sábado, 4 de agosto de 2018

País Galego

Quando se visita o Norte de Portugal, incluindo Guimarães e Viana do Castelo, é muito comum aparecer nas autoestradas placas indicativas do sentido que nos leva à Espanha. Mais precisamente, à região da Galiza ou, se preferir, Galícia. A proximidade é tamanha que fica impossível não ceder à tentação de uma escapada.
Duas grandes atrações espera o viajante logo após atravessar a fronteira: a bela cidade de Vigo e, um pouco mais ao Norte, Santiago de Compostela. Ali é a terra dos galegos, denominação dada a um grupo étnico cuja pátria é a Galiza. Os galegos foram sempre muito numerosos e muito dados a emigrar, ao ponto de serem encontrados em Portugal, noutras partes da Espanha, Europa e, até, pela América do Sul. São muito presentes aqui no Brasil. Em Pernambuco, inclusive, a galegada sempre foi muito comum. É uma gente com cultura antiga e próprio idioma, oficial durante pelo menos sete séculos e com muitos adeptos na atualidade. O Galego puro é uma língua ibero-românica, enquanto o galego-português, muito comum à Galiza e a Portugal é ainda muito praticado. Eles a preservam com muito ufanismo. Visitando a região espanhola é bem comum ser notado na grafia e na pronuncia. No vocabulário são muitas as coincidências com o português.
Vista Parcial da Cidade de Vigo (Espanha)
Nem preciso dizer que demos essa “voltinha” na Galiza. Entramos e nos estabelecemos em Vigo. Falo de uma cidade importante pelo seu movimentado porto, sua produção de pescados – uma das maiores do mundo – e vida cultural vibrante. Bem estruturada, comércio trepidante e ponto de convergência de turistas do mundo inteiro. Come-se divinamente bem por lá. Aliás, é uma das suas maiores atrações. Quer provar dos melhores e raros frutos do mar? Vá a Vigo. Sugiro, quando lá estiver, conhecer o restaurante El Mosquito (dos mais famosos na Espanha). Clique: www.elmosquitorestaurante.com
Outra vantagem de chegar a Vigo é o fato da sua proximidade à famosa e bela cidade de Santiago de Compostela, para onde converge o mundo católico e, particularmente, os peregrinos que de varias origens fazem as longas caminhadas na busca da paz interior, através de reflexões pessoais, num exercício de imensa fé e por fim venerar as relíquias do Apostolo. Essas peregrinações existem desde o século IX. Tenho um amigo que acaba de fazer sua 8ª. Caminhada. Não conheço outro de tamanha coragem. Eu brinco com ele e digo que já fiz o caminho três vezes. Mas, sempre de carro. E meu caminho é sempre curto porque parto sempre de Vigo. Existem outros pontos de partida, na própria Espanha, na França e em Portugal.

A beleza da Catedral e peregrinos recém-chegados.
Santiago de Compostela tem um ambiente muito próprio, tanto quanto capital da Região Autônoma da Galiza, quanto centro e peregrinação. Aquilo lá gera uma energia positiva inexplicável. Naturalmente que precisa ter fé e chegar imbuído do significado do local. Acompanhar, por um dia que seja, o que ocorre quotidianamente ali é certamente uma boa experiência. Chegar para a missa do meio-dia, na Catedral, é mais interessante ainda. Ao final da celebração há uma tradicional queima de incenso (conhecida como bota-fumero) num descomunal turibulo de prata (pesadíssimo) que é alçado, por forte corda e vários frades, executando um movimento pendular, próximo ao alto teto da Catedral. É um verdadeiro espetáculo, tanto de fé cristã, quanto como uma atração turística a mais. Não deixe de clicar em https://www.youtube.com/watch?v=mtxuvtZqOog . É sensacional.
Fora isto, a cidade, que conta com aproximadamente 200 Mil habitantes, importante Universidade, oferece inúmeras outras atrações, com bons hotéis, excelentes restaurantes, comercio movimentado, tudo em torno da fé e devoção ao Apostolo Santiago. A população flutuante excede, em muitas ocasiões a local.
   
