sexta-feira, 22 de julho de 2022

Vivendo no Aperto

Como se não bastassem os efeitos devastadores da pandemia no estado da saúde mundial, o panorama internacional está, inegavelmente, bagunçado. Estamos diante de verdadeira convulsão político-econômica global, em face das mal traçadas e maltratadas decisões politicas desta calamitosa safra de lideranças mundiais. Tudo faz, mesmo, crer que o vírus da Covid19 terminou mexendo severamente nas mentes humanas, incluindo as dos que decidem os destinos do planeta. São casos surpreendentes e, sobretudo, desanimadores. Recebi pelas redes sociais uma relação de fatos recentes que confirmam a tese: as peripécias e renuncia de um descabelado Boris Johnson no Reino Unido; a fúria de Putin sobre a Ucrânia; a queda da popularidade de Joe Biden e a inflação galopante nos Estados Unidos; a economia da Alemanha patinando na eminência dos cortes de fornecimento de gás da Rússia; a escassez de matérias primas no mercado internacional; estranho e inusitado assassinato de um prócer politico japonês, entre outros não menos importantes. Neste cenário nem precisa dizer que “o pau está quebrando na cabeça dos mais fracos”. A situação se rebate de modos diferentes e cobra pesado naqueles mais pobres e que menos mandam. Os preços de combustíveis dispararam no mundo inteiro; na Venezuela – já abatida após anos de desmando da governança esquerdista – a população já come lixo ou morre de fome; na vizinha Argentina a inflação passa dos incríveis 60% em doze meses; em vários países europeus os aeroviários fazem greves e instalam verdadeiros caos nos aeroportos, em plena temporada das férias de verão; crise de mão-de-obra (não sei como!) na China, além da falta de matérias-primas e por aí vai. E o Brasil não escapa. Claro. Além da inegável crise politico-institucional reinante neste “trem-fantasma” chamado Brasil, a população vê-se às voltas com as agruras da alta taxa de desemprego, o empobrecimento das famílias e o estresse coletivo gerado pela exacerbada polarização politica na campanha eleitoral do ano. Fora tudo isto, é óbvio, que a inflação – acima de 10% no ano passado – seja o maior motivo das noites mal dormidas do cidadão comum. Uma ida ao supermercado, nesses dias recentes, tem sido um exercício de paciência na seleção de produtos com preços mais acessíveis ou nas frequentes promoções de descontos. Há produtos que, de tão altos preços, são mantidos com embalagem de segurança para evitar ações de clientes mais espertos. O preço da carne, por exemplo, é um desses produtos. Ontem, numa loja de importante rede nacional, fiquei surpreso ao observar, que peças de filé mignon bovino ofertadas são embaladas com um dispositivo de segurança, tipo “pega-ladrão”, somente retirado após registro no caixa de check-out. Vide foto a seguir. Senti um misto de constrangimento e vergonha. Mas, que jeito?
Por acaso, tomei conhecimento hoje dos resultados de uma pesquisa do Instituto FBS Pesquisa, por encomenda da SulAmerica Seguros, dando conta de que a crise da pandemia da Covid-19 abateu de forma agressiva a vida de 63% das famílias brasileiras e que precisaram reduzir gastos drasticamente. Quase metade dos pesquisados garantem viver “apertados” financeiramente. Mais do que isto, constatou-se que aproximadamente 32% da população não dispõem de renda suficiente para cobrir os custos básicos de casa. Despesas inesperadas, nem pensar. Os empréstimos bancários são demandados por quase 40% dos entrevistados e 52% desses estão com pagamentos atrasados. Também pudera, com as taxas de juros e spreads nas alturas, não poderia ser diferente. Felizes estão os banqueiros que deitam e rolam em cima da miséria dos desafortunados. São dados são bem atuais. A pesquisa foi realizada em maio passado, com duas mil entrevistas, via remota, nos vinte e sete estados brasileiros. Tudo indica que o principal vilão principal da onda inflacionária no mundo vem sendo atribuído às altas do preço do petróleo, em meio a guerra da Ucrânia. Aqui no Brasil o problema se torna mais evidente devido a uma série de outros fatores específicos resumidos no conhecido jargão do Custo Brasil. Um deles que mais se destaca, na conjuntura, é a falta de investimentos na infraestrutura do país. Problema crucial. Depender quase que exclusivamente do modal rodoviário torna a estrutura de transporte de bens e simples mercadorias sempre onerosa. Num país continental como o nosso, devido a uma equivocada decisão politica do passado, esqueceu-se de criar uma rede de transporte ferroviário, tal como existe nas grandes nações, que prestassem serviços para troca de mercadorias, matérias primas leves e pesadas, grãos e, por fim, passageiros. Por outro lado, outro modal esquecido foi o do transporte marítimo e fluvial. Com uma costa atlântica de quase 7.500 km.e uma invejável rede de vias fluviais o Brasil explora muito pouco estas vantagens. Grandes portos com terminais alfandegados, situados estrategicamente, e portos distribuidores regionais, a serviço de florescentes empresas de cabotagem a coisa seria outra. Mas, isto pode ser assunto para outra ocasião. A preocupação maior agora é sair do aperto. Tomara que medidas de politicas acertados salvem os barcos à deriva. Nota: Foto ilustrativa da autoria do Blogueiro.

4 comentários:

Adolfo Ledebour Filho disse...

Nos tempos de crise mundial , graças a Deus temos Bolsonaro , Paulo Guedes e alguns outros ministros realizando grande trabalho!

José Paulo Cavalcanti disse...

Tem calma, mestre Girley. No geral estamos bem melhores do que se esperava. Um pouco de otimismo não iria mal. Abraços fraternos.

Gil Martins disse...

Girley bom dia, cheguei domingo do Maranhão, onde fui visitar a família da minha esposa, e o que me chamou a atenção foi o preço do filé naquela região no balcão de um frigorífico, R$35,00 quer dizer que provavelmente o açougueiro deve ter comprado por um preço inferior, nossa inflação é real mas injustificável, sei que muito dinheiro circula por conta dos auxílios, mas muita gente no comércio está pegando carona!!!!

José Moraes Falcão disse...

Posso estar errado, mas eu acho (apenas acho) que a atual campanha eleitoral tem o mérito de acordar uma parcela significativa da população brasileira que estava completamente omissa e desinteressada pelo destino do país. Será uma eleição com maior número de votos úteis de toda a história. O resutado será diminuir ainda mais o número de opções partidárias. Essas opções estão desconectadas com o futuro do país. São apenas dezenas de cabeças de formigas que pensam unicamente em seus pequenos formigueiros. Na verdade ainda não perceberam que se transformaram nos rabos dos dois grandes leões que rugem em sentidos opostos. Com isso aniquilaram as antigas lideranças e abortaram o surgimento de novos líderes, dvidindo o país em duas metades que se destroem entre si.

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