domingo, 30 de maio de 2021

A Lavoura por Cima

Não faz muito tempo (22.09.20) que comentei sobre a expressiva contribuição do Agronegócio, na composição do Produto Interno Bruto – PIB brasileiro, nos anos recentes, tomando o lugar do o setor industrial que, por boas décadas, exerceu o papel de “carro-chefe” da economia nacional. Indiscutivelmente, a indústria alavancou a economia do país e colocou o Brasil na posição privilegiada de 8ª. economia industrial do mundo. Mas, tudo tem seu preço. Por vezes, altos preços. Assim como na primeira revolução industrial, ocorrida na Inglaterra, a partir da segunda metade do século 18, o Brasil experimentou, durante sua fase de industrialização, um processo de urbanização que se espalhou por todos os locais onde a indústria brotou, criando uma classe operária pujante e natural demandante de bens e serviços que somente no meio urbano se exige. O preço desse processo tem sido alto, ao longo dos tempos, sobretudo agora quando a pandemia da Covi-19 jogou luzes sobre a classe social pobre que habita as franjas das nossas urbes industrializadas. A Metrópole São Paulo tem sido a mais castigada em vista da sua exagerada concentração industrial. Enquanto isto, o Setor Primário que posto à margem pelo abandono das forças ativas de trabalho - atraídas pelas oportunidades oferecidas pelas metrópoles - e da pouca importância dada à sua produção, atravessou um longo período de estagnação até que pesquisas agrárias e tecnologias de ponta (vide EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agrícolas) começassem a revelar as potencialidades e os frutos tirados do invejável território agricultável deste país continental. Resultado é que hoje o Brasil vem se revelando como um dos mais produtores agrícolas e sendo considerado o maior celeiro de alimentos do mundo. Não vou citar dados numéricos, agora, porque seria pesado para o texto. Mas, os brasileiros e o resto do mundo sabem do que estou falando. Falo da virada da Lavoura por Cima. A proposito do tema e durante uma “conversa cabeça” que realizei, na última quinta-feira (27.05.21), no ao Vivo do “Batendo Papo com GB” (plataforma do Instagram), a Economista Tânia Bacelar (UFPE) alertou para um novo movimento populacional, que se esboça, de retorno ao campo, consequência direta do progresso do setor, do flagrante processo de desindustrialização brasileiro (assunto para outra ocasião), do alto nível do desemprego e, por fim, da busca incessante de segurança sanitária e atividades produtivas com mercado garantido. A China e os Estados Unidos estão aí para comprar nossa diversificada produção. Viver nos grandes centros industrializados e de aglomerados insalubres representa, hoje, risco de vida.
Mesmo no Nordeste do país, onde a histórica escassez de água perdura e obriga uma convivência inexorável, as possibilidades de progresso surgem como frutos de avanços tecnológicos. A geração de energia limpa é grande trunfo da região. Afinal, onde não faltam ventos e sol pode não faltar energia. A região já é a maior produtora desse tipo de energia. Ao mesmo tempo, muitos campos de irrigação com cultivos adaptáveis ao clima e a aridez florescem a passos largos e há um bom tempo. O polo Petrolina-Juazeiro é o melhor exemplo. E, para completar, a modernidade da Era Digital tão evidenciada neste momento da pandemia com o necessário afastamento social veio, como uma “azeitona na empada”, proporcionar o conforto da comunicação fácil e realização de negócios nas plataformas virtuais. É o modernismo a serviço do homem onde quer que ele esteja. Resultado é que tem muita gente se mudando para o campo. Eu mesmo já ando adaptando minha tapera no interior para que nela eu disponha dos recursos de uma vida na grande cidade. Quero ir ao cinema, assistir a um concerto ou ópera pela TV. Quero fazer uma consulta médica on-line e comprar objetos, mantimentos, roupas e sapatos (pouco necessários como antes) pelos sites comerciais. Pode ser que este seja o novo normal. Veremos. NOTA: Foto obtida no Google Imagens.

Um comentário:

Vanja Nunes disse...

Como sempre excelente texto, é muito atual e verdadeiro

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