domingo, 16 de maio de 2021

Saudades do Velho Normal

Há um ano, mais ou menos, ocupei este espaço do Blog e assinei artigo publicado no Diário de Pernambuco sob o titulo de O Novo Normal, que era o sonho e projeto de toda mente sã à época. A esperança era de que a crise da pandemia do Covid-19 logo chegaria ao fim, o regime de quarentena seria suspenso e voltaríamos à vidinha maneira do antes. Agora, passados quatorze meses de reclusão e buscando surfar nas altas ondas de contaminação que não param de nos surpreender, o mundo se vê às voltas com os desafios que enfrenta. Muita coisa mudou nesse processo que se arrasta mais tempo do que o imaginado. A proposito do assunto, conversei na última quarta-feira na minha plataforma do Instagram (Batendo Papo com GB) com a Médica Infectologista Dra. Sylvia Lemos Hirinchsen, especialista professora da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil (UFPE), ocasião em que alguns aspectos importantes foram lembrados e recomendações inteligentes foram sugeridas. No decorrer da conversa, que vale à pena registar por aqui, uma coisa ficou clara “a ciência precisa do tempo necessário para conhecer melhor sobre esta moléstia assustadora” o que ainda não foi possivel. E seguiu lembrando que “o mundo não estava preparado para enfrentar tamanho desafio”. A falta de estrutura hospitalar é compatível com o que ocorria no antigo normal. A indisponibilidade de equipamentos de socorro, idem. Medicamentos adequados, nem se fala. Dessa forma, o ambiente que se instalou foi, na opinião da Dra. Hinrinchsen, de um verdadeiro clima de guerra. E o pior, numa luta contra um inimigo invisível. Ou seja, um combate desigual e sem armas adequadas. Tudo que veio nessa verdadeira esteira de perplexidade mundial passou a depender das inteligências e habilidades da Ciencia e da moderna Medicina. Salvar vidas passou a ser a ordem diária dos países que, surpresos, viram suas diferentes camadas sociais niveladas e sem direito de escolha. A praga não poupou este ou aquele, em função do seu status social. Deu uma lição formidável à uma humanidade eivada de egocentrismos e forazes caçadores de poderes hegemônicos. Desespero geral. (Para saber mais sobre a conversa, clique em https://www.instagram.com/tv/COym0CajeDW/?igshid=1lrza3n8ykanv ).
“O mundo não será o mesmo de antes”, assegura a professora Hinrinchsen. Na opinião dela, tudo dependerá das ações adequadas à biossegurança mundial a serem adotadas por governantes, do progresso da Ciência em cima do caso especifico do Coronavirus, dos estudos preventivos contra novos vírus (ou novas cepas) e do sucesso das vacinas que estão sendo aplicadas em regimes experimentais. "Nunca se viu vacinas serem produzidas em tão pouco tempo", numa inegável vitória da Ciência. Ao mesmo tempo, que haja uma consciência coletiva mundial quanto à fragilidade das condições sanitárias reinantes no mundo inteiro. Os humanos precisam reaprender seus modos de viver, buscando harmonia com o meio ambiente, respeitando os limites da natureza e serem solidários com o próximo ao se autoprotegerem, reconhecendo que, desse modo, estarão protegendo terceiros e, por fim, a própria coletividade. Baladas e aglomerados, por exemplo, terão que ser repensados. Vai ser um duro aprendizado. Mas, necessário. Num dos últimos pontos do nosso papo a convidada deixou um alerta, digamos que assustador, ao se referir que pior do que os virus serão as possiveis bactérias que poderão aparecer, ainda desconhecidas pela Ciência, resistentes aos antibióticos disponíveis nas modernas prateleiras de farmácias. Este será um aterrador desafio dado que, descobrir novas drogas de combate será mais difícil do que as drogas contra os vírus. Exigirá maior tempo e vultosos investimentos num mundo fragilizado por tantas outras lutas sanitárias.
É, a coisa não promete ser fácil daqui para frente. O novo normal promete ser mais rigoroso do que sonhamos. Pelo visto, estamos fadados a viver mais recolhidos, exercitando mais intensamente as plataformas do mundo virtual – coisa que se previa para daqui a vinte ou trinta anos – e se auto-protegendo como a sorte permitir. Falando francamente, tenho saudades do meu velho normal. E você? NOTA: As fotos ilustrativas do Coronavirus e das Bacterias Granpositivas foram colhidas no Google Imagens

10 comentários:

Antônio Carlos Neves disse...

