rara. Como cidadão comum e sem uma formação pertinente, até se tolera. Mas, como Presidente da República, digamos que foi imperdoável. Em 29 de agosto passado, ele disse: “eu nunca tinha ouvido falar nisso (terras raras). De repente aparecem os caras lá falando: ”não porque os minerais críticos...” Eu nem sabia que mineral falava, como ele é critico?“ Indiscutivelmente um infeliz discurso. Onde estavam seus assessores? Seus ministros da área? Claro que causou uma repercussão negativa internacional.
A propósito do assunto andei conversando com um especialista dessa área, detentor de longa história a contar, o Químico Industrial (com atribuições Tecnológicas), o paulista José Carlos Lucena que se revelou surpreso com a situação. Lucena foi Superintendente da Empresa da Orquima Indústrias Químicas Reunidas S. A. em São Paulo. Na nossa conversa ele foi categórico em afirmar “poucos sabem, incluindo autoridades do atual governo, que o Brasil já possuiu uma empresa pioneira e inovadora, a maior – única na América Latina – que produzia e exportava compostos de terras raras”. Segundo Lucena, um grupo de judeus europeus refugiando-se dos horrores da Segunda Grande Guerra, em 1940, naturalizados brasileiros, fundaram, em São Paulo, a referida empresa com o objetivo de extrair, processar e comercializar minerais pesados da costa brasileira. Minerais que, bem antes, eram colhidos de modo primário e, obviamente, eivado de interesses piratas, enviados à Europa e Estados Unidos como lastros de navios. Vejam só que assalto! Segundo consta, o objetivo inicial era obter tório das areias monazíticas usados na fabricação de camisas incandescentes de lampiões que iluminava ruas e residências. Com o passar do tempo, a coisa evoluiu e o que se obtinha eram tório e urânio, elementos importantes para fins nucleares. Uma riqueza fantástica à flor da terra, entre localidades no sul da Bahia (região de Prado), Espirito Santo e Norte do Estado do Rio de Janeiro. Ciente da riqueza nacional o Governo brasileiro, na década de 1940, proibiu as explorações e contrabando desses minerais, principalmente a monazita. A Orquima foi a pioneira na exploração e beneficiamento, das terras raras brasileiras. Segundo Lucena, os minérios obtidos não tinham muita aplicação no mercado nacional. Graças a competência da equipe técnica da empresa terminou colaborando com as indústrias cerâmicas, de tintas, indústria ótica, fundições e até açucareira, entre muitas outras. Em tempo, lembro que Lucena me informou que são chamadas de Terras Raras não por serem raras na natureza, mas sim por serem de difícil separação. O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de terras raras, ficando atrás apenas da China que hoje se consolida no domínio sobre terras raras/minerais críticos sem concorrentes no horizonte. É duro saber que o Brasil já foi referência na indústria de terras raras mas, por descuido dos governos perdeu o fôlego. E pelo visto, as perspectivas são desanimadoras. O químico e pesquisador há décadas, Gilberto Fernandes de Sá (Professor da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE) afirma que o Brasil se descuidou do setor de terras raras desde a década de 1960. Ele defende que ao invés do Brasil firmar acordos com os Estados Unidos, deveria buscar parcerias com os chineses, que já dominam alta tecnologia para separação e refino de terras raras. Concluindo, faço um registro importante, que bem pode dizer do fracasso do Brasil nessa área estratégica: a Orquima foi estatizada na época do regime militar passando a se chamar Administração da Produção da Monazita (APM) diretamente ligada ao Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Nem vou tecer comentários. Deixo por conta do leitor ou leitora. Sei, apenas, que atualmente o Brasil exporta matérias-primas ou em estágio primário, enquanto o processamento e alto valor agregado das terras raras ficam no exterior. Pobre Brasil! NOTA: Foto ilustração obtida no Google Imagens
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Belemzada
