sábado, 1 de dezembro de 2018

O Capibaribe que quero



Historicamente sabemos que toda grande cidade ou metrópole moderna nasceu às margens de um curso d´água. Muitas das quais num delta caudaloso. Lógico, porque não se vive sem água e, por isso, as famílias e primitivas tribos buscavam sempre essas localidades. Água para consumo humano, para produzir seus alimentos, sustentar animais e por aí vai. Bom, água é vida.
Mas, tem uma coisa, viver as margens desses cursos d´água exige cuidados que nem toda gente sabe valorizar. Em tempos de campanhas pró preservação ambiental e viajando mundo afora, sempre me admirei muito pelos modos como são tratados os cursos d´água nas cidades que visito. Minhas observações vão desde o ponto de vista ecológico, quanto no aproveitamento responsável das águas. Cidades inteligentes concentram suas bases econômicas nos rios que possuem. Aproveitam como fonte básica de produção e subsistência, como vias de transporte público de passageiros, escoamento de mercadorias e como lazer de inúmeras modalidades (canoagem, ski aquático, pesca, entre outros), além de atração turística por meio de tours fluviais panorâmicos e de eventos. Esta ultima utilização é das mais consagradas entre os viajantes. Lembro dos meus passeios pelo Sena (Paris), Douro (Porto), Hudson (Nova York), Tamisa (Londres), Tigre (Buenos Aires), Xochimilco (Cidade do México)  e noutros rios, que não me ocorrem lembrar os nomes, como em Praga, Saint Louis e Xangai. Infelizmente, no Brasil este potencial turístico ainda é muito pouco aproveitado, salvo pela Amazônia.
Passeio turístico em Xochimilco (Cidade do México) 
Estes comentários me ocorrem, hoje, após tomar conhecimento da retomada do Projeto da navegabilidade do rio Capibaribe – Projeto Rios da Gente –, aqui no Recife, que se arrasta desde 2012 ou 14, sem que desemperre. Está paralisado desde 2016.  Este rio corta a capital pernambucana no sentido oeste-leste, indo ao encontro do Beberibe que, segundo o imaginário popular local, juntos formam o Oceano Atlântico. Coisa de pernambucano megalomaníaco. Folclore à parte, falo de um curso d´água ainda pouco integrado à vida da metrópole devido à falta de visão e de investimentos das autoridades que governam a cidade ao longo dos tempos. E da  iniciativa privada, também. As tentativas dos ribeirinhos são muito tímidas e rudimentares. A proposta da Prefeitura do Recife, orçado em R$ 289,0 Milhões, é de aproveitar a bacia do rio como uma via fluvial de transporte público, em 11Km de extensão. Projetam-se barcos-ônibus partindo do limite oeste da cidade e alcançando a área central, com pelo menos cinco estações intermediárias. Além de desafogar o trânsito nas congestionadas artérias urbanas, hoje em dia, abriria espaço para uma exploração turística muito bem vinda ao setor local. A paisagem do referido trecho é bem luxuriante, com rica vegetação de manguezal e árvores seculares. 
Os bairros da Várzea, Dois Irmãos, Monteiro, Apipucos, Casa Forte, Parnamirim, Jaqueira, Ponte D´Uchoa,  Madalena e Derby, todos no trajeto projetado, são locais que no passado se prestavam para moradias da  aristocracia açucareira pernambucana, aproveitados como locais de veraneios. Imigrantes ingleses, inclusive, que chegaram ao Recife, no final do século 19 e inicio do século passado, fizeram dessas localidades pontos de moradias e lazer. 
Vista parcial do rio Capibaribe. Bairro da Madalena. 
Portanto, falo de uma região que pode contar a história da cidade, através da sua paisagem e beleza natural. Integrando este projeto some-se a urbanização das margens do rio - Projeto Parque Capibaribe - que poderá dar novas feições ao ambiente urbano recifense. Alguns pontos já se tornaram realidade como o Jardim do Baobá, às margens do rio à altura de Ponte D´Uchoa. 
Belo exemplar de Baobá no Jardim a beira do Capibaribe 
O meu amigo urbanista, Francisco Cunha, vem explicando entusiasticamente este projeto e melhor do que posso fazer neste exíguo ciberespaço. 
Animado com a promessa da Prefeitura do Recife, espero alcançar um tour noturno com jantar romântico à luz de velas e música ao vivo, num catamarã bem equipado e instalações dignas, a exemplo de muitas cidades que conheço.
Este é o Capibaribe que quero.

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens. 

7 comentários:

Cristina Henriques disse...

Achei um desmantelo a area do baobá cheia de barraca.Deveria ser area p.piquenique.Nem sabia do passeio.Meu irmão que viu.Aonde vamos tem mascate?

Olinda Branco disse...

Sucesso amigo.

Jose Paulo Cavalcanti disse...

Todos nós queremos, amigo. Boa.

Vanja Nunes disse...

Seu texto como sempre muito bom
Também quero esse passeio noturno.

Augusto Cartano disse...

Essas idéias de aplicação de projetos de países de primeiro mundo aqui no Brasil nunca deram certo, pois é mais um investimento que não saiu do papel e todo o dinheiro foram pelo ralo ou seja só saída para desvio de verba.
Infelizmente Acredito que só fica na imaginação da população Recife /etc.
Esse projeto de implantação de transporte do Rio Capibaribe seria até mais um ponto turístico e benefícios que a cidade ganhar.
Isso é uma vergonha.???

Jose Artur Paes disse...

Moço, o J. Commercio tá te plagiando sobre o Rio Capibaribe... Vistes? Pág. 15....

Thereza Leal disse...

🤣Amigo Girley Deus queira que isso aconteça é sonho de muitos Recifenses nós adorariamos mas não tenho muita fé

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