domingo, 21 de junho de 2020

Dores da Democracia?

O Coronavírus não deixa o país em paz e a politicagem corre em paralelo para perturbar a vida da Nação que, sem um rumo desejado, se desdobra em administrar os perrengues que se multiplicam a cada dia. Para os analistas políticos (que não é o meu caso) não existe tédio porque a máquina de moer episódios inusitados não para. Já aos que perdem entes queridos resta a revolta e para os que se resguardam o crescente medo de ser contaminado. Triste quadro.
Lembro da época, não muito distante, na qual comparei o quadro político nacional com um Trem Fantasma, com um susto a cada curva fechada. Conversando, dias recentes, com um ilustre e politizado amigo paulista, ouvi-o defender a tese de que o caminho para uma Democracia estável leva, normalmente, uma nação a percorrer vias de curvas fechadas, aclives e declives abruptos. A História nos mostra bem. Para ele, minha ideia de trem fantasma deveria ser trocada pela de Montanha Russa. Concordei, tanto para variar quanto achar que é assim mesmo. Encerramos nossa conversa com um questionamento: seria esse atual processo político nacional, com sustos e sopapos diários, comparáveis a um parto para o nascimento de uma real Democracia? Sem uma resposta imediata, resta-nos esperar.  
A História política brasileira vem, ao longo dos tempos, se arrastando de modo capenga tentando chegar a um ponto de equilíbrio. Ora para direita, alternando para esquerda, buscando o centro e assim vai levando. Foram ditaduras cruéis, democracias disfarçadas e outras formas mal definidas. Tudo bem, que a alternância do poder é salutar, mas carece de um embasamento emanado do povo que nem sempre ocorre. Atrelado ao jogo político internacional, fatores exógenos exerceram influencias das mais diversas. 
Olhando por um retrovisor enxergo que desde a esquisita proclamação da Republica até o presente, muitas curvas fechadas, subidas e descidas bruscas foram registradas.
Sem explorar muito as imagens que refletem lembro que desde o Estado Novo de Vargas (1937-1945) até hoje muitas foram as emoções vividas pela República verde e amarela. Nossa montanha russa já deu muitos sustos e a nação anda saturada de idas (para não dizer avanços) e retrocessos frustrantes. Governos perdulários, corrupção cínica, desprezo e desrespeito ao povo, soluções impopulares, confiscos inexplicáveis, golpes a regimes vigentes, impedimentos de governantes, pobreza endêmica, desequilíbrios regionais de renda, pobreza infraestrutural, entre outras inúmeras características, formataram a História de uma nação que ironicamente é rica pela própria natureza e oferece potenciais elásticos como candidata a lugares de destaque na sociedade planetária.O país do futuro. Futuro que nunca chega!
Pois bem, acredito que assim como as criaturas (humanas ou não) trazem para sua vida em curso o traço indelével da história desenhada pelos seus antecedentes, as nações carregam um DNA que determina sua trajetória. O Brasil que estamos vivendo é, sem duvidas, fruto de uma construção tumultuada pela qual passamos. Naturalmente que muitos "construtores" prometeram ou tiveram boas intenções, mas nem todos seguiram as regras de ética e civilidade. Questão de traço cultural e dificuldade de administrar um país continental. Contudo, por que tantas dores para fazer esse parto da Democracia?
Estariam os brasileiros mais dispostos a viver num regime centralizado ao invés de uma democracia? Os recentes clamores de um novo AI-5 revelam essa distorção. Saberiam de fato o significado dessa demanda? Saberiam entender o que seja democracia? O que falta nessa base social? Herança maldita de um passado inglório? Falha da educação e ausência de ética e civismo coletivo? Falta de um líder de fato? 
Sendo verdade o sentido figurado do meu amigo paulista, espero que nossa tão desejada Democracia venha, enfim, num parto natural e sem dores.  

NOTA: A ilustração foi colhida no Google Imagens 

3 comentários:

José M. Galvão disse...

Primo é preciso que se tire o “santo nome” DEMOCRACIA do qual os comunistas tupiniquins estão se apropriando recentemente. Hoje estão querendo confundir o povão usando camisas verdes e amarelas e faixas dizendo DEMOCRACIA. Neste caminho o PT e seus “pentelhos” estão no caminho de nos tirarem a nossa bandeira. Mande vê.

Claudio Targino disse...

Prefiro que mantenha o trem fantasma. Alem das curvas fechadas, marcha ré brusca, aceleração e freios desordenados, vem os surpreendentes fantasmas que nos assustam pelo terror.

Fabiano Toquetão disse...

Texto elegante e preciso

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