Lembro-me bem que, num primeiro momento, aplaudi a realização dessa COP 30, aqui no Brasil, independente do local escolhido. Aos poucos e ao acompanhar o processo preparatório, na cidade de Belém, capital do estado do Pará, situada na foz do Amazonas, comecei a temer sobre o sucesso do evento, dadas as dificuldades naturais da localização. Como de se esperar, essas dificuldades foram logo diagnosticadas e alertadas ao grande público, nacional e internacional. Ora, conheço Belém, onde estive várias vezes. Fui inclusive numa ocasião das comemorações do Círio de Nazaré. Lembro bem das condições locais e que segundo notícias veiculadas não se modificaram o suficiente. Com o passar dos dias e as crescentes criticas à incapacidade da cidade de receber evento de tal magnitude e atraindo sempre tantas comitivas estrangeiras, passei a temer e duvidar do sucesso brasileiro ao final do certame. O que se viu foi a falta de hospedagens, preços inflacionados, receptivos frágeis, entre outros fatores negativos listados. As soluções encontradas e operacionalizadas tampouco atenderam. Navios transatlânticos ancorados ao largo da cidade para servir de hotel, casas residenciais postas a aluguéis escorchantes, o próprio presidente da Republica valendo-se de locar um iate de luxo para se hospedar, enfim, um quadro nada satisfatório para quem conhece e já participou desse tipo de encontro internacional. Tenho conhecidos que se aventuraram nessa onda e se deram insatisfeitos.
O tema em si podia mesmo justificar essa localização, afinal a Amazônia está sempre na pauta desses encontros anuais, mas, ficou provado que a região não ofereceu condições adequadas para comportar as levas de cientistas e políticos envolvidos na questão mundial do clima e do meio-ambiente. – Interessante que, no meio dessas incertezas, lembrei-me das passadas megalomanias petistas quando trouxeram para o Brasil outros dois eventos internacionais que foram a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, que só geraram fantásticas somas de investimentos, sem que os resultados hajam sidos os esperados. Nessa COP de Belém lá se foram R$ 700,0 Bilhões de investimentos. Cá pra nós, uma extravagância, para um país tão apertado financeiramente para outras frentes carentes como Saúde, Habitação e Segurança. – Mas, bem ou mal a COP 30 teve lugar em Belém e pronto! Os resultados são muito discutíveis. E as reações dos participantes disseram muito bem da insatisfação e dos desconfortos sofridos. A opinião do Chanceler Alemão, por exemplo, foi emblemática, ao criticar as condições precárias da capital paraense e reforçar dizendo da satisfação que teve de retornar ao seu país. “ninguém gostaria de ficar no Brasil”. E, olha que, ele passou apenas dois dias no evento. Outro caso de repercussão internacional foi relativo às precárias instalações que culminaram até, com um incêndio na Blue Zone (local central das negociações). Acidentes acontecem. É verdade. Mas, o que ficou registrado foi que faltou segurança para as comitivas trabalharem. O fogo foi logo debelado, poucas pessoas foram prejudicadas, mas, a notícia correu o mundo. E, muita gente, em Brasília, foi apanhada de calças curtas. A ONU (promotora central do evento) exigiu/providenciou solução provisória e devolveu o problema para a organização brasileira. Problemas à parte, há de se perguntar sobre os resultados concretos. O que restou dessa “Belemzada”? Na verdade, verdadeira, foram bem poucos. Entre os mais visíveis sabe-se que: a) faltou ser delinear um plano formal para eliminação dos combustíveis fósseis. O texto final do Encontro não traz nada nesse sentido; b) o texto final reconhece que será difícil manter a meta de redução do clima em 1,5ºC como proposto noutras ocasiões; c) Financiamento insuficiente e incerto. Os possíveis financiadores ainda não estabeleceram metas de contribuições em face das demandas dos países vulneráveis; d) poucas possibilidades de redução do desmatamento, embora o Brasil haja se empenhado em defender o Forest and Climate Roadmap. (Mapa do Caminho). Ou seja, foram resultados pífios, no final das contas. Para um grande público participante ou externo ao Evento o que ocorreu em Belém serviu tão somente para confirmar uma preocupação global e mais do que sabida das dificuldades climáticas que o planeta apresenta de modo, cada vez mais, desafiador. E nada mais! Belém, Belém, Belém... Foi uma oportunidade preciosa e mal aproveitada.
