domingo, 4 de julho de 2021

Narrativas Perversas

A natureza do humano é, inequivocamente, algo complexo de ser compreendida num primeiro lance. Os psicólogos que afirmem melhor. É impressionante como existem criaturas que, com surpreendentes facilidades e astúcias, são capazes de complicar algo que já vem se mostrando caótico e desesperador. Mais do que isto, são capazes de manipular grupos sociais ou veículos de comunicação. As chamadas fake-news são os exemplos concretos. As sociedades do mundo inteiro, incluindo a brasileira, são, com frequência, vitimas de cabeças perversas, hoje se aproveitando da moderna comunicação instantânea propiciada pela rede mundial de internet, disseminando falsos informes e notas, supostamente verídicas e oficiais, pondo em pânico meio mundo. No Brasil esta prática tem sido contumaz e usada, até mesmo, por importantes veículos de comunicação, tidos como honestos, nas diferentes modalidades disponíveis. Resulta que não tem sido fácil para o cidadão comum acompanhar os noticiários, sem que não experimente alguma pontada de dúvida. Naturalmente que o ambiente politico do hoje país dividido, entre extremos ideológicos, tem contribuído para essa parafernália dentro da pandemia do Covid-19. Contudo é assustador ver veículos de comunicação outrora confiáveis embarcando nessa onda do que chamo de narrativas perversas. Esta semana que passou um tradicional e dos mais importantes veículos de comunicação do país, a Folha de São Paulo, estampou de forma alarmante a noticia de que doses de vacina Oxford/Astrazenica contra a Covi-19 e com data de validade vencida teriam sido aplicadas em inúmeros locais do país criando um clima de insegurança em 26 mil pessoas. Nada mais assustador para aqueles que se sentiam seguros conforme o processo nacional de imunização.
Naturalmente que teria sido uma bela prestação de serviço à sociedade caso a coisa houvesse sido comprovada e bem apurada. Ocorre que a pressa por cometer um “furo de noticia”, nos dias atuais, se torna uma compulsão nunca dantes experimentada. E foi certamente o caso dessa noticia bombástica. Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais mobilizaram-se para averiguar e, até o momento (04.07.21), nada foi comprovado. A explicação plausível é de que registros defasados de aplicações efetuadas e válidas hajam contribuído para a notícia indesejada. Faltou profissionalismo no agente de imprensa e, consequentemente, no veículo noticioso que resultou num imenso desserviço à Nação neste ambiente por demais hostil. A proposito do caso acredito ser pertinente registrar um trecho da excelente carta encaminhada ao Ombudsman da Folha de São Paulo, assinada pela médica infectologista paranaense, Dra. Flávia Trench (CRM 12550-PR), afirmando “acho próximo ao impossível ter ocorrido o que a noticia relata, já que um dos profissionais de saúde mais obcecados com lotes, validade, doses e checagens é justamente o profissional de sala de vacina e entendo ser muito pouco prováveis doses vencidas em tantos municípios diferentes”. Bom, a meu ver o melhor do argumento da Dra. Trench é o que diz respeito aos “tantos municípios diferentes”. Acredito que isto explica bem a questão do delay de registros municipais. É bem mais logico entender que caso houvesse ocorrido a distribuição de um lote vencido, este teria ido para, apenas, uma única localidade. Este foi apenas o exemplo que mais chama a atenção neste momento. Contudo, a disseminação de narrativas perversas se multiplica país afora, espalhando a insegurança e o receio por receber o antivírus administrado pelo PNI - Plano Nacional de Imunização e atrapalhando o processo de vacinação da população acarretando, inclusive, o surgimento de novas variantes, como só ocorre num ambiente de pandemia.

9 comentários:

Ina Melo disse...

Mais amigo, esse nosso imoral e surrealista país não tem seriedade. As próprias secretarias de saúde admitiram, segundo li. E outro caso seríssimo. O roubo e falsificação de vacinas, como foi mostrado longamente pela imprensa televisiva. Pode -se confiar, quando o Presidente falou ao vivo e a cores que a CORONAVAC fazia com que virássemos jacarés? Claro que eu estou aqui ainda como humano, mas sei de gente que disse que não toma essa vacina de jeito nenhum. Como acreditar ou não em alguma coisa? Abraços.

José Paulo Cavalcanti disse...

Outra hipótese, amigo, é para mim mais provável, é ter sido de propósito. Que a Grande Mídia, faz tempo , já desistiu de fazer jornalismo. Estão comprometidos com um discurso político. Perdão. Abraços.

José Mário Galvão disse...

Excelente o blog Girley, mas como disse o velho Caminha em carta ao seu Rei: “ terra riquíssima, em se plantando tudo dá”. Daí pra frente foi uma agonia, uma pressa arretada do sr rei em mandar para suas novas terras todos os safados e mais perigosos bandidos que habitavam a sede do reino.
É genética meu primo, genética.
Abraços.

Pedro Pinto Ferreira Brasileiro disse...

É phogo! Produto vencido vem até de supermercado à vacina

J.Artur disse...

Simples e direto ==> THE BAD NEWS, IS GOOD NEWS !!!

Leony Muniz disse...

Inequivocadamente.Acho que é assim.

Ricardo do Rêgo Barros disse...

Parabéns Girley, infelizmente quanto mais evoluímos no crescimento e rapidez na comunicação, de forma inversamente proporcional caímos no abismo alienação comunicativa. Atualmente não se pode mais confiar na primeira notícia, precisamos recorrer as evidências, contraprovas, etc para acreditar em algo.

Cristina Carvalho disse...

Acabei de ler e gostei amigo. Os maus brasileiros querem causar o pânico em quem tomou a vacina. Covardes, gentinha inescrupulosa.

Elizabeth Marinho disse...

Girley, confesso que cada Dia que passa me sinto mais perplexa com o ser humano.

Haja Cravos

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