terça-feira, 9 de outubro de 2018

A Festa vai Continuar


Ao contrário do que muitos esperavam, não foi no primeiro turno que os brasileiros definiram o nome de quem vai presidir o país nos próximos quatro anos. Mais três semanas serão necessárias para que se cristalizem as propostas dos finalistas e, certamente, alinhar as demandas que a Nação emite. Vejo nisto uma excelente prática de democracia. Sobretudo, quando o Brasil precisa ser discutido, pensado e repensado.  Esta é a vantagem de uma eleição em dois turnos. Esta é uma vantagem da Democracia.
Os finalistas:  Bolsonaro e Haddad
Contudo, algumas coisas ficaram muito claras na rodada do primeiro turno. O país viu com mais clareza o que tantas vezes foi lembrado, nas simples rodas de discussões, analises políticas e comentários de especialistas nacionais e estrangeiros, o quanto a sociedade estava desencantada com a classe política e o sistema que a sustenta. A vontade de mudar e de injetar sangue novo na estrutura do poder político nacional foi traduzida por dois importantes aspectos: por um lado, pela alta abstenção de votos, que dessa vez superou a casa dos 20% e, por outro lado, algo que muitos não acreditavam, foi a renovação das casas do Congresso Nacional, numa escala muito maior que a esperada. Os cálculos dão conta de que houve aproximadamente 50% de renovação.  Muitas vezes duvidei que essa renovação viesse ocorrer, o que em conseqüência levava-me a crer que pouco poderia ser feito por quem viesse assumir a cadeira de Presidente. Mas, não. Fica claro que isto pode ser tomado como uma sendo uma vitória da Democracia e, principalmente, um recado expressivo aos que irão ascender aos postos nas casas do Congresso, a partir de janeiro próximo.
Impressiona-me o fato de que partidos tradicionais, como PSDB e MDB, derreteram e estão com representações muito mais reduzidas, ao passo que outros, tidos como partidos do chamado “baixo clero”, elegeram mais representantes do que o esperado. E é outro forte recado colhido das urnas. Velhos caciques detentores do poder nas décadas recentes foram amargamente derrotados, cedendo um inesperado vácuo a ser ocupado por novas lideranças que emergirão dessa onda de renovação que se instalou com os resultados extraídos do primeiro turno das eleições. Dos grandes partidos destaque-se que o PT manteve equilibrada sua representação, embora tenha sofrido baixa. Uma outra prova da intenção de renovação ficou por conta do expressivo crescimento do PSL – partido liderado pelo candidato Bolsonaro – que fez muitos representantes, sobretudo nos estados do Sudeste. O partido, sob o efeito da onda bolsonaro elegeu 52 deputados e 4 senadores. Terá a segunda maior bancada federal, a partir de 2019, superada apenas pela do PT que vem com 56 representantes. Isto será uma grande vantagem para o Capitão, caso se eleja. O PSDB, principal opositor do PT e que formou a terceira bancada em 2014 virá, agora, na 9º. posição. E o MDB foi o partido que sofre a maior baixa. De 66 deputados, terá somente 34 deputados. Estes números são eloquentes demonstrações do desencanto dos eleitores e da renovação que saiu das urnas do dia 7 de outubro de 2018.
Mas, muito bem... Vamos lá. A festa da Democracia vai continuar. Agora é hora da “onça beber água”, como diz o ditado popular. Será que o ódio versus medo que foi a tônica do primeiro turno resistirá nesse próximo turno? Estariam os petistas dispostos a relaxar o radicalismo? E os bolsonaristas estarão com discursos mais brandos e convincentes? Eis as questões que pairam sobre a Nação. Melhor que vença a paz e, sobretudo, a Democracia. A Festa tem que continuar. Vamos mais é comemorar com júbilo o triunfo da Democracia brasileira.    

NOTA: Foto obtida no Google Imagens.         

7 comentários:

JR Produções disse...

Parabéns pelo post, muito bem observado, realmente é significativa as mudanças sociais que encontramos no Brasil e no mundo, desde da derrubada do muro de Berlim, o regime comunista tem decaído em muito a cada década, existe hoje um socialismo democrático se estruturando, principalmente na Europa, se é que podemos dizer assim, o que evidencia num futuro próximo o nascimento de um novo sistema de governo baseado numa fusão de fatos e causas de uma mudança cultural e tecnológica. A "Onda Conservadora" ainda terá a sua participação fundamental para esse nascimento, pois teremos uma economia mais junta e equilibrada, mais é preciso transformar conceitos.

Geraldo Magela Pessoa disse...

Parabéns pela brilhante análise, com total isenção. Por isso viva a democracia e salve a renovação.

José Carlos Lucena disse...

Excelente avaliação meu caro.
Permita-me acrescentar quão forte foi a influência das redes sociais neste primeiro turno. A propaganda na TV só alcançou os eleitores dos rincões do país (principalmente no nordeste) onde há pouca disseminação das redes sociais. Parece-me mais uma vantagem para o Bolsonaro no segundo turno.

Sonia Chalegre disse...

Parabéns pela síntese perfeita da eleição.

Antonio Melo disse...

Bom dia caríssimo Girley!
A bússola é usada para definir um rumo a ser seguido. Nos partidos de esquerda ela não tem valia. As urnas falaram mas não houve ressonância. Surdos, Continuam usando a mesma fórmula, independentemente dos sintomas apresentados. Apelativa e sem rumo ela tenta sobreviver. Encontra-se atônita porque perdeu as rédeas do animal que conduzia e por ele era conduzido, sem capacidade de controlar o animal entra em pânico.
Nunca se sentiu tão vulnerável como agora, sem saber nadar e com medo de morrer afogado, estão se agarrando com jacaré tentando salvar-se.

Edson Junqueira disse...

Muito bom Girley , muito bem colocado

Leony Muniz disse...

Disse tudo. É uma situação periclitante, para usar uma palavra que não tem mais lugar na atualidade, mas reflete a nossa perplexidade. Considero que não está havendo uma eleição, mas uma rejeição. O ruim contra o pior. Que fazer? Esperar prá ver o que acontece é o que nos resta. Abraços, Leo






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