sábado, 1 de novembro de 2025
Vai ou Racha
Indiscutivelmente, o assunto da semana, aqui no Brasil, foi a Megaoperação levada a cabo pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro para Contenção das ações abertas e descontroladas do Crime Organizado nas regiões dos complexos de favelas dos morros do Alemão e da Penha, Norte da Capital carioca, transformadas em verdadeiras republicas independentes. O resultado foi dos mais avassaladores que se tem noticia e a mídia vem classificando , com razão, haver sido a mais letal de todas as operações do gênero. Mais de 120 mortos é a conta mais divulgada. Vejo, sem discussão, como sendo uma marca realmente assustadora. É número de uma verdadeira guerra. E nem toda guerra! Nos últimos tempos estamos ouvindo falar de 8, 10 ou pouco mais de mortos, resultante de um ataque “corriqueiro” dos russos contra alvos na Ucrânia. São números vistos como absurdos. E, de repente, ouvindo falar de 120 ou pouco mais, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, causa espanto e desespero. Onde vamos parar? Não tenho noticias a respeito de tanta violência e falta de segurança pública, noutro país do mundo, quando comparando ao nível que vivemos no Brasil da atualidade. É seguramente o mais grave dos problemas que esta Nação amarga, nesses últimos tempos. O crime organizado vem crescendo a passos largos e se espalhando pelo país, construindo um poder paralelo sem limites e às vistas (muitas vezes míopes) de governantes incompetentes, irresponsáveis e negligentes, sempre preocupados em se manter no Poder a qualquer custo, inclusive com apoio das asociações desse crime organizado.
Irrelevante dizer que o assunto deu realce a todos os matizes do espúrio jogo politico que se joga neste país de agora. Por um lado os que apoiam a atitude do Governo Carioca face à desbandeirada insegurança reinante na Cidade (antes) Maravilhosa versus a “turma” do Governo esquerdista que vem tapando o sol com uma peneira e embromando com promessas de providências que nunca chegam. Faz vergonha ver atitudes de (ir)responsáveis pelas pastas da Segurança Pública, quando no trato da questão e, digamos, fazendo “corpo mole”. Ao mesmo tempo, uma proposta de Emenda à Constituição, que promete soluções, tramita a “passos de tartaruga”, no Congresso Nacional, tendo, inclusive, o Deputado pernambucano Mendonça Filho como relator. Há uma serie de detalhes nessa PEC que exigem esforços e união para aprová-la. União que perece encontrar toda sorte de dificuldades a começar pelas altas ondas no mar da polarização ideológica e das diferenças do executivo federal versus os governos estaduais que disputam a posição de quem mandará mais. No Rio de Janeiro, o Estado garante que cansou de esperar pela ajuda federal e resolveu “fazer justiça com as próprias armas”. O Brasil se dividiu a favor e contra a atitude.
A meu ver, a situação é tão caótica e urgente que não cabe mais essa porcalhona divisão politico-ideológica reinante. A solução deste caso exige uma união de esforços nacionais sob pena de desaguarmos num mar de sangue e de incontrolável domínio. O crime organizado se espalhou. Combate-lo deve ser um compromisso politico de dimensões ilimitadas. No próximo ano teremos eleições majoritárias e este tema será pauta de prioridade máxima. Ou se acaba com o crime ou o crime acaba conosco. Tem que ser como no Rio de Janeiro: Vai ou racha!
NOTA: Foto obtida no Google Imagens.
