terça-feira, 20 de novembro de 2018

Tomando Formato


Tenho acompanhado atentamente a montagem da Equipe do Governo Bolsonaro que, aos poucos, vem tomando forma. Claro. O Brasil inteiro está atento, depois que desmontados os palanques de campanha, embora haja quem pense num terceiro turno.
À medida que são anunciados os nomes dos futuros ministros e respectivos auxiliares dá para perceber a que vem este novo Governo. Já era tempo porque, afinal, durante a Campanha só vimos e ouvimos discussões acirradas e agressões profundas e necas de propostas concretas de Governo. A ideia de reduzir o número de Ministérios vem sendo aplaudida e, particularmente, reputo como sendo uma medida mais que necessária. Atualmente existem muitos completamente inexpressivos e, sobretudo, inúteis. Cabide de empregos e, na prática, serviram apenas para alavancar o projeto de aparelhamento partidário do Estado conduzido pelo PT, durante treze anos no poder. A criação de um Ministério da Economia, englobando pastas que tratam de assuntos superpostos é uma das mais aplaudidas iniciativas. O titular escolhido para assumir a Pasta é, o que pode se dizer, mentor político-econômico do Presidente eleito e por isso vem sendo chamado de Super Ministro. Quem pode, pode. Os demais indicados parecem ser pessoas com perfis adequados ao projeto Bolsonaro. Principalmente o Juiz Sergio Moro, que pelas atribuições que vai assumir – um conglomerado de funções – pode ser tido como outro Super. Da Justiça. 
Desse jeito, as coisas tomam formatos como esperado e prometido, isto é, auxiliares diretos sem a velha e cansada estratégia do loteamento partidário. Coisa boa, sem dúvida. Presidir com o “rabo preso” deve ser complicado, para quem pretende "botar ordem" na Casa. 
Não obstante tudo isso, fico muito preocupado com o modo pelo qual está sendo tratada a questão da política externa do novo Governo. Temo que um excessivo viés ideológico, conservador e liberal, leve o país a uma senda pouco recomendável para esta área. É preciso ter em conta o fato de que se nos domínios domésticos há espaço para aplicar medidas (parcimoniosas, de preferencia!) que passem por esse viés político-conservador. Mas, o das Relações Exteriores vem se prometendo ser um expressivo desafio. Lidar com parceiros políticos e comerciais internacionais exige flexibilidade político-diplomática que não consigo enxergar, até agora. O indicado como Chanceler, diplomata de origem, vem sendo avaliado com restrições pelos críticos internos e externos. Fui procurar ver de quem se falava e não fiquei tranquilo. Mostra-se admirador extremo do presidente norte-americano, Donald Trump, que não é, nem de longe, bom modelo a ser seguido. Mas, como esse Chanceler vai ter que seguir a cartilha do que chamo Grupo de Choque, fico pensando como será por em prática idéias expressas por discursos que foram “cometidos” por membros do referido Grupo a respeito do assunto. Convém ser lembrado que o Brasil não pode ser uma autarquia no mundo atual, a exemplo do que o Trump vem tentando nos Estados Unidos. Mesmo porque não temos cacife pra tanto e limitar as relações internacionais a poucos parceiros será um equivoco irremediável. Por exemplo, dizer que o Mercosul não é prioridade, é um tremendo equivoco. Causou-me muita estranheza o modo pelo qual isto foi  anunciado. Será de difícil remendo esta potencial quebra do Tratado do Cone Sul. A ideia que o Bloco tem a Venezuela incluída não invalida este acordo. Mesmo que ainda tenha essa participação, que parece ser o óbice principal, não se justifica. O Mercosul é muito maior do que isto. Nossas relações comerciais e políticas com a Argentina, original integrante do Bloco, são de extrema importância em vários segmentos politico-cultural. Fora isto, os hermanos são importantes parceiros comerciais. E parceiros comerciais importantes merecem distinção no trato. Quanto à questão da Venezuela vejo como sendo uma coisa facilmente resolvível. Basta que a flagrante situação político-institucional adversa do nosso vizinho ao norte seja discutida no Conselho do Bloco, que poderá expulsá-lo evocando um dos principais pilares do Acordo que é a garantia de estabilidade política dos seus signatários. Ora, a Venezuela, indiscutivelmente, vive uma duríssima ditadura. Isto seria o bastante. Detalhe: A Venezuela foi incluída como membro por imposição política dos governos bolivarianos brasileiro (Lula/Dilma) e argentino (Cristina Kirchner).
Há também outro imbróglio complicado que é a dos médicos cubanos no Mais Médicos. Isto promete muitas emoções. Aguardemos.
Ouvi falar, também, de uma revisão à recente Lei de Migração que tramitou por cinco anos no Congresso Nacional e foi sancionada no ano passado. É a lei 13.455/2017. Não é ruim e segue parâmetros internacionais. Começar tudo de novo e negar compromissos firmados pode dar prejuízo. Quer saber mais? Clique em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/05/25/nova-lei-de-migracao-e-sancionada-com-vetos
Bom, o formato deste novo Governo interessa a todos nós porque vai mudar muita coisa na vida do brasileiro(a). Dei ênfase a uma área que me interessa em particular, mas, “muitas águas vão rolar sob a ponte”.
  