NOTA: Foto de Vigo, obtida no Google Imagens. A foto da Catedral é do arquivo pessoal do Blogueiro.

15 comentários:

Claudio Targino disse...

Conheço bem. Tinha uma filha que morava em Figueiró dos Vinhos PT.
Pretendo voltar
Abraço

Susana Gonzalez disse...

Leí tu blog, me gusto muy descriptivo. Como nota aquí en Mexico y creo q entre los españoles también tienen lo gallegos fama de tontos. Y si, conocí algunos q viven aquí y en verdad tienen una lógica muy diferente.

Cristina Goes de Vítor disse...

Parabéns meu dileto amigo VISCONDE uma rica e excelente reportagem.Um abraço.Cristlna Víctor de ORLEANS E BRAGANÇA.BJ NA VISCONDESSA.

Elizabeth Marinho disse...

Girley gostei muito e viajei tbm más adorei mesmo foi do fumaceiro...

Jose Paulo Cavalcanti disse...

Só para dar inveja, amigo Girley. Abraços cariocas, José Paulo

Girley Brazileiro disse...

Ah! José Paulo, Mas, desta vez digamos que ficamos empate. Estás a fazer-me inveja com abraços cariocas. Rsrsrsrs

Danyelle Monteiro disse...

Leitura agradabilíssima como sempre prof. Girley

Ricardo Rego Barros disse...

Portugal será em breve, se já não o é, a nova residência dos brasileiros

Mário Chaves disse...

Meu querido amigo Girley que as bençãos dos Céus sejam copiosas com muitas alegrias e uma felicidade plena junto aos seus. Nosso abraço e Parabéns!!!!!

Julio Torres Silva disse...

Caro Hermano Girley, agradezco tus historias. Son parte de mis lecturas esperadas. Ojalá no falten nunca!

Mauro Ribeiro disse...

Girley,
Vc me leva a esses maravilhosos lugares que eu já percorri, pena eu não saber transmitir com a sua mesma fidelidade.

Unknown disse...

Prezado Girley,

Não sabia que existia esse outro idioma galego, o íbero-românico. Que interessante. Anos atrás, visitando Santiago de Compostela, com minha esposa e uma filha, comprei um dicionário castelhano-galego e quando quis outro que fosse português-galego me disseram que nem existia, pois salvo algumas diferenças ortográficas os dois idiomas são praticamente idênticos. Pena ninguém, na época ter me alertado sobre a existência do galego íbero-românico. Interessante que a gaita galega é praticamente igual à gaita escocesa!
Abraços,
Newton de Mello

António Jose Melo disse...

Caríssimo Girley,
Posso afirmar que acabei de aterrizar agora, após uma viagem feita pelo texto do seu Blog. É que em 1999 fiz o caminho de Santiago de Compostela, exatamente o caminho português, saindo de Lisboa e caminhando pelo norte de Portugal rumo à Espanha, foi um trecho de aproximadamente 500km percorridos a pé em 15 dias. Era o ano Compostelano que ocorre a cada 25 anos. Nele, as catedrais de todo o mundo são totalmente abertas à visitação pública, falo totalmente abertas, porque fora dessa época, citada, há espaços nelas que são inacessíveis ao público.
Evidentemente não conhecia os detalhes mostrados por você. Mas o norte de Portugal é uma região acolhedora e repleto de encantos, tanto arquitetônico quanto gastronômico.

Thereza Leal disse...

Girley temos uma família amiga morando agora em Portugal enviei seu último. Blog para eles visitarem todas estas cidades que vocês visitaram estão adorando e achando Portugal lindo sempre que mandares enviarei para eles muito obrigado adoro ler tudo que mandas

Unknown disse...

Duas sugestões: ver os estudantes andando à noite, pelo centro histórico de Santiago de Compostela, tocando e cantando as Compostelanas, e visitar Zamora na festa de São Pedro. Vale a viagem!

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