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Historia nossa de cada dia
Que a Historia do Mundo e das periferias é escrita todo dia é uma coisa que, salvo engano, ninguém pode negar. Do meu posto de observador acredito ser assim. Esta semana pude anotar dois fatos que me chamaram atenção. O primeiro foi o encontro histórico do Rei da Inglaterra, Charles III acompanhado da digníssima (!) rainha consorte, com o Papa Leão XIV. E rezaram juntos na Capela Sistina, no Vaticano sob os famosos afrescos de Michelangelo. Um fato histórico, sem sombra de dúvidas. (Foto a seguir). Foi o primeiro monarca britânico a rezar publicamente com um Chefe da Igreja Católica desde o cisma anglicano há cinco séculos. Haja História nesse fato. A Inglaterra professa uma religião própria durante todo esse tempo e o Rei Charles é o Chefe Supremo dessa igreja. Haja poder nas mãos desse cidadão. Ele reina sobre corpos e almas de um povo que prima pela austeridade e tradições milenares.
A Historia é antiga e data de 1534, quando o Rei Henrique VIII, antecedente remoto no trono que Charles III hoje ocupa, requereu do Papa Clemente VII a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, o que foi negado. O Soberano britânico revoltado, não teve dúvidas, e decidiu criar uma Igreja própria, a Anglicana, da qual se tornou Chefe Supremo, sendo sucedido pelos ocupantes subsequentes do trono da Inglaterra. Essa situação, conhecida historicamente como o Cisma Anglicano é mantida até hoje com seguidores no Reino Unido e no resto do mundo, inclusive aqui no Brasil. No Recife, cidade que recebeu forte influencia britânica no século passado, esta igreja existe com alguns templos espalhados na cidade e com muitos seguidores. Aliás, o Recife conta, também, com um cemitério exclusivo para sepultar ingleses, o conhecido Cemitério dos Ingleses, que se fez necessário dado que, não sendo católicos romanos, os defuntos anglicanos não podiam receber sepulturas nos cemitérios católicos. Com condições econômicas confortáveis, os anglicanos construíram uma necrópole própria para os seguidores da Igreja Britânica. Este cemitério está lá no cruzamento das avenidas Norte e Cruz Cabugá, no bairro de Santo Amaro. Agora o que se especula é saber se essa aproximação do Papa Católico com o “Papa” (!) Anglicano pode resultar numa unificação das igrejas. Complicado responder ao questionamento visto que, ao contrário da Igreja Católica Romana, a Anglicana permite o casamento dos padres e ordena mulheres. Atualmente, aliás, uma mulher, Sarah Mullally, de 63 ano, mãe de dois filhos, desempenha o papel de autoridade máxima dentro da Ordem Anglicana. Acho difícil essa mudança.
A outra história é com H minúsculo, mas, não deixa de se constituir em História. O Brasil terá, no próximo ano, seu primeiro presidente com mais de 80 anos. O Presidente Luís. Inácio Lula da Silva fará no próximo dia 27, próxima semana, oitenta primaveras. Ou seja, está fazendo história. Interessante que o aniversario foi comemorado antecipadamente, na Indonésia, durante encontro com o presidente local, Prabowo Subianto, no recinto do Palácio Merdeka. (Foto a seguir) Cá pra nós, tanto lugar para se comemorar um aniversario tão significativo e fazê-lo no Merdeka. Francamente. Impossível admirar essa denominação de recinto. Mas, observação à parte, o mais curioso de tudo, a meu ver, é o fato do Presidente Lula haver aproveitado a ocasião para afirmar que será candidato em 2026, muito embora já tenha mais de 80 anos. “Vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que estou com a mesma energia que tinha com 30 anos de idade. Pode ter certeza que vou disputar um quarto mandato no Brasil... esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano, mas eu estou preparado para disputar outras eleições”. Moço corajoso.
Fiquei curioso e fui investigar se algum outro presidente havia governado com tanta idade. Não! Nenhum até hoje. Ele será o primeiro. Achei pouco e fui indagar sobre um possível impedimento de candidatura com essa idade. Nada! Constatei que, institucionalmente, o cidadão tendo mais de 35 anos, com registro eleitoral, integrante de um partido politico e gozando de boa saúde (?) é o bastante e pode se candidatar à Presidência da República, ainda que tenha 80, 90 ou 100 anos. Nada o impede. Diante disso, questiono o fato de que, conforme a Lei Complementar No. 153 de 03/12/2015, o servidor público será aposentado compulsoriamente ao completar 75 anos de idade. Aplica-se aos servidores da União, estados, Distrito Federal e municípios. Além desses, também se aplica aos membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias Públicas, dos Tribunais e Conselhos de Contas. Então, uma pergunta que não cala: Presidir a Republica não é uma função pública? Melhor parar por aqui. Chega de histórias, por hoje.
NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens.
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Desafiando a COP30
Sempre acho interessante quando vejo o comentário de que o “Brasil não é para principiantes”. Nem sempre concordo com esse jargão. Hoje, porém e por exemplo, vi-me usando esse dito quando vi pela TV a noticia de que a Petrobrás havia recebido o sinal verde do IBAMA para proceder uma perfuração exploratória na Margem Equatorial, águas profundas ao largo do Estado do Amapá. Quem acompanhou esse caso, ao longo do passado recente, deve estar ciente do “bolodório” politico-econômico-ecológico que esse assunto causou. Foram muitos debates e muitas escaramuças ministeriais na Esplanada de Brasília. Argumentos veementes foram defendidos pelo Ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, que de maneira enfática cobrou constantemente agilidade dos órgãos ambientais, principalmente da Ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, que, em resposta, manteve a posição de defender uma decisão de caráter técnico a cargo do IBAMA e reforçando com sua costumeira defesa suas preocupações com os critérios ambientais e defendendo a independência do órgãos de licenciamento. Outro Ministro que se envolveu na discussão foi Waldez Gomes, Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, lembrando que se trata de um direito soberano do Brasil e que será benéfico para o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste. Na minha visão pessoal acredito que a exploração pode representar um grande avanço econômico local, com positivos resultados socioeconômicos para o país como um todo. Recordo que, outro dia, comentei que esse tipo de exploração já vem sendo feita ali bem próximo, no Suriname e nas Guianas com imenso sucesso. Petroleiras internacionais estão se lavando com o óleo abundante naquelas bandas. Vai que essas explorações tenham como fontes os mesmos jazimentos (não sei seria o termo correto) da nossa Margem Equatorial e estejamos dando bobeira. A proposito, não foi à toa que o Ditador Maduro, da Venezuela, insinuou e andou querendo abocanhar metade da sua vizinha Guiana. Tinha petróleo nessa intenção.
Falei demais e terminei me afastando do objetivo desta postagem que resumo numa pergunta: Será que essa licença, às vésperas da COP30 (Conferencia das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) a se realizar no próximo mês de novembro, em Belém, estado do Pará, Brasil, condiz com os objetivos desse Encontro Internacional que coloca no centro da sua agenda temas como governança climática, justiça ambiental, implementação dos compromissos do Acordo de Paris, integração de mercados de carbono, adaptação e mitigação dos prejuízos ambientais? Parece-me que não! Para um evento que trata de defender o meio ambiente e as mudanças do clima com precisos objetivos vejo que o Brasil – anfitrião da Conferencia – jogou sob luzes uma das mais polêmicas decisões que, no final das contas, projeta a ampliação de emissão de carbono tão prejudicial ao ambiente global e tão combatida nessas conferencias das Nações Unidas. Pior, às portas do local do evento, inclusive geograficamente. Desnecessário frisar, embora que oportuno, serem muitas as criticas, sobretudo dos ambientalistas, de que avançar com a exploração de petróleo em uma região tão sensível como a norte/nordeste do Brasil contradiz a necessidade de transição energética (redução do uso de combustíveis fósseis) e preservação ambiental. É, de fato, contundente. Por isso que me lembrei do jargão de que “o país não é para principiantes”. Posso estar enganado, mas, será que ninguém do Poder Central – foi uma decisão permeada de conteúdo politico – não atentou do quão inoportuno que essa licença pode gerar no ambiente da Conferência? Ou terá um proposito de esquentar as discussões em Belém? Repito que não condeno a projetada exploração, ciente de que minha opinião não tem qualquer importância. É a opinião de um cidadão preocupado com o progresso e o bem-estar da Nação. Mas, discordo frontalmente da hora que foi proclamada. Em suma acredito que a licença para a Margem Equatorial pode passar uma mensagem contrária, isto é, ampliar a exploração intensiva de petróleo a um ambiente em que isto é “pecado mortal”. Não custava nada esperar algum tempo. NOTA: Foto ilustração colida no Google Imageens
segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Drink da Morte
Como se não bastassem todos os perrengues sociopolíticos que se multiplicam no Brasil dos nossos dias, uma onde de insanidade social se espalhou pelo país, nos últimos dias, pondo em risco consumidor mais desavisado e, particularmente, integrantes da camada social que vive nas franjas das grandes cidades. Tem nada mais abominável do que esse crime de “batizar” bebidas de uso corrente, sobretudo as destiladas, com fortes dosagens de Metanol? Engarrafadores clandestinos, com vistas ao faturamento mais fácil e mais alto, misturam Etanol, comprado em postos de combustível, injetando-o, sem medidas e sem escrúpulos, nas bebidas mais populares, como Rum, Uísque, Gin e Vodca. A crise eclodiu nos arredores da Cidade de São Paulo, onde muitos foram prejudicados e óbitos foram registrados. Aqui em Pernambuco, alguns casos foram registrados e dois óbitos ocorreram, no interior do estado.