NOTA: Ilustração obtida no Google Imagens.      

7 comentários:

Jose Paulo Cavalcanti disse...

Pior seria nem ter águas, amigo. Ou pontes. Vai dar certo. Talvez mais realisticamente, não vai dar errado. Ainda mais, não vai dar muito errado. Abraços.

Claudio Targino disse...

Bom dia!
O ritmo agora é de espera e muita esperança.
Só nos termos libertados das algemas petistas já é um grande passo.
Garroteando a sangria do roubo e começando a nos dar segurança, já é um grande avanço

Adierson Azevedo disse...

Excelente coluna como sempre amigo Girley. No entanto me atrevo a discordar de sua avaliação da política externa. O país, por muito tempo, se aliou ao que havia de pior e pobre no mundo. Embaixadas foram abertas em locais diplomática e comercialmente irrelevantes.
Nos anos em que ministrei as disciplinas de Geopolítica e de Relacoes Internacionais tive a oportunidade de despolitiza-las. Essas duas disciplinas se movem pelo atendimento de interesses economicos. Jamais por alinhamentos políticos de vias ideológico.
Quanto ao presidente Trump, anote, ele será reeleito com folga. A economia americana, aos olhos americanos, está muito melhor. A suprema corte, agora tem maioria conservadora que tende a aumentar nos próximos anos. A embaixada em Israel foi finalmente transferida depois de prometida por Clinton, GW Bush, e Obama.
Em linhas gerais, pelo que soube aqui, Bolsonaro vai se aliar com os melhores e deve visitar primeiro o Chile, os EUA, e Israel. Se for por aí, não tem como errar e dizer como um certo poeta português, eu não vou por aí!!!
Abraços Bracarenses!!!😁
Adierson

Glay Brasileiro disse...

Excelentes colocações, principalmente quanto a parte econômica. Porém, quanto a política externa, vamos ter de pagar, para vermos o que acontecerá. Em todo caso, creio eu, que quem não se enquadrar, nas diretrizes do novo governo ou começar a falar muita bobagens, será substituído rapidamente. Parabéns pelas colocações em seu blog e forte abraço.

Dulce Nadruz disse...

Amigo, como sempre lúcidas as análises . Acredito que os ajustes se farão no decorrer do processo .

Vanja Nunes disse...

Muito bom texto, como sempre.

Thereza Leal disse...

Girley parabens esperamos que tudo dê certo porque será a única maneira de salvarmos o nosso querido Brasil destes Petistas Corruptos

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