sexta-feira, 16 de julho de 2021

Pobre Nação Rica

Tenho evitado discorrer, aqui no Blog, sobre temas políticos, muito embora a potencial produção de pautas seja em alta escala. Naturalmente que, em não sendo um repórter investigativo ou daqueles que buscam dar furos de informação, resta-me tão somente comentar passagens selecionadas do dia-a-dia da vida politica nacional. Além de cômodo, já é o bastante para um Blog cujos propósitos são bem modestos. Os grandes furos e as noticias bombásticas ficam por conta da insaciável sede da grande imprensa. Por excesso de revolta, abro um espaço neste fim de semana, para tecer comentário a respeito do absurdo orçamento proposto na proxima LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), pelo Congresso Nacional, na 5ª. Feira (15.07.21), com vistas ao item denominado de Fundo Eleitoral, “carinhosamente” chamado de Fundão, para cobrir os custos das campanhas eleitorais de 2022. É acintoso. Impressionantes R$ 5,7 Bilhões estão sendo propostos para entrar no Orçamento da União de 2022, com o intuito de custear a grande “farra” eleitoral do ano. Contas feitas, isto significa um aumento de 185% em relação ao que foi destinado nas eleições municipais de 2020, R$ 2,0 Bilhões. Em 2018 o Fundão foi três vezes menor. “Apenas” R$ 1,8 Bilhão. Tudo bem que, hoje, seja legal a formação deste fundo. Mas, tenha dó... Vejamos, pelo amor de Deus, a procedência dessa grana. Para refrescar a memória lembro que, anteriormente, os candidatos tinham que se virar em arranjar grana para custear suas próprias campanhas. Recorriam principalemnte aos chamados financiamentos empresariais, com óbvias promessas de facilitar a tramitação de instrumentos legais benéficos aos interesses futuros do “contribuinte”. Era um campo de ilimitada corrupção. E, sendo eleito, o sujeito já assumia com o “rabo preso”. Com a nova ordem da proibição desse tipo de financiamento, pelo Supremo Tribunal Federal - STF, em 2015, adveio a criação do Fundão e a conta terminou sobrando para o cidadão comum. Neste caso, toca-me dizer que "se correr o bicho pega e se ficar o parlamentar come”.
É estarrecedor constatar que nossos representantes no Congresso Nacional avançam com descomunal voracidade nos cofres da Nação, enquanto esta se desdobra, à custa de muito suor e sangue, contribuindo como pode com o bolo financeiro do grande Condomínio Nacional. Dói, ao mesmo tempo, ver o brasileiro comum assistindo ao crescente aumento do desemprego, sentindo a dor, o temor e as perdas provocadas pelo ambiente de pandemia da Covid-19, assistir ao desempenho de um Ministério da Saúde tumultuado, de mão-em-mão, e terminar sujeito a viver de irrisório auxilio emergencial. Somente neste 2021 são mais de 45 milhões de pessoas recebendo o auxilio num valor médio de R$ 250,00. Mais duro ainda é, noutra ponta, observar que alguns Ministérios têm, hoje, orçamentos menores do que esse famigerado Fundão projetado. Ministério do Meio-Ambiente, o que trata de controlar as queimadas da Amazônia e do Pantanal, é um destes, com a dotação insuficiente de R$ 5,3 Bilhões. Tem também o Ministério da Cidadania, para o qual só foi proposta uma cotinha de R$ 1,8 Bilhão. Fundão grande e mal empregado. Muito dessa dinheirama vai servir para comprar votos. Revolta ou não? É desalentador viver numa Pobre Nação Rica, onde uma casta de privilegiado avança num pedaço de bolo cada vez maior. NOTA: Foto ilustrativa obtida no Google Imagens.

7 comentários:

Leonardo Sampaio disse...

Pq não praticamos uma democracia direta ? Voto distrital e partidos arrecadando fundos como as Ass de Moradores e todas as entidades comunitárias ? Pq não praticamos o Progresso Comunitário Local Sustentável, o qual foi a base das grandes civilizações e está lastreando o atual boom desenvolvimentista mundial ? Ver China, Brexit, países nórdicos, Finlândia, Nova Zelândia, interior do Brasil (98% dos braileiros vivem à margem do Estado ! e porisso tão conseguindo sobreviver e procriar !)

Itamar ferreira disse...

Muito bom,esses canalhas não se cassam de nós roubar cada vez pior.

Francisco Brito disse...

Vc nao escreveu, fez um desabafo em uma roda de amigos usando dois dedos de prosa certeira tendo como alvo a mente daqueles que ainda pensam por si e uma tentativa de acertar sem uso de liguagem rebuscada a mente dos incautos, membros de torcudas de times politiqueiros que vale ganhar, ainda que vencer resulte em desastre nacional para todos.

Claudio Targino disse...

Pobre nação rica!!!!!
É desalentador mesmo.
Só vejo a desgraça prosperar.
Precisamos de uma injeção de ânimo

Vanja Nunes disse...


Gostei do título 👏👏👏👏 e esses nossos políticos não tem vergonha, não são representantes do povo e sim ladroes
Bom final de semana

Mauro Godoy disse...

Girley, parabens!
com que facilidade esse escritor economista, gente, brazileiro e brasileiro traz à baila em tao poucas linhas, uma questao sempre omitida aos nossos ouvidos. Sempre superada por interesses politicos outros.

Durvalino Andreotti disse...

Fundo partidário é excrescência. O pior de tudo é que serve para eleger as aeternum os mesmos caciques corruptos e canalhas que dirigem os partidos

Haja Cravos

Neste recente 25 de abril lembrei-me demais das minhas andanças em Portugal. Recordo da minha primeira visita, no longínquo verão de 1969, ...