Até onde chega a perversidade humana? Eis aí uma questão que parece não ter resposta. E, quando o ambiente oferece condições favoráveis o ilimitado se aproveita. É desse modo que assisto ao desenrolar dessa miserável situação que vem abalando o Brasil. Como um sujeito, ou um bando de sujeitos desclassificados, pode injetar um mortífero veneno numa garrafa de bebida comercializada nos bares e restaurantes da vida? Aqui pra nós, é inacreditável. O que passará pela cabeça de um bandido desses? Faz por maldade ou por espúrio interesse comercial? Será ignorância? Ah, será vingança? Contra a sociedade? Contra os carteis de bebidas? Muitos são os questionamentos, como muitos já são os casos de mortes e prejuízos sociais. A verdade é que eclodiu uma onda de insegurança nas praças de laser do país e as autoridades constituídas, além de recomendarem prudência ou abstinência alcoólica, se mobilizam para desvendar o que levou a essa barbaridade. As casas noturnas e os bares da vida já levam um prejuízo significativo. Estima-se que 40 Mil pessoas foram prejudicadas com bebida falsificada. Incluindo os mortos. Conhecido meu e distribuidor de bebidas me falou que essa prática é velha. Que ele luta contra os falsificadores espalhados pelo Brasil afora. Por ser um grande distribuidor os bandidos temem se aproximar para não correr o risco de flagrante. Terminam vendendo seus “venenos” nas praças mais frágeis, sobretudo nos arrabaldes ou bares interioranos. Resumo da ópera: perde o negociante, perde o distribuidor de bebidas, perde a sociedade. Já não se pode tomar o drinque do fim de semana em paz. Pode ser um Drik de Morte! Pobre Brasil. Pobres brasileiros. NOTA: A foto ilustração foi obtida no Google Imagens.
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
Sushi e Sashimi
Indiscutivelmente a culinária brasileira é um sucesso pela sua variedade e significado cultural que representa. Cada região tem suas iguarias e conquista até mesmo os paladares mais exigentes. Com traços marcantes, sejam de origens indígenas, portuguesas ou africanas, nossos cardápios conquistam os penitentes (com licença Zé Paulinho) antes mesmo de baixar à mesa. Do tacacá paraense, passando pela caldeirada maranhense, sarapatel e buchada pernambucanas, moquecas baianas e capixabas, frango ao pequi goiano, feijoada carioca, o virado à paulista e os churrascos gaúchos, um cidadão desavisado esquece qualquer regime de moderação alimentar. Não obstante essa riqueza de cozinha e a extravagância da maioria desses pratos, o brasileiro é chegado a provar das receitas estrangeiras que, sem pedir licença, invadem o mercado gastronômico nacional fazendo imensos sucessos. Muitos são tão comuns que chegam a confundir o grande publico. Quem não aprecia uma boa pasta italiana, um filé à parmesana ou uma popular pizza? E um filé mignon à cordon-bleu, originário, provavelmente, da cozinha francesa? São tão populares que a maioria chega a pensa se tratar de culinária brasileira.
