sábado, 4 de maio de 2019

Resistência Nordestina


Tenho ouvido falar sobre a elaboração de um Plano de Desenvolvimento para o Nordeste que vem sendo formulado pela SUDENE. Isto me fez lembrar os bons tempos em que atuei na área de planejamento da SUDENE original. Claro que fiquei surpreso com a novidade. E soa como novidade porque essa SUDENE que aí existe, parecia, salvo melhor juízo, se dedicar, exclusivamente, da administração dos instrumentos de incentivos fiscais a investimentos privados.
Elaborar um plano de desenvolvimento regional sempre fez parte efetiva daquela antiga Agencia nos “anos dourados” da ação governamental no Nordeste. Com uma equipe especialmente formada, competente e bem articulada, planos primorosos foram aprovados e fazem parte do acervo da Instituição, se tiveram o cuidado de preservá-los. Muitos, inclusive, podem ser bem atuais. Pelo menos em parte. Participei intensamente daqueles esforços e que, confesso, foram experiências que deram consistência à minha formação profissional. Costumo dizer que sou (ou fui?) uma cria da SUDENE. Faço questão de afirmar que tenho orgulho pessoal dessa história.
Antiga sede da SUDENE, no Recife, hoje desativada.
Bom, ouvir falar dessa iniciativa de hoje induz-me imaginar na maneira como isso vem se processando. Soube de nomes, das antigas, que estão contribuindo para este plano de agora. Fico contente porque pode significar um resgate do passado. Sem que caiam naturalmente no espirito saudosista. Os tempos são outros, a conjuntura política e econômica é outra e os estados integrantes da região já são mais autônomos que dantes (como devem ser). |Estes definem seus próprios objetivos, prioridades e metas a perseguir. E sempre  dispõem de estratégias políticas particulares para viabilizá-las. É coisa, a meu ver, que põe em risco a ideia da composição regional. Enfim, estamos diante de um jogo político bem diferente do passado. E, por cima disso, um fundo financeiro mais exíguo ainda. Terá a SUDENE, de hoje, recursos orçamentários para custear mobilizações politicas, pesquisas e diagnósticos atualizados? Se já eram escassos nos idos passados, imagino agora.  Dessa forma, se os estados da região vão contribuir com o esforço, é coisa a ser conferida mais adiante. Espero que sim, porque o velho adágio de que “a união faz a força” continua válido.

Outro desafio, contudo, será principalmente ajustar este plano aos propósitos do atual Governo Federal. Onde e como essa coisa pode ocorrer?  Não ouvi falar, nem em campanha ou nos primeiros meses de Governo, a respeito de um Plano Nacional ou coisa que o valha. Ao invés disso, ouço, sim, falar em redução de gastos, remontagem da máquina pública, cortes de orçamentos, muitos sem propostos plausíveis, entre outras medidas. Tampouco ouvi falar de regionalização de custeios e investimentos como prever a Constituição. Nunca! Pensando bem, pode até ser uma coisa estranha para muitas cabeças que atuam na Esplanada dos Ministérios em Brasília. As preocupações são outras inoportunas e sem sentido adequado.

Para instigar mais ainda minhas reflexões, escutei rumores de mudança do titular da Superintendência.  Sei não... Mas, o que vem pela frente é pura interrogação.

Encerro meus comentários desejando sucesso à iniciativa e certo de que estamos diante de mais uma expressão da resistência nordestina. 

NOTA: Foto obtida no Google Imagens 

  

8 comentários:

Mário Mawad disse...

Parabéns Girley pelo texto, trazendo à tona um assunto que a mídia não vem abordando. Apesar de na minha vida profissional ter convivido muito pouco com a “ época “ da Sudene, sempre tive nela a melhor das impressões.
Como nós dois temos funções executivas em 2 importantes Sindicatos de Empresas, faço uma provocação aqui para refletirmos de que forma nossas Entidades possam participar juntas de um Projeto de Desenvolvimento das respectivas empresas filiadas neste momento obscuro para os negócios, notadamente em PE.