Muita.

Ina Melo disse...

Bom domingo amigo! Não me conformo com essa mudança de comportamento, principalmente imposta aos que vivem mais tempo. Pra mim é como se fosse um estágio para a morte, pois viver é conviver! A não ser que tenhas vocação para monge, o que não é o meu caso. Já pensou prescindir de uma rodada com amigos na praia, num bar ou num Café em Paris? Abraços

José Otávio de Carvalho disse...

Amigo. Abordagem importante é mais do que oportuna. A mudança de hábitos se impõe: lazer prioritariamente em ambientes naturais em contato com a natureza; restrição no quantitativo da convivência (Ilha do Retiro, infelizmente, nem pensar); super cuidado com alimentação (a mais natural possível e asseadas); e exercícios físicos adequados a cada faixa de idade (ativar imunidades). E, por fim, aprender a ter qualidade de vida em casa. Parabéns, amigo.

Vanja Nunes disse...

Bom dia
O que Fazer ?
Aprender a viver um problema de cada vez
Parabéns pela entrevista
Bom domingo

Ana Inês Pina disse...

Sdd do velho normal. Gde abraço 🤗 e bom domingo.

José Paulo Cavalcanti Filho disse...

Tudo bem, mestre. Mas tem só uma coisa. Pernambuco tinha 7 hospitais de campanha. Desativou todos. Para economizar grana. Preferiu usar o dinheiro da Covid para pagar salários. E, na segunda crise, faltaram leitos. A pergunta é se tivesse mantido pelo menos metade, grana tinha para isso, os efeitos não seriam bem menores? O mesmo aconteceu por toda parte. E não se vê esse debate nos jornais. Nem nos blogs. Abraços fraternos.

Girley Brazileiro disse...

Pois é, Zé Paulo! Achavam que uma segunda onda era onda! E o dinheiro? A rato comeu!

Júlio Silva Torres disse...

Caro Hermano Girley, lo trágico es que lo que señalas en tu excelente artículo es que todo ello acontece a nivel global, y se replica en todos los países. Si bien estamos aprendiendo a sobrevivir confinados, a trabajar a distancia y etc. todo ello viene aparejado con el aumento de la soledad, del abandono a los adultos mayores, a no poder disfrutar de los hijos y nietos pequeños, de daños a la relación de pareja, del deterioro de la vida social y familiar, de empobrecimiento de miles de personas, y eso sigue y sigue sin que se vea su fin. Las cifras de la peste expresadas en términos de contagios diarios y de muertos por día, son aterradoras porque no disminuyen por más que se inoculen con las diferentes vacunas a millones de personas, ante lo cual, la gente está entrando a la fase de no respetar las recomendaciones de auto cuidado, y se ve cada día más cómo los irresponsables se reúnen en eventos y fiestas prohibidas... con lo que no hay opción que pueda derrotarse este u otros nuevos virus. En síntesis, cada día más vemos cómo predomina el egocentrismo por sobre el bien comun, lo que nos ratifica que independientemente del país de qué se trate, en todas partes los humanos somos igualmente irresponsables.
Un gran abrazo.
Julio

Ana Maria Horta disse...

Pior disso tudo é que acredito que é verdade. Vamos acabar sendo carmelitas! Deus seja louvado e que haja uma reviravolta neste vírus!

Francisco Brito disse...

Vc falou bem. Saudade do normal q achavamos anormal!

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