Fiz esta introdução para focar numa verdadeira curiosidade gastronômica que nos últimos trinta ou quarenta anos invadiu o Brasil e faz tremendo sucesso. Refiro-me à culinária japonesa. O caro leitor ou leitora pode até discordar, mas, é surpreendente a popularidade dos sushis e sashimis, principalmente entre os mais jovens.
Recordo, a propósito, que na década de setenta, quando estudei na USP, em São Paulo, a presença de orientais na Universidade era algo notável. Normal, considerando que a maior colônia japonesa, fora do Japão, está no Brasil. Principalemnte no estado de São Paulo. Pois bem. Não tardou muito e influenciado por três colegas niseis, da minha turma, fui conhecer o bairro oriental (japonês sobretudo) na cidade. O bairro da Liberdade. Experiência formidável. No Recife a presença nipônica era ainda muito tímida. Aquilo me encantou de forma indelével. O monumental Tori (portal japonês) a iluminação temática e os jardins lá existentes encheram as vistas do "pau-de-arara". Percorrer as ruas do bairro, explorar lojas e comprar “sourvenirs” foi muito divertido. Senti-me em pleno Japão. Vide foto a seguir.
Entretanto, a grande pedida daquela noite foi jantar num típico restaurante japonês. Sentado no chão e a uma mesa quase no solo, fui apresentado, pela primeira vez, aos hashis, famosos palito (ou palitões?) que substituem os talheres ocidentais. Recebi uma verdadeira aula e saí daquela noite como um craque no manejo, que terminou me ajudando anos após, durante uma temporada que passei em Tóquio. Eu sempre digo que o primeiro sushi você jamais esquece. Comer peixe e frutos do mar crus! Aquilo era muito forte para um novato, acostumado a comer feijão com farinha e carne de sol. Contudo, quando se é jovem nada disso é barreira. Foi meter as caras e concluir que era delicioso. Questão de cultura e pronto!
Quando, já no Recife e ainda nos anos 70, pus-me a procurar um restaurante japonês. Coisa ainda rara. Havia um no Hotel do Parque, da Rua do Hospício, que passei a frequentar. De lá pra cá a coisa mudou de figura e explodiu. Hoje tem restaurante japonês em todos os bairros da cidade. Aliás, chineses também. Eles interagem seus cardápios e a sociedade “deita e rola”. Meus filhos são aficionados em cozinha oriental. Vez por outra, vejo-os indo comer Rámen (Lámen), que é um outro item muito apreciado e sofisticado do cardápio niponico (Vide foto a swguir). Tenho um netinho de cinco anos que é vidrado em sushi frito, conhecido como carioca.
Interessante que não percebo essa popularidade da cozinha japonesa em outros países que circulo. Tive o cuidado de verificar em recente viagem à Europa. Não vi facilmente comidas japonesas em Portugal, Itália ou França. Em Madrid, meu filho com a esposa e meu neto encontraram um num primeiro andar de uma rua pouco movimentada. Estive lá os acompanhando e percebi tudo muito ao puro estilo nipônico. Aqui no Brasil já agregaram modismos locais e você come sushi contendo mangaba, goiaba ou manga. Isso, sem falar no carioca, inventado para agradar aos que não toleram comer peixe cru. O japonês raiz deve se escandalizar com essa invenção dos cariocas. É isso pessoal! A coisa é tão popular aqui no Brasil que,outro dia, dei de cara com um japonês ambulante, empurrando sua carrocinha, numa rua da cidade interiorana de Gravatá (Agreste de Pernambuco), vendendo sushis e sashimis, em pleno sol do meio-dia. Fotografei e coloquei ai abaixo para provar o que digo. Vi um vendedor feliz com seu negócio e uma matutada inserida na cultura oriental. Brinque! Não preciso dizer mais nada. Quem diria nos anos setenta? Hoje se come até numa carrocinha.
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