Antônio Carlos Neves disse...

Tem toda razão e como você mesmo diz sem saudosismo mais e ousarem usando o que já se tem é sem interesse pessoais vai ser um grande avanço para o crescimento do Nordeste e com o apoio das forças armadas construindo estradas e consertando a as que estão acabadas e perfurando poços e fazendo açudes em lugares público será de grande valia para nos nordestinos

Geraldo Magela Pessoa disse...

Ao ler esse texto , voltou a lembrança do período de fechamento, dos diferentes Planos. Entravamos na gloriosa SUDENE num dia às. 7:30hs e saíamos no outro dia às 23:30. O corpo poderia está cancado. Porém a alma lavada e coração repleto de alegria e felicidade, pela certeza do dever cumprido, mas também cheio disposição para as novas empreitadas. Parabéns pelo belo texto e excelente reflexães. Um grande abraço do seu amigo Magela.

Marcelino Gomes disse...

Girley
Espero que tudo esteja bem contigo e com os amigos do setor Metal Mecanico.
Gosto de receber notícias do nosso Pernambuco Imortal Imortal.
Pernambuco tem que acreditar e entender que esta é a hora de trabalhar duro para manter o projeto de um polo industrial metal-mecânico em SUAPE.
Os investimentos irão retornar e os estados mais engajados serão os grandes geradores de emprego e renda.
Um forte abraço com saudades de todos vocês!!!
Um forte abraço
Marcelino Gomes

MSc Caldas disse...

Virão coisas boas! Parabéns Mestre da Academia, MSc Girley!

José Paulo Cavalcanti disse...

Bem escrito como sempre, amigo. Mas a SUDENE, como foi concebida, hoje é uma ideia do passado. É o que penso. Conversaremos, na sua volta. Abraços.

Jacó Charcot Pereiras Rios. disse...

Ainda estou vivo meu bom amigo. Gostei de seu pronunciamento e o encaminhei a antigos colegas. Um abração.

Júlio Torres Silva disse...

Caro Girley, bueno sería pera el Nordeste unirse nuevamente y generar una dinámica como aquella en que participamos en torno al gran un sueño cual era potenciar a la Region. No olvido el clima y la mística generada por el movimiento “Muda Nordeste!”
Participé con total compromiso junto a tantos profesionales y técnicos de primer nivel tanto brasileños como extranjeros produjimos valiosa documentación que no debió perderse, pues si bien nuestros países han cambiado mucho en estos mas de 30 años, su conocimiento básico sigue estando vigente. El conocimiento y del acontecer y del ser nordestino que se generó en la SUDENE, incluso hoy debería servir como base de apoyo para cualquier política que se quisiera implementar.
Cuando debimos entregar -no se si para archivarlos o para tirar al lixo- toda la producción de nuestra área antes de cerrar y partir, lo senti como un acto criminoso.
Ello sin considerar el aporte de los talentosos personajes que participaron en ese gigantesco esfuerzo intelectual y material.
Hoy difícilmente podría lograrse crear algo así, no sólo en Brasil o en ninguna otra parte. El caso de la SUDENE fue materia de estudio en muchos postgrados, y la cantidad enorme de recursos intelectuales y financieros que se invirtieron ahí, hoy sería imposible de articular.
Al pensar en ello y en el esfuerzo perdido dan ganas de mandar a la carcel a los responsables de limitar su accionar. Si el diagnóstico de la época le resultaba negativo debió reformularse y potenciarse, pero no cerrarse.
Yo que trabajé ahí en tus tiempos junto a personas de altísimo nivel, por ende sólo quisiera que ahora puedan generar un plan de desenvolvimento exitoso para la Region. Fuerza SUDENE!
Parabens si las nuevas autoridades logran generar algo mínimamente parecido!

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